Produzida na Fazenda Soledade, em Nova Friburgo (RJ), por Vicente Bastos Ribeiro, que hoje produz a linha Cachaça Soledade, a marca nasceu em 1975 e foi uma das cachaças pioneiras na busca do mercado internacional. Também marcou época com a garrafinha de terracota.
Em 2006, a marca foi adquirida pela Diageo, em um dos primeiros movimentos das empresas globais de destilados no mercado brasileiro. No entanto, o conglomerado que tem em seu portfólio marcas gigantes como Johnnie Walker ou Smirnoff parece não ter encontrado uma forma de encaixar em sua operação a marca de cachaça artesanal fluminense, com sua pequena escala de produção. Tanto que a Diageo acabou investindo em uma outra marca de cachaça, bem maior e com muito mais capilaridade, a Ypióca, em 2012.
Depois disso, a Nega Fulô foi caindo lentamente no ostracismo. No I Ranking Cúpula da Cachaça, em 2014, ela ainda apareceu com uma excelente 11ª colocação, mas não chegou entre as finalistas nas edições seguintes.
Em junho de 2021, a icônica Cachaça Nega Fulô sai do mercado. A Diageo confirmou no dia 25, que a Cachaça Nega Fulô terá sua comercialização descontinuada. “A Diageo, maior empresa de bebidas destiladas do mundo, informa que descontinuou a venda da cachaça artesanal Nega Fulô, como parte da prática de revisão periódica de seu portfólio”, disse a empresa, confirmando as informações que circulavam desde cedo entre os devotos do destilado nacional.
A notícia pegou de surpresa o mundo da cachaça, ainda que a Cachaça Nega Fulô fosse, de fato, uma espécie de relíquia de um outro momento do mercado.
Uma das cachaças mais conhecidas do Brasil na primeira década do século, a marca foi aos poucos perdendo a relevância. Não tinha nenhuma presença digital – sequer um site próprio ou páginas nas redes sociais. Mas, ainda assim, seguia e segue sendo um nome muito presente na mente dos devotos.
Em um comunicado que a Diageo dirigiu aos clientes, a empresa disse que as vendas “estão suspensas em caráter definitivo e com efeito imediato” e que “concentra seus esforços e estratégia de crescimento dentro da categoria de Cachaça na marca Ypióca, que possui produtos que atendem a diversos níveis de preço, perfis de sabor e canais de venda”.
Apesar disso, a empresa tem desafios também com a Ypióca, que entre 2017 e 2019 teve um recuo acima de 10% em suas vendas totais. No ano passado, o scotch whisky e o gim garantiram ótimos números para a Diageo no Brasil, mas as vendas de cachaça, incluindo todas as marcas do setor, caíram como um todo.
Dentro desse cenário difícil, não parece fazer sentido para o colombiano Gregorio Gutierrez, que comanda a Diageo Brasil desde 2017, manter viva uma marca que, apesar de tão ligada à história e ao desenvolvimento da cachaça como a Nega Fulô, apresenta números tão modestos.
Nega Fulô e a Fulô são marcas icônicas, e permanecerão na memória de tantos e da história da cachaça. Foi provavelmente a primeira marca de cachaça a diferenciar sua garrafa, em terracota e em vidro. A charme das garrafas numeradas, com a chancela da assinatura do Vicente Bastos, além do posicionamento premium da marca, foram conquistas muito significativas. A Fazenda Soledade prossegue firme no mercado interno e externo, com seus produtos premium, seu dinamismo e competência. Está aí, como legítima sucessora da Nega Fulô.
(Fonte: Devotos da Cachaça - 18.06.2021)
O blog "Origem das Marcas" visa identificar o exato momento em que nasce a marca, especialmente na definição do nome, seja do produto em si, da empresa, ou ambos. "Uma marca não é necessariamente a alma do negócio, mas é o seu nome e isso é importante", (Akio Morita). O blog também tenta apresentar as circunstâncias em que a empresa foi fundada ou a marca foi criada, e como o(a) fundador(a) conseguiu seu intento. Por certo, sua leitura será de grande valia e inspiração para empreendedores.
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25 de jun. de 2021
Nega Fulô
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