Total de visualizações de página

18 de mai. de 2025

FG Empreendimentos

          Francisco Graciola tinha uma barbearia, uma alfaiataria e uma lanchonete quando construiu seu primeiro edifício residencial, lá pelo início da década de 1980.
          O dinheiro que juntou com os pequenos negócios deu para erguer um predinho de quatro andares em Blumenau, cidade onde morava quando realizou seu primeiro empreendimento imobiliário 
          Mas o investimento demorou para retornar. Quando o empreendimento estava em obras, uma enchente atingiu a região, e Seu Chico – como é chamado por amigos e funcionários – perdeu os materiais. A estrutura que já existia acabou servindo de abrigo improvisado a uma dezena de famílias afetadas, o que adiou ainda mais a retomada.
          Depois de alguns meses conseguiu finalizar o prédio, pegando gosto pelo mercado imobiliário. Dali fez outro de 12 pavimentos e depois outro de 18, e só foi crescendo.
          Esses investimentos foram o embrião da FG Empreendimentos, hoje a maior incorporadora de Balneário Camboriú – e responsável pelos maiores arranha-céus da cidade.
          Em 2025, aos 73 anos, Seu Chico se prepara para o projeto mais ambicioso da FG: a construção do prédio residencial mais alto do mundo, com 550 metros de altura e 157 andares – e tendo como sócio o empresário Luciano Hang, da Havan.
          Com 228 unidades (das quais 18 são “mansões suspensas”) e um VGV impressionante de R$ 8,5 bilhões, o Senna Tower foi lançado em 10 de maio (2025) em Balneário Camboriú pela FG. Só a maquete apresentada no lançamento tem 14 metros de altura, o equivalente a um prédio de quatro andares.
          Os preços dos apartamentos vão variar de R$ 28 milhões a R$ 40 milhões. Já as mansões suspensas, de R$ 40 milhões a R$ 60 milhões. Haverá ainda coberturas triplex a partir de R$ 300 milhões.
          Se tudo der certo o edifício – um projeto gestado desde 2019 – deve ficar pronto daqui a oito anos e vai superar em altura o Central Park Tower, um residencial com 472,4 metros em Nova York, e será o sexto maior edifício do mundo considerando também os prédios comerciais.
          Em Balneário, o Senna Tower reinará sozinho na orla por ter quase o dobro da One Tower, também da FG, que tem 290 metros e ainda é o maior residencial da América Latina.
          Ao se valer da marca Senna, em um acordo que dá um percentual das vendas à família do lendário piloto brasileiro, a FG turbinou ainda mais um prédio voltado para o público de altíssima renda, vinculando-se a um ícone de um esporte associado ao luxo.
          Aos nove anos Seu Chico perdeu um olho em um acidente de trabalho na roça e ouviu o seguinte conselho do médico que o tratou: “roça é perigo, se não quiser perder o outro olho, vá trabalhar na cidade.”
          Chico foi, e no centro de Gaspar, sua cidade natal no interior catarinense, arrumou um emprego de barbeiro. Com o que aprendeu, abriu a própria barbearia em Blumenau, só para não concorrer com o ex-patrão que lhe ensinara tudo. Surgia um empreendedor.
          No ano que Senna morreu, os Graciola já haviam construído seu primeiro prédio em Balneário, mas seus negócios imobiliários ainda estavam na pessoa física. Não havia uma FG Empreendimentos.
          A coisa mudou de figura quando seu filho mais velho, Jean, então com 24 anos, se juntou ao pai para estruturar um negócio de real estate, em 2003, surgindo a FG (de Francisco Graciola)
          Balneário Camboriú se consolidou como o principal mercado da empresa depois que uma mudança no plano diretor da cidade removeu os limites de altura, em 2008.
          Dali em diante, a FG se especializou em arranha-céus, tendo como hábito colocar sua sigla no topo dos prédios, como uma marcação de território, uma inspiração que Jean foi buscar em suas viagens a Dubai, uma cidade que respira luxo.
          Do ponto de vista de governança, o ponto de virada para a FG foi 2012, quando Jean se organizou para a empresa ter um conselho e balanços auditados. Foi ali que passou a existir uma hierarquia mais clara, com ele de CEO e o pai como chairman.
          “Eu e meu pai somos complementares: enquanto ele tem uma visão de futuro, olhando oportunidades, eu tenho um perfil mais de gestor,” disse Jean, nascdo em 1980.
          Em sua história, a FG já construiu 65 empreendimentos em Balneário, sendo que mais de 30 têm mais de 100 metros de altura.
          Para ajudá-la com a engenharia dos prédios cada vez mais altos, a FG conta com os serviços de Fatih Yalniz, um engenheiro especialista em edificações altas, que exigem uma fundação específica e tecnologias para que o morador não sinta o prédio balançando. A FG até criou sua própria consultoria, a FG Talls, para ajudar quem pretende construir arranha-céus em outras regiões.
          O crescimento se valeu ainda de parcerias com nomes famosos, começando em 2013 pela atriz Sharon Stone, que aceitou ser garota-propaganda da marca, até a família de Cristiano Ronaldo, que também se tornou um investidor e está espalhado pela cidade em outdoors da FG ao lado da sua mãe e irmã.
          O acordo com a marca Senna surgiu por iniciativa da família do piloto, que já estava buscando algum empreendimento imobiliário para vincular à marca e conheceu a FG por meio de um amigo em comum da família Graciola.
          A FG já tinha um empreendimento sendo preparado, o Triumph Tower, e aproveitou para transformá-lo em Senna Tower, passando também por adaptações no projeto em si.
          Das conversas de Jean e Seu Chico com a família Senna surgiram ideias como ter no edifício um museu para o piloto e também uma pista de kart, dois grandes atrativos para compradores apaixonados por Senna.
          O conceito do empreendimento é assinado pela antropóloga Lalalli Senna, sobrinha de Ayrton, que desenvolveu uma narrativa baseada na jornada do herói. Para quem estiver vendo o prédio de fora, a lateral vai lembrar uma pista de corrida, e haverá a impressão de que o edifício não tem fim.
          Em uma das características do prédio que remetem a velocidade, o elevador será capaz de ir do térreo ao último andar em menos de um minuto, ou seja, mais veloz do que a volta mais rápida de Senna na F1. “Depois que mudamos o nome da torre para Senna Tower veio uma avalanche de ligações, principalmente de fãs que queriam saber como seria o projeto,” disse Seu Chico.
          Embora a FG esteja sempre se superando com prédios cada vez maiores, o Senna Tower deve seguir como o mais alto por um bom tempo, até para que seu status de exclusivo não seja perdido rapidamente.
(Fonte - Metro Quadrado - 12.05.2025)

16 de mai. de 2025

Inspira

          Inspira é uma rede de escolas de ensino fundamental, criada em 2018, controlada por um fundo do BTG Pactual. Em janeiro de 2024, o BTG (sócios e fundo) detém 75% do Inspira; André Aguiar, CEO da empresa, 
detém cerca de 20%, sendo o restante distribuído entre os fundadores das escolas adquiridas.
          O gestor de private equity L. Catterton estava em negociações avançadas com a Inspira no final do ano passado e estava disposto a pagar cerca de 200 milhões de dólares por uma participação de 30% no grupo escolar, dizem as fontes. As conversações fracassaram devido a divergências sobre a governança e o cálculo do EBITDA.
          Em 2023, a Inspira recebeu um investimento de R$ 1 bilhão da Advent e do Conselho de Investimentos do Plano de Pensão do Canadá (CPPIB), adquirindo uma participação de 30%.
          Até janeiro de 2024 o Inspira fez 35 aquisições e teve que desembolsar R$ 1,1 bilhão desde 2018 –quando foi criado com aportes do fundo e de parceiros do banco BTG.
          A Inspira adquiriu recentemente o Colégio Amadeus em Aracaju, marcando sua entrada na cidade.
(Fonte: .......24.01.2024)

MBRF

          As gigantes de carnes Marfrig e BRF anunciaram em 15 de maio de 2025 a fusão dos negócios das duas empresas, dando origem à MBRF Global Foods Company. A transação prevê a incorporação das ações da BRF pela Marfrig em uma relação de troca de 0,8521 ação da Marfrig para cada ação da 
BRF detida.
          A vertente de crescimento da nova empresa — formada por Marfrig, BRF e a americana National Beef — está nos Estados Unidos, Oriente Médio e China. Do faturamento total da MBRF, 43% virão do mercado americano.
          Nesse cenário, uma possibilidade de redomicílio considerada pela companhia é a América do Norte. Marcos Molina, controlador e presidente dos conselhos de administração de Marfrig e BRF, afirmou que a administração vem preparando a BRF para este momento há três anos, desde que a Marfrig assumiu o controle da companhia de aves e suínos. Após a virada nos resultados da BRF para o azul, as duas já vinham trabalhando com sinergias comerciais, por exemplo.
          Como as ações das duas têm hoje praticamente a mesma cotação, essa relação de troca vai impor 
uma perda ao menos momentânea para os detentores de papéis da BRF.
          Para viabilizar a fusão, Marcos Molina — o fundador e controlador da Marfrig, com 72% do capital — está abrindo mão do controle do negócio.
          O segundo maior acionista será o Salic, o fundo soberano da Arábia Saudita, que hoje tem 11% da BRF e ficará com 10% da nova companhia. Outro grande acionista da nova empresa será a Previ, que tem 5,9% da BRF e ficará com 5,1% da MBRF.
          A MBRF nasce como uma das maiores empresas de alimentos do mundo, presente em 117 países com marcas como Sadia, Perdigão, Qualy, Banvit e Bassi e um portfólio multiproteínas, com carne 
bovina, suína e de aves, produtos industrializados, pratos prontos e pet food.
          Em 3 de junho de 2025, a área técnica do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) sugeriu a aprovação sem restrições da fusão entre Marfrig e BRF. Se nos 15 dias seguintes a aprovação não for questionada por algum dos conselheiros do órgão antitruste ela será considerada aprovada em definitivo. A operação prevê a incorporação das ações da BRF pela Marfrig em uma relação de troca de 0,8521 ação da Marfrig para cada papel da BRF. No parecer a SG indica que a Marfrig já é atualmente titular de 50,49% das ações da BRF, portanto, a operação não implicará em transferência de controle.
(Fonte: Valor - 15.05.2025 / Brazil Journal - 15.05.2025 / Valor - 04.06.2025 - partes)

11 de mai. de 2025

Krispy Kreme

          A americana Krispy Kreme existe desde 1937, quando Vernon Rudolph começou a vender seus donuts em Winston-Salem, nos EUA. O sucesso veio rápido, especialmente com o Original Glazed — o clássico 
donut coberto por uma fina camada de glacê.
          No início de fevereiro de 2024, a rede de lojas de conveniência AmPm assinou acordo para criar uma joint venture com a Krispy Kreme para vender donuts, as rosquinhas de massa açucarada frita e cobertura variada, nos postos Ipiranga. O contrato de associação entre as partes foi
assinado nos Estados Unidos.
          A previsão é de que a operação tenha início entre o fim de 2024 e o início de 2025. A parceria vai começar por São Paulo para, em seguida, alcançar outros estados. O modelo será semelhante ao operado pela Krispy Kreme em outros países com redes de varejo como 7Eleven, Tesco e Walmart. No Brasil, portanto, seus donuts estarão disponíveis somente na rede de lojas próprias e nas lojas AmPm (que tem hoje 1,5 mil unidades em postos Ipiranga no país). Em comunicado sobre o acordo nos Estados Unidos, a Krispy Kreme diz que o Brasil representa um mercado de crescimento prioritário para a empresa e que essa expansão sucede à chegada da marca em Paris, em dezembro de 2023. Com sede em Charlotte, na Carolina do Norte (EUA), a empresa foi fundada em 1937 e hoje tem mais de 13 mil pontos de venda em mais de 35 países do mundo, mas principalmente nos Estados Unidos e no Canadá.
          Hoje (maio de 2025), a marca está presente em 40 países e acabou de inaugurar sua primeira loja no Brasil, na Av. Presidente Juscelino Kubitschek, em São Paulo.
(Fonte: Época Negócios 18.03.2025 / Estadão - 09.05.2025 - partes)

8 de mai. de 2025

Skechers

          A fabricante de calçados Skecher, com sede na Califórnia, foi fundada em 1992 por Robert Greenberg, que apostou em criar calçados de qualidade, confortáveis e com preços acessíveis. Por causa disso, a Skechers construiu um público fiel entre profissionais que precisam passar o dia inteiro de pé (como enfermeiras, socorristas e funcionários de restaurantes), bem como pessoas idosas. A marca também tem um preço acessível se comparado com seus rivais. Enquanto um tênis Nike e Adidas sai em média por US$ 160, um Skechers custa em torno de US$ 60.
          Em 5 de maio de 2025, a 3G Capital anunciou a aquisição da Skechers, em um negócio avaliado em US$ 9,4 bilhões (aproximadamente R$ 53,4 bilhões). A transação marca a estreia da 3G Capital no setor de calçados — um setor que cresce a uma taxa anual de 7% e que deve manter esse ritmo nos próximos anos, segundo fontes familiarizadas com o assunto. O mercado global é dominado por Nike e Adidas,
          De acordo com os termos do acordo, a 3G deterá cerca de 80% da Skechers, enquanto a família fundadora Greenberg ficará com quase 20%. Assim que o acordo for finalizado, a Skechers se tornará uma empresa de capital fechado. A marca gera aproximadamente US$ 9 bilhões em receita anual, em comparação com US$ 51 bilhões da Nike e US$ 27 bilhões da Adidas.
          A 3G Capital pretende pagar US$ 63 por ação em dinheiro por todas as ações em circulação da Skechers. O acordo proposto representa um prêmio de 30% sobre o preço médio ponderado por volume das ações nos últimos 15 dias, informaram as empresas. A transação foi aprovada por unanimidade pelo conselho de administração da Skechers e deve ser concluída no terceiro trimestre de 2025.
          Greenberg — que tem 85 anos (maio de 2025) e ainda é o CEO e chairman da companhia — continuará à frente do negócio e manterá uma participação ainda não revelada.
          A 3G Capital, mais conhecida por suas participações majoritárias na AB InBev e no Burger King, conta com o investidor Alex Behring entre seus principais nomes. A empresa foi fundada originalmente pelos bilionários brasileiros Carlos Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles, que venderam suas participações na 3G em 2022. O Sr. Lemann também é investidor da marca de calçados esportivos On 
Running.
          A Skechers permanecerá sob sua atual equipe de liderança, incluindo o presidente e CEO Robert Greenberg.
          Em comunicado ao mercado, a Skechers afirmou que o acordo inclui uma opção para os acionistas existentes receberem US$ 57 em dinheiro, além de uma unidade não negociável de capital em uma empresa privada recém-criada ("Nova LLC") que se tornará a holding da Skechers após a conclusão da transação.
"Com um histórico comprovado, a Skechers está entrando em seu próximo capítulo em parceria com a empresa global de investimentos 3G Capital", disse Robert Greenberg no comunicado. "Dado seu histórico notável em facilitar o sucesso de alguns dos negócios de consumo globais mais icônicos, acreditamos que esta parceria apoiará nossa talentosa equipe na aplicação de sua expertise para atender às necessidades de nossos consumidores e clientes, ao mesmo tempo em que possibilita o crescimento da empresa a longo prazo."
          “Estamos entusiasmados com a parceria com a Skechers e ansiosos para trabalhar com um empreendedor do calibre de Robert e a talentosa equipe da Skechers”, disseram Alex Behring, cofundador e sócio-gerente da 3G Capital, e Daniel Schwartz, sócio-gerente, também no comunicado. “Nossa equipe na 3G Capital foi criada para fazer parcerias com empresas como a Skechers.”
          A Greenhill, afiliada da Mizuho, ​​atuou como consultora financeira exclusiva da Skechers, enquanto a Latham & Watkins LLP atuou como consultora jurídica principal. A J.P. Morgan Securities LLC foi a consultora financeira exclusiva da 3G Capital, com a Paul, Weiss, Rifkind, Wharton & Garrison LLP como consultora jurídica principal e a Kirkland & Ellis LLP fornecendo consultoria 
jurídica e financeira.
          Com 5.000 lojas em todo o mundo, a Skechers está de olho na expansão para além de seus principais mercados, Europa e Estados Unidos. América Latina e Ásia são vistas como vetores-chave de crescimento. A empresa entrou no Brasil em 2007 e atualmente opera 15 lojas no país. Os EUA respondem por 38% das vendas globais da Skechers, enquanto China e Vietnã são os principais polos de fabricação da empresa, de acordo com uma reportagem do Financial Times.
(Fonte: Valor - 05.05.2025)

2 de mai. de 2025

Austral

          A marca brasileira de moda masculina Austral foi fundada em 2016 por Felipe Bacellar e Joaquim de Barros, que se conheceram enquanto cursavam administração de empresas.
          A Austral rapidamente ganhou popularidade entre consumidores de classe média alta, de 25 a 35 anos — especialmente atletas e surfistas com consciência ambiental — que buscam moda de alta qualidade a preços acessíveis.
          Esses consumidores estão dispostos a pagar até R$ 300 por uma camiseta de algodão. Na coleção de inverno, as jaquetas custam R$ 598 e os moletons, R$ 498. O apelo da marca é reforçado pelo uso de práticas de fabricação sustentáveis.
          O grande avanço da marca veio com sua entrada no varejo físico em 2020, capitalizando as vagas no varejo geradas pela pandemia e pelo boom do e-commerce.
          Percebendo a necessidade de se consolidar em shoppings de alta renda, os fundadores firmaram uma parceria em 2021 com o investidor anjo Geraldo Pernet para abrir lojas físicas. O foco foi em locais compactos e com design clean em áreas nobres, o que desencadeou um efeito dominó de novas inaugurações e consultas de outros shoppings e potenciais parceiros. Em meio a especulações sobre novas aquisições por grupos como Arezzo e Soma, e com a Riachuelo e a Renner buscando ativamente marcas de moda, o mercado voltou sua atenção para a Austral.
          Entre 2022 e 2023, a empresa cresceu quase 40%, atingindo R$ 15 milhões em receita, segundo estimativas dos shoppings parceiros, que recebem um percentual das vendas. Esse número quase dobrou em 2024, chegando a R$ 30 milhões, com um lucro líquido modesto.
          Em acordo assinado em 17 de abril de 2025, a Austral vendeu 40% de sua participação para Alexandre Brett, sócio da Br Labels, e David Bobrow, CEO da Tip Top, em um negócio que atraiu a atenção de grandes varejistas de vestuário e casas de moda tradicionais.
          Segundo fontes, no acordo com Brett e Bobrow cada um adquiriu 20% de participação. Esta é a primeira vez que os dois executivos se tornam sócios de uma empresa. O negócio foi fechado a título pessoal, com seus respectivos negócios permanecendo separados da Austral.
          Os recursos serão reinvestidos na empresa para apoiar a expansão, especialmente o lançamento de um modelo de franquia. A transação não visa a desalavancagem dos negócios e os novos sócios não devem receber remuneração no curto prazo.
          De acordo com executivos do setor, a Austral foi avaliada entre 9 e 10 vezes seu EBITDA, estimado em R$ 4 milhões a R$ 5 milhões para 2024. A empresa não divulgou nenhum valor relacionado ao negócio.
          Fontes disseram ao jornal Valor que, além de Brett e Bobrow, outros interessados ​​incluem Riachuelo, Aramis, Paramount, o grupo Via Veneto e Shoulder, esta última solicitando mais tempo para explorar a oportunidade.
“Começamos de forma informal, depois passamos por uma fase de maturidade e completamos esse ciclo nos shoppings. Mas, para escalar, precisávamos de parceiros para ajudar a estruturar o negócio”, disse Bacellar.
          Brett e Bobrow já conheciam os fundadores quando o interesse dos investidores começou a crescer em meados de 2023. A boutique de fusões e aquisições Target Advisor liderou as negociações. Inicialmente competindo separadamente, Brett e Bobrow concordaram posteriormente — por sugestão da Target — em formar uma parceria em um negócio conjunto.
          Bobrow contribuirá com a administração, estrutura organizacional e finanças, enquanto Brett apoiará o desenvolvimento comercial e de produtos, cada um contribuindo com seus pontos fortes individuais. O Sr. Brett enfatizou que os fundadores continuarão a liderar as operações, garantindo a integridade da identidade da empresa.
          Questionado sobre a possibilidade de conflitos de gestão, o Sr. Bobrow afirmou que todos os acionistas assinaram um acordo que define as funções, com os fundadores mantendo o controle. "Não se pode comparar isso com os negócios culturalmente complexos que vimos no setor. David e eu aprendemos com os sucessos e fracassos neste setor, então sabemos o que não repetir", disse ele durante uma entrevista na sede da Austral.
          Alexandre Brett vem de uma família que se destacou importando marcas de luxo como Giorgio Armani, Ermenegildo Zegna e Calvin Klein para o Brasil nos anos 2000. Ele trouxe a marca italiana de jeans Replay para o país em 2017 e agora lidera a Br Labels.
          O Sr. Bobrow, que comanda a Tip Top com suas 130 lojas, já desenvolveu uma estratégia inicial de franquias para a Austral. "Não pretendemos abrir mais lojas próprias neste momento", disse ele. "Queremos alavancar a expertise regional de certos investidores por meio de franquias. Dessa forma, podemos acelerar a expansão sem gastar dinheiro."
          O negócio destaca uma tendência crescente entre investidores que buscam marcas que combinam com sucesso o estilo casual com marcas aspiracionais, como Reserva e Osklen. Consultores de investimento afirmam que há uma demanda crescente por marcas de moda masculina de médio porte com espaço para crescer, mesmo no atual cenário econômico desafiador do Brasil.
          “Construir um negócio como a Austral no Brasil hoje não é uma tarefa fácil. É por isso que ativos com esse perfil são procurados”, disse Douglas Carvalho, sócio-fundador da Target Advisor, que anteriormente assessorou Brett na venda da Mandi, VR e Calvin Klein em 2011.
          O negócio envolveu os escritórios de advocacia LO Batista e Madrona Fialho, para os investidores, e o Spinelli Advogados, para os fundadores.
          Investimentos recentes sugerem uma concorrência crescente no segmento de mercado que combina conforto, tecnologia e sustentabilidade. Grandes players estão se movimentando: em 2024, a Aramis lançou a Urban, uma coleção focada em itens básicos e sustentáveis. Enquanto isso, a queridinha das mídias sociais Insider assinou um acordo de fornecimento de fibras em março com o apoio da gigante de celulose e papel Suzano, usando um processo sem produtos químicos.
          Atualmente (maio de 2025), a Austral opera seis lojas: Iguatemi São Paulo (sua flagship, inaugurada em 2021), JK Iguatemi, Pátio Higienópolis, Morumbi Shopping, Catarina Fashion Outlet e Iguatemi Alphaville. Em dezembro de 2023, a marca teve o maior faturamento por metro quadrado no shopping Iguatemi, em São Paulo, segundo o Valor.
(Fonte: Valor - 24.04.2025)

29 de abr. de 2025

Cirklo

          A Cirklo, uma das maiores recicladoras de garrafas PET do Brasil. A empresa nasceu da fusão entre a Green PCR e a Global PET, que estavam no portfólio da gestora EB Capital.
          Em 2024 a Cirklo recebeu um aporte do fundo internacional Circulate Capital, que se tornou sócio.
          Em fins de abril de 2025, a Cirklo fechou a aquisição da concorrente Clodax, que tem uma planta em Maceió (AL). O movimento faz parte de sua estratégia de ampliar a capacidade de coleta de embalagens para reaproveitamento do plástico, um mercado que vem crescendo gradualmente no país.
          Na semana de 21 a 25 de abril (2025), a Cirklo captou R$ 220 milhões via emissão de debêntures verdes. O dinheiro será usado para bancar a aquisição e fazer outros investimentos nas fábricas próprias, além de reforçar o caixa. A companhia é uma investida da gestora de recursos EB Capital.
          No primeiro semestre de 2025, a Cirklo avança em uma série de investimentos para aumentar a produção anual de resinas. A meta é avançar de 40 mil toneladas em 2024 para 115 mil toneladas até o fim de 2025 e atingir participação de mercado próxima de 40%. Isso será feito por meio desta aquisição, além do incremento em suas linhas industriais, em São Carlos (SP) e Conde (PB).
          O plástico reciclado é cada vez mais procurado por varejistas de cosméticos, refrigerantes, lácteos e produtos de limpeza, entre outros setores. “Para essas empresas, não adianta colocar na embalagem que ela é reciclável. É importante também que ela seja reciclada”, aponta o presidente da Cirklo, Irineu Barbosa Jr, em entrevista ao Estadão..
          Barbosa diz que o maior gargalo para o crescimento é a coleta de garrafas, pois quase metade vai parar em lixões ou na natureza. A companhia obtém as garrafas com cooperativas de trabalhadores e empresas que fazem logística reversa. O problema é que apenas 56,4% das PETs descartadas são recicladas, segundo a Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet)
          “Dependemos muito da política nacional de resíduos sólidos, instituída há quase 20 anos, mas que não está atuando porque os governos não têm capacidade operacional de fechar os milhares de lixões”, afirma Barbosa. “A aquisição da Clodax entra na tese de pulverizar os canais de captação, melhorar a logística e diminuir os custos.”
          Outro obstáculo para o crescimento é a competição com a resina plástica virgem, cujo preço atualmente está bem menor que o da resina reciclada devido ao aumento da oferta vinda dos produtores asiáticos. “Chegamos a trabalhar com um preço 30% a 35% acima da resina virgem, e alguns clientes pediram um tempo”, conta Barbosa. “Em vez de comprar resina reciclada, foram plantar árvores para se manterem ‘verdes’”, brinca.
          A empresa faturou cerca de R$ 800 milhões em 2024 e estima alcançar R$ 1 bilhão em 2025.. 
(Fonte: Estadão 24.04.2025)

28 de abr. de 2025

Biomas

          A Biomas é uma empresa de crédito de carbono que tem entre seus acionistas Itaú Unibanco, Marfrig, Rabobank, Santander, Suzano e Vale.
          Na penúltima semana de abril de 2025, a Biomas lançou seu primeiro projeto de restauração de floresta nativa – modelo em que áreas degradadas de floresta recebem mudas de plantas nativas e são completamente restauradas. Nesse tipo de projeto, um crédito de carbono gerado corresponde a uma tonelada de gás carbônico retirada da atmosfera pelas árvores plantadas.
          Com um aporte de R$ 55 milhões, o projeto da Biomas será desenvolvido em uma área em que originalmente havia Mata Atlântica no sul da Bahia. A previsão é de gerar 500 mil créditos de carbono em 40 anos. Se os créditos fossem vendidos pelo valor médio atual de mercado – US$ 13 –, o projeto renderia US$ 6,5 milhões (cerca de R$ 37 milhões na cotação atual). A Biomas, no entanto, considera que seus créditos serão comercializados em um segmento “premium”, dada a qualidade do projeto. Nesse caso, o valor do crédito deve mais do que dobrar. 
          Pesam na cotação do crédito fatores como a variedade de árvores plantadas e a credibilidade da empresa desenvolvedora. O projeto da Biomas será implementado em parceria com a empresa de celulose Veracel – cujos donos são a brasileira Suzano e a finlandesa Stora Enso. Um total de 1,2 mil hectares não contínuos da Veracel receberá 2 milhões de mudas, que serão plantadas nos 20 primeiros meses. De acordo com o presidente da Veracel, Caio Zanardo, eucaliptos até poderiam ser cultivados nas áreas do projeto (desmatadas nos anos 1970), mas não de forma economicamente viável, já que são pequenos fragmentos de terra, muitos deles com declives. Além disso, diz, são áreas de preservação adicional – ou seja, além do que a lei obriga preservar.
          Ainda que aumente a produção, a expectativa é de que o carbono seja um negócio menor para a Veracel. “Neste momento, não vejo uma grande relevância do carbono como negócio. Tem uma oportunidade no futuro, mas marginal.” O projeto da Biomas e da Veracel terá sua primeira safra de créditos em 2029, quando devem ser gerados menos de 25 mil créditos.
          No projeto da Biomas, serão replantadas 70 espécies nativas em áreas de oito municípios cidades do sul da Bahia. “Quanto mais exuberante for a floresta, maior a capacidade de capturar carbono”, diz o CEO da Biomas, Fabio Sakamoto.
(Fonte: Estadão - 28.04.2025)

24 de abr. de 2025

Brastemp

          Para algumas marcas, a publicidade foi essencial para fixá-las no imaginário de muitas gerações. Foi o que a campanha “Não tem comparação” fez com a Brastemp. No comercial de TV, o cenário simples era composto por uma poltrona num ambiente austero que lembrava um consultório psicológico. Atores afiados, roteiro bem escrito e um bordão inteligente – “Não é assim uma Brastemp” – foram os 
ingredientes para a criação de um ícone da propaganda brasileira.
          “Essa campanha reforçou a percepção de excelência da marca, estabelecendo um padrão de referência para o setor”, conta Bertha Fernandes Kowalczyk, head de marcas e comunicação da 
Whirlpool.
          Em 2017, a marca resgatou a estratégia, acrescentando aos atores originais – Wandi Doratiotto e 
Arthur Kohl – a simbologia do meme, com a escalação de Glória Pires, Susana Vieira e Carolina Ferraz.
(Fonte: Estadão - 20.04.2025)