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23 de set. de 2023

Viña Tondonia

           A Viña Tondonia é um dos ícones entre os vinhos de Rioja, na Espanha. Fundada em 1877 por Rafael López de Heredia y Landeta, a vinícola nasceu inspirada no que os vizinhos franceses faziam de 
melhor.
          López de Heredia seguia os preceitos segundo os quais os vinhos tinham de amadurecer nos barris de carvalho por um longo tempo – pelo menos três anos. Era o conceito dos empresários bordaleses que haviam migrado para a região em plena crise da filoxera, que havia destruído os vinhedos franceses, e estavam então voltando para casa.
          A vinícola faz questão de manter a tradição de seus quase 150 anos. O melhor exemplo é o modo como lida com as barricas de carvalho, responsável por seu estilo, hoje único e valorizado, de brancos e tintos com longo estágio em madeira. Eles saíram da Rioja, as vinhas passaram a ser plantadas em portaenxerto (como é chamada a enxertia entre vinhas, que resistem ao inseto da filoxera); e a cultura das barricas ficou por lá – a Tondonia, aliás, tem a sua própria tonelaria. “Aprendemos com os franceses a envelhecer nossos vinhos, era o conceito moderno na época”, conta Yolanda Varona, diretora de exportação da vinícola, em passagem pelo Brasil para participar do Encontro Mistral, da importadora 
que traz os rótulos para o país.
          E assim começou a tradição desta que é a terceira vinícola mais antiga da Rioja em funcionamento. Primeiramente vieram as barricas, com uvas compradas na região, mas logo López de Heredia decidiu adquirir vinhedos à beira do Rio Ebro. Mas, mesmo com a crença nesse envelhecimento, os herdeiros de López de Heredia não estão parados no tempo. O melhor exemplo, conta Yolanda, é a preocupação em aumentar o plantio de variedades como graciano e mazuelo. Minoritárias no blend, essas duas variedades trazem maior frescor ao vinho e são mais resistentes ao clima quente. Ou seja, são uma das apostas para enfrentar a mudança climática. Aqui não se trata de 
obter novos vinhedos ou de arrancar tempranillo, sua principal cepa, para priorizar essas variedades.
          A vinícola mantém um rodízio entre os seus 170 hectares de vinhas, divididas entre as viñas Tondonia, Bosconia, Cubillo e Zaconia. Cerca de 100 hectares estão sempre em produção, cultivados com variedades como tempranillo (a principal), garnacho, graciano e mazuelo, e as brancas viura e malvasia. Os demais ou estão “descansando” entre oito e dez anos com o plantio de cereais e leguminosas, para fixar nutrientes no solo, ou são vinhedos jovens, que ainda não entram no blend de seus vinhos.
(Fonte: Estadão - 23.09.2023 - Suzana Barelli)

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