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23 de jun. de 2023

NPA

          Quando os microcomputadores começaram a invadir os lares dos brasileiros, um pequeno acessório passou praticamente despercebido: o mouse pad. Distribuído comumente como brinde, quase ninguém vislumbrou então a chance de ganhar um bom dinheiro com a venda desses retângulos de borracha que servem de suporte para o mouse.
          Sorte do alemão Gregor Nolzen e do paulista Paulo Pedroso, que resolveram mudar a rota de seus negócios e passar a fabricar esse produto.
          Para criar o nome da empresa não pensaram durante muito tempo. Simplesmente juntaram as primeiras letras do sobrenomes. O "A" provavelmente vem de "Artes" ou algum termo assemelhado.
          Casado com a irmã de Pedroso, Nolzen, nascido em 1964, trabalhava na Alemanha como decorador. Disposto a tentar a sorte no Brasil, ele desembarcou em São Paulo no final de 1989. Pedroso, na época, era gerente de vendas da rede de hotéis Méridien. Decidiram montar em sociedade uma agência de turismo, mas o negócio naufragou com a entrada do Plano Collor. Passaram um tempo como representantes de fabricantes de chaveiros e de artigos de couro até que entraram de sócios na Brindes Visão.
          No início de 1993, chegou às mãos de Pedroso um mouse pad importado. "Esse brinde vai explodir", pensou Pedroso. Com exceção de Nolzen, os demais sócios não se entusiasmaram tanto com o produto. Resultado: os dois deixaram a empresa para dedicar-se exclusivamente à fabricação de mouse pad.
          Em 1995, a receita global atingiu 700.000 reais, consolidando a posição da NPA como a maior
fabricante de mause pads do Brasil.
          Considerando dados de meados de 1996, a NPA, a empresa da dupla, tinha em seu portfólio mais de 200 clientes no Brasil. Alguns exemplos: IBM, Microsoft, Bradesco, Unibanco, Itaú, Esso e Olivetti. E já se preparava para exportar para países do Mercosul.
          Desde o princípio, a estratégia utilizada pela dupla foi a terceirização de todo o processo de produção. No escritório da empresa, localizado no bairro paulistana da Lapa, trabalhavam só três pessoas. Eles compram a matéria prima de vários fornecedores e depois mandam cortar, imprimir,
montar e embalar o produto em cerca de dez empresas diferentes.
          Foi durante os dois anos que permaneceu como gerente de vendas da rede Méridien que Pedroso teve a oportunidade de fazer contatos com inúmeras companhias. Tratou de reativar esses contatos quando abriu a NPA. Paralelamente, ele montou um cadastro com todas as empresas do setor de
informática, de escolas a fabricantes de computadores e softwares.
          As primeiras vendas foram para a Proceda, a Word Perfect e a Novell. Mas logo começaram a ser procurados por empresas bem distintas, interessadas em oferecer a seus clientes um brinde barato e de utilidade garantida.
          "Quando foi lançado o Windows 95, fomos nós que fabricamos os mause pads distribuídos pela Microsoft", disse Nolzen. "A empresa precisa estar bem organizada para não atrasar pedidos".
(Fonte: revista Exame - 22.05.1996)

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