Filho de lavradores que moravam em Paineiras, a 250 quilômetros de Belo Horizonte, Oliveira resolveu sair de casa aos 18 anos para trabalhar na capital mineira. Havia estudado até o 8º ano do ensino fundamental e, de cara, foi trabalhar em supermercados - primeiro como encarregado do depósito, depois como carregador, repositor e vendedor. Em alguns anos, virou gerente e, em seguida, supervisor de vendas do atacadista Ferreirão. Em 1996, quando tinha 40 anos e algum dinheiro guardado, ele decidiu usar as economias para abrir uma mercearia em um bairro da periferia de Santa Luzia, cidade próxima a Belo Horizonte. Usou o lucro para ampliar a loja e, em seguida, para abrir filiais em bairros e cidades vizinhas.
Em 2004, vendeu cerca de 40% da empresa para dois sócios e, com os recursos, inaugurou mais lojas e comprou mercadinhos que iam mal.
Após a chegada ao país da maioria dos grupos estrangeiros, o BH decidiu crescer pelas beiradas, abrindo lojas onde havia poucos competidores. Escolheu como alvo a periferia de Belo Horizonte e, em seguida, pequenas cidades no interior de Minas Gerais - sempre vendendo produtos de marcas mais baratas. Assim, foi beneficiado pelo aumento do poder aquisitivo das classes C e D de 1996 em diante.
O BH comprou a rede Atacarejo (antiga ViaBrasil) por 78 milhões de reais e transformou suas lojas em filiais de varejo tradicional.
Seus dois filhos trabalham na companhia - um como diretor comercial e outro como diretor de operações. Os gerentes são todos amigos de Oliveira e estão no BH há mais de dez anos.
Em 20 anos a rede de supermercados já se transformara numa das maiores redes de varejo do país e passou a chamar a atenção de seus concorrentes.
Considerando dados de março de 2017, a rede faturava 5 bilhões de reais, tinha 16.000 funcionários e 172 lojas. O plano de então, era comprar ou juntar-se ao principal concorrente no estado, o grupo DMA, dono da marca EPA, que faturava 2,6 bilhões de reais e tinha pouco mais de 100 lojas em Minas Geris e no Espírito Santo. Tornar-se-ia então a quinta maior rede nacional, logo depois dos chilenos do Cencosud. O BH ocupava a 7ª posição. Segundo Oliveira, Carrefour, Walmart e fundos de private equity já tentaram comprar o BH mas ele não quer vender.
A sede da empresa é em Contagem, na Grande Belo Horizonte. Aos poucos, Oliveira foi se tornando uma espécie de celebridade em Minas Gerais. Volta e meia, pega seu jatinho para comer galinha caipira na fazenda do cantor sertanejo Gustavo Lima, em João Pinheiro, a 340 quilômetros de Belo Horizonte.
O problema do BH é a baixa margem de rentabilidade. Para conseguir crescer e manter os preços baixos, a empresa lucra menos do que a maioria das grandes redes de supermercados. O indicador que mede o faturamento por metro quadrado de loja, um dos mais monitorados pelos varejistas, foi de 2% em 2015, um dos piores do setor - o índice do Zaffari, por exemplo, era de 5,7%; e o do Pão de Açúcar, 4,9% (o Walmart estava pior, com 1,3%).