A Orizon Valorização de Resíduos é uma operadora de aterros sanitários, atuando na gestão de resíduos. A empresa não faz a coleta ou o transporte (concessões públicas terceirizadas).Apenas garante o tratamento e a destinação correta do lixo.
Fundada em 1999, a Orizon possui ecoparques localizados nos municípios de Nova Iguaçu, São Gonçalo e Barra Mansa, no Rio de Janeiro; João Pessoa, na Paraíba; e Jaboatão dos Guararapes, em Pernambuco. Tem ainda uma unidade de incineração para resíduos perigosos e não perigosos em Belford Roxo, uma unidade especializada no tratamento de ascarel em Rio Bonito e uma estação de transferência de resíduos em Duque de Caxias, todas no Rio.
Foi no ano de 2010, o empresário Milton Pilão decidiu entrar nesse ramo. Duas coisas o motivaram. Primeiro, foi para o exterior participar de algumas palestras, ouviu alguns grandes gurus do empreendedorismo, Bill Gates, (Warren) Buffett, (George) Soros, e começou a ver que esses caras diziam que, no futuro, o tratamento da água, do lixo e da energia seria um negócio que teria perenidade e uma necessidade cada vez mais premente. Então, pensou: “Opa, aí tem uma oportunidade”. Além disso, voltou para o Brasil e viu que, no quesito energia, o país já estava muito maduro, com empresários muito bem posicionados. O mesmo no mercado de água e de esgoto. Já no do lixo, mal se falava dele. Então, olhou o que era feito lá fora, chegou à conclusão que teria uma grande oportunidade e apostou nisso. Era muito difícil começar do zero nesse mercado. Aí, surgiu a oportunidade da compra de uma empresa que se chamava Haztec. Ali, ele enxergou uma oportunidade de entrar no mercado sem ter de pagar um pedágio gigantesco.
Foi somente em 2013 que a companhia realmente encontrou sua vocação em projetos de tratamento de resíduos sólidos. A Orizon, até recentemente, chamava-se Haztec. A Haztec era uma “faz-tudo”. Sem destinação correta, os lixos ficam largados a céu aberto, propagando doenças e poluindo nossos reservatórios de água em solo (lençóis freáticos). A Orizon viu ali uma oportunidade. Hoje, a companhia já é responsável por 10 por cento do volume de resíduos tratados adequadamente no Brasil.
Foram 9 aquisições e a tentativa de operar desde aterros sanitários, fábrica de equipamento, tratamento de água… e, claro, a falta de foco trouxe grandes dificuldades para a gestão. Muito cacique para pouco índio. Com aportes de fundos private equity e captação de empréstimos para um crescimento que não veio, a companhia se afundou em dívidas.
A antiga Haztec chegou a operar com dívida líquida/Ebitda de enormes 12x. Em 2013, um time novo reestruturou a companhia. Foram seis anos de processo de reestruturação. Em 2018, organizada a casa, a companhia passou a se chamar Orizon, com foco apenas na gestão de resíduos. Oficialmente, a Orizon foi fundada em 2013.
De 2014 em diante, a crise e a consequente queda do PIB foram acompanhadas pela queda no volume de resíduos.
A aprovação do Novo Marco Legal do Saneamento abre caminho para a melhoria das condições de tratamento e destinação de lixo. Segundo a Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), estima-se que pelo menos 13 milhões de toneladas de lixo sejam adicionadas aos meios de destinação correta.
Cinco competidores concentram apenas 28 por cento do market share total. Todavia existem barreiras de entrada locais. Dado o custo do transporte do lixo, a proximidade com o aterro é bastante importante no negócio. Nas regiões que a Orizon possui aterros, ela é a única provedora de gestão do lixo, o que gera uma barreira de entrada. Além disso, os aterros demandam alto investimento (e burocracia). Aterros levam até 10 anos para ficarem prontos e possuem inúmeros requisitos ambientais (para evitar contaminações). Tratar do lixo não é nada fácil e depende demais do poder público.
Hoje, início de 2021, cerca de 45 por cento das receitas da companhia são advindas de contratações públicas – aterros sanitários e incineração de resíduos, e os outros 55 por cento vêm da iniciativa privada em diversas (e complicadas) divisões.
A Orizon atua em três fases: tratamento e destinação de resíduos, beneficiamento de resíduos e energia/biogás e redução da emissão de CO2. O biogás é, obviamente, gerado no aterro, a partir dos materiais orgânicos.
No mercado doméstico, a única companhia de capital aberto que atua no setor de gestão de resíduos é a Ambipar. Ainda assim, a Ampibar não atua na destinação final dos resíduos, somente na valorização.
A Orizon possui 5 aterros sanitários e 3 plantas para tratar resíduos perigosos. A companhia já opera em seis estados no Brasil e está com projetos de expansão em desenvolvimento para o Rio de Janeiro, Pernambuco e Paraíba. São mais de 500 clientes corporativos, entre eles, Braskem, Mercedes, Wilson Sons, DuPont, Cyrela e Michelin. A estratégia da companhia consiste em expandir as plantas de beneficiamento, bem como os aterros sanitários, para ampliar sua capacidade de atendimento. A Orizon trata 4,5 milhões de toneladas de lixo, considerando dados do início de 2021.
Os principais acionistas da companhia são a holding Inovatec Participações, que tem uma fatia de 73,4% e pode cair para até 50% se forem exercidos os lotes adicional e suplementar na IPO de janeiro de 2021; a gestora Spectra, que tem 22,3% e pode cair para até 9,5%; e a gestora Jive, que tem 1,5% e pode zerar sua participação.
Nos nove primeiros meses de 2020, teve receita de R$ 288,95 milhões, com lucro líquido de R$ 17,18 milhões.
Em fevereiro de 2021, a empresa abriu o capital (ORVR3). "Mostramos que sabíamos fazer e que a operação
nos daria a ferramenta financeira para investir e multiplicar o tamanho da companhia", diz o fundador Pilão.
"Metade do resíduo é comida, e
outros 30% são reciclados", diz Pilão. "Basicamente, essa comida é o que gera o gás e a energia. No caso da
outra parte, que é do reciclado,
há outro tipo de indústria mecanizada que vai separar automaticamente plástico, papel, tudo
que tem sólido, lixo que pode
voltar para o mercado industrial. Há uma outra planta que
pega o resíduo de esgoto, um lodo que é gerado quando tratamos o lixo. Hoje, a gente já tem
uma indústria que recebe esse
lodo e produz fertilizante verde,
e a gente vende como agrofertilizante verde".
Hoje, outubro de 2024, a empresa está investindo R$ 1 bilhão em novas plantas, e ela vai manter esse ritmo de investimento em plantas de biometano, de energia, todas as vertentes dela nos próximos anos dentro dos nossos ecoparques.
Considerando números de outubro de 2024, a empresa que surgiu em
2013 e que hoje está presente
em 12 Estados, conta com 17
ecoparques e recicla o lixo de
pelo menos 40 milhões de brasileiros.
(Fonte: NordResearch - 09.02.2021 / Valor - 10.02.2021 / Estadão - 23.10.2024 - partes)