A Companhia de Telefones do Brasil Central, CTBC foi fundada em 1954 por Alexandrino Garcia, imigrante português que fundou o grupo ABC Algar, dono da CTBC. A CTBC tem sua sede em
Uberlândia, no Triângulo Mineiro, assim como o grupo Algar.
Em 1967, o governo estatizou toda a telefonia brasileira e a CTBC teve sua área de atuação congelada no norte de São Paulo e no triângulo Mineiro,
A CTBC era a única representante privada da área de telecomunicações, controlada pelo grupo ABC Algar, então do empresário Luiz Alberto Garcia, filho do fundador Alexandrino.
Martinésia é um povoado com menos de 1.000 habitantes, incrustado no município de Uberlândia, no coração do chamado Triângulo Mineiro. Considerando o ano de 1994, lá não havia supermercado ou qualquer outro sinônimo de vida comercial moderna. Martinésia, no entanto, contava com 24 telefones instalados, de onde seus moradores, pequenos pecuaristas em sua maioria, podiam falar com qualquer lugar do mundo. Quem estendeu a rede para o lugarejo não foi nenhuma das empresa da Telebrás, a estatal que controlava os negócios de telefonia no país. A responsável era a CTBC.
Os assinantes de Martinésia constituíam-se na melhor prova de que o setor privado, caso conseguisse quebrar o monopólio estatal, não iria operar apenas o filé mignon do setor, as grandes
cidades.
Considerando números de 1994, a CTBC tinha um desempenho que nada ficava a dever às Baby Bells americanas. Exemplo: a empresa empregou em 1993 4,87 funcionários por 1.000 terminais instalados. Melhor que a Bell Atlantic e a Bell South. E muitos, muitíssimos furos acima da média do sistema Telebrás, então estacionado em 8,1. Mais: na área da CTBC havia quase o dobro de telefones
instalados por 100 habitantes do que a média da Telebrás (13,1 aparelhos, contra 7,4).
O executivo Mario Grossi, que comandou uma reestruturação no Grupo Algar desde 1989, e que não deixou pedra sobre pedra, salientou no final dos trabalhos, no início de 1994, que o que preocupava, mesmo, era a continuidade do monopólio estatal da telefonia, no qual a CTBC é apenas um enclave. "Queremos a competição e que o cliente decida quem vai lhe prestar serviços", disse Grossi.
Passaram-se os anos. Veio a privatização do sistema Telebrás.
No final dos anos 1990 e início dos anos 2000, os ventos não sopraram a favor da companhia, olhando-se o Grupo Algar como um todo. Os problemas começaram com a expansão do grupo em telecomunicações após a abertura do setor, sempre mantendo a operadora CTBC - Companhia
Telefônica Brasil Central como eixo principal.
Numa tentativa de conquistar o mercado até então vedado à operadora, a empresa entrou com tudo na privatização da Telebrás em 1998. A CTBC atende a oitenta municípios das ricas regiões da Alta Mogiana, Alto Paranaíba, sul de Goiás, leste de Mato Grosso do Sul e Triângulo Mineiro. O grupo decidiu comprar participações em duas operadoras de telefonia móvel, a Tess, no interior paulista, e a ATL, no Rio de Janeiro. Para entrar no jogo a Algar contraiu uma dívida de 2 bilhões de reais.
O negócio não se revelou tão interessante porque o grupo não tinha fôlego financeiro para acompanhar os investimentos dos sócios nas duas operadoras. Para evitar o pior a Algar vendeu essas participações.
Em meados de 1999, a grande dúvida do setor era se o Algar não teria ficado grande demais em pouco tempo. Na ATL, onde a Algar Telecom era majoritária (os outros sócios eram a Williams International Telecom e a SKTI), a intenção era ficar com 51% das ações ordinárias e 35% do capital total. Mas o grupo se viu obrigado a deter 73% do total. Um dos parceiros, a empreiteira Queiroz Galvão, decidiu se concentrar em seu principal negócio, a construção civil. O Algar teve de comprar sua parte por 120 milhões de reais. Depois, o grupo, a pedido do governo, assumiu um terço do capital total da Tess, que estava às voltas com um conflito entre seu acionistas - o grupo sueco Telia, a brasileira Eriline e o empresário paranaense Cecílio do Rego Almeida. Somem-se a isso as obrigações da ATL, que pagou 1,5 bilhão de reais pela concessão, 40% dos quais no ato (a Algar fez um empréstimo-ponte de 250 milhões de dólares, para honrar a sua cota).
(Fonte: revista Exame - 27.04.1994 / Forbes - 18.07.2001 - partes)
O blog "Origem das Marcas" visa identificar o exato momento em que nasce a marca, especialmente na definição do nome, seja do produto em si, da empresa, ou ambos. "Uma marca não é necessariamente a alma do negócio, mas é o seu nome e isso é importante", (Akio Morita). O blog também tenta apresentar as circunstâncias em que a empresa foi fundada ou a marca foi criada, e como o(a) fundador(a) conseguiu seu intento. Por certo, sua leitura será de grande valia e inspiração para empreendedores.
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8 de dez. de 2023
CTBC - Companhia de Telefones do Brasil Central
7 de dez. de 2023
Grupo Wiz / Enjoy / Mister Wiz
Em 2017, antes da criação do Grupo Wiz, o empresário Carlos Wizard Martins comprou, por R$ 200 milhões, uma participação de 35% da rede Wise Up, do empresário Flávio Augusto da Silva. “Fiz um acordo com o Flávio Augusto e com o Kinea (fundo parceiro no negócio) que o Wiz não competirá
com a Wise Up (que é especializada em inglês para adultos)”, diz.
Considerando números de outubro de 2023, a Enjoy tem uma rede com 210 unidades, em modelo de franquias, e 50 mil alunos.
Na sema de 16 a 20 de outubro dd 2023, Martins fechou a compra de 50% da rede de ensino de idiomas Enjoy. O negócio consolida a sua volta ao setor, com a formação de um novo conglomerado
educacional, uma década após vender o grupo Multi, dono da marca Wizard.
Na última década, depois de investir nos setores de alimentação e de artigos esportivos, ele ainda tirou uma espécie de período sabático, durante o qual se dedicou a atividades filantrópicas na fronteira com a Venezuela e a uma breve e polêmica passagem pela política, durante a pandemia da covid-19 -
ele trabalhou por um breve período com o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.
Para se tornar sócio do negócio, Wizard comprou, por valor não revelado, a participação do cofundador Oswaldo Segantim. O outro sócio-fundador da rede, Denis Sá, continuará à frente do negócio. Com a transação, a Enjoy fará parte do novo projeto de educação de Wizard, organizado sob a bandeira de Grupo Wiz, que também vai abarcar a rede Mister Wiz, voltada a ensinar idiomas ao
mesmo tempo que aborda conteúdos de empreendedorismo.
Iniciada experimentalmente em 2018, a Mister Wiz decolou a partir da reabertura da economia no pós-pandemia, a partir de 2022, e já tem 100 unidades, em outubro de 2023. Comandada por um de seus filho, Felipe Martins, a Mister Wiz seguirá dedicada a ensinar jovens a empreender. Já a Enjoy seguirá focada em crianças e pré-adolescentes que podem aprender inglês junto com o ensino técnico
em design gráfico, marketing digital, programação de jogos e programação web.
“O nosso diferencial está em ensinar essas matérias em conjunto com a prática de inglês, e considerando que o jovem de hoje em dia está mais interessado em startups, em investimentos e em ter um negócio próprio”, diz Wizard. O plano com o Grupo Wiz é replicar o modelo bem sucedido do Multi, que foi vendido por R$ 1,7 bilhão para a britânica Pearson. Desta vez, porém, a meta crescer de forma mais acelerada. Enquanto a Wizard levou 20 anos para chegar às mil unidades, o Wiz quer atingir esse número em sete anos, e ter 2 mil escolas até 2030. A meta é acumular R$ 100 milhões de faturamento nos próximos três anos. “Desta vez, não começamos do zero, sem equipe, estrutura, experiência e dinheiro”, diz Wizard, que buscará essa expansão por meio de aquisições – como fez no
Multi, que antes de ser vendido realizou diversas aquisições de redes de ensino, como Yázigi, Skill, Microlins e SOS Computadores.
O retorno de Wizard às franquias de idiomas acontece num momento de recuperação do setor, que sofreu muito durante a pandemia. “Agora, o segmento já voltou ao patamar do período pré-pandemia”, diz o diretor da Associação Brasileira de Franchising (ABF), Rogério Gabriel.
(Fonte: Estadão - 21.10.2023)
6 de dez. de 2023
Banco Mercantil
O Banco Mercantil era o braço financeiro do grupo Armando Monteiro e tem sua sede no Recife, a capital pernambucana.
Em 1992, então reputado como um dos mais criativos do Nordeste, o banco extinguiu, por completo, pouco depois de meados do ano, seu departamento de marketing, que foi terceirizado. Nesse processo demitiu, em setembro, a ombudswoman Maria Amélia Soares Parreira, a primeira e até então única defensora de clientes do sistema financeiro local. O quadro de funcionários das 36 agências do banco no país foi reduzido em 20%, para 950 pessoas. Por fim, seguindo a trilha aberta por outros bancos nordestinos, o Mercantil dobrou-se à realidade econômica do país e decidiu reforçar suas operações na Região Sul. Criou uma subsede em São Paulo - onde inaugurou uma agência ao custo de 500.000 dólares na região da Avenida Paulista - para conquistar clientes entre as empresas de médio porte. "Queremos consolidar de vez nossa presença na região mais importante do país", disse Eduardo de Queiroz Monteiro, diretor superintendente do Mercantil.
A investida do banco na seara paulista tem o respaldo dos números. Pelo menos metade dos depósitos captados e dos empréstimos concedidos pelo Mercantil no país tem por trás clientes da
Região Sul.
Para incrementar ainda mais os números, o banco criou uma diretoria regional em São Paulo para cuidar das áreas financeira, de crédito e de vendas. A partir de setembro de 1992, as agências do Rio de Janeiro, de Belo Horizonte, Porto Alegre, Campo Grande, Brasília, Goiânia e Ribeirão Preto passaram a reportar-se a São Paulo, numa tentativa de agilizar as decisões de crédito e as vendas de
serviços.
Apesar de voltar seus canhões para o Sul, o Mercantil não pretende abandonar as trincheiras do Nordeste. "Não vamos renegar nossa origem a segundo plano", garantiu Monteiro. O banco mantém sua estratégia de varejo seletivo na região, onde está reforçando os conceitos de telemarketing e auto-
atendimento nas agências.
O cargo de porta-voz dos clientes votaria a ser preenchido assim que a agência de publicidade Aporte, contratada pelo Mercantil para a assessoria de marketing, reimplantasse o serviço. Segundo Monteiro, o cargo de ombudsman também voltaria.
(Fonte: revista Exame - 28.10.1992)
5 de dez. de 2023
Stuart Bar
Em 1934, os irmãos Mehl compraram o Stuart, e passou a funcionar na esquina das Ruas Voluntários da Pátria e XV de Novembro, na Boca Maldita. Na década de 1950, o dono do prédio em que o bar estava alocado, Artur Hauer, decidiu por demolir o edifício. Constâncio Bocardin, outro comerciante da região, faz aos irmãos Mehl a proposta de ceder a eles o seu ponto, onde ficava uma farmácia.
Os Mehl aceitaram a proposta em 1954, e o bar se transferiu para o local onde está até hoje, em frente à Praça Osório, esquina com a Alameda Cabral. Três anos depois, em 1957, o prédio que estava sendo construído no antigo lugar do bar ficou pronto, e o proprietário convidou os irmãos a voltarem para lá.
Eles não entraram em consenso, e a sociedade entre os irmãos foi desfeita. Afonso ficou com o Bar Stuart e Leopoldo abriu a Confeitaria Iguaçu.
Alguns anos depois, Afonso passou o bar para seu cunhado, Ronald Abrão, o “Ligeirinho”, que já havia trabalhado no Stuart quando criança/adolescente. Ligeirinho foi um dos ícones dos bares curitibanos. Começou com a tradição de realizar sorteios diários de rifas valendo algum animal, como um leitão, peru e frango aos clientes na mesa. “Vai rodar a rifa”, gritava animado no tempo em que se anotava tudo no papel e uma boa caneta que ficava no avental.
Ao lado do Ligeirinho estava o italiano Dino Chiumento. Chegou ao Stuart em 1949. Era garçom de formação de um restaurante de Morretes, no litoral do Paraná. Foi convidado por Leopoldo Mehl, proprietário na época para trabalhar no Stuart. Aceitou a proposta, carregou por anos a bandeja prateada e depois passou a administrar o bar.
Ligeirinho saiu da sociedade para montar o próprio comércio, e Dino ficou no comando até 2008, quando Nelson Ferri assumiu. Com uma simpatia peculiar, Ferri retomou eventos aos sábados no Stuart, atraindo novos clientes e turistas.
Ferri veio a falecer em abril de 2021 de Covid-19.
No posto, assumiu o Carlos, filho de Nelson Ferri, que contou com a colaboração de expoentes da boemia e da boa conversa.
O Stuart foi ponto de apuração jornalística. A notícia muitas das vezes estava ali, no meio de uma porção ou outra, jornalistas saiam dali com uma bomba. O bar também recebeu políticos como Roberto Requião, Jaime Lerner (falecido), o governador Ratinho Junior e o pai Ratinho, o atual presidente Lula, ex- jogadores de futebol, como Romário e o saudoso Sicupira.
Artistas, como o poeta curitibano Paulo Leminski, eram frequentadores assíduos do Stuart. Leminski tinha sua mesa habitual onde costumava se sentar, à entrada do bar, e escrever suas poesias com papel, caneta e um copo de vodca.
Porta fechando e lágrimas caindo diante de um cenário triste como um copo quebrado. O Stuart, o bar mais antigo do Paraná, o segundo do Brasil, e um dos mais tradicionais de Curitiba, encerrou um ciclo de 119 anos nesta segunda-feira (04). A esquina da Praça Osório com Alameda Cabral, no Centro, ponto de encontro de curitibanos famosos ou anônimos, ficou silenciosa. A expectativa é que o local venha a ser reaberto no primeiro semestre de 2024 com novos donos.
Aos clientes que passam na frente do Stuart, olhares curiosos e desconfiados para dentro do bar. Com as portas e garrafas de bebida fechadas, o clima é de apreensão quanto ao futuro. Será que o Stuart vai perder sua identidade? Os quadros que comprovam a linha história de Curitiba e personagens folclóricos serão retirados?
O cardápio com iguarias como testículos de touro, a carne de rã, o rabo de jacaré irão acabar? E o Jorge, mais conhecido como Alemão, garçom das antigas que tira o chope na régua foi demitido? Perguntas que pairam no ar…
Os questionamentos acima devem permanecer ainda nos próximos dias, pois não se divulgou oficialmente quem vai “tocar” o negócio. Especula-se que uma rede com bares em Curitiba tenha realizado o negócio. O Stuart Bar chegou a estar à venda em 2018, naquela época por Nelson Ferri, que cobrou R$ 1,1 milhão. Ninguém comprou. Nelson Ferri morreu três anos depois, após perder uma luta contra o câncer.
Bar Stuart, um patrimônio paranaense de 119 anos. Como diria Leminski em suas passagens pelo recinto, “ O Rio é o Mar, Curitiba, o bar”. Que a porta fechada venha a ser apenas um até breve. Já sentimos saudade!
(Fonte: Tribuna do Paraná. 05.12.2023)
3 de dez. de 2023
Bernard L. Madoff Investment Securities
Seus crimes foram descobertos não por um jornal, mas sim por um cidadão chamado Harry Markpolos, que estranhou o esquema conseguir pagar rendimentos tão altos aos seus investidores.
Após várias denuncias que não deram em nada e não foram provadas por Harry, os próprios filhos de Madoff o levaram à polícia, por não aguentarem mais ver seu pai pagar bônus milionários a seus investidores sendo que ele estava com dificuldades em pagar as contas de casa.
O esquema era operado por meio da parte de gestão de fortunas de seu negócio. Era uma clássica pirâmide financeira. Madoff atraiu investidores prometendo retornos extraordinariamente altos sobre seus investimentos. No entanto, quando os investidores entregavam o dinheiro, Madoff apenas o depositava em sua conta bancária pessoal no Chase Manhattan Bank. Ele pagou “retornos” a investidores anteriores usando o dinheiro obtido de investidores posteriores. Os extratos das movimentações dos clientes, mostrando seus supostos lucros, eram completamente falsos.
O próprio Madoff admitiu que as irregularidades começaram no início dos anos 1990, quando começou a falsificar lucros para agradar investidores institucionais. No escritório no 17º andar do Lipstick Building, em Manhattan, apenas uns poucos funcionários de confiança tinham acesso. Lá, Madoff disse a eles para criar negócios falsos para serem incluídos nos extratos das contas, dando retornos mais elevados a alguns investidores. Certa vez, funcionários colocaram um novo documento falso na geladeira para resfriá-lo depois que ele saiu da impressora e ficaram jogando-o amassado de um lado para o outro para fazer com que parecesse antigo antes de entregá-lo a um auditor.
O esquema só ruiu com a crise financeira de 2008, a chamada crise do subprime, que levou muitos investidores a tentarem sacar seus recursos aplicados com Madoff. Esses pedidos da saque teriam somado quase US$ 7 bilhões, mas Madoff tinha apenas entre US$ 200 milhões e US$ 300 milhões para honrar esses compromissos.
Madoff era famoso por manter segredo sobre seus métodos, aumentando o fascínio - e permitindo que ele escapasse da detecção pelas autoridades, apesar de investigações feitas pela Securities and Exchange Comission (SEC, a CVM americana).
O esquema envolve troca de dinheiro em ofertas atrativas, mas sem qualquer produto ou serviço entregue. Nada incomum, o esquema Ponzi já levou a dezenas de fraudes e prisões ao redor do mundo, com promessas de retornos extraordinários e rápidos.
O que pouca gente sabe é que o caso que dá nome ao esquema remonta ao início do século XX e pode ser usado para entender como a fraude funciona.
Charles Ponzi foi o precursor das pirâmides financeiras. Ele criou o chamado “esquema Ponzi”, que é a origem dos famosos e atuais “ganhe dinheiro fácil pela internet”.
Nascido em 1882, na Itália, Ponzi imigrou para os Estados Unidos em 1903 e tornou-se um dos maiores trapaceiros da história.
Ponzi entrou no ramo de empréstimos prometendo juros de 50% em 45 dias ou de 100% em 90 dias. Ele pagava juros elevados aos investidores mais antigos com o dinheiro que ganhava dos novos e ainda usava parte do dinheiro para investir em cupons de selos postais, que eram adquiridos com baixo custo em outros países e revendidos por muito mais nos EUA, o que o ajudava também a pagar os clientes.
No entanto, se ele parasse de conseguir novos investidores, sua corrente entrava em colapso na mesma hora. E foi o que aconteceu.
Em 1920, o jornal Boston Post decidiu investigar o esquema por desconfiar do alto juro pago a tantas pessoas. Quando o especialista contratado pelo jornal descobriu que deveriam existir mais de 160 milhões de cupons em circulação para cumprir as promessas de Ponzi, mas só tinham 27 mil rodando, a notícia se espalhou e todos os seus clientes pediram o dinheiro de volta na mesma hora, o que o levou à prisão por diversas vezes em vários estados do país. Pnzi foi preso em 1920.
A pirâmide financeira é um modelo comercial não sustentável, caracterizado como fraude e muitas vezes mascarado sob o sistema de “marketing multinível”.
A prática de pirâmide financeira é proibida no Brasil e configura crime contra a economia popular, segundo a Lei 1.521/51.
O esquema envolve a troca de dinheiro pelo recrutamento de outras pessoas ou, por exemplo, por postagens diárias de anúncios publicitários da empresa na internet, sem qualquer produto ou serviço ser entregue.
No fim das contas, um administrador nomeado pela Justiça estimou que Madoff arrecadou pouco mais de US$ 17 bilhões em dinheiro de clientes por meio do esquema, dos quais foram recuperados cerca de US$ 13 bilhões.
“A abertura da conta se deu no Brasil por sugestão do gerente do banco”, afirmou na ocasião o advogado Paulo Iasz de Morais, que representou o investidor. Ele conta que, apesar de seu cliente ter aceitado a migração, só descobriu que o dinheiro foi para o Fairfield Sentry Fund, que, por sua vez, aplicava nas carteiras geridas por Madoff, quando tentou resgatá-lo, em 2008.
A Justiça brasileira também chegou a condenar, em primeira instância, em 2014, o Itaú a ressarcir uma cliente em cerca de R$ 355 mil pelas perdas na aplicação no fundo Fairfield Sentry envolvido na fraude do americano. O desembargador que conferiu a decisão alegou que a instituição havia induzido a cliente a fazer o investimento.
O banco recorreu e conseguiu reverter a decisão em julgamento no Superior Tribunal de Justiça no fim de 2016. Os ministros argumentaram na ocasião que a instituição financeira não era administradora do fundo e se limitou a indicar o investimento, mas manteve o cliente ciente dos riscos.
Em 2009, o Santander global destinou 1,38 bilhão de euros para indenizações, dos quais grande parte foram destinados a ressarcir investidores na América Latina. O banco conseguiu acertos com 94% dos 4 mil lesados pelo esquema, nos quais trocou valores investidos por ações preferenciais do banco.
Um grupo relevante de brasileiros também aplicou diretamente no exterior. Esse é o caso de nove clientes representados pelo advogado Renato Faria Brito em uma ação do início de 2009 contra a Securities and Exchange Commission (SEC), que fiscaliza o mercado de capitais americano. Sob o argumento de omissão da SEC, a ação pedia indenização de US$ 65 milhões.
Tais investidores teriam chegado à Bernard Madoff Investment Securities por intermédio da Haegler, empresa do Rio presidida na época por Alex Haegler, e de sua filha Bianca Haegler, representante da Fairfield Greenwich Group, de Nova York.
Joseph Safra é conhecido no mercado financeiro pela esperteza que costuma demonstrar nos negócios. Já virou folclore uma afirmação que ele teria feito certa vez ao comentar sua filosofia de trabalho: "Eu gosto de negócio que é bom para os dois - para mim e para o Moise (seu irmão e sócio em vários negócios). Em dezembro de 2008, porém, o Safra teria sofrido um revés. O banco "vendia" no Brasil um fundo que aplicava dinheiro dos clientes com o americano Bernard Madoff, acusado de uma fraude de US$ 50 bilhões, numa pirâmide financeira. O banco teria perdido US$ 300 milhões de brasileiros investidos com o fraudador. A descoberta da fraude de Madoff aconteceu num efeito ironicamente positivo da crise financeira: sem ela, talvez esse tipo de fraude não fosse descoberta.
(Fonte: Estadão - 07.01,2023 / wikipédia / InfoMoney - 14.04.2021 / Valor -15.04.2021 - partes)
2 de dez. de 2023
Cervejas Puerto del Sol / Puerto del Mar
Por séculos o México só teve uma cerveja colonial encorpada, até que um cervejeiro alemão transgressor resolveu dar ao povo do México uma cerveja leve e refrescante. Ele criou a El Sol, que mais tarde se tornaria Sol.
Velha conhecida dos mexicanos, a tradicional cerveja Sol foi lançada em 1899 pela CerveceríaCuauhtémoc Moctezuma (principal unidade de negócios da Cervejaria Femsa), fundada em 1890 na cidade de Monterrey. Tornou-se extremamente conhecida por sua garrafa transparente com o rótulo impresso diretamente no vidro.
Em 1993, baseado em pesquisas de mercado, a cerveja foi relançada no mercado mexicano tendo como público alvo os consumidores jovens.
No Brasil, a Sol foi lançada em outubro de 2006, apontada como a futura líder de mercado. A nova fórmula da cerveja foi elaborada seguindo resultados obtidos em 180 dias de pesquisas e análises sobre o mercado cervejeiro brasileiro e as preferências do consumidor. O novo produto foi apresentado por mega-campanha publicitária estimada em R$ 150 milhões (de um total de R$ 250 milhões investido ao longo do ano). A Femsa pretendia recuperar o mercado perdido pelas marcas Kaiser e Bavaria, que então não passavam de 7,8%.
Os concorrentes tentaram atrapalhar. A Ambev tem profissionais dedicados a monitorar o mercado e descobrir possíveis novidades para que a empresa prepare contra-ataques. A tática foi usada antes do lançamento da Sol, da Femsa. A empresa começou a vender um produto batizado de Puerto del Sol, com a clara intenção de desgastar a cerveja rival que chegaria ao mercado meses depois. A garrafa de 600ml chegou fácil a alguns bares, estampando um rótulo com muito sol e um mexicano com bigode avantajado. A Puerto del Sol, que foi banida judicialmente em ação da então Femsa contra a Ambev.
A Ambev lançou também, em 2007, a cerveja Puerto del Mar, também com um mexicano a caráter no rótulo, fabricada por sua unidade de Jacareí (SP). Como "Latin Beer", estampava no rótulo Cerveja Pilsen com espírito latino, produzida especialmente para ser apreciada na frente do mar.
A Puerto del Mar também foi retirada do mercado por alusão à Sol. Nesse caso teve até questão de publicidade. A Sol teria um slogan que seria uma cerveja nem forte, nem fraca, no ponto e terminava com um "coral" é ponto, é ponto, é ponto. E a Ambev fez um comercial que terminava com é puerto, é puerto...
1 de dez. de 2023
Archx Capital
Após sair do Bradesco, Miranda começou a criar a Yards com sócios. Por uma divergência – alguns achavam que a Yards deveria ser principalmente uma gestora de recursos –, um grupo resolveu pelo projeto da Archx, que é ter mais força na operação de banco de investimento.
A Archx Capital deve colocar no mercado em breve suas primeiras ofertas, uma debênture incentivada de R$ 110 milhões e um fundo de recebíveis de R$ 80 milhões, este último para uma empresa que nunca acessou o mercado de capitais.
A Archx também vai entrar na gestão de fortunas, com a criação de escritório no mesmo modelo de sociedade com assessores de investimento. O objetivo do grupo, hoje com 80 pessoas, é atuar em nicho pouco explorado pelos bancos de investimento, como o de empresas menores que nunca acessaram o mercado de capitais.
A proposta é dar aconselhamento, inclusive em ESG, estruturar operações de captações com emissão de títulos ou ações, e acessar investidores que buscam estratégias específicas, incluindo fusões e aquisições. A Archx vai inaugurar ainda uma frente em serviços bancários para essas empresas, mas sem abrir um banco.
O grupo está próximo de fechar acordo com quatro bancos médios para oferecer crédito em linhas como capital de giro. “Falta crédito para empresas brasileiras emergentes”, diz Miranda.
Um dos objetivos é capturar clientes desses bancos, que não têm áreas consolidadas de banco de investimento. Para chegar a essas empresas, criou uma rede pelo país com mais de 70 ex-bancários, boa parte aposentados do BB.
Nas últimas semanas, a empresa ganhou novos sócios, como Sylvio Ribeiro, vindo do Credit Suisse, que vai encabeçar a renda variável, e Bernardo Costa, que fez carreira nas agências Fitch e Moody's. Para coordenar ofertas públicas, a Archx entrou com pedido de autorização na Comissão de Valores Mobiliários.
30 de nov. de 2023
Savoy Cosméticos
A operação consiste em passar os ativos relacionados ao negócio de cosméticos da Hypermarcas e da sua controlada Cosmed Indústria de Cosméticos e Medicamentos para a Savoy Indústria de Cosméticos, que posteriormente passará a ser uma subsidiária da Novitá, que será transferida para a Coty, assim que todas as condições da venda do negócio de cosméticos para a empresa francesa forem cumpridas.
O conselho da Hypermarcas aprovou aumento de capital da Savoy em R$ 60,096 milhões, com a emissão de 3,040 bilhões de novas ações ON, que seriam totalmente subscritas pela própria Hypermarcas e pela Cosmed até o dia 31 de dezembro de 2015.
Ao mesmo tempo, o conselho da Hypermarcas aprovou uma cisão parcial da Savoy, que passará para a Active Indústria de Cosméticos ativos e passivos relacionados ao negócio de fraldas, com efeitos contábeis a partir de 31 de dezembro (2015).
O conselho aprovou ainda a aquisição de 2,994 bilhões de ações da Savoy, por parte da Cosmed, pelo valor de R$ 59,186 milhões, para que a Savoy volte a ser uma subsidiária integral da Hypermarcas. A partir daí, os ativos de cosméticos e as ações da Savoy detidas pela Hypermarcas passarão para a Novitá, que passará a ter controle integral da Savoy.
Para isso, o conselho da Hypermarcas aprovou o capital social da Novitá em R$ 313,666 milhões, mediante a emissão de 313,666 milhões de novas ações ON da Novitá, que serão totalmente adquiridas pela Hypermarcas.
Todas essas ações passariam por deliberação de assembleias realizadas pela Savoy, pela Active e pela Novitá realizadas entre os dias 14 e 16 de dezembro de 2015.
A Hypermarcas informou, em fins de dezembro de 2015, em fato relevante, que concluiu a transferência das marcas de cosméticos que possuía para a Coty Geneva, uma afiliada da Coty. A operação, avaliada em R$ 3,8 bilhões, já foi aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
A Savoy é uma empresa voltada a desempenhar atividades de pesquisa, inovação, desenvolvimento, fabricação e industrialização de cosméticos, produtos de perfumaria e higiene pessoal para o mercado brasileiro e exportação para América Latina. A Savoy atua com conhecidas marcas, como Risqué, Monange, Paixão, Bozzano, Koleston, Wella, entre outras. A empresa, pertencente ao Grupo Coty Inc. no Brasil, conta com unidades em Barueri (Grande SP) e Senador Canedo (GO).
(Fonte: Exame - 18.12.2015 / Globo - 28.12.2015 / LinkedIn - partes)
29 de nov. de 2023
Skims
Em menos de cinco anos, a etiqueta que tem como foco cintas modeladoras e underwear, conseguiu se estabelecer em um mercado altamente competitivo e em um território bem nichado.
Tudo isso isso sem possuir sequer uma única loja própria. A marca pode ser encontrada em endereços específicos da rede Nordstrom, na canadense Ssense e Net-A-Porter (três pontos de venda com diretrizes e públicos bem distintos).
Em julho de 2023 a empresa foi avaliada em 4 bilhões de dólares, se tornando um case não apenas midiático, mas um negócio promissor muito bem estruturado – tão estruturado que compete de igual para igual com marcas com décadas à frente e pertencentes a conglomerados gigantescos.
Kim não está sozinha. Ao seu lado estão Emma Grede e Jeans Grede, dois nomes bem conhecidos entre coaches norte-americanos, já que estão envolvidas em outros projetos e companhias tão bilionárias quanto.
Num momento que o mercado de lingerie estava um tanto perdido, a Skims se lançou tendo desde sua criação um mote bem inteligente: “Solutions for Every Body”, “The Next Generation of underwear, loungewear e shapewear”.
Sem se apoiar na imagem de Kim (não que ela não dê as caras e não faça despretensiosamente publis quase diárias), sem logos e sinais de identidade facilmente reconhecíveis, a Skims parece se destacar por uma facilidade em compreender as variedades de corpos sem grandes artifícios. Aliás aqui cabe mais variedade do que a famigerada diversidade – por mais que seja curioso numa mesma marca ter Cardi B e Hari Nef entre seus rostos (e corpos) recentes.
É no mínimo interessante que, em um período onde as marcas se debruçam para criar imagens de impacto, criar storytellings e eventos megalomaníacos, uma marca se destaque por ir justamente por um caminho quase contrário.
Esse senso de espontaneidade, facilidade e comunicação direta, sem dúvidas, tem sido ingredientes-chave no percurso ultra promissor da marca.