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30 de set. de 2023

Liquid Death

          O primeiro esboço do que viria ser a Liquid Death surgiu em 2014, enquanto o empreendedor americano Mike Cesario trabalhava em uma campanha publicitária para conscientização do público sobre os riscos do consumo excessivo de bebidas com açúcar. Assim surgiu a primeira versão da água enlatada "Morte Líquida", em uma espécie de chacota às marcas já existentes. O slogan também tem propósito igual: "Mate sua sede".
          A abertura de um novo negócio passa pela difícil etapa de escolha do nome. Uma árdua decisão e que muitas vezes pode deixar os empreendedores de cabelo em pé. Afinal, como definir o nome e slogan perfeitos para um novo empreendimento e que possam ser originais, criativos e, ao mesmo tempo, memoráveis?
          Para Mike Cesario, a irreverência respondia parte desta questão. Ele é criador da Liquid Death (morte líquida, na tradução livre), marca de água enlatada popular entre os jovens e que hoje compete num disputado mercado de 350 bilhões de dólares ao lado de gigantes como Danone, PepsiCo e Coca-Cola.
          A inspiração para o negócio veio após Cesario, um designer e profissional de marketing, perceber que músicos careciam de opções saudáveis durante shows. Um admirador do estilo musical punk-rock, era comum encontrá-lo acompanhando shows pelos Estados Unidos, especialmente em grandes festivais.
          Em uma dessas ocasiões, Cesario percebeu que era comum que marcas de bebidas energéticas fossem os principais patrocinadores de eventos desse tipo, o que tornava comum o consumo de energéticos, refrigerantes e outras bebidas açucaradas — entre os visitantes e também pelos próprios músicos. O que ele também reparou, porém, era que os músicos estavam substituindo os energéticos por água para se manterem hidratados durante os shows.
          Dessa análise surgiu o incômodo de Cesario em criar uma alternativa saudável, mas com embalagens igualmente coloridas, chamativas e irreverentes — assim como a dos energéticos. “Isso começou a me fazer pensar: por que não existem produtos mais saudáveis ​​que ainda tenham marcas engraçadas, legais e irreverentes? A maior parte do marketing de marca mais engraçado, memorável e irreverente é todo para junk food”, disse Cesario à CNBC.
          Ao que tudo indica, muitas pessoas não temem ingerir uma bebida com o nome de morte. A inspiração, segundo ele, veio do desejo de pensar no nome mais "idiota possível" para o negócio e assim, passar longe da associação do público a marcas de sucesso. “Funciona muito bem porque você começa a pensar: ’Oh, qual é o nome mais idiota possível para uma bebida super saudável e segura possível? Morte Líquida", disse.
          Cesario registrou a marca em 2017, e dois anos depois, lançou sua primeira linha de produtos. O que o empresário não esperava, contudo, era que o sucesso da marca se daria de forma tão repentina. Em apenas três anos, as vendas da Morte Líquida saltaram de US$ 2,8 milhões para US$ 130 milhões.
          Parte do crescimento da marca se deve ao sucesso do combo nome engraçado e design das latas que foge à regra dos típicos desenhos de montanhas e alpes, nas redes sociais. Por lá, postagens da marca viralizaram não apenas entre os fãs de música punk-rock, mas também entre o público mais jovem até mães que precisam convencer seus filhos a beber mais água no dia a dia.
          A marca também atraiu a atenção de investidores dispostos a injetar capital para fazê-la crescer. Em três anos, a Liquid Death já recebeu cerca de 195 milhões de dólares. Atualmente, o valor de mercado da marca é de 700 milhões de dólares, (algo como 3 bilhões de reais), segundo o fundador.
          A ascensão meteórica da Liquid Death em apenas três anos torna a empresa mais do que apenas um nome inteligente, mas um exemplo de boas práticas de diálogo com o publico por meio da internet.
          Depois de um tempo restrito ao e-commerce próprio, a Liquid Death passou a vender seus produtos em redes de varejo pelos Estados Unidos, como Whole Foods, 7-Eleven e Publix, que juntas somaram vendas de 45 milhões de dólares em 2022. O preço médio de venda das latas é US$ 1,89.
          Para Cesario, a única maneira de manter os bons resultados da Liquid Death em meio à dura concorrência com líderes no mercado de bebidas enlatadas é continuar apostando no humor e na identificação do público. "A única maneira de a marca ter uma chance de sobrevivência é se o produto em si seja incrivelmente interessante, com grande parte do marketing embutido no produto”, disse.          Considerando dados de janeiro de 2023, a Liquid Death tem mais de 1,5 milhão de seguidores no Instagram. A marca é vendida em mais de 60.000 pontos de venda no país, incluindo as lojas de departamento Kroger e Target. Segundo a CNBC, a Liquid Death é a marca de água sem gás mais vendida da Amazon.
(Fonte: Exame - 28.01.2023)

29 de set. de 2023

Copasul

          A cooperativa agropecuária Copasul tem sede em Naviraí, a 360 quilômetros da capital do estado, Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Está localizada às margens da rodovia BR-163.
          A empresa conta com duas unidades industriais – uma fiação de algodão, instalada em 1996 e e uma fábrica de fécula, inaugurada em 2012. Na época do primeiro projeto agroindustrial da cooperativa – a fiação de algodão – o investimento girou em torno de R$ 9 milhões e o faturamento da cooperativa era inferior a R$ 10 milhões, segundo Gervásio Kamitani, presidente da Copasul.
          A cooperativa iniciará em 2024 as obras de sua primeira planta industrial de processamento de soja em Naviraí. O projeto deverá estar operacional em 2026, com investimento de R$ 1,4 bilhão.
          A planta de processamento de soja é considerada parte essencial do plano da cooperativa para atingir a meta de R$ 10 bilhões em vendas anuais até 2026, e deve responder por 30% desse total, segundo Gervásio Kamitani. “A britagem é o nosso grande sonho, depois da fiação e da fábrica de amido”, disse Kamitani.
          A nova unidade terá capacidade para processar 3 mil toneladas ou 50 mil sacas de soja por dia e armazenar 150 mil toneladas de soja, 70 mil toneladas de farelo de soja, 10 mil toneladas de óleo bruto degomado e 3,6 mil toneladas de cascas. A produção estimada da nova planta é de 944.230 toneladas por ano, entre óleo, farelo de soja e pellets de casca. Segundo a cooperativa, a expectativa é que o projeto gere 150 empregos diretos e 1,9 mil indiretos.
          A nova unidade será construída ao lado da fábrica de fécula da cooperativa, às margens da rodovia BR-163. A unidade de processamento ocupará 42 hectares de uma área total de 115 hectares.
          Segundo a Copasul, um dos diferenciais da unidade será o conceito de zero efluentes. Isso será alcançado por meio do controle da geração de resíduos e do plantio de 1.000 hectares de eucalipto por ano para produção de madeira própria, que será utilizada no processo de esmagamento da soja.
          A previsão para o faturamento do grupo em 2023 gira em torno de R$ 6,2 bilhões
(Fonte: jornal Valor - 29.09.2023)

28 de set. de 2023

Bitso

          A plataforma de negociação de bitcoins e outros criptoativos Bitso foi fundada no México em 2014.
          Em junho de 2021, a empresa recebeu um aporte de US$ 250 milhões (R$ 1,3 bilhão) de importantes fundos globais de venture capital, como Tiger e Coatue, além de Kaszek, Valor Capital e Paradigm.
          Com esses investimentos, se tornou o primeiro unicórnio do segmento de criptomoedas na América Latina (unicórnios são as startups que atingem valor de mercado superior a US$ 1 bilhão).
          Instalada no Brasil em maio de 2021, a Bitso já viu, poucos meses depois, sinais relevantes de crescimento na base de usuários e no volume negociado no país, mas quer mais.
          A base de clientes e o volume negociado vêm apresentando fortes crescimentos, e, de olho em rivalizar com as líderes do mercado local, a exchange “importou” seu presidente (CEO), o mexicano Daniel Vogel, que passou a morar em São Paulo em julho (de 2021).
          A ideia dele é supervisionar de perto os ambiciosos planos da empresa: tomar a liderança do mercado de criptoativos no país, hoje repartida entre diversos players, principalmente a brasileira Mercado Bitcoin e a estrangeira Binance.
          “O Brasil é nossa prioridade, e vemos a liderança local como um projeto de longo prazo. Na nossa visão, há oportunidades enormes para inclusão financeira a partir do uso de tecnologia. Já oferecemos a melhor experiência para comprar e vender criptoativos, e agora queremos melhorar a infraestrutura para lançar produtos que sejam úteis no dia a dia”, comenta o presidente da Bitso.
          Em setembro de 2021, planejava investir R$ 1,5 bilhão no crescimento da operação no Brasil. Mais especificamente, em tecnologia, lançamento de novos produtos e serviços, contratações e publicidade, como em comercial já veiculado após o Jornal Nacional, da Globo.
          O volume negociado em reais cresceu quase 90% nos primeiros meses do lançamento. E, em outros reflexos de que a empresa está ganhando impulso no Brasil, o número de clientes dobrou no período, e o total de clientes ativos (ou seja, que efetuaram negociações) cresceu 25% nesses meses. Isso tudo apenas de maio a setembro de 2021.
          A empresa não abre o número de clientes no país, mas especula-se que a meta é chegar a 1 milhão em um ano. Nesse patamar, Vogel calcula que seria possível competir com as marcas mais conhecidas no mercado e sair vitoriosa de um processo de crescimento e consolidação de segmento cripto local, que começou no início de2021, com a compra da brasileira BitcoinTrade pela argentina Ripio.
          Também cresceram, desde então, as opções ao investimento em bitcoin via exchanges, como os fundos de investimentos e os ETFs, em alguns casos até com participação de grandes bancos, como o Itaú e o BTG Pactual.
          O principal diferencial da plataforma com relação à maioria dos players de criptos no mercado brasileiro, diz Vogel, é a oferta de produtos e serviços que facilitam o uso de criptoativos para além da especulação ou mesmo do investimento de longo prazo – a célebre faceta do bitcoin enquanto reserva de valor, uma espécie de “ouro digital”.
          Entre as possibilidades, podem estar aplicações que foram lançadas em outros países, como um serviço de remessa de recursos no México focado em imigrantes mexicanos que mandam dinheiro para a família (uma espécie de dekasseguis só que mexicanos), e uma conta digital remunerada com juros, como na Argentina.
          Também estão no cardápio de possibilidades as aplicações de finanças descentralizadas, os DeFi, protocolos automatizados que vêm sendo criados e usados para oferecer serviços financeiros tradicionais – como empréstimos, seguros e consórcios – com garantia em criptomoedas e, comparativamente, menos taxas e mais acesso.
          “O universo do DeFi está elevando o emprego da blockchain no fomento à inclusão financeira. Estamos começando a avaliar qual poderá ser nossa contribuição a esse universo, de olho nas demandas da população brasileira”, diz Vogel.
          Um primeiro movimento da empresa neste sentido foi a parceria anunciada pouco depois de meados de 2021 com a Pyth Network, um DeFi desenvolvido na tecnologia de registro distribuído (blockchain) Solana.
          Conhecido como “o oráculo dos dados descentralizados”, o protocolo faz uma espécie de ponte entre o universo tradicional e o ecossistema cripto, fornecendo dados sobre preços de ativos em tempo real e facilitando a escalabilidade de projetos baseados em automação.
          “Nossa colaboração com a Pyth é nosso primeiro passo no universo DeFi, baseado na ideia de que, ao prover dados fidedignos e em tempo real aos participantes de mercado, a Bitso está ajudando a melhorar a confiabilidade e a transparência do ecossistema cripto”, comenta Vogel.
          Considerando dados de setembro de 2021, a plataforma tem quase 500 funcionários e 2,5 milhões de clientes, em 27 países. Já haviam sido realizadas 70 contratações até então no Brasil. 
(Fonte: Valor Investe - 14.09.2021

27 de set. de 2023

mosmann Alimentos

 Mosmann


          A Mosmann Alimentos foi fundada em Parobé (RS) em 1° de maio de 1945, ano em que encerrava a Segunda Grande Guerra Mundial, época em que o mundo inteiro passava por enormes dificuldades, e no Brasil não era diferente. Foi quando deu-se início às atividades de uma indústria de massas alimentícias e biscoitos, hoje denominada Mosmann Alimentos Ltda. No início das atividades o grupo de trabalho era composto por aproximadamente 10 pessoas que trabalhavam para o fábrica e comercialização dos produtos. Os fundadores Edésio, que controlava a área administrativa e financeira, Paulo que controlava a produção e Luiz que fazia as vendas dos produtos, faziam parte da equipe.
          As dificuldades eram colossais, desde a aquisição de matérias primas que vinham de trem e eram transportadas em carretas de bois até a fábrica. A produção era de cerca de 300 kg por dia, e eram embaladas em barricas de madeira. Nas vendas, as dificuldades não eram diferentes. A maior parte era transportada por trem, quando se vendia para cidades mais distantes. Para cidades mais próximas o transporte era feito com uma camionete Ford modelo 1939. Para Taquara, cidade distante 40 quilômetros da fábrica, levava-se de carreta de bois e para Parobé (onde fica a fábrica) levava-se de carrinho de mão.
          O tempo passou e, em dezembro de 1998 foi inaugurado o novo complexo industrial, com novos equipamentos e tecnologia de ponta, onde produtos e serviços foram aprimorados, ampliando a capacidade de produção. A fábrica da Mosmann trouxe para a região uma serie de vagas de trabalho e empregos. Atualmente a empresa busca aliar o tradicional sabor caseiro da marca à saúde e bem-estar do consumidor, investindo em produtos que tragam benefícios.
          A empresa conta com a linha: bem-estar é ser saudável, onde incorpora ingredientes funcionais como aveia, chia, linhaça, quinoa, entre outros, assim como produtos feitos a partir de trigo integral, sempre investindo em pesquisa para que o desenvolvimento da linha seja sustentado com embasamento em estudos clínicos comprovados. Os principais produtos são biscoitos e massas, de diversos tipos.
          Em Mosmann Alimentos tem sua sede na rodovia RS 239 - km 43, em Parobé, Rio Grande do Sul. A fábrica possui atualmente cerca de 200 funcionários internos e mais 60 funcionários externos, na área de vendas.
(Fonte: Boomi)

26 de set. de 2023

Galápagos Capital / Galápagos Taler

          Fundada em 2019, a investidora Galápagos Capital tem um histórico de crescimento por meio de aquisições e foi fundada por Carlos Fonseca que permanece como sócio.
          A empresa entrou no espaço de gestão de patrimônio em 2020 após adquirir a Ativa Wealth Management (AWM).
          Em fins de setembro de 2023, a Galápagos adquire a gestora Taler e expande serviços de gestão de patrimônio. A Taler fundada em 2005 por Mari Emmanouilides e atende 142 famílias de alta renda e tem escritórios em São Paulo e Minas Gerais. O escritório presta serviços de gestão de portfólio nos mercados nacional e internacional, planejamento patrimonial e governança familiar.
          A Galapagos pretende ampliar sua atuação no mercado de gestão de patrimônio com a compra da Taler e a chegada de sócios da Mandatto, duas empresas focadas na gestão de patrimônio de famílias ricas. Com essas mudanças, a empresa lançará uma nova unidade chamada Galapagos Taler, voltada para “multi-family offices”.
          Com a chegada de novos parceiros e clientes, o volume de fundos de ultra-alto patrimônio – investidores com patrimônio líquido superior a R$ 20 milhões – sob gestão deverá ultrapassar R$ 5 bilhões, disse Fonseca. O volume total sob gestão é próximo de R$ 22 bilhões, disse.
          Segundo Fonseca, a necessidade de criar uma área dedicada a esse público específico surgiu em discussões com Arnaldo Curvello, sócio de Galápagos responsável pela gestão de patrimônio. “Sempre entendemos que o serviço prestado aos clientes ‘ultra-altos’ deve ser feito por alguém que o faça há muito tempo e conheça esse cliente. Temos capacidade de gerenciar e estruturar muito bem, mas a conversa com esse tipo de cliente precisava ser feita por alguém que já estivesse fazendo isso”, disse Curvello.
          Foi aí que começaram as negociações com a Taler. Durante as discussões, Fonseca viu uma oportunidade de trazer Flavio Stanger e dois outros sócios da Mandatto, uma empresa de gestão com sede no Rio de Janeiro fundada em 2018, para a mesma estrutura. Além dos sócios, também serão incorporadas a estrutura de gestão e os colaboradores.
          O plano de Galápagos é que a transição para os clientes não seja abrupta, principalmente considerando o perfil dos clientes. “As empresas que forem constituídas deverão seguir o caminho natural, sem mudanças, sem medo. Será um processo contínuo”, disse Fonseca.
          As mudanças também deverão impulsionar os negócios de Galápagos no mercado internacional. Há um ano, a empresa de Fonseca estreou nos Estados Unidos com permissão como “consultor de investimentos”, o que lhe permite fazer alocações e recomendações da mesma forma que o seu braço de gestão de fortunas faz no Brasil. A Taler está a operar da mesma forma na Suíça, depois de adquirir uma estrutura de gestão em 2019. “Há clientes que preferem estar nos Estados Unidos e outros que preferem a Europa, por isso é importante para nós podermos oferecer as duas opções”, disse Fonseca.
​(Fonte: jornal Valor - 25.09.2023)

25 de set. de 2023

Ó do Borogodó

          O bar e casa de shows Ó do Borogodó foi inaugurado em 2001 na Vila Madalena, distrito de Pinheiros, na capital paulista. Sua proprietária é a empresária Stefania Gola.
          Há 22 anos no mesmo endereço, a casa fica num imóvel alugado. No início de 2023 o proprietário 
informou que quer vender o terreno.
          Em junho de 2023, Stefania Gola entrou com um pedido para que a prefeitura reconheça o espaço como uma área de relevância cultural. O processo ainda não foi aberto. “Continuamos pagando o aluguel certinho. O proprietário faz pressão pra gente sair e nós estamos tentando chamar a atenção da Secretaria de Cultura para a questão”, explica Stefania.
          No domingo, 24 de setembro de 2023, mais de 80 músicos participaram sem cobrar cachê do festival Fica Ó, realizado para chamar a atenção do público e conseguir apoio para a permanência do Ó do Borogodó no endereço. O festival também foi gratuito.
          Em meio a uma ação de despejo, a mobilização pela preservação do bar e casa de shows Ó do Borogodó obteve uma vitória na semana de 15 de novembro (2023). O Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade (Conpresp) aprovou abertura de 
estudo para avaliar se o tradicional espaço de samba pode ser considerado área de proteção cultural.
          A proteção do bar Ó do Borogodó também obteve posicionamento favorável da Comissão Técnica de Análise (CTA) da Zepetec-APC, da Prefeitura, em outubro (2023). O entendimento foi remetido ao Conpresp e embasou a decisão do conselho. Na deliberação, o comitê destaca que “quando uma atividade cultural se exerce há anos em um mesmo lugar, tornando-se parte do bairro, não é possível mover a atividade cultural de maneira forçada para outro local sem que haja significativa perda simbólica”. A comissão também lembrou da “intensa disputa imobiliária” que tem transformado a paisagem de Pinheiros nos últimos anos, citando espaços culturais fechados no distrito nos anos 2000, como o Espaço Cultural Rio Verde.
(Fonte: Estadão 23.09.2023 / 17.11.2023 - partes)

23 de set. de 2023

Viña Tondonia

           A Viña Tondonia é um dos ícones entre os vinhos de Rioja, na Espanha. Fundada em 1877 por Rafael López de Heredia y Landeta, a vinícola nasceu inspirada no que os vizinhos franceses faziam de 
melhor.
          López de Heredia seguia os preceitos segundo os quais os vinhos tinham de amadurecer nos barris de carvalho por um longo tempo – pelo menos três anos. Era o conceito dos empresários bordaleses que haviam migrado para a região em plena crise da filoxera, que havia destruído os vinhedos franceses, e estavam então voltando para casa.
          A vinícola faz questão de manter a tradição de seus quase 150 anos. O melhor exemplo é o modo como lida com as barricas de carvalho, responsável por seu estilo, hoje único e valorizado, de brancos e tintos com longo estágio em madeira. Eles saíram da Rioja, as vinhas passaram a ser plantadas em portaenxerto (como é chamada a enxertia entre vinhas, que resistem ao inseto da filoxera); e a cultura das barricas ficou por lá – a Tondonia, aliás, tem a sua própria tonelaria. “Aprendemos com os franceses a envelhecer nossos vinhos, era o conceito moderno na época”, conta Yolanda Varona, diretora de exportação da vinícola, em passagem pelo Brasil para participar do Encontro Mistral, da importadora 
que traz os rótulos para o país.
          E assim começou a tradição desta que é a terceira vinícola mais antiga da Rioja em funcionamento. Primeiramente vieram as barricas, com uvas compradas na região, mas logo López de Heredia decidiu adquirir vinhedos à beira do Rio Ebro. Mas, mesmo com a crença nesse envelhecimento, os herdeiros de López de Heredia não estão parados no tempo. O melhor exemplo, conta Yolanda, é a preocupação em aumentar o plantio de variedades como graciano e mazuelo. Minoritárias no blend, essas duas variedades trazem maior frescor ao vinho e são mais resistentes ao clima quente. Ou seja, são uma das apostas para enfrentar a mudança climática. Aqui não se trata de 
obter novos vinhedos ou de arrancar tempranillo, sua principal cepa, para priorizar essas variedades.
          A vinícola mantém um rodízio entre os seus 170 hectares de vinhas, divididas entre as viñas Tondonia, Bosconia, Cubillo e Zaconia. Cerca de 100 hectares estão sempre em produção, cultivados com variedades como tempranillo (a principal), garnacho, graciano e mazuelo, e as brancas viura e malvasia. Os demais ou estão “descansando” entre oito e dez anos com o plantio de cereais e leguminosas, para fixar nutrientes no solo, ou são vinhedos jovens, que ainda não entram no blend de seus vinhos.
(Fonte: Estadão - 23.09.2023 - Suzana Barelli)

22 de set. de 2023

Atlas Lithium

          A Atlas Lithium foi fundada em 2011 na Califórnia e posteriormente foi transferida para Boca 
Raton, na Flórida. Teve como um de seus criadores, o empresário brasileiro Marc Fogassa.
          Natural de Assis, interior de São Paulo, Fogassa estudou em São Paulo e foi estudar engenharia no Instituto Brasileiro de Engenharia Aeronáutica (ITA). Pouco tempo depois, aos 18 anos, em 1985, frequentou o Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos. Também estudou em Harvard, onde se formou em Medicina, aventurando-se posteriormente na área de capital de risco, com foco em biotecnologia. “Depois de um tempo, fechei meu primeiro contrato como estudante e isso foi o 
começo de muitos outros. Tornei-me generalista”, relembra.
          Aos 31 anos, ele investiu US$ 2 milhões em uma empresa que mais tarde ostentaria uma capitalização de mercado de US$ 1 bilhão na Nasdaq. “Então decidi ser empreendedor, reconhecendo o potencial inexplorado do Brasil no setor de mineração.” O primeiro projeto focou em 
ouro e diamantes.
          A Atlas iniciou sua jornada com operações de ouro aluvial em Minas Gerais. Em 2018, um geólogo partilhou uma previsão dura sobre o futuro dos minerais e metais estratégicos. Este momento crucial marcou o início da incursão da Atlas no lítio, com aplicações estratégicas e aquisições em desenvolvimento. “Aproveitamos os desafios prevalecentes da pandemia, que restringiu a mobilidade dos investidores estrangeiros, em nosso benefício. Como resultado, a Atlas agora comanda a maior área de concessão dentro do Vale do Lítio”, disse a empresa.
          Desde janeiro de 2023, ganhou destaque como uma entidade listada na Nasdaq. Além do foco imediato no lítio, a empresa possui reservas substanciais de níquel, titânio, grafite e terras raras. O lítio é um dos minerais mais cobiçados atualmente no mundo.
          Em setembro de 2023, um (mais um) projeto de extração e industrialização, envolvendo o lítio, começa a ser estruturado no “Vale do Lítio” brasileiro, na região Nordeste de Minas Gerais. Liderada pelo empresário brasileiro Marc Fogassa, a Atlas Lithium está preparada para iniciar operações em 2024 em Araçuaí, cidade situada no Vale do Jequitinhonha, a aproximadamente 600 quilômetros de
Belo Horizonte. Em Araçuari também há investimentos da canadense Sigma Lithium.
          As projeções da empresa indicam uma crescente demanda global por equivalente de carbonato de lítio (LCE) – um componente primário para refinarias de lítio – com estimativas subindo para 3,5 milhões de toneladas até 2033. Para contextualizar, os volumes de LCE previstos para o ano de 2023 permanecem abaixo de 1 milhão. toneladas, de acordo com Fastmarkets. A principal aplicação do lítio gira em torno da produção de baterias para veículos elétricos.
          Em 2022, os preços do lítio dispararam, com o preço de uma tonelada refinada de hidróxido de lítio ultrapassando a impressionante marca de 84 mil dólares. No entanto, 2023 testemunhou uma descida moderada, com os preços atuais (setembro) oscilando perto dos 27.000 dólares na China, conforme relatado pela Goldman Sachs. O concentrado de espodumeno, o produto específico que a Atlas deverá fabricar, contendo 5,5% a 6% de lítio, atualmente (setembro 2023) comanda uma faixa de negociação de US$ 2.700 a US$ 3.000 por tonelada, uma queda notável em relação ao pico de US$ 8.000 testemunhado em novembro de 2022.
          O projeto Atlas tem como objetivo produzir um rendimento anual de 300.000 toneladas de concentrado de lítio para baterias a partir de minerais de espodumênio extraídos de uma mina a céu aberto.
          Fogassa prevê que o projeto Atlas será o esforço final para aproveitar os minerais extraídos da superfície no Vale do Lítio, atingindo profundidades de até 250 metros. Uma faceta vantajosa em termos de eficiência de custos e desenvolvimento de projetos, distinguindo-o de futuros projetos de mineração subterrânea. O extenso domínio do Atlas abrange 54 direitos minerais (240 quilômetros quadrados), abrangendo os municípios de Araçuaí e Itinga.
          Em setembro de 2023 a empresa encontra-se no meio de uma extensa campanha de perfuração com o objetivo de quantificar as suas reservas minerais. O relatório final está previsto para ser divulgado no final de 2023. O estudo de viabilidade técnica e econômica está previsto para ser publicado em meados de 2024.
          De acordo com o CEO e presidente da Atlas, avaliações metalúrgicas abrangentes conduzidas por empresas geológicas especializadas revelaram um teor médio de lítio de 6,04% nas amostras de perfuração. “O mercado está preparado para abraçar materiais de lítio contendo 5,5% ou mais, o que é evidente pelas crescentes consultas de montadoras interessadas em nosso projeto”, observou ele.
Fogassa prevê um mercado de lítio próspero durante a próxima década, citando a notável estatística da Califórnia, onde os veículos eléctricos representaram 25% das vendas de automóveis novos no segundo trimestre, desafiando as projeções anteriores de que este marco não seria alcançado até 2025.
          Para facilitar este ambicioso empreendimento, a Atlas prevê investimentos superiores a 100 milhões de dólares para o estabelecimento do projeto e iniciará a produção no segundo semestre de 2025. A empresa informa também que há potenciais desembolsos adicionais elevando o desembolso total para 200 milhões de dólares.
          A tecnologia que sustenta a planta de concentração de espodumênio está enraizada em métodos bem estabelecidos, conhecidos há mais de um século, e agora é parte integrante do processo de beneficiamento de lítio – Separação de Meios Densos (DMS). O concentrado de espodumênio, proveniente de rocha dura, é amplamente reconhecido como o insumo superior para a produção de hidróxido de lítio, um ingrediente chave na fabricação de baterias.
          Ao traçar a rota de exportação, a Atlas avalia as opções entre os portos de Ilhéus (BA) e Vitória (ES), com tendência para este último. O início dos embarques da vizinha Sigma Lithium pelo porto do Espírito Santo, ocorreu em julho de 2023.
          Fogassa, que é sócio da empresa, expressa confiança inabalável na disponibilidade de capital para galvanizar a realização do projeto. “Os investidores demonstraram grande interesse em nossa empresa, expressando até intenção de estabelecer parcerias.”
          No primeiros meses de 2023, a Atlas investiu US$ 20 milhões em royalties para a empresa canadense LRC, uma entidade que possui mais de 30 empreendimentos de lítio. Além disso, em julho, a empresa garantiu um investimento de US$ 10 milhões de partes interessadas estrangeiras, com metade do financiamento proveniente do fundo institucional Waratah.
          Marc Fogassa formou alianças com fundos institucionais, incluindo Waratah, BlackRock, ExodusPoint, Weiss, UBS, BTG Pactual, Polar, Fidelity e uma série de outros investidores. Fogassa controla quase 40% do capital da Atlas juntamente com a sua equipa de gestão.
(Fonte: jornal Valor - 20.09.2023)

21 de set. de 2023

Rosewood Hotel

          Exalando brasilidade, o hotel Rosewood São Paulo ancora a Cidade Matarazzo – e é um destino em si. Alojado no antigo prédio da Maternidade Filomena Matarazzo (1943), o hotel também ocupa a 
Torre Mata Atlântica, com 160 quartos e 100 suítes reservadas a proprietários.
          Considerado um “oásis metropolitano”, o hotel fica dentro da Cidade Matarazzo, complexo de edifícios do início do século XX que foram transformados em residências particulares, lojas e locais de entretenimento.
          Ao lado da avenida Paulista, a enorme área de 30 mil metros quadrados (da Cidade Matarazzo), com edifícios tombados e a capela Santa Luzia (1922), foi adquirida pelo empreendedor francês Alexandre Allard, que se apaixonou pelo local em 2007, arrematou-o em 2011. O projeto da Cidade Matarazzo custou em torno de R$ 2,7 bilhões, mas o valor gasto apenas na construção do hotel não foi divulgado. A Capela Santa Luzia, outro edifício histórico que foi restaurado para manter sua arquitetura ornamentada de 1922. Ao longo dos trabalhos de reforma, a fundação original da capela revelou peças adornadas, que foram reformadas e incorporadas à estrutura.
          Ele trouxe a bordo uma miríade de talentos, como o designer Phillip Starck, diretor criativo do projeto. O paisagismo explode em jardins tropicais no interior, em volta do hotel e, sobretudo, na torre contemporânea vestida com várias espécies da Mata Atlântica. A Torre foi projetada pelo arquiteto francês Jean Nouvel, premiado pelo Pritzker em 2008. Esta é a primeira obra de Nouvel no continente sul-americano (assim como o hotel, o primeiro Rosewood na América do Sul).
          A Torre tem níveis de tamanhos variados, com sacadas e árvores adultas formando jardins suspensos. No chão, alamedas floridas permitirão passeios entre árvores centenárias e jardins de
ciprestes e oliveiras.
          Com reservas disputadas, as opções gastronômicas do hotel viraram hotspots instantâneos. Com pé-direito altíssimo, o Le Jardin tem hits como o polvo grelhado com mandioquinha assada e iogurte de limão. Ao lado, na brasserie Blaise, mais intimista, a culinária de alto nível se espelha nas vieiras grelhadas com creme de couve-flor e no contrafilé de wagyu brasileiro, com creme de mandioquinha: obras do chef Felipe Rodrigues e de Rachel Codreanschi, a sous-chef executiva. Saiko Izawa, eleita melhor chef pâtissier dos 50 Best da América Latina em 2017, cria as saborosas sobremesas.
          No Taraz, pratos sul-americanos com assinatura do chef Felipe Bronze. O cardápio – que imita um passaporte – prenuncia a viagem pelos sabores. Drinques, música e fogo completam o astral com vista para um jardim de oliveiras.
          O bar Rabo di Galo apoia-se em ótimos drinques e música ao vivo, com predomínio de jazz. O Belavista Rooftop Pool & Bar exibe uma simpática sala em arcos, objetos e móveis antigos e, depois da escada, a piscina com vista para a cidade.
          Mais de 50 artistas brasileiros criaram 450 obras exclusivas para o hotel. Desenhos, pinturas, colagens, esculturas e instalações ocupam corredores, salas, restaurantes, hall, jardins, escadas e elevadores. Nestes, a série “Etnografia da Flora Mágica Brasileira”, de Walmor Correa, provoca o desejo de subidas e descidas mais lentas para a apreciação de cada quadro; no corredor que dá acesso aos apartamentos do 6º andar, as pinturas de Ananda Nahú denotam um forte e colorido multiculturalismo; chegando ao Belavista, vê-se que toda a área da piscina é de azulejos pintados à mão e inspirados na flora e fauna do Brasil, criados pela artista Sandra Cinto.
          No restaurante Blaise, Fernando de La Roque criou pitorescos murais de azulejos; no Rabo di Galo, difícil tirar os olhos do teto pintado por Cabelo; no chão, os tapetes de Regina Silveira.
Na capela, o novo vitral criado por Vik Muniz. No lobby, Art Concierge e Art Library (onde é possível arrematar criações) oferecem um último olhar para a marcante Poltrona Mole, de Sérgio
Rodrigues, e para a bela Poltrona Jangada. Um deleite do início ao fim.
          Cinco destaques artísticos do hotel
               • Grafites de Speto no túnel de entrada
               • Caligrafia de Caligrapixo no antigo hospital interagindo com o trabalho da tribo Warli
               • Afresco de céu noturno feito por Cabelo Cobra Coral no teto do bar Rabo di Galo
               • Escultura de Artur Lescher nas escadas até o busto da Condessa Matarazzo
               • Esculturas-pêndulo de flores de Laura Vinci no 5º andar e pinturas de Ananda Nahú no corredor do 6º andar.
          Ao todo, o Rosewood conta com 160 quartos e 100 suítes hoteleiras, que se espalham pelo edifício restaurado da Maternidade Matarazzo e pela nova torre com jardins verticais. O Rosewood São Paulo faz parte da marca de mesmo nome considerada de ultraluxo e que administra 29 hotéis, resorts e residências em 17 países.
(Fonte: CNN - 13.04.2022 / revista Forbes - 25.04.2022 - partes)

Antiga maternidade e nova torre com jardim vertical compõem o hotel Rosewood São Paulo

Antiga maternidade e nova torre com jardim vertical compõem o hotel Rosewood São Paulo