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27 de fev. de 2024

Vice Media Group

          A Vice, veículo de comunicação que tem Shane Smith como um de seus fundadores, foi apresentada ao público como o futuro da mídia. A publicação cresceu de uma revista punk gratuita em Montreal, na década de 1990, para um conglomerado de mídia com 3 mil funcionários, escritórios em todo o mundo, um programa da HBO e um estúdio de produção cinematográfica.
          Seu cofundador, Shane Smith, era um excelente vendedor e convenceu investidores – e a imprensa – de que a Vice era o futuro dos meios de comunicação digitais e que a sua abordagem gonzo – estilo em que o autor da reportagem deixa de lado a objetividade e se mistura ao tema abordado – tornaria cada vez mais irrelevante a velha guarda do jornalismo. Smith previu que Vice iria superar CNN, ESPN e MTV.
          A Vice já foi avaliado em mais de US$ 5 bilhões (por volta de R$ 24,9 bilhões pela contação de 
fevereiro de 2024) pelo seu apelo com público jovem.
          Em 2023, o Vice Media Group pediu falência e foi vendido por US$ 350 milhões (R$ 1,7 bilhão) 
aos seus antigos credores, liderados pelo fundo de investimentos Fortress Investment Group.
          Em pouco tempo, a empresa passou de queridinha da era da mídia digital à bancarrota. A Vice 
deve encerrar as suas operações.
          Bruce Dixon, executivo-chefe do Vice Media Group, disse aos funcionários em 22 de fevereiro de 2024 que “várias centenas” de cargos seriam eliminados e que a empresa não publicaria mais notas em seu principal site, o vice.com, embora tenha deixado aberta a possibilidade de o grupo fornecer conteúdo por meio de outras organizações de notícias. “Para nós, já não é rentável distribuir o nosso conteúdo digital da forma como fazíamos anteriormente”, escreveu ele em um memorando. “No futuro, procuraremos fazer parcerias com empresas de mídia estabelecidas para distribuir nosso conteúdo digital, incluindo notícias, em suas plataformas globais, à medida que fazemos a transição completa 
para um novo modelo.”
          A queda da Vice representa uma das maiores falências da imprensa na memória recente. Jornalistas que trabalharam para a Vice passaram o dia 22 de fevereiro (2024) tentando salvar seu trabalho depois de ouvirem rumores de que o site poderia fechar em breve. Em 25 de fevereiro, ele ainda estava no ar. Os funcionários do grupo de comunicação foram informados ainda no fim de 
semana seguinte de que saberiam mais sobre os passos da empresa nos dias seguintes.
          Uma pessoa ligada ao Fortress, que pediu para não ser identificada, diz que o fundo “está fora do negócio de notícias.” O Vice Media Group também inclui outras marcas, como o Refinery29, um site dirigido a mulheres jovens, que continuaria a funcionar, embora “os executivos estejam em discussões avançadas para vender este negócio, e continuamos com esse processo”, com mais novidades esperadas para as semanas seguintes, escreveu Dixon no memorando.
(Fonte: Estadão 26.02.2024)

26 de fev. de 2024

Fiv5 Star Cleaning

           A Fiv5 Star Cleaning foi fundada pela mineira Mila Garro, em 2009, e tem sedes em Charlotte, 
na Carolina do Norte, e em Miami.
          Mila desistiu dos estudos e de uma possível estabilidade financeira no Brasil para viver como ajudante de faxineira nos Estados Unidos. Contra a vontade da família, a mineira e hoje empresária Mila Garro, nascida em 1988, embarcou sozinha aos 19 anos, sem visto definitivo e nenhuma vivência 
com o idioma.
          Apesar dos desafios iniciais, o sucesso da sua meticulosa limpeza brasileira no país estrangeiro foi tanto que, quatro anos depois (por volta de 2009), abriu a sua própria empresa no ramo: a Fiv5 Star 
Cleaning.
          Natural de Paracatu, em Minas Gerais, Mila Garro se mudou para Belo Horizonte após a separação dos pais, quando completou quatro anos de idade. A mãe foi embora para Brasília e a deixou sozinha com o pai, um policial civil que teve problemas de alcoolismo pouco tempo depois. Aos oito 
anos, passou a morar com a avó materna, também em Belo Horizonte.
          Acompanhando a avó nas vendas de lingeries em barracas, teve o primeiro contato com o empreendedorismo. Quando completou 15 anos, em 2003, Mila escolheu como presente de aniversário uma viagem à cidade de Boston, nos Estados Unidos, onde uma tia trabalhava como faxineira. Passou um mês ajudando na limpeza das casas que a tia atendia. No fim, recebeu cerca de US$ 400 pelo serviço (cerca de R$ 2 mil pelo câmbio de hoje). “Isso ficou na minha cabeça: fiquei rica fazendo 
faxina.”
          De volta a Minas Gerais, Garro concluiu o ensino médio aos 18 anos. Com 19, cedeu à pressão do pai: prestou vestibular, cursou administração durante um ano na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) e se dedicou aos estudos para se tornar escrivã da Polícia Civil. Na última etapa do concurso da polícia, ela foi eliminada. “Fiquei muito frustrada, mas ao mesmo tempo me senti 
muito livre.”
          Em abril de 2007, a empresária decolou sozinha para o estado de Nova Hampshire e na sequência mudou-se para Charlotte, na Carolina do Norte, onde ela voltou a atuar como ajudante de uma 
faxineira.
          Em 2011, ele decidiu administrar o seu próprio negócio, a Fiv5 Star Cleaning. A limpeza regular custa de US$ 150 a US$ 180 (R$ 746 a R$ 895 em valores de fevereiro de 2024). Já a profunda, de US$ 300 a US$ 500 (R$ 1,5 mil a R$ 2,5 mil).
          Em 2014, Mila Garro faturou o seu primeiro milhão de dólares – quase R$ 5 milhões na cotação atual. As 45 faxineiras da Fiv5 Star Cleaning faturam entre US$ 600 e US$ 800 por semana (R$ 2,9 mil a 3,9 mil), segundo a proprietária. A companhia atende cerca de 60 a 65 clientes diariamente. São aproximadamente 800 clientes fixos atualmente. Em 2023, faturou US$ 2,7 milhões (R$ 13,4 milhões).
(Fonte: Estadão - 25.02.2024)

25 de fev. de 2024

Oceânica Engenharia

          A Oceânica Engenharia foi fundada em 1978 pelo empresário Alfredo Califfa, que no começo de sua carreira foi mergulhador profissional. A empresa se especializou em soluções submarinas para a indústria de energia offshore, justamente aproveitando a experiência do empresário no fundo do mar.
          No começo, a Oceânica atendia principalmente hidrelétricas e instalações portuárias, para depois evoluir para o setor de petróleo. Atualmente, tem mais de 200 mergulhadores profissionais.
          Bem no início de 2024, a Oceânica, até então um nome que não aparecia nas listas de potenciais aberturas de capital em 2024, apareceu como candidata a quebrar o jejum de ofertas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês) na B3.
          A empresa comunicou em 17 de janeiro (2024) oficialmente sua intenção de fazer um IPO e pode vir a mercado na primeira metade de 2024. O valor da transação ainda não está certo, mas a estimativa é de que movimente ao menos R$ 1 bilhão, nível que começa a ser atrativo para captar investidores estrangeiros.
          A Oceânica pretende usar uma inovação trazida pelas novas regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o registro automático, que dá mais agilidade para as operações. Desde janeiro de 2023, é possível fazer ofertas sem o registro na CVM, desde que já tenham tido análise pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), que já faz, em caráter reservado, uma análise dos documentos da Oceânica.
          A oferta terá uma parte primária, com emissão de novas ações e onde o dinheiro vai para o caixa da empresa, e outra parte secundária, com recursos para os acionistas – no caso, o empresário Alfredo Califfa, que detém 100% da empresa.
          A Oceânica teve receitas de R$ 684 milhões de janeiro a setembro de 2023. Para coordenar o IPO, a Oceânica contratou BTG Pactual, Itaú BBA, UBS BB, Bradesco BBI, Santander e o ABC Brasil.l
(Fonte: Estadão - 18.01.2024)

24 de fev. de 2024

Vports (ex-Codesa)

          Em leilão realizado no dia 30 de março de 2022, a agora antiga Codesa (Companhia Docas do Espírito Santo) foi concedida por R$ 106 milhões à Quadra Capital, para um contrato de 35 anos. Foi o primeiro leilão de estatal do setor portuário do país, o que, segundo analistas, servirá como "teste" para outras privatizações na área.
          A Codesa, Autoridade Portuária do Espírito Santo então oficialmente privatizada, planejava ampliar a capacidade dos portos do estado e atrair novos tipos de cargas. A nova equipe de gestão assumiu as operações no dia 21 de setembro de 2022 e preparou quatro frentes de trabalho: a adequação dos contratos existentes; a busca de novos negócios para áreas ociosas; a contratação das obras; e transformações internas na empresa.
          “O grande desafio é construir um novo ambiente de negócios. Temos um porto com capacidade ociosa e muita gente querendo fazer negócios. O objetivo é trazer esses investidores para o porto”, disse Ilson Hulle, novo CEO da empresa.
          A Codesa é a primeira autoridade portuária privatizada do Brasil. Uma das primeiras tarefas da nova equipa de gestão, a realizar nos primeiros seis meses, foi a adaptação dos contratos com os terminais à realidade do setor privado a partir da realidade estatal. Pelas regras de privatização, a Codesa não pode reduzir o escopo de nenhuma operação, mas prorrogações podem ser negociadas.
          A expansão dos acessos ferroviários é vista como crucial. Pelo contrato, a Codesa terá que reformar os trilhos internos do porto. Será também importante fazer investimentos para a ligação à grande rede ferroviária. Os portos já possuíam ligação ativa com a ferrovia Vitória-Minas da Vale, mas é necessária uma expansão.
          Ao todo, a concessão prevê investimentos da ordem de R$ 335 milhões. As obras centrais, previstas para serem concluídas nos dois primeiros anos, incluem reformas nos armazéns, nas estruturas dos cais e na ferrovia interna do porto.
          Pelos termos da privatização, os 235 funcionários da antiga estatal teriam um ano de estabilidade.
          O novo presidente da Codesa é capixaba e iniciou sua carreira como estagiário há 17 anos em um terminal do porto de Vitória. Pouco antes de assumir o cargo, Hulle trabalhou como diretor de terminal na Log-in, empresa que atua no porto.
         Após quase um ano do leilão que levou à concessão da Codesa. a empresa muda de nome. A nova marca, Vports, representa o complexo portuário composto pelos terminais de Vitória, Vila Velha e Barra do Riacho, em Aracruz — primeiro e, até então, único porto sob gestão privada no país
          A nova marca foi lançada na Intermodal 2023, importante evento de logística das Américas, realizado entre os dias 28 de fevereiro e 2 de março de 2023, em São Paulo.
          Foram meses de estudo e desenvolvimento para apresentar o novo nome ao mercado e, segundo Ilson Hulle, diretor-presidente, a novidade expressa um compromisso da nova gestão de elevar a competitividade.
          Com o aporte financeiro de R$ 130 milhões, divulgado em fevereiro de 2023, que deveria ser destinado a obras de infraestrutura e outras melhorias, a expectativa é dobrar a movimentação do complexo portuário para 15 milhões de toneladas anuais até 2028.
          Seriam oito grandes projetos principais com foco na revitalização da ferrovia, reforma de berços e recuperação de plataforma. “Os investimentos buscam tornar o VPorts um elo logístico ainda mais eficiente entre os ativos de infraestrutura no Brasil, atuando como um relevante indutor do desenvolvimento e gerando riquezas com responsabilidade socioambiental", frisa Ilson Hulle.
          Conforme informações do Vports, um dos mais importantes projetos, pautado na integração de todos os modais, prevê a recuperação das vias ferroviárias na área do Porto de Capuaba, em Vila Velha. A expectativa é aumentar o volume de carga do terminal em 5 milhões de toneladas de produtos, como granéis minerais e agrícolas, até 2025, contribuindo também na diversificação da carga operada.
          Com localização privilegiada na costa brasileira, o Vports possui 1,5 milhão de metros quadrados de áreas disponíveis para exploração, 450 mil toneladas de armazenagem estática e vai fazer investimentos para impulsionar a movimentação nos próximos cinco anos. Os valores previstos já estão contemplados pelo contrato de concessão.
(Fonte: Valor - 04.10.2022 / A Gazeta (ES) - 22.02.2023 - partes)

Complexo Portuário de Vitória, Companhia Docas do Espirito Santo, (Codesa)
Investimentos serão feitos para melhorar a infraestrutura do complexo portuário. (Fernando Madei

23 de fev. de 2024

MeetRox

          A startup MeetRox foi criada em 2019, em Curitiba, pelos empreendedores Chris Cornehl, Javier Yera e Thiago Silveira.
          Apesar de estar no mercado desde 2019 e alguns clientes em sua carteira, a MeetRox anunciou sua chegada oficial ao mercado em 22 de fevereiro de 2024.
          O racional da MeetRox é permitir que vendedores utilizem seu tempo de maneira assertiva, poupando longos minutos gastos com o preenchimento de planilhas, alimentando softwares dedicados ao relacionamento com o cliente (CRM, na sigla em inglês), entre outras tarefas burocráticas. Para isso, a startup criou uma ferramenta pautada em inteligência artificial que faz esse tipo de serviço por si só.
A tecnologia — chamada de CRM Autofill — se encarrega de gravar as reuniões dos times de vendas com cada cliente, preencher automaticamente os sistemas de CRM dessas empresas e, por fim, usar parte dos dados capturados ali para gerar relatórios e indicadores que possam ajudar esses vendedores a manter um bom relacionamento com os clientes finais. Ao final do processo, a promessa é de mais eficiência e uma economia de tempo que supera os 20%.
          A ideia de negócio é do empreendedor Chris Cornehl, hoje CEO da empresa, um executivo que durante os anos de faculdade decidiu fazer trabalhos autônomos de transcrições de teses de mestrado e doutorado. Um interesse que deu origem à sua primeira empresa, a Audiotext, em 2012.
          Já a conexão com as vendas veio em uma segunda tentativa empreendedora. “Estava com isso em mente: reunir o problema do universo de vendas e o ciclo de vendas, mas com algo que eu realmente tinha conhecimento, que era transcrição de áudio, só que dessa vez eu comecei com o propósito de criar uma tecnologia que fosse automática, porque para construir em escala, a gente precisaria construir uma solução que fosse muito boa, muito barata e boa para o português, para o Brasil”, conta.
          Assim surgiu a MeetRox, em 2019, fruto dos esforços empreendedores de Cornehl e dos sócios Javier Yera e Thiago Silveira. “Mudamos várias vezes a maneira como íamos resolver o problema de performance dos times de vendas”, diz o CEO. Segundo Cornehl, o uso de IA e machine learning se mostrou um desafio maior do que o esperado, o que justifica as mudanças do modelo de negócio da startup desde a sua fundação.
          Para chegar até o modelo atual, Corhnel e os demais fundadores e técnicos se debruçaram sobre os principais problemas que rodeiam o universo de vendas nas pequenas empresas. Ao longo de dois anos, o time fez pesquisas com mais 5 mil funcionários da área de Inside Sales de mais de 30 empresas a fim de compreender as principais dores dos vendedores que atuam de maneira remota — na qual a relação com o cliente pode ser ainda mais complicada.
          A conclusão apontou para quatro problemas: o tempo despendido em atividades rotineiras e burocráticas, a ausência de uma visão unificada por parte da gestão, CRM preenchido com poucas ou insuficientes informações e falta de insights para melhorar a produtividade.
          Não à toa, a proposta final da MeetRox é desafogar os times de vendas, livrando-os dessas atividades operacionais, deixando os vendedores livres para uma atuação “taylor made”, baseada na construção de um relacionamento customizado e próximo, a depender da necessidade de cada cliente. Na ponta, a inteligência artificial proprietária também ajuda a manter um relacionamento de longo prazo, já que capta nuances em cada reunião remota.
          De acordo com o CEO, a eficiência na conversão do CRM Autofill de áudio para texto em português é de 95%. Já em relação aos indicadores que podem surgir após cada encontro online, métricas relacionadas ao sucesso (ou não) de uma venda após a atuação do time de inside sales e a troca de falas por minutos, ou seja, quanto tempo o cliente também interagiu.
          A ideia com os relatórios pós-reuniões é oferecer uma visão holística sobre a estratégia de vendas e o seu impacto em toda a organização. “Somos uma empresa de inteligência de conversas. Oferecemos dados também para times de produto, marketing etc. Queremos tirar as empresas do escuro”, diz.
Entre as primeiras empresas a utilizar o CRM Autofill estão algumas startups de destaque como Creditas, Hiper, Sólides, AsaaS, Caju e Cortex. Algumas delas, inclusive, são importantes representantes no ecossistema de startups da região Sul, com destaque para as curitibanas Olist e LogComex e a catarinense RD Station.
          Para Cornehl, o lançamento (oficial da empresa) se justifica após um ano positivo de testes com os clientes e a comprovação do “product market fit” da startup. “Acho que a ideia do lançamento foi muito resultado desse último ano que a gente teve, em termos de amadurecimento do produto, da tecnologia, e realmente a construção de cases com clientes importantes. Então, acho que foi esse entendimento para dizer que o produto está pronto”, diz.
          Considerando dados de fevereiro de 2024, ao todo, são 30 clientes e 700 usuários da solução de preenchimento automático de CRM. No geral, segundo o fundador, são empresas de tecnologia com times já dedicados de vendas remotas, ou inside sales e que utilizam SalesForce, Hubspot e Pipedrive — os três players atualmente atendidos pelo Autofill.
(Fonte: GazzConecta (Maria Clara Dias) - 22.02.2024)

22 de fev. de 2024

La Tour d'Argent

          O restaurante La Tourd'Argent tem vista privilegiada para o Rio Sena e para a catedral de Notre-Dame, em Paris, é um ícone da cidade.
          Fundada em 1582, a casa inspirou o filme Ratatouille.
          A adega é estimada em mais de R$ 150 milhões, e a carta de vinhos é apresentada aos clientes em um carrinho de chá, tamanho o seu peso. 
          Pouco antes de meados de fevereiro de 2024 foi divulgado um roubo de grandes proporções de vinho do La Tourd'Argent. O roubo foi de 83 garrafas de vinho que sumiram entre as mais de 300 mil unidades na adega do La Tour d’Argent.
          O Tour d’Argent não divulgou a lista dos vinhos roubados em algum momento depois de janeiro de 2020. Sabe-se apenas que, entre elas, havia safras antigas do Domaine de La Romanée-Conti e que o prejuízo é estimado em quase R$ 8 milhões. Não é pouca coisa. O roubo foi descoberto durante um inventário da adega, que não era feito desde 2020. Segundo as informações oficiais, a polícia francesa não tem pistas sobre os larápios ou sobre o paradeiro dos vinhos.
          O que se sabe é que os grandes vinhos estão entrando na mira de quadrilhas especializadas. A explicação está na valorização desses vinhos icônicos. A escassez dessas garrafas e clientes dispostos a pagar um bom dinheiro por elas, mesmo desconhecendo sua origem, estimulam essas quadrilhas. No noticiário internacional, vem aumentando o número de histórias como essas. Em novembro de 2023, por exemplo, a polícia francesa evitou o roubo de dois caminhões que transportavam garrafas do champanhe Moët & Chandon no valor de 600 mil euros. Em cena cinematográfica, a polícia conseguiu identificar os caminhões na estrada e um dos motoristas pulou do veículo ainda em movimento e fugiu em um carro que o aguardava. A carga foi recuperada, mas os ladrões seguem em liberdade. E essa é apenas uma das várias histórias. 
(Fonte: Estadão - 17.02.2024)

21 de fev. de 2024

Wyndham Hotels & Resorts

          A norte-americana Wyndham Hotels & Resorts atua sob os sistemas de franquia, gestão e gestão e franquia ao mesmo tempo. As 24 bandeiras da empresa estão presentes em 9,1 mil empreendimentos 
hoteleiros ao redor do mundo. Tem presença em 75 países.
          No Brasil, a companhia atua com oito bandeiras, entre elas Tryp, Wyndham e Wyndham Garden, Ramada e Days Inn.
          A Wyndham tem 27 contratos assinados de empreendimentos para entrar em operação, num total de 5.204 quartos, que vão se somar aos 37 estabelecimentos com bandeiras da empresa no país. São 11 acordos de franquias e 16 de franquia e gerenciamento das instalações. Não há edifícios próprios. Do total, 12 dos novos projetos são do tipo multipropriedade. Neste modelo, o interessado compra uma participação e passa a ser um dos proprietários de um apartamento em determinado empreendimento hoteleiro, tendo direito a utilizá-lo durante um período por ano, medido em semanas; ou cedendo direitos para um “pool” de locação, caso não pretenda usar o imóvel, em troca de uma remuneração.
          A Wyndham vê as multipropriedades como um dos caminhos para seu crescimento no Brasil, pois não há outras grandes companhias internacionais atuando neste mercado por aqui. Os lançamentos envolvem estabelecimentos que vão mudar de bandeira e também a construção de novos edifícios, em até cinco anos.
          A vice-presidente de Desenvolvimento de Negócios da rede na América Latina, Maria Carolina Pinheiro, diz haver oportunidade, especialmente no interior do país, para investidores e incorporadores regionais, que passam a ter acesso ao know-how e à escala de uma grande operadora internacional
          Com os 12 lançamentos previstos, a Wyndham vai ampliar para 14 o número de empreendimentos multipropriedade no país. Atualmente (fevereiro de 2024), a companhia tem uma 
multipropriedade em Olímpia, no interior de São Paulo, e outra em Gramado (RS).
(Fonte: jornal Valor - 25.04.2018 / OESP - 13.02.2024 -partes)

20 de fev. de 2024

Açotubo

          A Açotubo foi fundada pela família Bassi e é dono de uma das maiores distribuidoras de aço e tubos do Brasil. Fundada em 1974, a Açotubo continua uma empresa familiar. Os três fundadores – irmãos Luiz, Ribamar e Wilson Bassi – já integraram o conselho de administração, que hoje conta com outros dois membros independentes, e a segunda geração, que inclui Bruno Bassi, está envolvida na gestão cotidiana do negócios.
          O grupo oferece desde barras e tubos de aço carbono até aços inoxidáveis utilizados em diversas indústrias. É uma grande distribuidora de aço de usinas locais, sendo 85% de suas vendas provenientes dessas usinas e 15% de importações.
          A empresa está presente no Peru e na Colômbia desde 2020. Ultrapassou a fronteira nacional ao se tornar parceira da Systemas de Perforación y Geotecnia (SPG) do Peru através da Incotep, empresa do grupo que fornece sistemas metálicos (tirantes) utilizados na ancoragem e infraestrutura.
          Em fevereiro de 2024, a Açotubo compra participação da SPG do Peru na empresa por R$ 12 milhões e assume toda a operação, que é menor que a brasileira.
          O grupo avança com seus planos de internacionalização e avalia novas oportunidades, incluindo aquisições, para expansão na América Latina. Outros grandes distribuidores locais também entraram no mercado externo, mas a principal dificuldade tem sido competir em preços em outros países. “A ideia é ir para outros países”, disse o presidente da Açotubo, Bruno Bassi. Ainda não foi decidido qual modelo de negócios será utilizado para a expansão internacional.
          A Açotubo também possui uma joint venture em tubos industriais com a francesa Vallourec, que detém participação majoritária de 75% na empresa. A joint venture produz tubos de aço para a indústria.
          Segundo Bassi, a SPG Incotep ensinou ao grupo como atuar em outro país e como ter um parceiro de negócios.
          O grupo Açotubo teve faturamento de R$ 2 bilhões em 2023. Em termos de volume, a produção foi de 114.000 toneladas. Os investimentos em 2023 totalizaram R$ 30 milhões, entre caminhões, equipamentos e guindastes.
(Fonte: jornal Valor - 20.02.2024)

19 de fev. de 2024

King's Hawaiian

          Robert Taira, pai de Mark, era o sexto de nove filhos. Seus pais eram imigrantes japoneses de Okinawa, que chegaram à principal ilha do Havaí em 1906 para trabalhar nos campos de cana-de-açúcar. Observando a felicidade das pessoas ao morderem produtos assados, Robert decidiu se tornar padeiro. Se matriculou em uma escola de panificação. Seu pai resgatou uma apólice de seguro de vida no valor de US$ 350 (equivalente a US$ 4,5 mil hoje) para ajudar a lançar a padaria do filho, inaugurada em Hilo em 1950.
          Os pãezinhos macios e redondos que ele produzia, uma fusão da culinária havaiana local com pães doces feitos por imigrantes portugueses, logo encontraram um público fiel. A qualidade dos pães garantia que não ficassem velhos rapidamente, o que levou os comerciantes a estocá-los.
          O envio dos produtos para o continente tornou-se um negócio constante, com a King’s Hawaiian enviando dezenas de milhares de pães por ano. “Ele tinha visão, mas também colocava as coisas em prática. Nunca teve medo”, lembra Mark Taira, nascido em 1957, que começou cedo a ajudar na empresa, sobre seu pai. “Essa é a história de muitas famílias imigrantes – elas não têm nada a perder".
          Para reduzir os custos de transporte, Robert e sua esposa, Tsuneko, hipotecaram a casa da família para construir uma padaria nos arredores de Los Angeles. Em 1977, a fábrica foi inaugurada a um custo de US$ 3,7 milhões (cerca de US$ 18,7 milhões hoje, início de 2024).
          Para conquistar novos clientes, ele bateu de porta em porta e deixou amostras de seus produtos. Após dois anos de entrega e amostras, o investimento valeu a pena. Em 1979, o supermercado Safeway se tornou o primeiro grande cliente dos EUA da King’s.
          A marca realmente começou a se destacar quando Robert e Mark fizeram uma mudança crucial em seu produto principal – abandonaram os pães inteiros em favor de pãezinhos. Eles dedicaram meses cortando e modelando a massa à mão antes de chegar aos pãezinhos doces que se destacam facilmente. Seu pacote de 12 pãezinhos foi lançado em 1983.
          Quando Mark assumiu como CEO naquele ano (1983), decidiu correr outro risco: sair do Havaí. Ele iniciou a construção de uma fábrica em Torrance, na Califórnia, seis vezes maior que a original. Robert faleceu em 2003 aos 79 anos, pouco antes da inauguração, e não chegou a ver o sucesso dessa estratégia. Em 2005, as vendas haviam atingido US$ 50 milhões.
          Faminto por mais sucesso, em 2011, Mark Taira levou o negócio para o leste, até a Geórgia. Com um empréstimo de US$ 65 milhões, construiu uma fábrica de última geração em Atlanta. Finalmente, a King’s Hawaiian poderia entregar com lucro os pãezinhos – assados e imediatamente congelados para vendê-los “frescos” – para outras regiões, como Nova York. Em 2016, a receita ultrapassou os US$ 320 milhões, cinco vezes mais do que uma década antes.
          De 2004 a 2023, a receita da King’s Hawaiian aumentou 15 vezes. Os pães representam 85% do faturamento anual, com margens brutas de lucro de mais de 40%, uma conquista impressionante na indústria alimentícia. Embora alguns concorrentes tenham margens mais altas, Taira prioriza valores como ética e integridade sobre lucros excessivos.
          Atualmente, a King’s Hawaiian é uma referência para varejistas, concorrentes e investidores, sendo constantemente mencionada em reuniões como uma marca icônica. Os clientes compram seus pães o ano todo, um indicativo do sucesso consistente da empresa ao longo do tempo.
          Mark Taira, aos 67 anos, elevou a padaria de seu pai a uma fortuna de US$ 2 bilhões, traçando assim uma história clássica de sucesso americano. Quando assumiu o cargo de CEO da King’s Hawaiian aos 27 anos, a empresa tinha uma receita anual de US$ 3 milhões (equivalente a US$ 9,5 milhões hoje). Sob sua liderança, os pãezinhos geram agora cerca de US$ 900 milhões em receita.
          Sob a holding Irresistible Food Group, criada em 2021, a família Taira lançou um conceito de restaurante inspirado no Havaí e introduziu novos produtos, mantendo-se como uma empresa familiar. Estima-se que o patrimônio da família seja de US$ 2 bilhões, incluindo a mãe de Mark, Tsuneko, e os quatro irmãos dele.
          A Geórgia abriga o projeto do restaurante dos Taira: o Hello Hilo. A primeira localização foi inaugurada em Gainesville, uma pequena cidade a cerca de 80 quilômetros ao norte de Atlanta, em julho de 2023. Outra seria aberta ainda em 2024.
          Mais restaurantes poderiam abrir mais cedo se os Tairas franqueassem o conceito, mas controlar a qualidade é mais importante por enquanto, diz a filha de Taira, Courtney, que dirige a divisão de restaurantes.
          Com o negócio agora em sua terceira geração, os Taira afirmam que continuarão a rejeitar investidores externos e ofertas de aquisição, mantendo a King’s Hawaiian sob propriedade familiar. “Ninguém vai fazer um produto melhor para o consumidor do que uma empresa familiar, especialmente a nossa família”, afirma Taira.
          Ao invés de ser adquirida, a Irresistible Foods Group tem sido compradora. Nos últimos três anos, a Irresistible gastou cerca de US$ 100 milhões para adquirir fornecedoras locais. Até agora, a empresa identificou 200 marcas desejáveis e está em negociações com cerca de 20.
          Taira diz acreditar que a Irresistible logo ultrapassará US$ 1 bilhão em vendas. Um terço dos lares americanos agora consome alguma versão dos alimentos da empresa – mas sempre há espaço para crescer. Não apenas nos Estados Unidos. Seu pão também é vendido no Japão, Canadá e em 14 países da América Central, América do Sul e Caribe, enquanto os Taira miram na Alemanha, Reino Unido e outros países.
(Fonte: Forbes Brasil - 17.02.2024)