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8 de dez. de 2023

CTBC - Companhia de Telefones do Brasil Central

           A Companhia de Telefones do Brasil Central,  CTBC foi fundada em 1954 por Alexandrino Garcia, imigrante português que fundou o grupo ABC Algar, dono da CTBC. A CTBC tem sua sede em 
Uberlândia, no Triângulo Mineiro, assim como o grupo Algar.
          Em 1967, o governo estatizou toda a telefonia brasileira e a CTBC teve sua área de atuação congelada no norte de São Paulo e no triângulo Mineiro,
          A CTBC era a única representante privada da área de telecomunicações, controlada pelo grupo ABC Algar, então do empresário Luiz Alberto Garcia, filho do fundador Alexandrino.
          Martinésia é um povoado com menos de 1.000 habitantes, incrustado no município de Uberlândia, no coração do chamado Triângulo Mineiro. Considerando o ano de 1994, lá não havia supermercado ou qualquer outro sinônimo de vida comercial moderna. Martinésia, no entanto, contava com 24 telefones instalados, de onde seus moradores, pequenos pecuaristas em sua maioria, podiam falar com qualquer lugar do mundo. Quem estendeu a rede para o lugarejo não foi nenhuma das empresa da Telebrás, a estatal que controlava os negócios de telefonia no país. A responsável era a CTBC.
          Os assinantes de Martinésia constituíam-se na melhor prova de que o setor privado, caso conseguisse quebrar o monopólio estatal, não iria operar apenas o filé mignon do setor, as grandes
cidades.
          Considerando números de 1994, a CTBC tinha um desempenho que nada ficava a dever às Baby Bells americanas. Exemplo: a empresa empregou em 1993 4,87 funcionários por 1.000 terminais instalados. Melhor que a Bell Atlantic e a Bell South. E muitos, muitíssimos furos acima da média do sistema Telebrás, então estacionado em 8,1. Mais: na área da CTBC havia quase o dobro de telefones
instalados por 100 habitantes do que a média da Telebrás (13,1 aparelhos, contra 7,4).
          O executivo Mario Grossi, que comandou uma reestruturação no Grupo Algar desde 1989, e que não deixou pedra sobre pedra, salientou no final dos trabalhos, no início de 1994, que o que preocupava, mesmo, era a continuidade do monopólio estatal da telefonia, no qual a CTBC é apenas um enclave. "Queremos a competição e que o cliente decida quem vai lhe prestar serviços", disse Grossi.
          Passaram-se os anos. Veio a privatização do sistema Telebrás.
          No final dos anos 1990 e início dos anos 2000, os ventos não sopraram a favor da companhia, olhando-se o Grupo Algar como um todo. Os problemas começaram com a expansão do grupo em telecomunicações após a abertura do setor, sempre mantendo a operadora CTBC - Companhia 
Telefônica Brasil Central como eixo principal.
          Numa tentativa de conquistar o mercado até então vedado à operadora, a empresa entrou com tudo na privatização da Telebrás em 1998. A CTBC atende a oitenta municípios das ricas regiões da Alta Mogiana, Alto Paranaíba, sul de Goiás, leste de Mato Grosso do Sul e Triângulo Mineiro. O grupo decidiu comprar participações em duas operadoras de telefonia móvel, a Tess, no interior paulista, e a ATL, no Rio de Janeiro. Para entrar no jogo a Algar contraiu uma dívida de 2 bilhões de reais.
          O negócio não se revelou tão interessante porque o grupo não tinha fôlego financeiro para acompanhar os investimentos dos sócios nas duas operadoras. Para evitar o pior a Algar vendeu essas participações.
          Em meados de 1999, a grande dúvida do setor era se o Algar não teria ficado grande demais em pouco tempo. Na ATL, onde a Algar Telecom era majoritária (os outros sócios eram a Williams International Telecom e a SKTI), a intenção era ficar com 51% das ações ordinárias e 35% do capital total. Mas o grupo se viu obrigado a deter 73% do total. Um dos parceiros, a empreiteira Queiroz Galvão, decidiu se concentrar em seu principal negócio, a construção civil. O Algar teve de comprar sua parte por 120 milhões de reais. Depois, o grupo, a pedido do governo, assumiu um terço do capital total da Tess, que estava às voltas com um conflito entre seu acionistas - o grupo sueco Telia, a brasileira Eriline e o empresário paranaense Cecílio do Rego Almeida. Somem-se a isso as obrigações da ATL, que pagou 1,5 bilhão de reais pela concessão, 40% dos quais no ato (a Algar fez um empréstimo-ponte de 250 milhões de dólares, para honrar a sua cota).
(Fonte: revista Exame - 27.04.1994 / Forbes - 18.07.2001 - partes)

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