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8 de nov. de 2023

Tocantins Bioenergia

          Uma parceria entre as multinacionais Czarnikow, Agrojem e ACP cria, em novembro de 2023, a Tocantins Bioenergia, no estado de Tocantins, empresa com investimento inicial estimado em R$ 1,1 bilhão. A construção está prevista para começar no segundo semestre de 2024, com a planta entrando em operação no segundo semestre de 2026. Seria a primeira usina de etanol de milho do estado do Tocantins.
          Este é o primeiro empreendimento da britânica Czarnikow como sócia de um ativo no Brasil – antes a empresa atuava apenas como trader. A companhia deverá ter uma participação minoritária de até 15%. A Agrojem provavelmente liderará o projeto com uma participação de 50%, e a ACP ficará com o restante.
          Tiago Medeiros, diretor da Czarnikow no Brasil, disse que o projeto da usina atraiu a empresa porque os sócios já eram clientes da trading e havia sinergia entre eles. Além disso, a empresa poderá atuar na estruturação e comercialização do biocombustível.
          José Eduardo Motta, fundador e CEO da Agrojem, disse ao jornal Valor que a ideia de investir em etanol de milho no Tocantins veio de uma combinação de fatores, incluindo seus 25 anos de experiência empreendedora no estado, quando trabalhou na indústria de fertilizantes. Motta vendeu o negócio de fertilizantes para a EuroChem em 2020 e começou a trabalhar nesse novo projeto. Ele ressalta que já existe uma indústria de etanol de milho em desenvolvimento na região Centro-Oeste, principalmente no Mato Grosso, e viu que o Tocantins já foi desenvolvido para isso, mas todo o milho atualmente é para exportação.
          Outro fator fundamental para viabilizar a usina foi a garantia de oferta e demanda. Pelas projeções dos sócios, a Tocantins Bioenergia necessitará de cerca de 500 mil toneladas de milho por ano para produzir 220 milhões de litros de etanol e 152 mil toneladas de DDGs (grãos secos de destilaria, subproduto do processamento do milho). Também produzirá 10 mil toneladas de óleo vegetal por ano, gerará 74 GWh de energia e emitirá créditos de descarbonização, os Cbios.
          A Agrojem, tem 120 mil cabeças de gado em confinamento, todas no Tocantins. Há 38 mil hectares plantados de cereais, dos quais 10 mil são de milho. Quando o projeto da planta estiver maduro, cerca de 70% do milho seria fornecido pela Agrojem e os 30% seriam comprados de produtores da região.
          Na segunda fase do acordo, a procura de milho deverá duplicar para 1 milhão de toneladas, o que permitiria a produção de 440 milhões de litros de biocombustível. A meta é atingir esse resultado até 2035.
          O Brasil possui atualmente (novembro de 2023) 21 usinas de etanol de milho, localizadas em Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul, Alagoas, São Paulo e Paraná. Outras nove fábricas têm projetos em andamento, segundo a Unem, associação do setor. 
(Fonte: jornal Valor - 07.11.2023)

6 de nov. de 2023

OHI

          O grupo português Omni Helicopters International (OHI) é proprietário do aplicativo de transporte de helicóptero Revo e da Omni Táxi Aéreo.
          O principal acionista da OHI é a Stirling Square Capital Partners, uma gestora de private equity sediada no Reino Unido com uma carteira atual de mais de 3 bilhões de euros.
          A OHI possui uma frota total de 90 helicópteros no Brasil e na Guiana, em comparação com 60 em 2019. A expectativa é chegar a 150 em cinco anos.
          A Omni Táxi Aéreo atua no Brasil desde aproximadamente 2003. Seus clientes no Brasil, seu principal mercado, incluem Petrobras, Total, Shell e Exxon. Embora a empresa seja controlada por cidadãos portugueses, 85% dos seus colaboradores estão baseados no mercado brasileiro.
          Diversas empresas têm buscado alternativas para facilitar as viagens de helicóptero, como a própria Uber, sem sucesso. Jeremy Akel, presidente da OHI, explicou que a proposta da Revo é diferente: em vez de o usuário definir o horário do voo, o que envolve custos operacionais altíssimos, a 
empresa oferece rotas fixas em horários estratégicos, com assentos vendidos individualmente.
          Atualmente (novembro 2023), há seis voos diários para o Aeroporto de Guarulhos, além de conexões para a Fazenda Boa Vista, um luxuoso condomínio fechado a uma hora de carro da cidade de São Paulo. A operação é realizada com um H155, que pode transportar até 8 passageiros, e no final de outubro (2023) foi adicionado à frota mais um helicóptero (H135, que pode transportar até 5 
passageiros).
          O setor do petróleo e gás é responsável por 90% das receitas. O grupo busca diversificar com foco em clientes de alta renda.,
          O Revo, aplicativo de transporte de helicóptero para empresários e ricos do bairro da Avenida Faria Lima, em São Paulo, lançado em agosto (2023), é o foco da diversificação e pode trazer grandes resultados. A Revo teve um investimento de US$ 5 milhões e está a caminho de ter uma receita anual de US$ 2 milhões, disse Akel. No futuro, a empresa planeja utilizar veículos elétricos de decolagem e pouso vertical (eVtol) para reduzir custos e tarifas e tentar popularizar esse tipo de viagem.
(Fonte: jornal Valor - 06.11.2023)

1 de nov. de 2023

SouthRock

          A SouthRock Capital foi criada em 2015 para atuar no setor de alimentos e bebidas no Brasil. No país, administra os restaurantes Subway, Eataly (mercado de produtos premium e restaurantes em São Paulo, a rede nasceu em Turim, em 2007) e Brasil Airport (B.A.R.).
          A Starbucks faz parte do portfólio da empresa desde 2018. A primeira loja Starbucks no Brasil foi inaugurada em 2006 e, até 2019, a marca operava exclusivamente em São Paulo e no Rio de Janeiro. Hoje, está presente em nove estados, com planos de expansão para o Nordeste ainda este ano. No total, são 190 lojas espalhadas pelo Brasil.
          A Starbucks iniciou suas operações no Brasil em dezembro de 2006 por meio de uma joint venture com investidores locais. A empresa era inicialmente controlada pela Cafés Sereia do Brasil, que detinha 51% do capital. A holding americana detinha os 49% restantes. Em 2010, a empresa norte-americana anunciou a compra da operação restante, assumindo a propriedade integral da Starbucks Brasil Comércio de Cafés.
          Em 2018, a Starbucks firmou acordo de licenciamento no país com a SouthRock, envolvendo a venda de sua operação brasileira para a empresa, que compreendia 113 localidades em 17 cidades. O valor da transação não foi divulgado. Em agosto de 2022, a SouthRock adquiriu a operação brasileira da marca italiana Eataly, também por valor não divulgado. Desde que chegou ao país, em 2015, o Eataly inaugurou apenas sua unidade em São Paulo.
          Em 1º de novembro de 2023 a SouthRock Capital entrou com pedido de recuperação judicial para suas principais marcas de varejo, incluindo a rede de cafeterias Starbucks e o Eataly. As dívidas são estimadas em R$ 1,8 bilhão, dizem fontes.
          O jornal Valor apurou que o escritório, administrado por Keneth Pope, contratou a consultoria Galeazzi para auxiliar no processo de reestruturação empresarial. A rede de restaurantes Subway está ausente do pedido de proteção ao credor, segundo uma fonte.
          A empresa de gestão de ativos procurava ativamente um investidor para o negócio, sem sucesso, e abordou fundos para situações especiais. 
          Fontes revelaram que a expansão impulsionada pela gestora foi desorganizada. Algumas franquias recentemente tiveram dificuldades para pagar o aluguel de determinados locais.
          Num comunicado, a SouthRock observou que os desafios econômicos resultantes da pandemia e do aumento da inflação e das taxas de juro afetaram todos os retalhistas. A SouthRock está “entrando em uma nova fase que exige a reestruturação de seus negócios”. Os ajustes incluirão a revisão do número de lojas, o cronograma de abertura, alinhamentos com fornecedores e partes interessadas e considerações sobre a força de trabalho.
          Os problemas financeiros da SouthRock Capital manifestam-se de forma tangível nas ruas. Desde 31 de outubro de 2023, diversas lojas Starbucks encerraram suas operações – 42 das 187 lojas brasileiras, ou 22,8%, já estão fechadas. Isso inclui locais de destaque nos bairros Itaim Bibi e Jardins, em São Paulo, bem como no Rio de Janeiro.
          O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) aceitou, em 12 de dezembro de 2023, o pedido de recuperação judicial da SouthRock, operadora de marcas como Starbucks, Subway e TGI Fridays no Brasil. A companhia informa que vai dar sequência ao seu processo de reestruturação das operações, que já foi iniciado com o apoio de consultores externos e stakeholders. Segundo a empresa, suas marcas seguirão operando normalmente durante o processo da recuperação judicial.
(Fonte: jornal Valor - 01.11.2023 / 03.11.2023 / 13.12.2023 - partes)

31 de out. de 2023

Kinsol

          Inicialmente a Kinsol, companhia sediada em Uberaba (MG), era uma pequena empresa de aluguel de aparelhos fotovoltaicos. Em 2018, o empresário Maurício Crivelin comprou a Kinsol de um sócio por R$ 400 mil.
          A empresa mudou seu foco de atuação e passou a atender residências, além de empresas, e a oferecer outros serviços relacionados a energia solar, por meio de uma rede de cerca de 300 franqueados.
          “Energia solar, em 2018, era para o público A e B”, afirma Crivelin, que também é CEO da Kinsol. “Com o tempo, muitas pessoas começaram a ver o modelo como uma oportunidade de reduzir a conta de energia”, completa. Ele cita que parte da reformulação implementada no início foi mudar a experiência de compra, com foco em um atendimento que conversasse mais com os consumidores. “O processo de atendimento era muito técnico. O ponto de mudança foi colocar o cliente em primeiro lugar e atender como gostaríamos de ser atendidos”, conta. Com isso, ele teve que reformular as estruturas da empresa.
          Em 2018, a Kinsol começou a focar na venda de energia mais barata para empresas por meio de “fazendas de painéis solares”. Neste modelo, os equipamentos ficavam instalados em áreas específicas, 
e empresas podiam comprar a energia gerada para baratear seus custos.
          As mudanças implementadas surtiram efeito, e outras novidades vieram. Em 2019, a Kinsol começou a oferecer a instalação de sistemas de energia solar localmente, em residências e empresas. A companhia estima que as instalações podem levar a uma redução de 80% a 90% na conta de energia.               Neste meio tempo, fechou parceria com a gigante de motores WEG para o fornecimento dos equipamentos de energia solar. Hoje a Kinsol é a maior compradora deste segmento da WEG. Mas o crescimento inicial sofreu um revés, que obrigou a companhia a fazer mudanças profundas no negócio para sobreviver. Crivelin se lembra até hoje da data. “Fiz o ‘plano de guerra’ no dia 22 de março de 2020, e apresentei no dia seguinte”, conta. O documento feito às pressas, por conta das restrições sanitárias impostas no início da pandemia de covid-19, cortava custos, reduzia pessoal e diminuía os gastos fixos mensais da empresa de R$ 96 mil para R$ 16 mil, do dia para a noite. Os vendedores deixaram de receber seus salários e passaram a ganhar somente a comissão por vendas, medida, segundo Crivelin, necessária para evitar demissões. Os sócios também deixaram de receber seus salários para reajustar as despesas. Todas as mudanças permitiram que a Kinsol não somente 
conseguisse continuar de pé, mas prosperasse.
          Com o mercado consumidor percebendo a possibilidade de redução de custos com a instalação de painéis solares, a procura pelos equipamentos disparou.
          O faturamento da Kinsol também mudou. Saltou de “modesto” R$ 1,4 milhão em 2019 para R$ 48,7 milhões em 2022. Um crescimento de mais de 3.300% – ou cerca de 35 vezes.
(Fonte: Estadão - 29.10.2023)

28 de out. de 2023

AVB - Aço Verde do Brasil

          A siderúrgica Aço Verde do Brasil (AVB) começou a ser construída em 2007, mas só foi concluída no final de 2015, após muitos contratempos ao longo do caminho (como o colapso do Lehman Brothers em 2008 e a crise económica no Brasil entre 2014 e 2017).
          A siderúrgica — controlada 100% pela família mineira Nascimento, dona do grupo Ferroeste tem Silvia Nascimento como presidente desde 2022.
          No início da fase produtiva, a empresa começou com a produção de ferro gusa em alto-forno a carvão.
          A construção da siderúrgica exigiu um investimento de mais de R$ 1,5 bilhão, disse o CEO da empresa ao Valor em outubro de 2022. Ela ressaltou na época: “AVB é um projeto profissional que reuniu o empreendedorismo dos acionistas, os ricos minério de ferro de Carajás, e a base florestal, a partir da qual é produzido o biocarbono que vai para os altos-fornos.”
          Em 2018, a empresa começou a produzir aços laminados longos (vergalhão e fio-máquina). Ela planeja aumentar sua capacidade de produção de aço bruto de 730 mil toneladas para 1,2 milhão de toneladas.
          Com a aquisição de um laminador com capacidade para produzir 600 mil toneladas por ano, desde 2018 entrou no mercado de laminados (vergalhões, vergalhões e trefilados), disputando clientes de diversos setores. A AVB abriu competição com as gigantes ArcelorMittal e Gerdau — que detêm 85% das vendas de aços longos —, as mexicanas Simec, Sinobras e CSN.
          A AVB afirma que quer atrair “parceiros estratégicos” para crescer sem comprometer as reservas de caixa e o índice de alavancagem financeira da empresa. A empresa contratou o UBS para lançar uma procura internacional de parceiros na siderúrgica – empresas de private equity, investidores institucionais e fundos de investimento, e até potenciais grupos industriais dispostos a participar no projeto de expansão estão no radar.
          Essa expansão (duplicação) de capacidade custaria cerca de R$ 2 bilhões a R$ 2,5 bilhões, principalmente em duas novas unidades de produção — uma siderúrgica e uma nova laminadora — no complexo industrial de Açailândia, no Maranhão.
          Depois de um caminho difícil até à criação da AVB, em que o endividamento aumentou e colocou em risco o futuro da empresa, os acionistas avaliam que o projeto pode ser feito com investidores que vejam valor no modelo da AVB. É considerada produtora de “aço verde” porque possui operação certificada como neutra em dióxido de carbono (CO2).
          No final de 2022, de acordo com os últimos dados da empresa de auditoria internacional SGS, a AVB manteve inalterado o selo de planta de aços longos de carbono neutro em emissões reconhecido pela World Steel Association (WSA). O resultado do ano foi novamente de 0,02 toneladas de CO2 emitidas por tonelada de aço produzida.
          Observando a corrida global pela descarbonização da siderurgia, maior emissor de CO2 do setor industrial (é responsável por 7%), a mini mill de aços longos localizada em Açailândia já vivenciou esse processo. A empresa aproveita os gases gerados no processo (em circuito fechado) nas linhas de produção e tem investido em usinas térmicas para gerar energia a partir desses gases. Além disso, o objetivo é gerar zero resíduos na fábrica.
          Atualmente, existem duas instalações modernas, cuja produção abastece a planta de tarugos de aço com 600 mil toneladas por ano.
(Fonte: jornal Valor - 29.09.2023)

27 de out. de 2023

Restaurante São Judas Tadeu.

          Pioneira na "rota do frango com polenta" - sucessão de restaurantes especializados no prato localizados na Avenida Maria Servidei Demarchi, em São Bernardo do Campo, a matriz do tradicional  
São Judas Tadeu foi inaugurada em 1949.
          A casa espalhou-se por uma área de 16.000 metros quadrados e tinha capacidade para 4.000 clientes, o que a tornava a segunda maior do país. A primeira (casa) é o Restaurante Madalosso, em Curitiba, com 4.680 lugares em uma área de 7.671 metros quadrados.
          Até 2014, o restaurante chegou a preparar mais de 1 tonelada da ave por semana. O enorme letreiro em frente ao restaurante, além de mostrar o nome S.JUDAS TADEU, também trazia a palavra DEMARCHI, nome da avenida e "chopp ANTARCTICA". 
          O restaurante São Judas Tadeu fechou as portas em janeiro de 2016 e a marca passou a atuar com 
franquia e serviços de delivery.
(Fonte: Veja SP - 16.11.2016 / produçao@olharturistico - partes)

26 de out. de 2023

Lavoro Agro

           A Lavoro Agro, distribuidora de produtos agrícolas,  foi adquirida pelo Pátria, que começou a formar e rede em 2016. O fundo de private equity (que compra participações em empresas) enxergou nessa pulverização uma oportunidade e começou a fazer aquisições para criar um competidor 
sulamericano da área.
          Em agosto de 2017, comprou o colombiano Grupo Gral. Na sequência, foi a vez da mato-grossense Lavoro – de onde veio o nome do grupo. De lá para cá, foram mais de 30 aquisições, sendo a grande maioria de distribuidoras e revendas. Assim, em vez das pequenas lojas locais, ficou mais 
comum nas maiores cidades do interior do país unidades padronizadas de redes como as da Lavoro.
          “Temos em torno de 80 empresas em algum ponto da nossa fila de fusões e aquisições”, afirma Cunha. “Temos olhado Peru, Chile e Paraguai, mercados que nos interessam eventualmente entrar com nosso modelo de negócios, e sermos líderes da América do Sul.”
          ” Parte dessas aquisições foi feita com recursos de uma Spac, como são chamadas as “empresas cheque em branco”, criadas com o propósito de se fundirem e aportarem capital em companhias emergentes e com alto potencial de crescimento. Ao se unir com a Spac The Production Board (TPB), em março, a Lavoro abriu capital na Nasdaq. Foi avaliada em US$ 1,2 bilhão, e captou US$ 225 milhões. “A ideia inicial era fazer um IPO (oferta pública de ações, na sigla em inglês), mas, no meio do caminho, encontramos o time do TPB e criamos uma parceria estratégica”, afirma. “Eles são especialistas em agro, investem em empresas de tecnologia agrícola e testes de solo, que inclusive estamos trazendo para o Brasil.”
          A estrutura da Lavoro é um pouco diferente do que existe nas concorrentes. Além da distribuição via lojas, que é o negócio principal, a empresa fabrica produtos de marca própria, que também vende para outros grandes clientes e empresas. “A fabricação de insumos está crescendo bastante dentro do grupo”, afirma Ruy Cunha, presidente da Lavoro Agro.
          Há uma linha de negócios, dentro da holding Crop Care controlada pela Lavoro Limited, que junta fabricantes de defensivos biológicos, fertilizantes especiais e adjuvantes, compostos que prometem aumentar a eficiência dos produtos. Entre eles, está uma empresa na área de defensivos 
biológicos, a Agrobiológica, na qual estão quadruplicando a capacidade de produção.
          A holding Crop Care é formada pela Agrobiológica Sustentabilidade, Cromo Química, K2, Union Agro e Perterra e tem centros de distribuição em Minas Gerais, Mato Grosso e Paraná e equipe comercial em mais sete Estados.
          A intenção, com toda a gama de produtos, é ter em mãos um arsenal para oferecer ao cliente em várias frentes. “O grande produtor, mais sofisticado, é atendido diretamente pela indústria”, afirma. “Já o pequeno e médio são bem capitalizados, jovens, e têm um gap de tecnologia para suprir, o que os torna muito interessantes do ponto de vista dos negócios.” Assim, apesar da oferta nas lojas, a venda é feita na fazenda – e a prestação de serviços está embutida no negócio. São mais de mil especialistas para 72 mil clientes. “Esses produtores precisam de alguém que dê recomendações técnicas e apoie o crescimento”, afirma. “Mais do que vender o insumo, quero ser o conselheiro preferencial e fazer com que seja mais produtivo. Meu negócio não é ficar empurrando o produto, mas olhar, entender a 
operação e recomendar alguma coisa que vá fazer sentido para ele.”
          Por isso, na hora das aquisições, a Lavoro busca empresas tradicionais em uma região, que já se relacionam e têm bom nome com o produtor. “Compramos uma posição majoritária, em geral 85% da empresa, e mantemos o dono como sócio”, afirma. “Em geral, ele fica na operação por um ou dois anos na área comercial, para a transição com o modelo Lavoro.” O nome original é mantido e, mesmo quando a loja é transformada em Lavoro, ele permanece como uma submarca.
          Com receita de US$ 1,5 bilhão (cerca de R$ 7,5 bilhões) nos primeiros nove meses de 2023, a Lovoro tem, em outubro de 2023, a Lavoro tem 215 revendas espalhadas pelo Brasil e pela Colômbia e uma trading no Uruguai. Hoje, é a maior da América do Sul.
(Fonte: Estadão - 25.10.2023 / 29.04.2024 - partes)

25 de out. de 2023

Hemobrás

          A Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) foi criada em 2005 com o objetivo de reduzir dependência do Brasil em relação ao mercado externo no setor de hemoderivados - medicamentos que têm como matéria-prima o plasma humano, um dos componentes do sangue.
          É uma empresa estatal vinculada ao Ministério da Saúde. A construção do parque industrial da Hemobrás se arrasta desde 2010.
          O primeiro módulo da fábrica da Hemobrás entrou em operação em setembro de 2012, dois anos após o início das obras.
          Com a fabricação dos hemoderivados, a expectativa é que o país seja capaz de produzir por conta própria medicamentos que hoje são importados para serem distribuídos no Sistema Único de Saúde (SUS), tornando as medicações mais acessíveis para a população. O empreendimento conta com um investimento de R$ 1,4 bilhão.
          No início da operação, em 2012, o fracionamento dos plasmas era realizado pelo laboratório francês LFB, que acabou perdendo a licença concedida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para manter a parceria com a Hemobrás; Atualmente o processo é feito pelo laboratório Octapharma, da Suécia. Os plasmas passam por uma análise de qualidade e, depois, são transportados para o laboratório na Suécia, que faz o fracionamento, convertendo a matéria-prima em hemoderivados.
          Uma investigação começou em 2015, como parte de operação da Polícia Federal (PF).
          A construção foi interrompida em 2016 - ano em que a unidade deveria ter ficado pronta - após o Tribunal de Contas da União (TCU) encontrar irregularidades no contrato com a empreiteira responsável pelas obras, cancelando o contrato.
          Desde a paralisação das obras, a empresa opera apenas com o primeiro bloco da fábrica, onde são feitas a recepção, a triagem e a estocagem do plasma. O plasma - assim como os outros componentes do sangue, não pode ser comercializado no Brasil, conforme o artigo 199 da Constituição Federal - é obtido a partir da doação de sangue e fornecido à fábrica por hemocentros de todo o país; Ao chegar à unidade, os materiais são levados para a câmara fria da fábrica, onde ficam armazenados em bolsas a uma temperatura de 37 graus negativos;
          Em setembro de 2022, a Justiça Federal condenou três réus por envolvimento em fraudes na construção da fábrica. Entre os condenados, estão dois ex-funcionários da Hemobrás e um representante da construtora Concremat Engenharia e Tecnologia S/A. Segundo a Justiça, os três "agiram em conluio" na licitação para favorecer a construtora e desviar recursos públicos, incluindo no projeto e no edital para a contratação da empresa "cláusulas excessiva e injustificadamente restritivas".
          Em 24 de abril de 2023, a Hemobrás foi tema de uma audiência pública realizada na Câmara de Vereadores do Recife. A empresa já foi alvo de investigação por conta de irregularidades no contrato com a empreiteira responsável pela obra. Na época, agentes da PF flagraram maços de dinheiro sendo arremessados de uma das janelas do prédio onde morava o então diretor-presidente da Hemobrás, Rômulo Maciel Filho, no Recife; A diretoria da Hemobrás foi afastada por determinação da Justiça, após recomendação do Ministério Público Federal (MPF).
          Construída num terreno que ocupa uma área de 48 mil metros quadrados, localizado a 63 quilômetros da capital pernambucana, no município de Goiana, na Zona da Mata Norte, a fábrica deve tornar o Brasil autossuficiente na produção de hemoderivados.
          A unidade de produção do Fator VIII Recombinante - medicamento que ajuda na coagulação sanguínea, deve ficar pronta em outubro deste ano. Ao todo, a fábrica terá 19 blocos, distribuídos numa área de 48 mil metros quadrados e tem previsão de começar a operar até 2025.
          Segundo a Hemobrás, quando ficar pronta, a fábrica será capaz de fracionar até 500 mil litros de plasma por ano. Com isso, a expectativa é produzir quatro dos hemoderivados mais consumidos do mundo. São eles:
     Albumina - principal proteína encontrada no sangue, é indicada para tratamento de queimaduras e hemorragias graves, cirrose, insuficiência renal e septicemias e recuperação de pacientes que fizeram transplante de fígado ou cirurgias cardíacas;
     Fator VIII - proteína do sangue usada no tratamento de hemofilia A, combatendo sangramentos;
     Fator IX - outra proteína utilizada em pacientes de hemofilia B;
     Imunoglobulina - proteína produzida pelos linfócitos B, tipo de célula presente no sangue, e indicada para pessoas com doenças neurológicas, deficiências imunológicas e doenças autoimunes e infecciosas, além de Aids e púrpura.
          Além dos hemoderivados, a fábrica será capaz de produzir o Fator VIII Recombinante. A substância é criada em laboratório a partir da proteína Fator VIII, sendo usada no tratamento da hemofilia.
(Fonte: G1 = 24/04/2023)
Obra da Hemobrás foi paralisada em novembro de 2016  — Foto: Reprodução/TV Globo

Obra da Hemobrás foi paralisada em novembro de 2016 — Foto: Reprodução/TV Globo

24 de out. de 2023

Lwart

          Com a saída do negócio de celulose, o grupo brasileiro Lwart concentrou seus negócios no rerrefino de lubrificantes. Em 2018, o grupo vendeu a produtora de celulose Lwarcel (hoje Bracell) para o grupo asiático Royal Golden Eagle (RGE).
          Em 2020, porém, a família Trecenti ampliou seus horizontes na economia circular e inaugurou as operações da Lwart, que passou a se chamar Lwart Soluções Ambientais, para gestão de resíduos pós-consumo. A empresa é referência internacional em rerrefino de óleo lubrificante usado ou contaminado. Thiago Trecenti, presidente-executivo da Lwart Soluções Ambientais faz parte da terceira geração da família fundadora da Lwart.
          Em 23 de outubro de 2023, a Lwart Soluções Ambientais informa que investirá R$ 1 bilhão na expansão da unidade de Lençóis Paulista, no estado de São Paulo. Trata-se da ampliação do rerrefino de óleos lubrificantes. Com esse investimento, a empresa torna-se a segunda maior rerrefinaria do mundo. 
          Com base no investimento, a empresa também aumentará em 50% a capacidade de produção de óleo base reciclado, obtido no processo de rerrefino e que poderá ser reaproveitado na produção de lubrificantes, com características iguais ou superiores ao óleo bruto. O Brasil tem cerca de 40 produtores de lubrificantes, incluindo Petrobras, Iconic (Ipiranga/Chevron), Moove (Cosan), Petronas e ExxonMobil.
          A Lwart se destacou entre seus concorrentes, inclusive estrangeiros, por ter investido em sofisticada tecnologia de rerrefino, parcialmente construída internamente, resultando em um óleo mineral de maior pureza, incolor e com muito melhor desempenho que os óleos do grupo I, os mais básicos. É o único produtor da América Latina de óleos básicos de alto desempenho (grupo II, no jargão da indústria), cujo consumo é o que mais cresce globalmente.
          Na fábrica paulista, semelhante a uma minirrefinaria, a empresa processa 240 milhões de litros por ano de óleo lubrificante usado ou contaminado (UCLO). Com a ampliação, esse volume passará para 360 milhões de litros anuais. A capacidade de produção de óleos básicos é hoje de 180 milhões de litros por ano.
          A decisão de avançar com o projeto bilionário considerou uma combinação de fatores, disse Trecenti ao Valor. Existe um déficit na produção local; os clientes, que são os próprios fabricantes de lubrificantes, têm exigido cada vez mais óleos base e de maior pureza; e a eletrificação da frota de veículos, que representa uma ameaça ao consumo de lubrificantes no mundo, ainda parece distante no Brasil —os híbridos precisam desse tipo de óleo, enquanto os veículos totalmente elétricos não. “Há uma janela importante e não poderíamos adiá-la. E a busca pela sustentabilidade está cada vez mais forte”, disse Trecenti.
          A Lwart já tem bases suficientemente amplas para recolher maiores volumes de óleo usado. Com 19 unidades de armazenamento temporário espalhadas pelo Brasil e uma frota de 400 caminhões com capacidade de 2 mil a 20 mil litros cada, a empresa cobre mais de 70% do território nacional. Possui 80 mil fontes geradoras de petróleo, como concessionárias, frotistas, redes de postos de combustíveis e fabricantes. Todo o volume arrecadado é levado para Lençóis Paulista e reciclado.
          Segundo Trecenti, cerca de R$ 600 milhões do investimento previsto serão direcionados para operações industriais. Outros R$ 300 milhões serão investidos na ampliação da rede coletora e R$ 100 milhões na autossuficiência energética, status que a Lwart perdeu ao vender a Lwarcel.
          Além de reduzir a dependência do Brasil de óleos básicos importados, o investimento no projeto de expansão, com início de operação previsto para 2025, contribui para aumentar o reaproveitamento de óleo lubrificante. Por lei, pelo menos 47% do volume de produtos acabados vendidos no país devem ser recolhidos e reciclados devido à sua elevada carga poluente. Estima-se que pelo menos 20% dos lubrificantes usados poderiam ser reutilizados através de rerrefino. O pior destino é queimá-lo como combustível, o que é ilegal.
          Hoje, a empresa gerencia 114 mil toneladas de resíduos por ano em sua base em Piracicaba (SP), mas deseja crescer em volume. “O foco é a tecnologia. Veremos isso e depois o [tipo] de resíduo. Como fizemos com os lubrificantes”, disse Trecenti.
          A Lwart teve receita líquida de R$ 1,2 bilhão em 2022. O número de funcionários chega a 1,4 mil e mais 400 vagas serão abertas com a expansão na fábrica de Lençóis Paulista. Outros 1.200 trabalhadores serão contratados durante a execução do projeto.
(Fonte: jornal Valor - 23.10.2023)