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4 de out. de 2011

Refit (ex-Manguinhos)

          A Refinaria de Petróleo de Manguinhos foi fundada em 1954. Foi a primeira refinaria de petróleo do Rio de Janeiro, chegando a ser responsável por 80% do abastecimento do estado.
          Localizada na Avenida Brasil, via de ligação da cidade do Rio de Janeiro com São Paulo e com a região serrana fluminense, Manguinhos é uma das poucas refinarias privadas que restaram no país (as outras são a paulista Univen e a antiga refinaria Ipiranga, na qual a Petrobras tem 33% de participação). A sobrevivência dessas empresas ficou especialmente difícil a partir de 2002, quando apesar da alta na cotação do petróleo, o preço da gasolina para o consumidor final foi congelado pela Petrobras.
          Em 2005, Manguinhos parou de produzir gasolina com óleo importado e passou a comprar o combustível de uma central petroquímica da Braskem, no sul do Brasil, e a revendê-lo no mercado com uma mistura de nafta e solventes. E, para a conta fechar, usava precatórios comprados bem baratinho para pagar o ICMS.
          Instalada em posição estratégica, possui vocação não apenas para o refino, mas também para a logística de grandes volumes de derivados de petróleo.
          No final de 2008 a empresa entra em recuperação extrajudicial.
          Em fevereiro de 2009, um grupo de executivos assumiu a companhia com um desafio: limpar o passado de problemas e transformar Manguinhos, a maior refinaria privada do Brasil, numa fonte de boas notícias. Eles pretendiam iniciar a produção de biodiesel, instalar um terminal de importação e exportação de etanol e retornar à produção de gasolina, suspensa havia três anos.
          A peregrinação, porém, dos novos controladores por gabinetes do governo, distribuidoras e entidades setoriais, gerava mais desconfiança do que apoio. E a razão é prosaica. Assim como a própria refinaria, o grupo que assumiu a empresa foi protagonista de escândalos rumorosos e provocou muxoxos de ceticismo por onde passou. Fazem parte do grupo o advogado Ricardo Magro, sócio do grupo que comprou a refinaria da multinacional espanhola Repsol, e o ex-secretário de Fazenda do Rio de Janeiro Marcelo Sereno, então presidente da holding Manguinhos.
          Magro é um dos integrantes do grupo Andrade Magro, com décadas de atuação no mercado de combustíveis e um histórico de ligações com distribuidoras acusadas de sonegação, muitas delas clientes cativas da Manguinhos. O caso mais polêmico do grupo é o da distribuidora Inca, representada pelo próprio Ricardo Magno. Depois de ter o registro cassado em São Paulo, a Inca foi apontada por uma CPI da Assembleia Legislativa do Rio como a principal beneficiada por um esquema de sonegação que se sustentava em brechas legais criadas pela ex-governadora Benedita da Silva. Marcelo Sereno tem um currículo ainda mais vistoso que o de Magro. Ex-assessor de José Dirceu no Ministério da Casa Civil, tornou-se conhecido nacionalmente por seu envolvimento no escândalo do Mensalão e pelo seu protagonismo na CPI dos bingos.
          A fama atrapalha, mas o maior empecilho aos planos de Magro e Sereno era a oposição cerrada que o governo do estado de Rio de Janeiro, então nas mãos do peemedebista Sérgio Cabral, faziam ao projeto. Pelos cálculos do secretário da Casa Civil, Manguinhos deixou de pagar 600 milhões de reais em ICMS por causa do regime especial criado por Benedita e renovado por sua sucessora, a ex-governadora Rosinha Matheus e suspenso por decreto de Cabral em 2007.
          Nos sete anos em que o benefício fiscal esteve ativo, a refinaria perdeu grandes clientes, como Shell, Esso e Ipiranga, que preferiram comprar gasolina da Petrobras e evitar problemas na Justiça. Sem as grandes, Manguinhos passou a vender gasolina apenas para distribuidoras menores, que fornecem aos chamados postos de bandeira branca. A Inca, por exemplo, foi a maior e, por alguns meses, a única cliente de Manguinhos até deixar de funcionar em 2007.
          Magro já foi preso em duas fases da Lava-Jato no Rio de Janeiro sobre operações fraudulentas no Postalis.
          Em 2014, Luis Roberto Maia Fragali obteve uma importante vitória no STF ao conseguir que Gilmar Mendes anulasse decreto de Sérgio Cabral para desapropriação de Manguinhos.
          Considerando dados de setembro de 2017, Manguinhos produzia mais de 400 milhões de litros de gasolina por ano e empregava 400 colaboradores diretos.
          Nas primeiras semanas de 2018, a empresa passou a se chamar Refit.
          A Manguinhos recebeu chamuscadas da Operação Lava-Jato. Com base na delação de um dos operadores de Dario Messer, a Lava-Jato investiga o suposto pagamento de propina na liberação de R$ 100 milhões do Postalis para a Refinaria Manguinhos (Refit). O dinheiro teria saído do fundo de pensão dos funcionários dos Correios para um fundo de investimento em ações da Perimeter Asset Management, de Fragali.
(Fonte: revista Exame - 29.07.2009 / material publicitário da empresa - revista Veja -  20.09.2017 / O Antagonista - 29.05.2018 - partes)

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