A empresa tem cinco sócios-fundadores, entre eles Alberto Setubal e João Paulo Luque, todos com larga experiência em bancos.
O sobrenome famoso não deixa dúvidas. Alberto é primo do co-presidente do conselho de administração do Itaú Unibanco Roberto Setubal. Por 19 anos, ele esteve no private banking da instituição, sendo quatro deles na subsidiária europeia, em Luxemburgo. Antes, trabalhou na Cargill e no segmento corporate do BankBoston. É essa experiência, que casa o conhecimento do mercado local e do “offshore” na assessoria a grupos familiares com seus respectivos negócios, que ele espera replicar nessa virada de carreira. O Itaú tem uma participação de 46% na XP.
Quando deixou o banco em 2016, a ideia de Setubal era fazer algo diferente, mas ele se viu tentado a voltar para o mercado financeiro porque enxergou a chance de construir algo novo numa estrutura menos engessada. “O que aconteceu com a High Capital neste um ano é expressão do que se vê no mercado. Eu já vinha acompanhando o movimento desde 2017, e temos visto uma aceleração (...) Nós, com experiência de ex-bancários, sabemos a dor do investidor e a oportunidade trabalhando o patrimônio. Um conglomerado como a XP dá a oportunidade de trazer um ‘cross selling’ mais rico para o cliente.”
Um dos executivos, Mario Tomadon, por exemplo, é especialista em renda variável, foi diretor financeiro da Merrill Lynch e atuou como gestor na BRZ Investimentos. Regina Prataviera, que montou a seguradora do BankBoston no Brasil, vai estruturar a área de seguros. A empresa vai contar também com uma mesa internacional, que quer ser referência em câmbio, e já tem capacidade para atender o cliente do middle market.
Na pessoa física, Luque diz ver espaço no perfil com patrimônio de R$ 1 milhão a R$ 10 milhões, com Rita Briebauer, que montou a área de alta renda do Bradesco quando o banco comprou o HSBC, como responsável pela expansão. “Esse cliente milionário está abandonado no banco. O gerente liga para vender capitalização, consórcio, seguro, não dá assessoria para crescimento do patrimônio e sucessão”, diz Luque. O projeto prevê chegar a outras praças.
Questionado se o movimento para uma assessoria independente, mirando o cliente bancário tradicional e profissionais que construíram carreira no setor, não criaria algum tipo de constrangimento no entorno familiar, Setubal afirma que a High Capital “não está tirando ninguém de banco, que a opção é do cliente e do profissional”. Luque acrescenta que o segmento dá oportunidade para profissionais que sonham em construir carteira e desenvolver uma rede de relacionamentos, já que produto financeiro virou commodity.
Considerando um panorama do início de novembro de 2020, a High Capital tem 28 pessoas e está instalada em uma área de 400 metros, num prédio elegante da avenida Juscelino Kubitschek, onde estão o private banking do Safra e do Bradesco. Em pouco mais de um ano na rua, a High Capital caminha para o seu primeiro bilhão de reais sob assessoria. O plano é chegar a 2021 com R$ 5 bilhões e em cinco anos se transformar numa instituição financeira, DTVM ou mesmo banco.
(Fonte: jornal Valor - 03.11.2020)
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