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11 de set. de 2024

Complexo de Energias Boaventura (ex-Gaslub / ex-Comperj)

          Em 2006, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva colocou a pedra fundamental da obra de 
construção da Comperj.
          Inicialmente, o projeto foi idealizado com objetivo de atrair o setor petroquímico para Itaboraí, um município pobre do Estado do Rio de Janeiro. Após interromper as obras por suspeitas de 
corrupção, o empreendimento ficou resumido à Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN).
          Quando as obras foram iniciadas, em 2008, no segundo mandato de Lula, o Comperj tinha previsão de entrar em operação em 2012.
          O complexo chegou a ser um dos símbolos da corrupção que originou a Operação Lava Jato na Petrobras, em 2014. Ao ser lançado, o investimento girava em torno de US$ 6 bilhões, valor que 
aumentou progressivamente até cerca de US$ 14 bilhões – apesar de o projeto não ter saído do papel.
          À frente do primeiro projeto, esteve o engenheiro Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras. Condenado no âmbito da Lava Jato, virou o primeiro delator da operação. Quando ainda era executivo da estatal, Costa costumava atribuir os atrasos no cronograma às sucessivas chuvas que, segundo ele, impediam a continuidade da terraplenagem do terreno. Ele morreu em 2022, 
vítima de câncer.
          Os desmandos foram tantos que até hoje não se conseguiu chegar a um cálculo exato dos prejuízos da aventura desvairada que foi a versão original. Um acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU) de fevereiro deste ano destaca que, entre os atos de gestão temerária praticados entre os anos de 2006 e 2015, provocou prejuízo a aprovação da transformação do projeto “orçado em US$ 8,4 bilhões 
na Fase II de desenvolvimento, para o Complexo Comperj, orçado em US$ 26,9 bilhões”.
          O relatório do ministro Vital do Rêgo ressalta que a própria Petrobras informou ser “autora, seja individualmente, seja em conjunto com a União e/ou o Ministério Público Federal (MPF), em 32 ações de improbidade administrativa e atua como assistente de acusação do MPF em 85 ações penais, ações nas quais são pleiteados cerca de R$ 14 bilhões a título de ressarcimento e R$ 40 bilhões a título de 
multa”.
          Não se sabe qual será o custo da obra após a retomada. Mas, além das conhecidas denúncias de fraudes e superfaturamento, chama a atenção o desperdício de dinheiro em razão da necessidade de pôr abaixo parte do que foi construído. “Vou ter de desfazer para depois fazer”, disse a executiva da 
Petrobras, explicando a dificuldade de calcular o orçamento.
          O Comperj, que virou Gaslub na gestão Bolsonaro e agora foi rebatizado para Complexo de Energias Boaventura, é a expressão de uma era marcada por um sem-número de lançamentos de pedras fundamentais e “inaugurações” de obras inacabadas, projetos de custo exorbitante, uso indevido de 
recursos públicos, corrupção e pressão do governo sobre investidores privados.
          Mas Lula da Silva, como se sabe, não se emenda. Decerto na expectativa de reescrever a história, quer fazer do Comperj um dos símbolos de sua vitória sobre a Lava Jato. No discurso lulopetista, foi a operação anticorrupção que atrapalhou a Petrobras e arruinou o desenvolvimento do País. Com a retomada e a inauguração do Comperj, Lula decerto considera que está reparando uma injustiça – ao custo de bilhões para todos os brasileiros.
          Dezoito anos após o lançamento de sua pedra fundamental pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e 16 anos após o início das obras, o antigo Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), atual Gaslub, em 11 de setembro de 2024, a primeira operação comercial com o processamento de gás natural vindo do pré-sal. No dia 13 ocorreu a cerimônia para marcar o início da operação. O projeto agora é uma versão que une a produção de gás natural e de lubrificantes.
          Ao Estadão/Broadcast, a diretora de Engenharia, Tecnologia e Inovação da Petrobras, Renata Baruzzi, informou que a nova data para que todo o projeto entre em operação é 2029. Nos corredores da empresa, também vem sendo dito que a intenção da Petrobras é mudar novamente o nome do polo, mas
que a presidente da estatal, Magda Chambriard, ainda não bateu o martelo.
          Em 13 de setembro de 2024, em Itaboraí (RJ) foi realizada a inauguração do complexo de Energias Boaventura, antigo Comperj, da Petrobras. Segundo a empresa, esse polo industrial “é composto pela maior unidade de processamento de gás natural (UPGN) do país e receberá gás do pré-
sal da Bacia de Santos, transportado por meio do gasoduto Rota 3, que também iniciará operação”.
Atualmente, a empresa não informa quanto já investiu ou planeja investir no Gaslub.
          Agora, ganhou uma nova configuração, com unidades de produção de combustíveis e lubrificantes, além de duas térmicas que aguardam o leilão de reserva de capacidade do governo,
sendo uma de 600 megawatts e outra de 1.200 megawatts.
          Com o início das operações, serão processados 10,5 milhões de metros cúbicos diários (m³/d) de gás natural, volume que vai subir para 21 milhões quando o segundo trem da UPGN ficar pronto – o que deve ocorrer em outubro de 2024.. O volume produzido ajudará a substituir as importações feitas pela estatal para atender seus clientes, mas terá sobra para o mercado. Do total, 18 milhões de metros cúbicos por dia virão do pré-sal, e mais 3 milhões de m³/d do Terminal de Cabiúnas, também da Petrobras – uma unidade que forneceu o gás para o chamado comissionamento, uma etapa antes da
operação comercial.
          A UPGN é apenas parte do Gaslub. Outras licitações já estão em andamento, como as unidades de produção de diesel, querosene de aviação (QAV) e lubrificantes. Uma biorrefinaria, porém, ainda está sendo estudada. Os planos são de produzir 12 mil barris por dia de óleos lubrificantes grupo 2; 75 mil barris por dia de diesel S10 e 20 mil barris por dia de querosene de aviação de baixo teor de enxofre.
(Fonte: Estadão - 10.09.2024 / 16.09.2024 - partes)

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