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X - Número 10 em algarismo romano, que representa para a empresa, a excelência no atendimento ao cliente.
O blog "Origem das Marcas" visa identificar o exato momento em que nasce a marca, especialmente na definição do nome, seja do produto em si, da empresa, ou ambos. "Uma marca não é necessariamente a alma do negócio, mas é o seu nome e isso é importante", (Akio Morita). O blog também tenta apresentar as circunstâncias em que a empresa foi fundada ou a marca foi criada, e como o(a) fundador(a) conseguiu seu intento. Por certo, sua leitura será de grande valia e inspiração para empreendedores.
A Semco (o nome vem de Semler Company) era uma pequena fábrica de equipamentos industriais herdada do pai, por Ricardo Semler, o autor do livro Virando a Própria Mesa, aos 21 anos, portanto, em 1980.
O negócio originalmente se amparava na manufatura de bombas hidráulicas, eixos e outros
equipamentos para a combalida indústria naval.
Os alicerces para que a Semco se transformasse numa usina de novos negócios, com receitas crescentes, começaram a ser construídos em 1980. Ao atingir a maioridade, Semler recebeu carta-branca do pai para tocar, à sua maneira, a companhia. A Semco, na época, passava por um período difícil. "Quero que você cometa todos os erros enquanto eu estiver vivo", disse-lhe o pai, falecido cinco anos mais tarde.
O problema é que o herdeiro não demonstrava ter o menor pendor para os negócios. Aos 19 anos, Semler resolveu se envolver. Passou a vasculhar livros em busca de condições de concordata e abriu contas em vários bancos para manobrar os compromissos financeiros. Obtido um certo fôlego, tratou de buscar a diversificação da linha de produtos da Semco, até então muito dependente do setor naval. Em cinco anos, o sufoco ficara para trás. Para Semler esses tempos duros foram importantes para que criasse uma couraça.
O panorama da empresa em 2001 era completamente diferente. A empresa atuava como uma espécie de holding que mantinha sob seu guarda-chuva cinco empresas de prestação de serviços variados. Os resultados da diversificação eram claros. Em 1993, a Semco tinha 99 funcionários em sua folha de pagamentos. Em meados de 2001, eram 2.140. Na época em que Semler começava a aparecer na mídia, as receitas não passavam de 4 milhões de dólares. Em 2001, o faturamento foi próximo ao
equivalente a 100 milhões de dólares.
Empresas de serviços formam o grosso do grupo Semler. A Cushman & Wakefield Semler é a maior do grupo, com 1.360 funcionários. Associada ao grupo Rockefeller, atua na manutenção de edifícios e condomínios corporativos; a ERM Brasil, associada à americana Environmental Resources Management Group, presta serviços de consultoria em meio ambiente, segurança do trabalho e higiene industrial; a Semco Ventures é uma espécie de incubadora de novos negócios do grupo; a Semco Johnson Controls foi criada em 1994 em parceria com a americana Johnson Controls World Services e opera com serviços de quarteirização na área de administração e gerenciamento de prédios comerciais e industriais; a Semco Refrigeração, sob licença da americana Baltimore Aicoil, produz torres de resfriamento e condensadores, além de máquinas para produção de gelo; a Semco Processos fabrica equipamentos de mistura para as indústrias química, farmacêutica e de mineração; e a Semco RGIS é uma associação formada em 1997 com a americana Retail Grocery Inventory Service para executar tarefas de inventário em redes do comércio varejista.
Enquanto na surdina remodelava a empresa, Semler protagonizou, no campo pessoal, outra mudança igualmente silenciosa. Sem que quase ninguém percebesse, seu nome firmou-se no exterior como um pensador requisitado do mundo corporativo.
Em janeiro de 2006, quatro meses depois de anunciar a aposentadoria do diretor de recursos humanos Clóvis Bojikian, braço direito de Ricardo Semler na criação de um estilo de gestão de vanguarda -, a Semco finalmente encontrou um substituto para a vaga. O escolhido entre 500 candidatos foi o paulista Oscar Simões. Com passagens por companhias como Método Engenharia e Globo Cabo, Simões é sócio desde 2002 da empresa de serviços e ações promocionais Conectbus. O processo de seleção pouco convencional exigia que os candidatos enviassem cinco propostas inovadoras destinadas à área de recursos humanos da Semco. Simões enviou seis. Entre elas, a ideia de construir uma espécie de índice de felicidade que relacione a satisfação dos funcionários aos resultados da companhia. O que ficou evidente nesse episódio é que a Semco e Semler não conseguiram formar na própria empresa alguém com um perfil tão peculiar, à própria empresa, conforme carta de um leitor, publicada por Exame.
(Fonte: revista Exame - 22.08.2001 / 01.02.2006 - partes)
A Fazenda Boa Sorte é uma das empresas mais tradicionais de Alagoas. Foi fundada em 1892,
como uma usina de cana.
No começo da década de 1970, a usina foi transferida para outra região e a imensa propriedade de 1.600 hectares foi invadida por bois e porcos, todos para corte.
Na época, a ideia de transformar aquele terreno acidentado em pasto para gado foi considerado uma loucura. Mas o casal de proprietários, Aprígio e Themis Vilela, resolveu insistir. E deu certo. A
fazenda ia bem com seu gado de corte.
Cravada em uma região onde o cultivo de cana-de-açúcar é quase uma vocação, a Fazenda Boa Sorte faz do gosto pela diferença seu ofício. Em suas instalações no município de Viçosa, em Alagoas, ela deixou de lado a cana e passou a investir em leite. Mas não um leite comum, conforme pode ser visto nos parágrafos abaixo.
Em 1993, por um grande acaso, Themis e Aprígio compraram um rebanho de gado de leite. "Era uma oportunidade irrecusável. O preço estava muito baixo por causa da seca da região e acabamos comprando", diz Aprígio. O casal foi para os Estados Unidos em busca de tecnologia de produção. Visitaram várias fábricas de laticínios e encontraram um novo tipo de leite, produzido de forma mais limpa, que conservava melhor as propriedades do produto.
De volta ao Brasil, Themis e Aprígio investiram em novas instalações. Em 1996 começaram a sair da fazenda as primeiras garrafas do leite tipo A Boa Sorte. Em 2001, eram mais de 7.000 litros de leite produzidos por dia, tirados das 320 vacas que compunham o rebanho de então. A Boa Sorte era,
em 2001, a única produtora no Nordeste do leite tipo A.
Aprígio pensava em comprar uma fazenda no Sudeste para entrar no maior mercado do país. "A expansão para o Sul é só uma ideia", disse. O leite tipo A não pode ter adição de conservantes e por isso seu prazo de validade é de cinco dias, o que impossibilita a venda no Sul e Sudeste de garrafas vindas de Alagoas.
(Fonte: revista Exame - 22.08.2001)
A rede de livrarias Nobel foi criada em 1943 pelo imigrante italiano Claudio Milano.
Até a adoção do sistema de franquias em 1992, a Nobel tinha sete lojas próprias na capital paulista.
Fazendo um raio X da empresa nove anos depois, em agosto de 2001, a Nobel era gerida pelo paulista Flávio Milano, neto do fundador por parte de mãe. Milano, seu pai Ary Benclowicz e seu irmão Sérgio eram donos de apenas dois pontos-de-venda. Mas a rede Novel contava com 79 franquias espalhadas por 19 estados brasileiros. A família também era proprietária da editora Nobel e da Fase, uma distribuidora de livros.
Não era novidade que um determinado senso comum, baseado em muitas opiniões e poucos dados, reinava: o brasileiro lê pouco porque não gosta de ler. Em julho de 2001, porém, uma pesquisa criteriosa e abrangente realizada pela Câmara Brasileira do Livro e outras entidades ligadas ao mercado editorial finalmente revelou números que clarearam a relação do brasileiro com a leitura. Ele realmente não lia muito. Menos de um terço da população de então 86 milhões de alfabetizados, com pelo menos três anos de instrução, leu um livro nos últimos três meses.
Nada na pesquisa, entretanto, sugeriu uma antipatia do brasileiro pelas letras. Na verdade, outros obstáculos o separam dos livros. Entre eles: poucas bibliotecas, baixo poder aquisitivo e até mesmo a força de meios de comunicação como a televisão e a internet. E, há mais um motivo: o Brasil tinha
poucas livrarias. Eram apenas 2008 pontos-de venda para 5.500 municípios.
A rede Nobel via isso como uma oportunidade. E espalhou lojas consideradas pequenas. Sua estratégia era única no mercado brasileiro de livrarias. Enquanto outras redes como a Saraiva e a Siciliano, cresciam com lojas próprias, de preferência concentradas nas grandes cidades, a Nobel adotou o sistema de franquia para colocar sua marca em locais menos explorados. Podia ser encontrada em extremos como Passo Fundo, no interior gaúcho, Lages, na Serra Catarinense, e Boa Vista, a capital de Roraima. A loja da Nobel em Macapá, capital do Amapá, onde chegou em 1999, vendia mais dicionários francês-português do que o dicionário de inglês. A explicação é simples: a proximidade da
cidade com a Guiana Francesa.
Flávio Milano, nascido em 1973, formado em administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas, passou a comandar o sistema de franquia em 1999, quando o irmão Sérgio, três anos mais
velho, deixou o negócio para comandar a editora da família. De um escritório na loja própria da Nobel no shopping Market Place, na Zona Sul de São Paulo, ele atendia os franqueados com uma equipe de 14 pessoas.
Em 2001, o faturamento da Nobel foi de aproximadamente 64 milhões de reais.
(Fonte: revista Exame - 22.08.2001)