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12 de nov. de 2020

Banco Crefisul

          O Banco Crefisul foi adquirido em janeiro de 1978 por Henrique Sergio Gregori, quando foi convidado pelo Citibank para formar uma sociedade. O Citibank procurava um sócio brasileiro com 
experiência internacional. Mais tarde, passaram a fazer parte da sociedade os herdeiros e sucessores de Gregori, através da empresa BCH Participações S/C Ltda.
          A administração do Crefisul sempre contou com a experiência de profissionais do mercado e do Citibank. Inclusive a função de diretor superintendente, por decisão dos sócios Gregori e Citibank, era 
ocupada por funcionários do Citibank.
          Em 1989, Gregori iniciou conversações com o Citibank visando a reestruturação da organização, redefinição dos objetivos e do futuro do banco, possivelmente passando pela alienação das ações do 
Banco Crefisul a terceiros.
          Entre 1990 e 1992, Citibank e os herdeiros e sucessores de Henrique Sergio Gregori implementaram a reestruturação organizacional do Crefisul e, entre várias medidas, eliminaram o cargo de diretor superintendente, transferindo suas funções ao presidente. O cargo de presidente passou a ser preenchido por funcionário do Citibank, de forma a preparar o banco para o término da associação da família Gregori com o Citibank. Nessa época, passou pelo Crefisul o executivo Alvaro de Souza, que ocupara o cargo de superintendente da área de investimentos do Citi. Em maio de 1992, ele retorna ao Citibank no Brasil e assume a presidência.
          Por volta de 1994, com a regulamentação dos bancos múltiplos, Citibank e Crefisul caminhavam para atuar nos mesmos segmentos do mercado financeiro, terminando a complementaridade entre as 
instituições, fator essencial para parceria de sucesso almejada por Gregori.
          Em comunicado de 9 de agosto de 1994, a BCH Participações informa a venda do banco Crefisul ao grupo Itamarati.
(Fonte: revista Exame - 23.12.1992 / 17.08.1994 - partes)

Banco / Corretora Fator

          O Banco Fator foi fundado em 1967, inicialmente como uma corretora, que foi fundada por Ivan Sant'Anna, em sociedade com a financeira Decred. A Fator Corretora de Títulos S.A. foi fundada no Rio de Janeiro, na travessa do Ouvidor, dentro do conglomerado financeiro, comercial e industrial, conhecido como grupo Ducal.
          De início, a corretora funcionava no jirau da loja da financeira Decred. Era somente o fundador, Ivan Sant'Anna, uma secretária e um office boy. Logo o espaço se mostrou insuficiente para a empresa, que se mudou para o número 19 da mesma travessa, onde ocupou um andar inteiro. Agora, havia vários operadores de pregão (Ivan, inclusive), operadores de telefone (que passavam ordens para a Bolsa), brokers, que se comunicavam com os clientes, back office, contabilidade etc. Sempre na travessa do Ouvidor, a corretora se mudou para o nº 23, ocupando todo o prédio (uns três ou quatro andares). Havia uma sala só para as meninas que passavam as ordens para a Bolsa, um salão para os assessores (que foi como a corretora passou a chamar os brokers), mesa de renda fixa, setores administrativos etc. A Fator saiu da travessa do Ouvidor e foi para a avenida Rio Branco, onde alugou, e reformou luxuosamente, dois andares no edifício Martinelli, ao lado do prédio do Jornal do Brasil.
          A Fator era ligada a um enorme conglomerado, com cadeias de lojas de roupas (Ducal), de venda de eletrodomésticos (Bemoreira), de fábricas de ternos (Sparta), supermercado (Dado), fora uma série de empresas sediadas no Rio Grande do Norte, entre elas uma das maiores indústrias têxteis do país (Seridó).
          Um bull market do mercado brasileiro de ações se iniciou no final de 1967 e foi até o segundo semestre de 1971. Na disparada da bolsa nacional, a Fator tinha que acompanhar o ritmo. Criou  o Fundo Apollo de Investimentos, administrado por um sócio egípcio-israelense.
          Num dos três andares ocupados pela empresa, funcionava a corretora. Dois andares acima, o fundo, com toda sua estrutura de vendas, além de uma lanchonete onde tudo era de graça para os corretores, que percorriam o Rio de Janeiro batendo de porta em porta. A Fator já tínhamos uns 200 funcionários.
          Foi nessa ocasião (a Bolsa só subindo) que a Fator decidiu criar uma modalidade de investimento que consistia em planos de aplicações contratadas, por 60 meses, através de carnês. Os clientes-alvo eram bebês recém-nascidos. A coisa funcionava do seguinte modo: a corretora tinha agentes em maternidades e cartórios de registro civil que coletavam os nomes dos bebês que nasciam.
          A Fator assinou contrato com uma multinacional fabricante de artigos de higiene infantil. Ela fornecia, de graça, a título promocional, talcos, xampus, cotonetes, escovinhas de cabelo, tudo isso embalado em graciosas caixas coloridas com os logotipos da empresa e do Apollo (um foguetinho), homenagem à primeira nave a chegar à Lua, em 1969.
          Agora, imaginem só a cena: estando o bebê com uns 30 dias, chega na casa onde ele mora uma corretora ou corretor da Fator trazendo um lindo presente para a Soninha. Junto com o estojo, um carnê e um folheto explicativo de como se poderia, através do mercado de ações, garantir o futuro daquela criança. Bastava pagar as 60 parcelas e, com certeza, renová-las, já que a Bolsa de Valores iria subir para sempre – era o que se pensava na ocasião.
          Os jornais da época publicavam o ranking dos fundos, não só suas rentabilidades como também os tamanhos de suas carteiras. No primeiro quesito, a Fator não fazia feio. No segundo, éramos disparados o maior. Graças a um estratagema de marketing de meu sócio egípcio: ao invés de passar a carteira do fundo, a empresa enviava às redações o total dos carnês programados, mesmo aqueles que ainda estavam na primeira ou segunda parcela.
          Veio então a virada. Num determinado dia do final de 1971 a bolsa virou e tomou rumo sul. Com ela, o valor da cota do Apollo. Não houve jeito. Primeiro os clientes pararam de pagar os carnês. Depois foram à Fator resgatar o pouco que sobrara da queda. Um corretor plantonista ainda argumentava:
“Mas, meu amigo, é na baixa que se ganha dinheiro na Bolsa. Desista desse resgate, continue pagando suas prestações. Aos 18 anos seu filho terá uma pequena fortuna.” “Meu amigo é o cacete”, respondia o cliente. “Minha mulher e eu economizamos todo mês, já pusemos oitocentos cruzeiros em nome da Marilinha e agora a cota não vale nem duzentos. Passa isso logo para cá, antes que eu me aborreça.”
Foi assim que o Fundo Apollo foi morrendo aos poucos, até que acabou de vez. Muita gente nem foi pegar os trocados que sobraram.
          Pois bem, os bebês de 1971 tinham, em 2021, 50 anos de idade. Ivan Sant'Anna diz não conhecer nenhum deles. Ou até pode ser que conheça sem saber. De uma coisa, ele tem certeza. Ou, melhor, quase certeza. Se o Fundo Apollo tivesse durado até hoje, tendo atravessado todos os bull e bear markets da Bolsa nesses últimos cinquenta anos, transposto a hiperinflação, com suas tablitas e confiscos, o cotista recém-nascido de 1971 poderia estar bem de vida graças a ele.
           Em 11 de maio de 1977, o Banco Central decretou intervenção no Banco Independência, intervindo no grupo Independência (o antigo Ducal), do qual a corretora Fator fazia parte.
          O Independência vendera CDBs do banco para diversos clientes, mas o Banco Central o desobrigou a reembolsá-los, já que não eram papéis de sua emissão. O Independência tinha agido apenas como intermediário.
          Mas, Ivan Sant'Anna disse o seguinte: "Acontece que eu tinha um sério problema de consciência. Meus clientes haviam adquirido papéis Ivan Sant’Anna e não Independência. Eles confiavam em mim.
Naquela noite, ao chegar em casa, fiz algumas contas e concluí que meu dinheiro pessoal dava para reembolsar todo mundo. Só que ficaria sem nada, com exceção de nossa casa, por sinal financiada pelo Banco Nacional da Habitação – BNH. Minha mulher concordou que era melhor pagar todo mundo e ir à luta. Procurar um emprego, como as pessoas normais fazem nessas horas. Aliás, ela já tinha o dela, como professora universitária. Pois bem. Paguei".
          Como Sant'Anna ainda era dono da carta patente da corretora Fator, e de uma distribuidora do mesmo nome, usou de um estratagema para vendê-las por um bom preço. Pediu a um amigo banqueiro que lhe fizesse uma proposta, por escrito, de compra das duas cartas patentes. Não lembra mais do preço, mas era algo como 400 mil dólares, em valores de hoje. Cada pretendente que chegava com uma oferta menor, ele exibia a carta do banqueiro. “Já tenho essa proposta aqui”, ele dizia. Assim, acabei vendendo corretora e distribuidora por um valor maior, valor esse que lhe permitiria viver uns dois ou três anos sem maiores preocupações.
          A concretização da venda da corretora Fator, por Ivan Sant'Anna, ocorreu em 1979.
          O Fator transformou-se em banco múltiplo em 1990, quando deixou de ser apenas uma corretora.
          Em fevereiro de 1993, depois de dezessete anos como braço direito de Abilio Diniz no grupo Pão de Açúcar, o executivo Sylvio Luiz Bresser Pereira resolveu ser patrão de si próprio. Desde o início daquele mês, ele ocupou a cadeira de sócio-diretor do banco múltiplo Fator, com sede no Rio de Janeiro. No Fator, Sylvio Luiz tinha cinco sócios, com participações praticamente equivalentes.
          Hoje, como Banco Fator, a empresa é sediada no bairro Itaim Bibi, em São Paulo.
          As principais especialidades do Fator são Investment Banking, Private Banking, Seguros Corporativos, Gestão de Recursos, Intermediação de Títulos e Valores Mobiliários e Fusões & Aquisições.
          O Fator é um conglomerado financeiro que visa atender os desafios de seus clientes, especialmente empresas de médio e pequeno portes. A Fator Administração de Recursos faz gestão ativa de fundos de investimento. A Fator Corretora executa intermediação de operações na Bolsa de Valores, com atendimento especializado e completo portfólio de produtos para a execução das estratégias de investimentos dos clientes.
          Desde 2008, a Fator Seguradora atua com especialização no mercado de seguros de infraestrutura e seguros financeiros estruturados.
          Em maio de 2021, o Banco Fator vendeu a sua corretora para o BTG Pactual.
          Em junho de 2021, o Banco Fator nomeou João Antonio Lopes à presidência da instituição. Sob novo comando, o Banco Fator quer voltar no tempo. A nomeação de Lopes é simbólica dessa jornada que redireciona o grupo para atividades de mercado de capitais e reconstrói o modelo de “partnership”. O economista Gabriel Galípolo deixou a instituição após quase quatro anos na liderança.
          Lopes já estava no conselho de administração desde o ano passado, mas muito antes disso, em 1996, foi o responsável pela criação do segmento corporate, quando havia apenas a corretora e Walter Appel, hoje controlador, era um acionista minoritário na sociedade, com oito sócios.
          A venda da Fator Corretora para o BTG Pactual, em maio de 2021, já foi parte desse redesenho do qual Lopes participou. Embora não abra o valor da transação, os recursos, segundo o executivo, vão ter um efeito saneador no balanço e deixar para trás uma sequência de prejuízos. O banco fechou 2020 com R$ 29,2 milhões negativos, sendo que a corretora sozinha teve perda líquida de R$ 11,2 milhões.
(Fonte: revista Exame - 03.03.1993 / LinkedIn / ValorInveste - 23.06.2021 / 06.07.2021 / Mercadores da Noite/Inversa - 23.10.2021 / 15.11.2021 - partes)

9 de nov. de 2020

Isolux (Grupo Corsán)

          A espanhola Isolux, com sede em Madri, desembarcou no Brasil em 2011 com planos ambiciosos de investir mais de R$ 5 bilhões em infraestrutura e decidida a transferir sua sede para o país.
          De 2011 a 2015, o grupo espanhol construiu cerca de 4 mil quilômetros de linhas de transmissão no Brasil. Desse total, detém a concessão de cerca de 3 mil quilômetros, como o Linhão de Tucuruí, que interliga Manaus e Macapá ao sistema interligado nacional. A companhia também administra a concessão de 680 quilômetros das BRs 116 e 324, na Bahia.
          Mas, em 2015, começou a enfrentar uma série de dificuldades e rescindir contratos com o poder público.
          Um dos casos mais notórios foi a rescisão do contrato com o governo paulista para construção de estações da Linha 4 – Amarela do Metrô. Na época, a empresa alegou que houve demora de 27 meses na entrega dos projetos e a uma constante revisão do cronograma, que seria concluído com 75 meses de atraso.
          Em meados de janeiro de 2015, o grupo Isolux Corsán entrou com um processo de recuperação extrajudicial referente às suas operações no Brasil. A renegociação de dívidas da empresa com seus credores, fora das vias judiciais, envolve as subsidiárias Isolux Ingenieria, Isolux Projetos e Instalações, Isolux Projetos, Investimentos e Participações e Corsan-Corviam.
          Em 27 de dezembro de 2018, credores do Grupo Isolux no Brasil (Corsan-Corviam Construccion S.A do Brasil, Isolux Ingenieria S.A. do Brasil, Isolux Projetos e Instalações Ltda, Isolux Projetos Investimentos e Participações Ltda Isolux Corsan do Brasil), aprovaram seu plano de Recuperação Judicial durante assembleia realizada para esse fim.
          Um apagão atingiu praticamente todo o Estado do Amapá na noite de 3 de novembro de 2020, quando um incêndio danificou uma subestação na capital Macapá. Várias cidades relataram dificuldades no abastecimento regular de água e alimentos. A energia somente começou a ser restabelecida parcialmente no dia 7. A subestação e a linha de transmissão que falharam são da Gemini Energy, que é gerida por fundos de investimento. A concessão, formalmente chamada de Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LMTE), pertencia à Isolux, que entrou em recuperação judicial na Espanha. No fim de 2019, a linha foi comprada pela Gemini, que pertence a dois fundos de investimentos: a Starboard e a Perfin.
          A distribuição da energia elétrica para todo o estado do Amapá é feita pela Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA), empresa de economia mista, sendo o Governo do Estado do Amapá seu principal acionista.
(Fonte: IstoÉDinheiro - 29.01.2016 / SEGS - 07.01.2019 / Terra - 07.11.2020 - partes)

5 de nov. de 2020

Celulose Irani

          Em 1939 e 1940, com o início da Segunda Guerra Mundial começavam as dificuldades para exportações e importações de produtos industrializados. O Brasil importava muito papel e pasta de celulose, e o produto estava com dificuldade de chegar aos portos brasileiros. Surge assim, um novo ramo industrial, o de papel e celulose.
          Diante deste contexto, no Rio Grande do Sul, a Companhia Vinícola Rio Grandense de Caxias do Sul viu o mercado de vinhos finos diminuir. Como detinha boa reserva de capital, decidiu investir em outro mercado: o de papel e celulose.
          Para um estudo de viabilização, os diretores da vinícola, Galeazzo Paganelli e José Moraes Vellinho resolveram enviar um emissário em busca de pinheirais nos estados do Paraná e de Santa Catarina. Essa tarefa foi atribuída a Alfredo Fedrizzi, homem de confiança que durante onze anos provara sua dedicação e sua habilidade na sociedade Vinícola Rio Grandense.
          Na madrugada de um dia de inverno em 1940, Alfredo Fedrizzi como líder da expedição, acompanhado de Paulo Pasquali e dos técnicos em araucária João Turra e Emílio Tedesco, partiu rumo ao Oeste de Santa Catarina e posteriormente ao Paraná. A missão do grupo era reconhecer duas fazendas oferecidas à Vinícola Rio Grandense para construir a fábrica de papel.
          O local escolhido foi a Fazenda São João do Irani, no município de Cruzeiro do Sul, em Santa Catarina. Faltava implantar a fábrica. Tarefa difícil, pois na região não havia estradas. O último marco de civilização era Vargem Bonita a 25 quilômetros de distância.
          No início de 1941, em Campina da Anta (local da Fazenda São João do Irani), Fedrizzi construiu o primeiro rancho de madeira lascada a machado à beira do Rio da Anta, pequeno afluente do Rio do Mato. Segundo relatos, Fedrizzi gostava muito de batizar os locais e os animais e por isso mudou o nome do local para Campina da Alegria, nome usado até hoje. Na mesma época, iniciou, à base de pás, picaretas e carrinho de mão a construção de uma estrada de 25 quilômetros, em plena mata fechada. Após 10 meses de trabalho a estrada estava pronta com dois metros de largura.
          Em 6 de junho de 1941, depois de grande jornada, Fedrizzi fez surgir a fábrica de papel que recebeu o nome de Celulose Irani Ltda. A construção do primeiro prédio da Celulose Irani iniciou em 1942, ano em que a olaria já estava em funcionamento. Além dos tijolos, a olaria fornecia telhas e a serraria, as madeiras para a construção da fábrica. Em 1942 foram instalados os primeiros equipamentos industriais: um britador com acionamento hidráulico, as primeiras caldeiras “J. Martins” e a primeira máquina a vapor para geração de energia.
          Após o atraso por causa da guerra, em 1943 foi instalado o primeiro desfibrador a vapor para a fabricação da primeira pasta mecânica. No final de 1943 e início de 1944, foi montada ao lado das caldeiras, outra máquina a vapor chamada Béllis. Era uma máquina usada em navio. Essa máquina, além de fornecer energia para a fábrica, tocava dois geradores que acionariam mais tarde, a primeira máquina de papel.
          Como curiosidade, em 1943 a temperatura baixou para 12 graus negativos. Os tijolos então, muito úmidos com o frio, desmanchavam-se, esfarelavam-se, era preciso fabricá-los novamente. Na olaria, no inverno, o sol chegava à tarde. A sua volta havia apenas mata virgem. Em 1944 iniciou a produção de papel com a utilização da Máquina de Papel número I, inaugurada por Nereu Ramos, então governador do Estado de Santa Catarina. A fábrica começou o seu funcionamento sem produzir celulose, usando papéis velhos e pasta mecânica.
          O primeiro papel, feito com celulose importada e pasta mecânica, foi vendido à Editora Globo, que imprimiu com ele o romance “Um olhar para a Vida”, de Maria Luiza Cordeiro.
          Em 1945, depois de uma visita de “associados” da empresa, Alfredo Fedrizzi iniciou a construção de uma represa e de uma usina de geração de energia no Salto Flor do Mato, em Campina da Alegria.
Nessa época a energia elétrica era gerada por uma termoelétrica própria, acionada à lenha que produzia vapor para abastecer a indústria.
          A maior parte do papel produzido na época era levada para a cortadeira. O restante, para a rebobinadeira Cavalari (máquina italiana para fazer bobinas). Na cortadeira, os papéis eram cortados em vários formatos, e, após esse processo passavam pela sala de escolha, onde eram contados em resmas. Depois de embalados, seguiam para as prensas e formavam fardos de aproximadamente 150 quilos cada.
          Os papéis eram transportados até Cruzeiro do Sul (atual Joaçaba), onde a empresa mantinha um depósito às margens da ferrovia São Paulo – Rio Grande. O papel ficava no depósito e depois, de trem, era distribuído para os centros consumidores do país.
          Em 1947, foi iniciada a construção do prédio onde seria montada a primeira autoclave de cavacos. O prédio foi construído totalmente de pedras por funcionários da Irani como Antonio Sella, Antonio Silvestrim, Ernesto Prigol, João Panizza, Silvalino e outros. Todos profissionais no manejo de pedras.
          Em 1948, o Departamento de Águas do Ministério da Agricultura era encarregado de fiscalizar a obra. O engenheiro Waldemar de Carvalho deslocou-se do Rio de Janeiro para Campina da Alegria. Ao chegar ao salto, vendo a paisagem cheia de árvores e com muitas flores silvestres, logo percebeu a analogia com Flor de Maria (esposa de Alfredo Fedrizzi). Em sua homenagem registrou o salto (todas as quedas d’água que serviriam para a geração de energia deveriam ter um nome de registro) com o nome Flor do Mato, em homenagem à sua anfitriã. Também em 1948, a Celulose Irani encerrou a fabricação de papel com celulose importada.
          Em 1949, a Usina Flor do Mato já gerava a capacidade necessária para a fábrica e para as casas dos operários em Campina da Alegria. Até então, a energia elétrica provinha de um locomóvel (máquina a vapor sobre rodas). Nessa época, foi contratado o primeiro técnico e especialista na fabricação de celulose e ácido, Max Erold. Segundo Erold, ele foi o primeiro fabricante de celulose no Brasil. Cada cozimento de celulose durava até 12 horas para 80 metros cúbicos de cavacos.
          A década de 1950 caracteriza-se para a Irani pela superação das dificuldades impostas isolamento geográfico e das limitações tecnológicas e de mão-de-obra.
          Em meados de 1950 chegaram da França, as primeiras peças para a montagem de mais uma máquina de papel. Nesse ano, iniciaram-se também as obras de mais uma usina hidroelétrica, a São Luiz, em Ponte Serrada (SC), localidade próxima à Campina da Alegria. Após a montagem da Máquina II, foi concluída a primeira etapa da barragem e da tubulação da primeira turbina de geração de energia no Salto Flor do Mato.
          Em depoimento a Wálmaro Paz, Fedrizzi relata: “Construímos as autoclaves e a barragem no Salto Flor do Mato, onde instalamos dois grupos de geradores com capacidade de três mil quilowatts. Mais tarde, no Rio Irani, em São Luiz do Irani, construímos outra hidroelétrica com o dobro de capacidade. Então ficamos com uma boa potência hidroelétrica instalada”.
          No início do funcionamento da fábrica de celulose, Alfredo procurava comprar aparas de madeira das serrarias existentes na região e recolher pontas de pinheiros abandonadas na floresta. Durante muitos anos, ele consentiu o abate de pinheiros de propriedade da Celulose Irani, mas com um constante reflorestamento.
          Em 1953 iniciou a construção da Máquina de Papel II. Toda a escavação do local foi feita manualmente com pás e picaretas. A montagem foi feita pelos funcionários da Irani, Artur Jonson e os mecânicos Protásio Dosciatti, Silvio Zanonatto, Vitório Zanonnatto, Nelson Varaschim, Alcides Maestri e outros auxiliares. Em 1954, foi montada a Máquina III, que produzia celulose para ser vendida para outras empresas.
          Em 1957, no início da fabricação de celulose, não havia depósitos e por isso os picadores de madeira eram montados dentro dos barracões. Os cavacos eram transportados até os silos por meio de uma tubulação rústica com um ventilador. Quando os silos ficavam cheios, os picadores paravam.
Mais tarde, com novas técnicas, os picadores foram instalados no pátio de madeiras, e o depósito de lascas de madeira ficou ao ar livre.
          Em 1958, o escritório da empresa foi instalado em Vargem Bonita. No início de 1960, a área florestal da Irani começou a ser estabelecida, com sementes de pinus provenientes da Georgia, nos Estados Unidos. As mudas foram produzidas, no viveiro da empresa desde essa época. Inicialmente o preparo do solo era manual e, a partir de 1972, passou a ser mecanizado.
          A maior parte do papel produzido na época era levada para a cortadeira. O restante, para a rebobinadeira Cavalari (máquina italiana para fazer bobinas). Na cortadeira, os papéis eram cortados em vários formatos e, após esse processo passavam pela sala de escolha, onde eram contados em resmas. Depois de embalados, seguiam para as prensas e formavam fardos de aproximadamente 150 quilos cada.
          Os papéis eram transportados até Cruzeiro do Sul (atual Joaçaba), onde a empresa mantinha um depósito às margens da ferrovia São Paulo – Rio Grande. O papel ficava no depósito e depois, de trem, era distribuído para os centros consumidores do país.
          Os anos 1960 foram marcados pelo frio intenso. Em 1965, a neve que caiu chegou a formar 20 centímetros de gelo. A população da Vila Campina da Alegria nessa década era de 5 mil habitantes. Em
1967, caiu em Campina da Alegria a maior nevasca registrada na comunidade.
          Em 1970 depois de mais de 30 anos dedicados à Celulose Irani S.A., Alfredo Fedrizzi decide passar o cargo de administrador da fábrica para Edgar Fedrizzi. Os filhos, estavam todos casados e moravam longe, quase todos no Rio Grande do Sul. Vieram os netos. Muito apegado à família, Alfredo e sua esposa Flor de Maria resolveu mudar-se para Caxias do Sul, após serem homenageados pelos moradores de Campina da Alegria.
          Os cinco anos que deveria passar em Campina da Alegria se transformaram em 31, quase uma vida inteira de trabalho e dedicação. Mas, Alfredo não podia parar. Por isso, foi convidado pela direção da Celulose Irani, na qual já era um dos maiores acionistas, para fundar a Madeireira Rio Irani. Em 1972 é inaugurada a Madeireira Rio Irani Ltda. A Celulose Irani S.A. detinha 50% do capital e a Madezorzi os 50% restantes. A “Maderil”, como era conhecida pela comunidade foi instalada em Campina Redonda, localizada a 10 quilômetros de Campina da Alegria.
          A preocupação com o meio ambiente já existia desde os primeiros anos da Irani. No início do funcionamento da fábrica de celulose Alfredo não permitiu o desmatamento. Procurava comprar aparas de madeira das serrarias existentes na região e recolher pontas de pinheiros abandonadas no mato. Muito antes de existirem leis federais que impunham a plantação de novos pinheiros para cada abate, a Celulose Irani por iniciativa de Alfredo criou um viveiro de mudas de araucária e de espécies exóticas (Pinus Insignes – pinheiro do Chile). As mudas de Pinus Insignes vindas de São Paulo não conseguiram se adaptar ao clima local. Por isso, Alfredo apostou nas mudas de Pinus elliottii e taeda, que se aclimaram muito bem à região e que teriam sido as primeiras de Santa Catarina. Nessa época, reflorestamentos com Pinus elliottii e taeda começaram a ser implantados também na Serra Catarinense, pela Olinkraft.
          “Por volta de 1956 ou 1957 introduzi as primeiras mudas de Pinus insignes e araucárias. Conforme íamos cortando, plantávamos mais pinheiros. Quando saí de lá, em 1971, deixei plantadas mais de 10 milhões de árvores: pinheiros-brasileiros (araucárias), Pinus elliottii, taeda e eucalipto”, disse Alfredo Fedrizzi.
          Em 1975, a Irani inicia a montagem da quarta máquina de papel. Fabricada pela Voith para produzir papel FineKraft e FlashKraft, a MP IV ficou pronta em 1976, produzindo papel com uma velocidade de 80m/min. Também em 1975 é realizada a primeira colheita de madeira.
          O governo do Estado de Santa Catarina construiu um colégio num terreno doado pela empresa. Uma nova igreja foi concluída ainda na gestão de Alfredo. O velho armazém de madeira foi substituído por um moderno prédio de alvenaria em frente à praça e por uma quadra de futebol de salão. Pouco
antes de a família Fedrizzi sair de Campina da Alegria, já havia terminado a construção de um pequeno, mas moderno hospital, ao lado da igreja, cujo nome era Hospital Flor de Maria. Hoje no local há um Posto de Saúde.
          A partir de 1980, o desbaste sistemático de madeira passou a ser seletivo e terceirizado. Nessa mesma época, os caminhões utilizados no transporte da madeira começaram a ser traçados e o carregamento mecanizado, sendo terceirizado no final dessa década.
          Em 1982 são concluídas a fábrica de pasta químico-mecânica e a instalação da segunda Pequena Central Hidroelétrica (PcH) – Cristo Rei, localizada no município de Ponte Serrada (SC).
          Em 1994, o Grupo Habitasul de Participações S.A. assume o controle acionário da Celulose Irani S.A., dando início a um grande ciclo de crescimento.
          Fundada por Péricles de Freitas Druck, a Habitasul apresenta como principais áreas de atuação desenvolvimentos imobiliários e hotelaria e turismo, e tem como holding a CHP - Companhia Habitasul de Participações -, com ações negociadas na bolsas de valores. De origem gaúcha, a Habitasul mantém seu escritório central em Porto Alegre.
          Em 1996, a Irani adquire a Orprin Fábrica de Papelão Ondulado de Santana do Parnaíba, interior de São Paulo. Com a aquisição da nova unidade fabril de chapas e caixas de papelão ondulado, a Irani estabelece um novo marco no processo de verticalização da empresa, que passa a integrar toda a sua cadeia produtiva: da semente à embalagem, produto final destinado ao mercado de consumo.
          Em 1999, a Irani incorpora aos seus negócios, a Unidade Fabril Móveis, em Rio Negrinho (SC). A unidade fabrica móveis destinados exclusivamente aos mercados europeus e norte-americanos.
Os móveis são fabricados sob encomenda para exportação. A divisão móveis tem capacidade instalada para produzir até 800 metros cúbicos mensais. Utiliza como matéria-prima básica madeira de reflorestamento, manejada de acordo com os padrões e as exigências internacionais de preservação ambiental. O perfil da produção é composto por linhas de dormitórios, salas e móveis auxiliares de madeira maciça, atendendo a exigentes mercados mundiais.
          Em 2000, a Máquina de Papel número I passa por uma grande reforma. São instalados dois grupos de secagem e dupla filtragem na primeira prensa e um Klupack (equipamento que deixa o papel extensível, corrugado muito utilizado para sacarias pesadas como na indústria de cimento). Nesse
mesmo ano, são inauguradas a Máquina de Papel número V e a Unidade Fabril Embalagem SC, em Campina da Alegria.
          Em setembro de 2002, é incorporada aos negócios da Irani, a Unidade Fabril – Madeiras no Rio Grande do Sul, em São José do Norte.
          As unidades madeireiras da Irani (uma localizada em Vargem Bonita e outra em São José do Norte) produziam madeiras exclusivamente para atender demandas da fábrica de móveis em Rio Negrinho e para a exportação e mercado interno, respectivamente.
          Em 2004 é criado o departamento de Gestão Ambiental, visando o plano de desenvolvimento de projetos de melhoria ambiental.
           A Empresa conquista a aprovação do Instituto Adolfo Lutz para comercializar soluções de embalagens apropriadas para manter contato direto com alimento, o que assegura a presença de produtos com a marca Irani em grandes redes de fast food e padarias. Em 2004, a Irani já estava presente no mercado internacional, em países da Europa, Ásia, África e nos Estados Unidos 
          A Irani inaugura no dia 2 de junho de 2008, a nova unidade fabril de embalagem de papelão ondulado em Indaiatuba (SP).
          Em 2010, a empresa decide encerrar as operações da unidade móveis, em Rio Negrinho e atuar somente na comercialização de móveis por meio da loja digital Meu Móvel de Madeira. Em 2012, após
seis anos da criação da marca Meu Móvel de Madeira e da loja digital, a Irani decide vender a subsidiária para Ronald Heinrichs, ex-diretor de negócio móveis que integrou a Celulose Irani de 2009 a 2012. A MMM, hoje é uma referência no e-commerce de móveis sustentáveis.
          A Celulose Irani anunciou no dia 31 de janeiro de 2013, a celebração do Contrato de Arrendamento de Ativos e Outras Avenças e o Contrato de Reestruturação Operacional e Implantação de Novo Modelo de Gestão com a Indústria de Papel e Papelão São Roberto S.A., empresa com sede em São Paulo e unidades industriais instaladas em São Paulo (SP) e Santa Luzia (MG). A Indústria de
Papel e Papelão São Roberto S.A. foi adquirida pela CCI (Companhia Comercial de Imóveis), controladora indireta da Celulose Irani.
          O contrato de arrendamento destina-se apenas à planta industrial de produção de papel localizada em Minas Gerais. A unidade será utilizada para o desenvolvimento das atividades da companhia, relacionadas ao setor de celulose, papel para embalagens e embalagem de papelão ondulado. O contrato de arrendamento tem prazo de 120 (cento e vinte) meses com início em 1º de março de 2013 e término em 28 de fevereiro de 2023.
          Fazem parte da diretoria atualmente Péricles Pereira Druck, presidente do conselho de administração e Sérgio Luiz Cotrin Ribas, diretor presidente. 
          Desde 2018, o Grupo Habitasul está procurando comprador para a Celulose Irani. O ativo foi oferecido a concorrentes da companhia no Brasil e a investidores estrangeiros.
          Em 9 de dezembro de 2020, a Irani Papel e Embalagem comunicou ao mercado que a partir do dia 14 de dezembro as ações preferenciais da companhia deixarão de ser negociadas na B3. A companhia afirma ainda que a conversão dos papéis preferenciais em ordinários será creditada aos titulares em 15 de dezembro, concluindo a migração para o Novo Mercado.
(Fonte: site da empresa / IstoÉDinheiro - 13.02.2019 / Valor Investe - 09.12.2020- partes)

Akkar

          A rede de lojas de roupa masculina Akkar foi criada em São Paulo em 1975, pelo libanês Derlas. O nome da empresa é em homenagem à região de Akkar, no Líbano, de onde veio a família.
          O distrito de Akkar (عكار, em árabe) está localizado na província do Líbano Setentrional. A capital do distrito é Halba e a maior cidade é Bebnin.
          Hoje, a empresa é administrada pela segunda geração. O filho de Derlas, Gassan, está comandando a empresa.
          Com o objetivo atender ao segmento de vestuário masculino, a rede está espalhada principalmente pela cidade de São Paulo e pode ser encontrada em endereços, como por exemplo, os a seguir:
Rua Teodoro Sampaio, 2360 - Pinheiros, Shopping Pátio Paulista, Shopping Leste Aricanduva, Shopping Eldorado, Centervale Shopping, Shopping Metrô Santa Cruz, Shopping Ibirapuera, Shopping Metrô Tatuapé, Internacional Shopping Guarulhos.

3 de nov. de 2020

High Capital

          Por volta de meados de 2019, a assessoria de investimentos High Capital, ligada à XP, começou em um escritório de 25 metros quadrados com oito posições e zero de custódia.
          A empresa tem cinco sócios-fundadores, entre eles Alberto Setubal e João Paulo Luque, todos com larga experiência em bancos.
          O sobrenome famoso não deixa dúvidas. Alberto é primo do co-presidente do conselho de administração do Itaú Unibanco Roberto Setubal. Por 19 anos, ele esteve no private banking da instituição, sendo quatro deles na subsidiária europeia, em Luxemburgo. Antes, trabalhou na Cargill e no segmento corporate do BankBoston. É essa experiência, que casa o conhecimento do mercado local e do “offshore” na assessoria a grupos familiares com seus respectivos negócios, que ele espera replicar nessa virada de carreira. O Itaú tem uma participação de 46% na XP.
          Quando deixou o banco em 2016, a ideia de Setubal era fazer algo diferente, mas ele se viu tentado a voltar para o mercado financeiro porque enxergou a chance de construir algo novo numa estrutura menos engessada. “O que aconteceu com a High Capital neste um ano é expressão do que se vê no mercado. Eu já vinha acompanhando o movimento desde 2017, e temos visto uma aceleração (...) Nós, com experiência de ex-bancários, sabemos a dor do investidor e a oportunidade trabalhando o patrimônio. Um conglomerado como a XP dá a oportunidade de trazer um ‘cross selling’ mais rico para o cliente.”
          Um dos executivos, Mario Tomadon, por exemplo, é especialista em renda variável, foi diretor financeiro da Merrill Lynch e atuou como gestor na BRZ Investimentos. Regina Prataviera, que montou a seguradora do BankBoston no Brasil, vai estruturar a área de seguros. A empresa vai contar também com uma mesa internacional, que quer ser referência em câmbio, e já tem capacidade para atender o cliente do middle market.
          Na pessoa física, Luque diz ver espaço no perfil com patrimônio de R$ 1 milhão a R$ 10 milhões, com Rita Briebauer, que montou a área de alta renda do Bradesco quando o banco comprou o HSBC, como responsável pela expansão. “Esse cliente milionário está abandonado no banco. O gerente liga para vender capitalização, consórcio, seguro, não dá assessoria para crescimento do patrimônio e sucessão”, diz Luque. O projeto prevê chegar a outras praças.
          Questionado se o movimento para uma assessoria independente, mirando o cliente bancário tradicional e profissionais que construíram carreira no setor, não criaria algum tipo de constrangimento no entorno familiar, Setubal afirma que a High Capital “não está tirando ninguém de banco, que a opção é do cliente e do profissional”. Luque acrescenta que o segmento dá oportunidade para profissionais que sonham em construir carteira e desenvolver uma rede de relacionamentos, já que produto financeiro virou commodity.
          Considerando um panorama do início de novembro de 2020, a High Capital tem 28 pessoas e está instalada em uma área de 400 metros, num prédio elegante da avenida Juscelino Kubitschek, onde estão o private banking do Safra e do Bradesco. Em pouco mais de um ano na rua, a High Capital caminha para o seu primeiro bilhão de reais sob assessoria. O plano é chegar a 2021 com R$ 5 bilhões e em cinco anos se transformar numa instituição financeira, DTVM ou mesmo banco.
(Fonte: jornal Valor - 03.11.2020)

31 de out. de 2020

Target

          A rede de varejo americana Target (alvo, objetivo, em inglês) foi fundada pelo empreendedor George Draper Dayton por volta de 1969.
          Durante quatro décadas, a Target cresceu e se fortaleceu ao se guiar pela fórmula criada por seu fundador. Batizada de cheap chic, a estratégia da empresa era centrada na venda de produtos com design
sofisticado por preços generosos.
          Nas prateleira da Target, que sempre encantaram os turistas brasileiros em viagem aos Estados
Unidos, destacavam-se roupas, aparelhos eletrônicos e artigos de cama, mesa e banho.
          Com esse portfólio, a rede se tornou a segunda maior varejista dos Estados Unidos, com
faturamento de 65 bilhões de dólares em 2008, atrás apenas do todo-poderoso Walmart.
          Mas a crise (de 2008) chegou e, como a solução de ontem nem sempre funciona hoje, a Target foi obrigada a repensar seu modelo de vendas. Pressionados por uma série de maus resultados, seus executivos renderam-se e encheram as prateleiras com produtos que continuam a ser comprados até pelos mais receosos e empobrecidos consumidores: alimentos. Afinal, com ou sem recessão, não dá para simplesmente deixar de comer.
          Era impossível dizer se a estratégia da rede seria sua redenção ou apenas aprofundaria os problemas. Ficou claro, porém, que a Target tentava desesperadamente se adaptar a um novo padrão de consumo dos
americanos.
          Com suas 1682 lojas em meados de 2009, o peso dos alimentos no faturamento já era de 37%.
(Fonte: revista Exame - 29.07.2009)

29 de out. de 2020

Vicunha / Textília

          A Textília é a holding do grupo Vicunha e começou a ser montada depois que foi diagnosticado um câncer de pulmão em Mendel Steinbruch, em fevereiro de 1990. Até então, o que havia era uma espécie de grupo virtual, que funcionava basicamente a partir de acordos entre Mendel Steinbruch e seu parceiro na criação do conglomerado, Jacks Rabinovich. É na Textília, na qual ambas as famílias têm participação idêntica, que está alojado o conselho de administração da Vicunha.
          O grupo Vicunha foi criado por volta de 1967 e teve como co-fundador Mendel Steinbruch. Protegido por um mercado trancafiado e imune à concorrência internacional, chegou a ter quase 30 empresas que fabricavam de fios a tecidos e roupas.
          No final da década de 1980, algumas de suas unidades apresentavam uma rentabilidade próxima dos 40%.
          Em abril de 1992, Benjamin Steinbruch, filho de Mendel, deixa o escritório da superintendência do grupo Vicunha e passa a dar expediente na Lee, uma das empresas do grupo. Pretendia rejuvenescer e elitizar a marca. Nesse esforço, abriria lojas exclusivas da Lee. As três primeiras foram abertas nos shoppings Iguatemi e Center Norte, em São Paulo. Outras sete seriam abertas até o final do ano em shopping centers paulistanos. Nas outras capitais, a ideia era partir para as lojas franqueadas. A ideia era "recuperar o terreno perdido para as outras grifes", segundo Steinbruch.
          O problema é que os tempos mudaram. A Vicunha continuou a ser uma potência mas, em 1996, pela primeira vez na história do grupo, não se ganhou dinheiro.
          Empresas controladas como a Fibrasil, a Finobrasa e a Lee Nordeste fecharam no prejuízo, em 1996. Três unidades - entre elas a Vicunha, de São Paulo - foram desativadas. Foi nessa época que o grupo participou de privatizações como CSN em 1993 e Vale, em 1997.
          "Aprendemos que é prudente não colocar todos os ovos na mesma cesta", disse Ricardo Steinbruch, nascido em 1959, irmão de Benjamin e presidente da área têxtil da Vicunha. "Ainda mais quando a cesta é um setor fragilizado como o têxtil. Estamos felizes com a diversificação".
          Até o início da década de 1990, os Rabinovich e os Steinbruch nunca haviam desviado seus investimentos da indústria têxtil. Nascido em 1954, Benjamin, primogênito do co-fundador Mendel Steinbruch, participou das privatizações.
          Mendel Steinbruch morreu em agosto de 1994.
          Em agosto de 1995 o alto comando do grupo Vicunha ganhou novo endereço: o edifício da Rua Itacolomi, no bairro paulistano de Higienópolis, onde antes funcionava o Banco Fibra, braço financeiro do grupo. Esse novo QG substituiu o antigo escritório da Rua Iboti. Dora, a viúva de Mendel Steinbruch, recebeu uma sala no escritório.
          Desde a abertura do mercado, o setor têxtil foi  sendo impiedosamente atacado pela concorrência internacional, principalmente pelos asiáticos. De 1991 a 1996, segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil, Abit, mais de 1.200 empresas desapareceram. As exportações de produtos têxteis caíram 13,3% enquanto as importações cresceram 329%.
          Nesse período, alguns dos maiores negócios do grupo Vicunha passaram a ser diretamente atacados pelos asiáticos. A Tecelagem Elizabeth, sediada em Americana, no interior de São Paulo, é um exemplo. De 1989 a 2007 a produção anual de tecido caiu pela metade.
( Fonte: Exame - 22.07.1992 / 31.08.1994 / 16.08.1995 - partes)

28 de out. de 2020

Barion

          O Sr Barion e sua família foram atraídos pelo Paraná em desenvolvimento e se instalaram em Curitiba, em 1960. No início dos negócios a empresa se dedicou à distribuição de alimentos como biscoitos, chocolates, confeitos, chicletes e similares.
          Em 1969, é fundada a empresa Barion & Cia. Ltda. que recebeu o reforço dos filhos Ricardo, Roberto e Rommel.
          Já com a fabricação própria de chocolates, bombons e ovos de Páscoa, em 1971 Barion notou que poderia avançar a distribuição a todo o estado do Paraná.
          Em 1978 foi criado um entreposto de mel de abelhas. Para o fabrico do pão de mel foi seguida a receita da vovó Barion e logo o quitute atingiu distribuição em todo o território nacional.
          A construção de uma unidade industrial, que logo ficou pequena, foi concluída em 1983 e, dois anos depois, em 1985, começa a produção da linha "Waiffer".
          Observando os hábitos dos brasileiros e o crescimento mais acentuado das vendas de chocolates, em 1992 foi criada a linha de bombons Fofito. Em 1996 toda a planta industrial foi transferida para modernas instalações e é onde se encontra a unidade industrial atual, em Colombo, na região metropolitana de Curitiba.
          A primeira exportação, para os Estados Unidos, ocorreu em 1999.
          A unidade fabril ocupa um terreno de 40.000 metros quadrados e as instalações industriais 
ocupam 10.000 metros quadrados de área construída, em Colombo.
(Fonte: site da empresa)