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17 de fev. de 2024

Pandora

          A marca dinamarquesa Pandora é conhecida por seus braceletes com pingentes de prata esterlina (com pelo menos 92,5% de prata pura) a preços acessíveis.
          Em um comunicado à imprensa em 2020, a Pandora anunciou sua mudança para metais reciclados. A empresa citou estatísticas do World Gold Council e de outras entidades mostrando que o processo de reciclagem de ouro reduz as emissões em cerca de 99% em comparação com a mineração, enquanto a reciclagem de prata reduz as emissões de carbono em cerca de 66% em comparação com a 
mineração.
          Uma equipe de 100 funcionários esteve envolvida na mudança para metais reciclados na Pandora, que passou de diamantes extraídos para diamantes cultivados em laboratório em 2021. A mudança no fornecimento de metais exigiu a adaptação de processos e equipamentos às medidas estabelecidas pelo Responsible Jewellery Council, grupo reconhecido por estabelecer padrões globais. Entre os fornecedores de metais reciclados da Pandora está a MKS Pamp, uma refinaria e comerciante suíça. “Conhecemos cada uma das fontes de nossa cadeia de suprimentos e podemos dizer em gramas o que vai para quem”, disse Xavier Miserez, chefe de vendas da refinaria: “O risco zero não existe, mas 
tentamos mitigar o máximo possível”.
          No fim de janeiro de 2024, a Pandora anunciou ter atingido a meta de adquirir apenas prata e ouro 100% reciclados para suas coleções. A medida foi apontada como um passo importante para reduzir sua pegada ambiental. “Queríamos dar o exemplo”, disse o CEO da Pandora, Alexander Lacik. Ao trabalhar com metais que já foram extraídos, a Pandora não precisa cavar mais fundo em busca de novos materiais, permitindo que a empresa reduza suas emissões de gases de efeito estufa. A mineração requer mais energia e recursos do que a reciclagem e é uma das principais fontes de poluição por 
mercúrio.
          Outras marcas, como Prada e Monica Vinader, também começaram a usar metais reciclados. Mas alguns observadores do setor alertam que esses materiais podem parecer mais virtuosos do que realmente são. Assim como “sustentabilidade”, a palavra “reciclado” pode ter significados diferentes para pessoas diferentes. Essa lacuna de interpretação pode ser problemática, disse Tiffany Stevens, CEO do Jewelers Vigilance Committee, o comitê de vigilância de joalheiros, uma organização de Nova York que se concentra na defesa da ética e das políticas do setor: “Reciclado é um modificador positivo na maioria dos contextos, mas esse não é necessariamente o caso quando se trata de ouro ou prata”, disse ela. O termo “reciclado”, acrescentou, dá às joias feitas com esses materiais uma “auréola verde”, ou uma aura de serem ecologicamente corretas. No entanto, o termo “não dá às pessoas nenhuma resposta clara sobre a origem dos metais”, disse Tiffany, razão pela qual sua organização e outras solicitaram à Federal Trade Commission (FTC) – órgão federal que previne fraudes e práticas comerciais enganosas – que proibisse o uso de “reciclado” para descrever produtos de joalheria 
vendidos nos Estados Unidos. Espera-se uma resposta da FTC para 2024.
          Embora o uso de metais reciclados possa reduzir a pegada ambiental da Pandora – que vende mais de 100 milhões de peças por ano –, a mineração de ouro e prata novos não diminuiu na última década, o que sugere que o interesse crescente das empresas por esses materiais fez pouco para
compensar a pegada climática da mineração.
          A Pandora, que vende mais de 100 milhões de peças por ano, é a maior empresa de joias do 
mundo em volume.
(Fonte: Estadão - 16.02.2024)

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