Fundada em 1946, como
Aero
linee
Italiane Internazionali (Linhas Aéreas Italianas Internacionais), a
Alitalia era estatal e teve seus maiores momentos de glória no período entre o pós-guerra e a década de 1980.
Em 1960, foi patrocinadora oficial dos Jogos Olímpicos de Roma; no ano seguinte, ganhou um hub com a inauguração do Aeroporto de Fiumicino, nos arredores da capital italiana. Já nas décadas de 1970 e 1980, expandiu a frota e os destinos com a abertura de rotas para as Américas e o Extremo Oriente.
Em meados dos anos 1990, no entanto, veio a brusca virada: a companhia aérea de bandeira entrou em uma grave crise econômica - da qual jamais sairia de forma definitiva - e começou a negociar uma possível fusão com empresas como Air France e KLM.
Foi com a KLM que a Alitalia formou uma joint venture em novembro de 1999, com a transferência de seu hub de Fiumicino para Milão-Malpensa. Em 2000, no entanto, a KLM decidiu romper o acordo de forma unilateral, após a parceria ter sido rechaçada pelo conselho de administração.
A crise na Alitalia se agravou, motivando as primeiras tentativas de privatização, o que culminou no "sim" a uma oferta do consórcio Air France-KLM em 2007. Contudo, a um passo do acordo definitivo, o então candidato Silvio Berlusconi não deu garantias de que assinaria a venda caso vencesse as eleições de 2008, o que acabaria acontecendo.
A hesitação do futuro premiê fez a Air France desistir do negócio, abrindo espaço para os chamados "capitães corajosos", um grupo de investidores italianos liderado por Roberto Colaninno e que daria origem à holding Compagnia Aerea Italiana (CAI).
A entrada da CAI no capital da Alitalia comportou também a fusão com a antiga empresa low cost Air One, que estava à beira da falência, e uma parceria estratégica com a Air France-KLM, que passou a ter 25% das ações.
A nova Alitalia, agora privatizada, decolou oficialmente em 13 de janeiro de 2009, mas sua trajetória jamais foi tranquila, com planos industriais alterados constantemente e recorrentes crises de liquidez.
Ao longo de cinco anos, a companhia teve três CEOs, e no último trimestre de 2013, precisou de um aumento de capital para seguir viva, mas a Air France-KLM se recusou a colocar mais dinheiro na empresa e teve sua participação diluída.
Em julho de 2014, um novo aumento de capital teve a entrada da estatal de correios Poste Italiane como acionista da Alitalia, única maneira encontrada de evitar sua falência naquele momento.
Já em agosto do mesmo ano, a Etihad Airways comprou 49% das ações, em mais uma tentativa de revitalizar a Alitalia.
A chegada do poderoso grupo árabe parecia ser a luz no fim do túnel para a companhia italiana, mas 2017 traria uma nova crise, desta vez definitiva. Sem dinheiro, a Alitalia precisava de mais um aumento de capital para honrar com suas obrigações, porém o plano foi rejeitado em referendo pelos próprios funcionários, que exigiam soluções menos precárias.
Em meio ao impasse, o governo decidiu intervir na Alitalia e nomeou um grupo de comissários para administrá-la e procurar um comprador. Para manter a companhia de pé, a Itália fez dois empréstimos públicos, um de 900 milhões e outro de 400 milhões de euros (o primeiro já foi declarado ilegal pela União Europeia), mas nunca conseguiu chegar a um acordo para vendê-la, apesar dos recorrentes rumores sobre interessados.
A solução final só chegou no ano passado, com um decreto que autorizou o governo a constituir uma nova empresa estatal, a Italia Trasporto Aereo (ITA), que faz seu primeiro voo nesta sexta-feira (15).
A ITA partirá praticamente do zero e precisará obter os ativos e serviços de sua predecessora, inclusive a marca, por meio de ofertas e leilões públicos. Por outro lado, a nova empresa não herdará as dívidas da Alitalia, que serão pagas com a venda de seus bens.
Ainda assim, as duas companhias manterão alguns laços, como o código "AZ", que sempre identificou os voos da Alitalia.
A Italia Trasporto Aereo iniciará sua trajetória com 2,8 mil funcionários, enquanto a Alitalia tem 10,5 mil. Já a frota inicial será de 52 aviões, cobrindo um total de 45 destinos, como Nova York, Miami, Tóquio, São Paulo e Buenos Aires.
A Alitalia levou ao mundo o estilo, a elegância e a tradição italianas, além de ter transportado papas em suas viagens ao exterior. Na noite de quinta-feira, 14 de outubro de 2021, porém, fez seu último voo. O Airbus A320-200 de prefixo EI-DSV tocou o solo do aeroporto de Roma Fiumicino às 23h40 (horário local), com meia hora de atraso, procedente de Cagliari, na Sardenha, encerrando a atividade de uma companhia aérea com 74 anos de história, que virou um símbolo do país do qual carrega a bandeira. O voo AZ-1586 foi o último voo da Alitalia.
Isso, bem entendido, considerando a Alitalia tal como a conhecemos, pois, ato contínuo, ela deu lugar à ITA, empresa estatal criada para superar de vez a longa crise na maior companhia aérea da Itália. E, um dos primeiros passos dados pela ITA foi solicitar licença para uso da marca Alitalia por um certo período.
(Fonte: Terra - 14.10.2021 / MelhoresDestinos - 14.10.2021 - partes)