O blog "Origem das Marcas" visa identificar o exato momento em que nasce a marca, especialmente na definição do nome, seja do produto em si, da empresa, ou ambos. "Uma marca não é necessariamente a alma do negócio, mas é o seu nome e isso é importante", (Akio Morita). O blog também tenta apresentar as circunstâncias em que a empresa foi fundada ou a marca foi criada, e como o(a) fundador(a) conseguiu seu intento. Por certo, sua leitura será de grande valia e inspiração para empreendedores.
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15 de fev. de 2024
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31 de out. de 2011
Atlantic (distribuidora de combustíveis)
No final do ano de 1993, a Atlantic do Brasil, então a 13ª maior companhia privada do país, foi comprada pela Ipiranga, num negócio de 265 milhões de dólares. A Atlantic exigia garantias para se certificar de que o grupo brasileiro honraria o vultoso compromisso financeiro envolvido na transação. Mesmo tendo o JP Morgan como coordenador da operação, João Pedro Gouvêa, da Ipiranga, acabou batendo à porta do Bradesco, na Cidade de Deus, para tratar do assunto num almoço com Lázaro Brandão. Ao recebê-lo, Brandão não economizou palavras. Foi logo dizendo: "De quanto vocês estão precisando para fechar o negócio com a Atlantic? Podem contar com a gente".
De acordo com o jornal O Globo, a compra da Atlantic foi a maior negociação até então realizada por uma empresa privada nacional.
No início de setembro de 1994, a composição da diretoria foi anunciada aos funcionários da nova empresa. Dos seis escolhidos, apenas um era oriundo da Atlantic: Fernando Guimarães, responsável pela área de recursos humanos. Os demais diretores sofreram o que se chama de downgrading - ou seja, foram rebaixados a cargos de gerentes. Ao presidente da Atlantic, James Robertson, foi reservado o cargo de assessor da Isapar, a holding que controla a Ipiranga.
O prédio onde funcionava a Atlantic na Praia do Flamengo, no Rio de Janeiro, foi esvaziado aos poucos.
Com essa aquisição, a Ipiranga consolidou sua posição entre as maiores empresas de distribuição de combustíveis do país.
(Fonte: revista Exame - 12.05.1993 / 05.01.1994 / 20.07.1994 / 28.09.1994 - partes )
6 de out. de 2011
Ipiranga
Em 7 de setembro de 1937 foi fundada a Refinaria de Petróleo Riograndense, na cidade de Uruguaiana e que marcou também a fundação da Petróleo Ipiranga. Fundada pelos empresários Eustáquio Ormazabal e João Francisco Tellechea em associação com investidores uruguaios e argentinos, a Ipiranga logo adquiriu um longeva composição acionária.
Na década de 1940, a Ipiranga ampliou a sua gama de produtos, passando a produzir solventes, asfalto, lubrificantes e inseticidas no Brasil, pois as importações desses e outros produtos foram restritas, com a Segunda Guerra Mundial. A refinaria chegou a parar suas atividades durante a guerra, porém retomou-as com o seu fim. Mais tarde, em 1953, entraram em funcionamento as unidades de craqueamento térmico, adquiridas nos Estados Unidos, que permitiram a fabricação de novos combustíveis.
Em 1957, a Ipiranga dividiu suas operações de distribuição de combustíveis em duas empresas, a Distribuidora de Produtos de Petróleo Ipiranga S.A. (DPPI), responsável pela Região Sul e a Companhia Brasileira de Petróleo Ipiranga (CBPI), abrangendo todas as outras regiões.
Dois anos depois, em maio de 1959, a Ipiranga comprou a Gulf Oil Brasil, ampliando sua atuação no território brasileiro. A Gulf, então com 400 postos de serviço, resolveu deixar o Brasil. Essa aquisição, comandada pelo advogado João Pedro Gouvêa Vieira, um dos controladores da Ipiranga, catapultou a então pequena Ipiranga, que só atuava no Sul, para os grandes centros. Juntas, a CBPI e a DPPI passaram a representar 10% do mercado nacional. O negócio despertou certa suspeita. Era uma operação inédita no Brasil: pela primeira vez uma companhia estrangeira passava para o controle de um grupo nacional. Houve acusações de que a Ipiranga não passaria de um mero testa-de-ferro da Gulf. "O presidente Juscelino Kubitschek negou-se a inaugurar o primeiro posto Ipiranga no Rio", disse Gouvêa Vieira.
A partir da década de 1960, a Ipiranga iniciou a sua diversificação em outros setores, como pavimentação, química, petroquímica, fertilizantes, insumos agrícolas, pesca, agricultura, reflorestamento, administração e hotelaria. Essa estratégia ajudou a companhia a resistir ao "choque do petróleo" de 1973.
A atividade no setor petroquímico começou tímida dentro do grupo, com a formação da Polisul em sociedade com a Hoechst alemã e a estatal Petroquisa, no final dos anos 1970.
Em 15 de maio de 1992, após um leilão disputado, realizado na Bolsa do Rio de Janeiro, o grupo Ipiranga alcançou uma posição cobiçada no setor petroquímico. Através da Polisul, da qual detém um terço do capital, e junto com a PPH e a Poliolefinas, arrematou 30% do capital da Copesul.
O setor petroquímico passou a representar cerca de 30% de seus negócios. A área química do grupo Ipiranga era comandada pelo engenheiro carioca Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, nascido em 1948, filho de João Pedro, o patriarca de uma das cinco famílias que então controlavam o grupo e presidente do conselho de administração.
A aposta no setor petroquímico foi ratificada em julho de 1992: junto com a Shell, Suzano e Petroquisa, o grupo Ipiranga inaugurou em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, a Braspol, uma fábrica de polipropileno que mais tarde seria incorporada à holding Polibrasil.
Em 1993, a Ipiranga demorou seis meses para comprar a rede de postos Atlantic no Brasil. Nomes fictícios (com o código Med) foram criados para manter o sigilo, montou-se uma grande operação financeira para levantar o dinheiro envolvido e todas as idas e vindas dos executivos foram reservadas. Um roteiro típico de espionagem. A Ipiranga consolidou sua posição entre as maiores empresas de distribuição de combustíveis do país. De acordo com o jornal O Globo, a compra da Atlantic foi a maior negociação até então realizada por uma empresa privada nacional. Na ocasião, a Ipiranga herdou 11 pontos da franquia am/pm. Eles não foram comprados pela Ipiranga e continuaram pertencendo à americana Arco (Atlentic Richfield Company), antiga controladora da Atlantic. Na expansão para outros postos, a marca seria usada com pagamento de royalties. A Atlantic era a 13ª maior companhia privada do país. O negócio, de 265 milhões de dólares, também teve Gouvêa Vieira, presidente do conselho de administração, como um dos comandantes, e a Ipiranga passou a dominar 19,7%% do mercado nacional de derivados de petróleo, com perto de 5.800 postos de gasolina. Acrescentou à sua rede de 3.125 postos mais 2.650. Somadas, as duas companhias faturavam 4,3 bilhões de dólares, ocupando a terceira colocação no mercado brasileiro de distribuição de derivados. O negócio, selado em 19 de outubro de 1993, deu origem àquele que se tornou o maior grupo privado nacional. O grupo removido do topo foi o Garantia (Brahma, Lojas Americanas, Banco Garantia) do banqueiro Jorge Paulo Lemann. O número de funcionários passou de 6.350 para 7.800 com a aquisição da Atlantic. No ano seguinte, a empresa lançou a Jet Oil, franquia de serviços automotivos e troca de óleo.
Em 2001, as famílias donas da Ipiranga concordaram em vender a empresa a um grupo formado por Petrobras, fundos de pensão e outros investidores. No início de 2002, porém, parte dos controladores teria mudado de ideia e estaria então interessada em passar para a frente apenas a área petroquímica.
Em março de 2007 o controle acionário do Grupo Ipiranga foi vendido para as empresas Petrobras, Ultra e Braskem. A operação foi considerada, na época, o maior negócio já realizado no Brasil. Com a venda, o Ultra assumiu a rede de distribuição de combustíveis da Ipiranga nas regiões Sul e Sudeste, bem como a marca Ipiranga. Já a Petrobras ficou com a parte do grupo nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. O grupo Ultra continuou operando com a marca Ipiranga, mas a Petrobras só pôde utilizar o nome Ipiranga por até cinco anos, enquanto substituiu gradualmente os postos pela sua marca, a BR. Já o controle da Refinaria Ipiranga no Rio Grande do Sul foi dividido em partes iguais pela Petrobras, Grupo Ultra e Braskem que se comprometeram em manter as atividades.
Em 2008, o Ultra comprou a distribuição de combustíveis da Texaco no Brasil, com bandeira presente em 1986 postos no país. Com isso, a Ipiranga assumiu os postos da marca e voltou a ter presença com rede própria nas regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste. De acordo com o contrato, o Ultra poderia manter a marca Texaco por cinco anos, devendo substituí-la posteriormente pela bandeira Ipiranga. Com a compra, o Ultra passou a deter 23% do mercado brasileiro de combustíveis transformando-se na segunda maior companhia de distribuição de combustíveis do Brasil.
Em outubro de 2010, o Ultra adquiriu 100% da Distribuidora Nacional de Petróleo (DNP), ampliando, com os 110 postos adquiridos, o volume da Ipiranga em 40% nos estados de Amazonas, Rondônia, Roraima, Acre, Pará e Mato Grosso.
Em junho de 2016, o grupo Ultrapar adquire, através de sua subsidiária Ipiranga, por 2,168 bilhões, a Alesat Combustíveis, com sede em Natal (RN), dona da rede de postos Ale. São 2 mil postos e 260 lojas de conveniência, além de uma infraestrutura composta por 10 bases logísticas. A rede Ale tem forte presença no Nordeste e complementa geograficamente a rede de postos da Ipiranga, que possui menor participação. Mas, esse negócio ainda está sendo analisado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica - Cade.
No segmento de lubrificantes, a Ipiranga celebra, em agosto de 2016, acordo com a maior empresa petrolífera americana, a Chevron, para unir seus ativos de lubrificantes em uma nova companhia que já nasce vice líder do mercado com vendas anuais de pelo menos R$ 2 bilhões. A integração da terceira (Chevron) e quarta (Ipiranga) maiores produtoras de lubrificantes no Brasil resultará numa participação de mercado de 22,5%. As companhias vão operar independentes até aprovação do Cade. A Chevron Lubrificantes ficará com 44% da nova empresa e espera se beneficiar com a rede de distribuição da Ipiranga. A Ipiranga, por sua vez, ficará com 56% e ganhará acesso à tecnologia da Chevron.
Em outubro de 2010 a varejista (lojas de conveniência) do grupo am/pm tinha 1013 pontos de venda. As padarias am/pm somavam 49 unidades. O embrião da rede ocorreu em 1993 quando a Ipiranga comprou a Atlantic do Brasil e herdou 11 pontos da franquia am/pm.
No fim de 2021 assume o comando da empresa o administrador de empresas Leonardo Linden. A pandemia de covid19 ainda era uma realidade e além desse desafio, o executivo também se deparou com uma empresa com margens descoladas das principais concorrentes.
Sob o comando de Linden, a Ipiranga limpou perto de mil postos, e ficou com cerca de 6 mil postos (bandeira Ipiranga). Esse processo corretivo terminou no terceiro trimestre de 2023. Segundo Linden há uma cultura no setor de medir crescimento por número de postos. É um elemento, mas esquecemos de olhar produtividade da rede e qualidade dos investimentos.
Considerando números de dezembro de 2023, a Ipiranga tem cerca de 6.000 postos, 1,6 mil lojas de conveniência e 1,1 mil Jet Oil, a maior franquia de serviços automotivos do País.
(Fonte: revista Exame - 10.06.1992 / 27.10.1993 / 05.01.1994 / 28.09.1994 / 23.01.2002 / 24.11.2004 / jornal Folha de S.Paulo - 19.03.2007 / informativo Espresso Financista - 13.06.2016 / jornal Valor Internacional - 05.08.2016 / MotorShow - 14.03.2023 / Estadão - 18.12.2023 / Valor - 14.05.2024 - partes).
2 de out. de 2011
Ultrapar (Grupo Ultra)
Ultragaz, que se confunde com a história do próprio grupo Ultra;
Extrafarma - comprada em 2013, marcando a entrada do grupo Ultra no mercado farmacêutico, a Ultrafarma tem 430 lojas, em 12 estados, considerando meados de 2019. Na noite do dia 17 de maio de 2021, a rede rival de varejo de farmácias Pague Menos fechou a compra da Extrafarma por 600 milhões de reais. A compra da Extrafarma elevará em mais de um terço o número de lojas da Pague Menos, para 1.503 unidades. O negócio torna a empresa a segunda maior varejista de drogarias do Brasil, atrás apenas da RD, dona das bandeiras Raia Drogasil (RADL3) e Droga Raia.
Km de Vantagens / Abastece Aí! - Em final de julho de 2020, o Ultra informa que está entrando em um novo mercado, o de serviços financeiros. Com foco em pagamentos digitais, a sexta empresa do grupo nasce ancorada no programa de fidelidade Km de Vantagens e no aplicativo Abastece Aí!, ambos de sua distribuidora de combustíveis, a Ipiranga, e oferecerá, além de uma conta de pagamentos digitais, descontos e “cashback” também fora dos postos da rede.
O grupo Ultrapar anunciou em 21 de novembro d 2022, a assinatura de compra da totalidade da transportadora de gás natural comprimido (GNC) NEOgás por 165 milhões de reais. O negócio marca a entrada da Ultragaz, empresa distribuição de gás natural da Ultrapar, no segmento GNC. “A NEOgás é uma plataforma ideal para viabilizar oportunidades de distribuição do biometano”, afirmou a Ultrapar no comunicado. A NEOgás foi criada em 2000 e é pioneira no segmento de transporte de GNC no Brasil, segundo a Ultrapar. A empresa atende mercados industriais, veicular e parcerias com distribuidoras de gás natural. A companhia possui seis bases de compressão nas regiões Sul e Sudeste e 149 semi-reboques para distribuição de GNC. Em 2021, a NEOgás distribuiu mais de 100 milhões de metros cúbicos, afirmou a Ultrapar.
English version:
Ultrapar, is a holding company which operates in such segments as fuel distribution (Ipiranga and Ultragaz), specialty chemicals (Oxiteno), liquid bulk storage (Ultracargo), and pharmaceutical retail (Extrafarma).
Ultralar
É que o Brasil era um país agrário e o que valia aqui eram os fogões a lenha. A Ultragaz então montou o que seria uma “loja de fábrica” para vender fogões a gás e alavancar o negócio de GLP, o gás liquefeito de petróleo, popularmente chamado de gás de cozinha.
A rede de lojas de eletrodomésticos Ultralar cresceu e se diversificou, passando a vender de tudo e nos anos 1970 abriu inclusive, em São Paulo, um hipermercado, o Ultracenter, na Marginal Pinheiros, que mais tarde foi comprado pela rede Carrefour.
A rede se popularizou nas décadas de 1970 e 1980. Seu público era formado por consumidores de baixa renda.
Em 1988, já sob o guarda-chuva da Susa, holding que reunia a Vendex e o grupo Malzoni, a empresa fechou as portas de suas lojas paulistas, início de um processo de encolhimento. O objetivo era revitalizar a rede e tornar seus balanços mais atraentes, mas não adiantou. No início da década de 1990 as receitas eram decrescentes.
Quando visitou o Brasil, em outubro de 1992, o holandês J. Hessels, presidente mundial do grupo Vendex, recebeu uma carta datilografada em quatro laudas. No texto, três executivos da rede de lojas Ultralar, um dos negócios da Vendex no Brasil, faziam uma proposta de compra da empresa, num caso típico de management buyout. A surpresa e o pioneirismo não impediram a agilidade na decisão. Em 30 de dezembro (1992), Carlos Henrique Bocayuva Carvalho, Luiz Carlos Silva e João Saborido Vicente, os três executivos, assinaram o contrato de compra. O negócio foi fechado por 2 milhões de dólares, em condições facilitadíssimas. A Vendex, por sua vez, abriu mão de um negócio incômodo, desfocado de sua estratégia para os anos seguintes. Foi mais um passo também no encolhimento da subsidiária brasileira. Em anos anteriores, a Vendex, então dona do Bob's, na época com 83 lojas, livrou-se de vários negócios no país, entre eles a Sears.
No ano 2000 foi decretada a falência da Ultralar e a maioria das lojas foi comprada pelo grupo Casas Bahia.
(Fonte: revista Exame - 06.01.1993 / Desafio Mundial - msn - 29.07.2018 / 28.09.2018 - partes)