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12 de dez. de 2023

Apple Records

          Apple Records é um selo fonográfico fundado em 1968 como uma divisão da Apple Corps Ltd pelo grupo de rock britânico The Beatles.
          Até 1975, as gravadoras EMI e Capitol Records concordaram em distribuir o material publicado pela Apple. Enquanto a Apple mantinha os direitos sobre os álbuns de seus artistas contratados, a EMI tinha os direitos de propriedade dos álbuns dos Beatles.
          Além de servir como um selo fonográfico dos discos dos Beatles a partir de 1968, passou também a servir como um selo de cada álbum solo de John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Satrr desde 1970, quando os Beatles se separaram, até 1975, quando a separação legal do conjunto foi obtida.
          O selo também contou com um bom número de artistas, entre eles Badfinger, Yoko Ono, Billy Preston, Ravi Shankar e James Taylor.
          Devido à adoção de logotipo semelhante, a gravadora está movendo um processo contra a Apple na justiça britânica.
( Fonte: Wikipédia)

11 de dez. de 2023

Amarante

          O grupo hoteleiro pernambucano Amarante foi fundado pelo pai do empresário Mário Vasconcellos, que é o controlador do grupo.
          Com três resorts em operação em Alagoas (Maragogi, Japaratinga e Maceió), o grupo Amarante dobrou de tamanho de 2019 a 2023.
          “Durante a pandemia fechamos seis meses, mas aproveitamos o tempo para fazer as reformas e ampliações nos hotéis. Corremos um grande risco, apostando na recuperação, e deu muito certo”, disse o presidente e acionista controlador do grupo, Mário Vasconcellos.
          Com balanço auditado por uma das “quatro grandes” nos padrões do mercado de capitais desde 2020, o grupo Amarante tem conseguido acelerar sua expansão emitindo certificados de recebíveis imobiliários (CRIs) e posteriormente rolando a dívida com financiamento do Banco do Nordeste (BNB), que oferece taxas bem abaixo do mercado.
          Em fins de 2023, o grupo traçou um plano de expansão de R$ 1,6 bilhão que inclui um resort de luxo em Porto das Pedras – região de Alagoas mais conhecida pelos turistas como Patacho ou Rota dos Milagres – e um novo grande hotel em um trecho de praia entre Pernambuco e Alagoas. Se o plano se concretizar, o grupo terá mais de 2.700 unidades de alojamento até 2030, contra 807 em fins de 2023.
          A construção do novo resort de luxo em Porto das Pedras terá início no final do próximo semestre. Com 50 bangalôs e 70 apartamentos, será o resort mais VIP do grupo, operando em regime all inclusive.
          O outro resort ainda está em fase de planejamento. Segundo Vasconcellos, a ideia é comprar um terreno em uma praia entre Pernambuco e Alagoas ainda não explorada para o turismo, longe de destinos saturados como Porto de Galinhas e Muro Alto, em Pernambuco. “Queremos criar um novo destino, como fizemos em Maragogi com o Salinas Hotel”, disse o empresário. O novo resort terá capacidade para 1.000 apartamentos.
          Enquanto isso, o grupo Amarante amplia seus já consolidados hotéis em Maragogi, Japaratinga e Maceió.
          O grupo Amarante é controlado pelo Sr. Vasconcellos e sua irmã, filhos do fundador da empresa. A estrutura societária também inclui sócios-gerentes minoritários que se beneficiam de planos de 
remuneração baseados em opções.
(Fonte: jornal Valor - 11.12.2023)

8 de dez. de 2023

CTBC - Companhia de Telefones do Brasil Central

           A Companhia de Telefones do Brasil Central,  CTBC foi fundada em 1954 por Alexandrino Garcia, imigrante português que fundou o grupo ABC Algar, dono da CTBC. A CTBC tem sua sede em 
Uberlândia, no Triângulo Mineiro, assim como o grupo Algar.
          Em 1967, o governo estatizou toda a telefonia brasileira e a CTBC teve sua área de atuação congelada no norte de São Paulo e no triângulo Mineiro,
          A CTBC era a única representante privada da área de telecomunicações, controlada pelo grupo ABC Algar, então do empresário Luiz Alberto Garcia, filho do fundador Alexandrino.
          Martinésia é um povoado com menos de 1.000 habitantes, incrustado no município de Uberlândia, no coração do chamado Triângulo Mineiro. Considerando o ano de 1994, lá não havia supermercado ou qualquer outro sinônimo de vida comercial moderna. Martinésia, no entanto, contava com 24 telefones instalados, de onde seus moradores, pequenos pecuaristas em sua maioria, podiam falar com qualquer lugar do mundo. Quem estendeu a rede para o lugarejo não foi nenhuma das empresa da Telebrás, a estatal que controlava os negócios de telefonia no país. A responsável era a CTBC.
          Os assinantes de Martinésia constituíam-se na melhor prova de que o setor privado, caso conseguisse quebrar o monopólio estatal, não iria operar apenas o filé mignon do setor, as grandes
cidades.
          Considerando números de 1994, a CTBC tinha um desempenho que nada ficava a dever às Baby Bells americanas. Exemplo: a empresa empregou em 1993 4,87 funcionários por 1.000 terminais instalados. Melhor que a Bell Atlantic e a Bell South. E muitos, muitíssimos furos acima da média do sistema Telebrás, então estacionado em 8,1. Mais: na área da CTBC havia quase o dobro de telefones
instalados por 100 habitantes do que a média da Telebrás (13,1 aparelhos, contra 7,4).
          O executivo Mario Grossi, que comandou uma reestruturação no Grupo Algar desde 1989, e que não deixou pedra sobre pedra, salientou no final dos trabalhos, no início de 1994, que o que preocupava, mesmo, era a continuidade do monopólio estatal da telefonia, no qual a CTBC é apenas um enclave. "Queremos a competição e que o cliente decida quem vai lhe prestar serviços", disse Grossi.
          Passaram-se os anos. Veio a privatização do sistema Telebrás.
          No final dos anos 1990 e início dos anos 2000, os ventos não sopraram a favor da companhia, olhando-se o Grupo Algar como um todo. Os problemas começaram com a expansão do grupo em telecomunicações após a abertura do setor, sempre mantendo a operadora CTBC - Companhia 
Telefônica Brasil Central como eixo principal.
          Numa tentativa de conquistar o mercado até então vedado à operadora, a empresa entrou com tudo na privatização da Telebrás em 1998. A CTBC atende a oitenta municípios das ricas regiões da Alta Mogiana, Alto Paranaíba, sul de Goiás, leste de Mato Grosso do Sul e Triângulo Mineiro. O grupo decidiu comprar participações em duas operadoras de telefonia móvel, a Tess, no interior paulista, e a ATL, no Rio de Janeiro. Para entrar no jogo a Algar contraiu uma dívida de 2 bilhões de reais.
          O negócio não se revelou tão interessante porque o grupo não tinha fôlego financeiro para acompanhar os investimentos dos sócios nas duas operadoras. Para evitar o pior a Algar vendeu essas participações.
          Em meados de 1999, a grande dúvida do setor era se o Algar não teria ficado grande demais em pouco tempo. Na ATL, onde a Algar Telecom era majoritária (os outros sócios eram a Williams International Telecom e a SKTI), a intenção era ficar com 51% das ações ordinárias e 35% do capital total. Mas o grupo se viu obrigado a deter 73% do total. Um dos parceiros, a empreiteira Queiroz Galvão, decidiu se concentrar em seu principal negócio, a construção civil. O Algar teve de comprar sua parte por 120 milhões de reais. Depois, o grupo, a pedido do governo, assumiu um terço do capital total da Tess, que estava às voltas com um conflito entre seu acionistas - o grupo sueco Telia, a brasileira Eriline e o empresário paranaense Cecílio do Rego Almeida. Somem-se a isso as obrigações da ATL, que pagou 1,5 bilhão de reais pela concessão, 40% dos quais no ato (a Algar fez um empréstimo-ponte de 250 milhões de dólares, para honrar a sua cota).
(Fonte: revista Exame - 27.04.1994 / Forbes - 18.07.2001 - partes)

7 de dez. de 2023

Grupo Wiz / Enjoy / Mister Wiz

          Em 2017, antes da criação do Grupo Wiz, o empresário Carlos Wizard Martins comprou, por R$ 200 milhões, uma participação de 35% da rede Wise Up, do empresário Flávio Augusto da Silva. “Fiz um acordo com o Flávio Augusto e com o Kinea (fundo parceiro no negócio) que o Wiz não competirá 
com a Wise Up (que é especializada em inglês para adultos)”, diz.
          Considerando números de outubro de 2023, a Enjoy tem uma rede com 210 unidades, em modelo de franquias, e 50 mil alunos.
          Na sema de 16 a 20 de outubro dd 2023, Martins fechou a compra de 50% da rede de ensino de idiomas Enjoy. O negócio consolida a sua volta ao setor, com a formação de um novo conglomerado 
educacional, uma década após vender o grupo Multi, dono da marca Wizard.
          Na última década, depois de investir nos setores de alimentação e de artigos esportivos, ele ainda tirou uma espécie de período sabático, durante o qual se dedicou a atividades filantrópicas na fronteira com a Venezuela e a uma breve e polêmica passagem pela política, durante a pandemia da covid-19 - 
ele trabalhou por um breve período com o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.
          Para se tornar sócio do negócio, Wizard comprou, por valor não revelado, a participação do cofundador Oswaldo Segantim. O outro sócio-fundador da rede, Denis Sá, continuará à frente do negócio. Com a transação, a Enjoy fará parte do novo projeto de educação de Wizard, organizado sob a bandeira de Grupo Wiz, que também vai abarcar a rede Mister Wiz, voltada a ensinar idiomas ao 
mesmo tempo que aborda conteúdos de empreendedorismo.
          Iniciada experimentalmente em 2018, a Mister Wiz decolou a partir da reabertura da economia no pós-pandemia, a partir de 2022, e já tem 100 unidades, em outubro de 2023. Comandada por um de seus filho, Felipe Martins, a Mister Wiz seguirá dedicada a ensinar jovens a empreender. Já a Enjoy seguirá focada em crianças e pré-adolescentes que podem aprender inglês junto com o ensino técnico 
em design gráfico, marketing digital, programação de jogos e programação web.
          “O nosso diferencial está em ensinar essas matérias em conjunto com a prática de inglês, e considerando que o jovem de hoje em dia está mais interessado em startups, em investimentos e em ter um negócio próprio”, diz Wizard. O plano com o Grupo Wiz é replicar o modelo bem sucedido do Multi, que foi vendido por R$ 1,7 bilhão para a britânica Pearson. Desta vez, porém, a meta crescer de forma mais acelerada. Enquanto a Wizard levou 20 anos para chegar às mil unidades, o Wiz quer atingir esse número em sete anos, e ter 2 mil escolas até 2030. A meta é acumular R$ 100 milhões de faturamento nos próximos três anos. “Desta vez, não começamos do zero, sem equipe, estrutura, experiência e dinheiro”, diz Wizard, que buscará essa expansão por meio de aquisições – como fez no 
Multi, que antes de ser vendido realizou diversas aquisições de redes de ensino, como Yázigi, Skill, Microlins e SOS Computadores.
          O retorno de Wizard às franquias de idiomas acontece num momento de recuperação do setor, que sofreu muito durante a pandemia. “Agora, o segmento já voltou ao patamar do período pré-pandemia”, diz o diretor da Associação Brasileira de Franchising (ABF), Rogério Gabriel.
(Fonte: Estadão - 21.10.2023)

6 de dez. de 2023

Banco Mercantil

          O Banco Mercantil era o braço financeiro do grupo Armando Monteiro e tem sua sede no Recife, a capital pernambucana.
          Em 1992, então reputado como um dos mais criativos do Nordeste, o banco extinguiu, por completo, pouco depois de meados do ano, seu departamento de marketing, que foi terceirizado. Nesse processo demitiu, em setembro, a ombudswoman Maria Amélia Soares Parreira, a primeira e até então única defensora de clientes do sistema financeiro local. O quadro de funcionários das 36 agências do banco no país foi reduzido em 20%, para 950 pessoas. Por fim, seguindo a trilha aberta por outros bancos nordestinos, o Mercantil dobrou-se à realidade econômica do país e decidiu reforçar suas operações na Região Sul. Criou uma subsede em São Paulo - onde inaugurou uma agência ao custo de 500.000 dólares na região da Avenida Paulista - para conquistar clientes entre as empresas de médio porte. "Queremos consolidar de vez nossa presença na região mais importante do país", disse Eduardo de Queiroz Monteiro, diretor superintendente do Mercantil.
          A investida do banco na seara paulista tem o respaldo dos números. Pelo menos metade dos depósitos captados e dos empréstimos concedidos pelo Mercantil no país tem por trás clientes da 
Região Sul.
          Para incrementar ainda mais os números, o banco criou uma diretoria regional em São Paulo para cuidar das áreas financeira, de crédito e de vendas. A partir de setembro de 1992, as agências do Rio de Janeiro, de Belo Horizonte, Porto Alegre, Campo Grande, Brasília, Goiânia e Ribeirão Preto passaram a reportar-se a São Paulo, numa tentativa de agilizar as decisões de crédito e as vendas de 
serviços.
          Apesar de voltar seus canhões para o Sul, o Mercantil não pretende abandonar as trincheiras do Nordeste. "Não vamos renegar nossa origem a segundo plano", garantiu Monteiro. O banco mantém sua estratégia de varejo seletivo na região, onde está reforçando os conceitos de telemarketing e auto-
atendimento nas agências.
          O cargo de porta-voz dos clientes votaria a ser preenchido assim que a agência de publicidade Aporte, contratada pelo Mercantil para a assessoria de marketing, reimplantasse o serviço. Segundo Monteiro, o cargo de ombudsman também voltaria.
(Fonte: revista Exame - 28.10.1992)

5 de dez. de 2023

Stuart Bar

          Em 1904, na Rua Comendador Araújo, Joseph Richter e o casal Stuart (origem do nome do bar), fundam o Bar e Confeitaria Stuart. Levava também o nome de confeitaria, pois o estabelecimento vendia doces, salgadinhos e sorvetes. Tinha como funcionários os irmãos Afonso e Leopoldo Mehl.
          Em 1934, os irmãos Mehl compraram o Stuart, e passou a funcionar na esquina das Ruas Voluntários da Pátria e XV de Novembro, na Boca Maldita. Na década de 1950, o dono do prédio em que o bar estava alocado, Artur Hauer, decidiu por demolir o edifício. Constâncio Bocardin, outro comerciante da região, faz aos irmãos Mehl a proposta de ceder a eles o seu ponto, onde ficava uma farmácia.
          Os Mehl aceitaram a proposta em 1954, e o bar se transferiu para o local onde está até hoje, em frente à Praça Osório, esquina com a Alameda Cabral. Três anos depois, em 1957, o prédio que estava sendo construído no antigo lugar do bar ficou pronto, e o proprietário convidou os irmãos a voltarem para lá.
          Eles não entraram em consenso, e a sociedade entre os irmãos foi desfeita. Afonso ficou com o Bar Stuart e Leopoldo abriu a Confeitaria Iguaçu.
          Alguns anos depois, Afonso passou o bar para seu cunhado, Ronald Abrão, o “Ligeirinho”, que já havia trabalhado no Stuart quando criança/adolescente. Ligeirinho foi um dos ícones dos bares curitibanos. Começou com a tradição de realizar sorteios diários de rifas valendo algum animal, como um leitão, peru e frango aos clientes na mesa. “Vai rodar a rifa”, gritava animado no tempo em que se anotava tudo no papel e uma boa caneta que ficava no avental.
          Ao lado do Ligeirinho estava o italiano Dino Chiumento. Chegou ao Stuart em 1949. Era garçom de formação de um restaurante de Morretes, no litoral do Paraná. Foi convidado por Leopoldo Mehl, proprietário na época para trabalhar no Stuart. Aceitou a proposta, carregou por anos a bandeja prateada e depois passou a administrar o bar.
          Ligeirinho saiu da sociedade para montar o próprio comércio, e Dino ficou no comando até 2008, quando Nelson Ferri assumiu. Com uma simpatia peculiar, Ferri retomou eventos aos sábados no Stuart, atraindo novos clientes e turistas.
          Ferri veio a falecer em abril de 2021 de Covid-19.
          No posto, assumiu o Carlos, filho de Nelson Ferri, que contou com a colaboração de expoentes da boemia e da boa conversa.
          O Stuart foi ponto de apuração jornalística. A notícia muitas das vezes estava ali, no meio de uma porção ou outra, jornalistas saiam dali com uma bomba. O bar também recebeu políticos como Roberto Requião, Jaime Lerner (falecido), o governador Ratinho Junior e o pai Ratinho, o atual presidente Lula, ex- jogadores de futebol, como Romário e o saudoso Sicupira.
          Artistas, como o poeta curitibano Paulo Leminski, eram frequentadores assíduos do Stuart. Leminski tinha sua mesa habitual onde costumava se sentar, à entrada do bar, e escrever suas poesias com papel, caneta e um copo de vodca.
          Porta fechando e lágrimas caindo diante de um cenário triste como um copo quebrado. O Stuart, o bar mais antigo do Paraná, o segundo do Brasil, e um dos mais tradicionais de Curitiba, encerrou um ciclo de 119 anos nesta segunda-feira (04). A esquina da Praça Osório com Alameda Cabral, no Centro, ponto de encontro de curitibanos famosos ou anônimos, ficou silenciosa. A expectativa é que o local venha a ser reaberto no primeiro semestre de 2024 com novos donos.
          Aos clientes que passam na frente do Stuart, olhares curiosos e desconfiados para dentro do bar. Com as portas e garrafas de bebida fechadas, o clima é de apreensão quanto ao futuro. Será que o Stuart vai perder sua identidade? Os quadros que comprovam a linha história de Curitiba e personagens folclóricos serão retirados?
          O cardápio com iguarias como testículos de touro, a carne de rã, o rabo de jacaré irão acabar? E o Jorge, mais conhecido como Alemão, garçom das antigas que tira o chope na régua foi demitido? Perguntas que pairam no ar…
          Os questionamentos acima devem permanecer ainda nos próximos dias, pois não se divulgou oficialmente quem vai “tocar” o negócio. Especula-se que uma rede com bares em Curitiba tenha realizado o negócio. O Stuart Bar chegou a estar à venda em 2018, naquela época por Nelson Ferri, que cobrou R$ 1,1 milhão. Ninguém comprou. Nelson Ferri morreu três anos depois, após perder uma luta contra o câncer.
          Bar Stuart, um patrimônio paranaense de 119 anos. Como diria Leminski em suas passagens pelo recinto, “ O Rio é o Mar, Curitiba, o bar”. Que a porta fechada venha a ser apenas um até breve. Já sentimos saudade!
(Fonte: Tribuna do Paraná. 05.12.2023)

3 de dez. de 2023

Bernard L. Madoff Investment Securities

          Bernard (Bernie) Madoff, nascido em 1938, em Nova York, chegou a ser presidente da Nasdaq, uma das maiores bolsas de valores dos Estados Unidos, e fundou, em 1960, a firma de investimentos Bernard L. Madoff Investment Securities. A empresa foi uma das mais importantes de Wall Street, sendo uma das cinco que impulsionaram o desenvolvimento da Nasdaq, onde trabalhou também como coordenador-chefe do mercado de valores.
          Madoff operou um sistema piramidal por décadas que movimentou mais de US$ 65 bilhões. Seus crimes iam desde a pirâmide financeira, inspirada no “esquema Ponzi”, até fraudes eletrônicas e lavagem de dinheiro.
          Seus crimes foram descobertos não por um jornal, mas sim por um cidadão chamado Harry Markpolos, que estranhou o esquema conseguir pagar rendimentos tão altos aos seus investidores.
          Após várias denuncias que não deram em nada e não foram provadas por Harry, os próprios filhos de Madoff o levaram à polícia, por não aguentarem mais ver seu pai pagar bônus milionários a seus investidores sendo que ele estava com dificuldades em pagar as contas de casa.
          Depois de se tornar conhecido e respeitado pelo mercado financeiro americano, onde trabalhou por décadas, Bernie Madoff chocou o mundo quando seu esquema de pirâmide financeira, ou "ponzi", foi revelado, em 2008. Por quase 20 anos, ele conseguiu enganar milhares de pessoas, entre anônimos e celebridades, ricos e pobres.
          O esquema era operado por meio da parte de gestão de fortunas de seu negócio. Era uma clássica pirâmide financeira. Madoff atraiu investidores prometendo retornos extraordinariamente altos sobre seus investimentos. No entanto, quando os investidores entregavam o dinheiro, Madoff apenas o depositava em sua conta bancária pessoal no Chase Manhattan Bank. Ele pagou “retornos” a investidores anteriores usando o dinheiro obtido de investidores posteriores. Os extratos das movimentações dos clientes, mostrando seus supostos lucros, eram completamente falsos.
          O próprio Madoff admitiu que as irregularidades começaram no início dos anos 1990, quando começou a falsificar lucros para agradar investidores institucionais. No escritório no 17º andar do Lipstick Building, em Manhattan, apenas uns poucos funcionários de confiança tinham acesso. Lá, Madoff disse a eles para criar negócios falsos para serem incluídos nos extratos das contas, dando retornos mais elevados a alguns investidores. Certa vez, funcionários colocaram um novo documento falso na geladeira para resfriá-lo depois que ele saiu da impressora e ficaram jogando-o amassado de um lado para o outro para fazer com que parecesse antigo antes de entregá-lo a um auditor.
          O esquema só ruiu com a crise financeira de 2008, a chamada crise do subprime, que levou muitos investidores a tentarem sacar seus recursos aplicados com Madoff. Esses pedidos da saque teriam somado quase US$ 7 bilhões, mas Madoff tinha apenas entre US$ 200 milhões e US$ 300 milhões para honrar esses compromissos.
          Madoff era famoso por manter segredo sobre seus métodos, aumentando o fascínio - e permitindo que ele escapasse da detecção pelas autoridades, apesar de investigações feitas pela Securities and Exchange Comission (SEC, a CVM americana).
          Durante os anos de operação, a empresa passou por oito investigações pela Securities and Exchange Commission (SEC) – a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) norte-americana –, por obter ganhos considerados excepcionais. Com a crise financeira de 2008, o golpe aplicado pelo investidor entrou em colapso, após cinquenta anos de atuação em Wall Street.
          Em 2008, o esquema ruiu, após os clientes solicitarem a retirada do dinheiro do fundo. Em virtude da crise financeira, Madoff não tinha quantia suficiente para bancar a operação.
          O esquema Ponzi de Bernard Madoff em 2008, teria sido de aproximadamente de 64 bilhões.
          Em junho de 2009, Madoff foi condenado a 150 anos de prisão ao ser considerado culpado por onze crimes, incluindo lavagem de dinheiro e fraude, e admitir sua culpa em Nova York. Seu filho, Mark Madoff, de 46 anos, se suicidou em 2010, e seu irmão, Peter Madoff, foi condenado a 10 anos de prisão por cumplicidade no “esquema Ponzi”. Madoff morreu na prisão em abril de 2021, aos 82 anos
          Segundo a série da Netflix, o investidor só fez isso para não ser assassinado por mafiosos de Nova York que haviam sido seus clientes e desejavam matá-lo. Madof foi o investidor responsável pelo maior esquema de pirâmide do mundo.
          Em 2017, a trajetória de Bernie Madoff foi tema do filme “O Mago das Mentiras”, com Robert De Niro e Michelle Pfeiffer no elenco, disponível na plataforma HBO Go.
          O esquema “Ponzi”, como é conhecido, funcionava da seguinte forma: Madoff atraía investidores para seu fundo prometendo grandes retornos, mas o dinheiro que ele dizia aplicar em operações na Bolsa de Valores era, na verdade, usado para financiar os supostos “lucros” dos investidores iniciais.
          O esquema envolve troca de dinheiro em ofertas atrativas, mas sem qualquer produto ou serviço entregue. Nada incomum, o esquema Ponzi já levou a dezenas de fraudes e prisões ao redor do mundo, com promessas de retornos extraordinários e rápidos. 
          O que pouca gente sabe é que o caso que dá nome ao esquema remonta ao início do século XX e pode ser usado para entender como a fraude funciona.
          Charles Ponzi foi o precursor das pirâmides financeiras. Ele criou o chamado “esquema Ponzi”, que é a origem dos famosos e atuais “ganhe dinheiro fácil pela internet”.
          Nascido em 1882, na Itália, Ponzi imigrou para os Estados Unidos em 1903 e tornou-se um dos maiores trapaceiros da história.
          Ponzi entrou no ramo de empréstimos prometendo juros de 50% em 45 dias ou de 100% em 90 dias. Ele pagava juros elevados aos investidores mais antigos com o dinheiro que ganhava dos novos e ainda usava parte do dinheiro para investir em cupons de selos postais, que eram adquiridos com baixo custo em outros países e revendidos por muito mais nos EUA, o que o ajudava também a pagar os clientes.
          No entanto, se ele parasse de conseguir novos investidores, sua corrente entrava em colapso na mesma hora. E foi o que aconteceu.
          Em 1920, o jornal Boston Post decidiu investigar o esquema por desconfiar do alto juro pago a tantas pessoas. Quando o especialista contratado pelo jornal descobriu que deveriam existir mais de 160 milhões de cupons em circulação para cumprir as promessas de Ponzi, mas só tinham 27 mil rodando, a notícia se espalhou e todos os seus clientes pediram o dinheiro de volta na mesma hora, o que o levou à prisão por diversas vezes em vários estados do país. Pnzi foi preso em 1920.
          Ponzi faleceu em 1949, no Brasil, sem nada, na miséria, em um abrigo de indigentes.
          A pirâmide financeira é um modelo comercial não sustentável, caracterizado como fraude e muitas vezes mascarado sob o sistema de “marketing multinível”.
          A prática de pirâmide financeira é proibida no Brasil e configura crime contra a economia popular, segundo a Lei 1.521/51.
          O esquema envolve a troca de dinheiro pelo recrutamento de outras pessoas ou, por exemplo, por postagens diárias de anúncios publicitários da empresa na internet, sem qualquer produto ou serviço ser entregue.
          O esquema paga os lucros prometidos e se mantém firme enquanto houver a entrada de novos participantes na estrutura. Quando ocorre a estagnação de novos participantes, o negócio torna-se insustentável e começa a ruir. É neste momento que o negócio deixa de ser legal e passa a mostrar sua verdadeira face, trazendo enormes prejuízos para os que entraram por último.
          Os relatórios iniciais das investigações feitas pela SEC indicaram que US$ 65 bilhões foram eliminados da Bernard L. Madoff Investment Securities. Mas logo ficou claro que os ativos que Madoff se gabava de administrar existiam apenas no papel.
          No fim das contas, um administrador nomeado pela Justiça estimou que Madoff arrecadou pouco mais de US$ 17 bilhões em dinheiro de clientes por meio do esquema, dos quais foram recuperados cerca de US$ 13 bilhões.
          O esquema de pirâmide de Bernard Madoff atingiu muitos brasileiros endinheirados, que, intermediados por bancos locais, amargaram prejuízos com a descoberta da fraude financeira em 2008.
          Em 2011, o Tribunal de Justiça de São Paulo condenou, em primeira instância, o Itaú a indenizar uma cliente em R$ 176,8 mil por prejuízos na aplicação de um fundo envolvido na fraude. Na ação, o investidor, que não teve o nome revelado, alega ter sido induzido por um gerente do BankBoston, hoje Itaú, a transferir cerca de R$ 200 mil que tinha na instituição na época para uma aplicação mais lucrativa.
          “A abertura da conta se deu no Brasil por sugestão do gerente do banco”, afirmou na ocasião o advogado Paulo Iasz de Morais, que representou o investidor. Ele conta que, apesar de seu cliente ter aceitado a migração, só descobriu que o dinheiro foi para o Fairfield Sentry Fund, que, por sua vez, aplicava nas carteiras geridas por Madoff, quando tentou resgatá-lo, em 2008.
          A Justiça brasileira também chegou a condenar, em primeira instância, em 2014, o Itaú a ressarcir uma cliente em cerca de R$ 355 mil pelas perdas na aplicação no fundo Fairfield Sentry envolvido na fraude do americano. O desembargador que conferiu a decisão alegou que a instituição havia induzido a cliente a fazer o investimento.
          O banco recorreu e conseguiu reverter a decisão em julgamento no Superior Tribunal de Justiça no fim de 2016. Os ministros argumentaram na ocasião que a instituição financeira não era administradora do fundo e se limitou a indicar o investimento, mas manteve o cliente ciente dos riscos.
          Em 2009, o Santander global destinou 1,38 bilhão de euros para indenizações, dos quais grande parte foram destinados a ressarcir investidores na América Latina. O banco conseguiu acertos com 94% dos 4 mil lesados pelo esquema, nos quais trocou valores investidos por ações preferenciais do banco.
          Um grupo relevante de brasileiros também aplicou diretamente no exterior. Esse é o caso de nove clientes representados pelo advogado Renato Faria Brito em uma ação do início de 2009 contra a Securities and Exchange Commission (SEC), que fiscaliza o mercado de capitais americano. Sob o argumento de omissão da SEC, a ação pedia indenização de US$ 65 milhões.
          Tais investidores teriam chegado à Bernard Madoff Investment Securities por intermédio da Haegler, empresa do Rio presidida na época por Alex Haegler, e de sua filha Bianca Haegler, representante da Fairfield Greenwich Group, de Nova York.
          Joseph Safra é conhecido no mercado financeiro pela esperteza que costuma demonstrar nos negócios. Já virou folclore uma afirmação que ele teria feito certa vez ao comentar sua filosofia de trabalho: "Eu gosto de negócio que é bom para os dois - para mim e para o Moise (seu irmão e sócio em vários negócios). Em dezembro de 2008, porém, o Safra teria sofrido um revés. O banco "vendia" no Brasil um fundo que aplicava dinheiro dos clientes com o americano Bernard Madoff, acusado de uma fraude de US$ 50 bilhões, numa pirâmide financeira. O banco teria perdido US$ 300 milhões de brasileiros investidos com o fraudador. A descoberta da fraude de Madoff aconteceu num efeito ironicamente positivo da crise financeira: sem ela, talvez esse tipo de fraude não fosse descoberta.
(Fonte: Estadão - 07.01,2023 / wikipédia / InfoMoney - 14.04.2021 / Valor -15.04.2021 - partes)


2 de dez. de 2023

Cervejas Puerto del Sol / Puerto del Mar

          Por séculos o México só teve uma cerveja colonial encorpada, até que um cervejeiro alemão transgressor resolveu dar ao povo do México uma cerveja leve e refrescante. Ele criou a El Sol, que mais tarde se tornaria Sol.
          Velha conhecida dos mexicanos, a tradicional cerveja Sol foi lançada em 1899 pela CerveceríaCuauhtémoc Moctezuma (principal unidade de negócios da Cervejaria Femsa), fundada em 1890 na cidade de Monterrey. Tornou-se extremamente conhecida por sua garrafa transparente com o rótulo impresso diretamente no vidro.
          Em 1993, baseado em pesquisas de mercado, a cerveja foi relançada no mercado mexicano tendo como público alvo os consumidores jovens.
          No Brasil, a Sol foi lançada em outubro de 2006, apontada como a futura líder de mercado. A nova fórmula da cerveja foi elaborada seguindo resultados obtidos em 180 dias de pesquisas e análises sobre o mercado cervejeiro brasileiro e as preferências do consumidor. O novo produto foi apresentado por mega-campanha publicitária estimada em R$ 150 milhões (de um total de R$ 250 milhões investido ao longo do ano). A Femsa pretendia recuperar o mercado perdido pelas marcas Kaiser e Bavaria, que então não passavam de 7,8%.
          Os concorrentes tentaram atrapalhar. A Ambev tem profissionais dedicados a monitorar o mercado e descobrir possíveis novidades para que a empresa prepare contra-ataques. A tática foi usada antes do lançamento da Sol, da Femsa. A empresa começou a vender um produto batizado de Puerto del Sol, com a clara intenção de desgastar a cerveja rival que chegaria ao mercado meses depois. A garrafa de 600ml chegou fácil a alguns bares, estampando um rótulo com muito sol e um mexicano com bigode avantajado. A Puerto del Sol, que foi banida judicialmente em ação da então Femsa contra a Ambev.
          A Ambev lançou também, em 2007, a cerveja Puerto del Mar, também com um mexicano a caráter no rótulo, fabricada por sua unidade de Jacareí (SP). Como "Latin Beer", estampava no rótulo Cerveja Pilsen com espírito latino, produzida especialmente para ser apreciada na frente do mar.
          A Puerto del Mar também foi retirada do mercado por alusão à Sol. Nesse caso teve até questão de publicidade. A Sol teria um slogan que seria uma cerveja nem forte, nem fraca, no ponto e terminava com um "coral" é ponto, é ponto, é ponto. E a Ambev fez um comercial que terminava com é puerto, é puerto...

1 de dez. de 2023

Archx Capital

          A Archx Capital é um banco de investimento que nasceu com sócios da Yards, projeto capitaneado pelo ex-diretor do Bradesco Leandro Miranda.
          Após sair do Bradesco, Miranda começou a criar a Yards com sócios. Por uma divergência – alguns achavam que a Yards deveria ser principalmente uma gestora de recursos –, um grupo resolveu pelo projeto da Archx, que é ter mais força na operação de banco de investimento.
          A Archx Capital deve colocar no mercado em breve suas primeiras ofertas, uma debênture incentivada de R$ 110 milhões e um fundo de recebíveis de R$ 80 milhões, este último para uma empresa que nunca acessou o mercado de capitais.
          Para o começo de 2024, a empresa vai vender até 10% de seu capital, em uma tentativa de levantar R$ 50 milhões com um grupo de executivos da Faria Lima. O objetivo é usar esse dinheiro para abrir escritórios nas capitais de todo o Brasil, além de fazer novas contratações de executivos. Parte do dinheiro vai ser usada para dar garantia firme em captações de empresas, conta Miranda.
          A Archx também vai entrar na gestão de fortunas, com a criação de escritório no mesmo modelo de sociedade com assessores de investimento. O objetivo do grupo, hoje com 80 pessoas, é atuar em nicho pouco explorado pelos bancos de investimento, como o de empresas menores que nunca acessaram o mercado de capitais.
          A proposta é dar aconselhamento, inclusive em ESG, estruturar operações de captações com emissão de títulos ou ações, e acessar investidores que buscam estratégias específicas, incluindo fusões e aquisições. A Archx vai inaugurar ainda uma frente em serviços bancários para essas empresas, mas sem abrir um banco.
          O grupo está próximo de fechar acordo com quatro bancos médios para oferecer crédito em linhas como capital de giro. “Falta crédito para empresas brasileiras emergentes”, diz Miranda.
          Um dos objetivos é capturar clientes desses bancos, que não têm áreas consolidadas de banco de investimento. Para chegar a essas empresas, criou uma rede pelo país com mais de 70 ex-bancários, boa parte aposentados do BB.
          Nas últimas semanas, a empresa ganhou novos sócios, como Sylvio Ribeiro, vindo do Credit Suisse, que vai encabeçar a renda variável, e Bernardo Costa, que fez carreira nas agências Fitch e Moody's. Para coordenar ofertas públicas, a Archx entrou com pedido de autorização na Comissão de Valores Mobiliários.
(Fonte: Estadão - 01.12.2023)