O blog "Origem das Marcas" visa identificar o exato momento em que nasce a marca, especialmente na definição do nome, seja do produto em si, da empresa, ou ambos. "Uma marca não é necessariamente a alma do negócio, mas é o seu nome e isso é importante", (Akio Morita). O blog também tenta apresentar as circunstâncias em que a empresa foi fundada ou a marca foi criada, e como o(a) fundador(a) conseguiu seu intento. Por certo, sua leitura será de grande valia e inspiração para empreendedores.
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11 de jan. de 2023
Grupo Telles
Em meados de agosto de 2022 vem a lume que o grupo se juntará ao setor de energia renovável com um investimento de R$ 200 milhões em uma fazenda solar de 50 megawatts. O investimento em Jaguaruana, no mesmo estado, será feito com recursos próprios – a família controladora embolsou R$ 900 milhões com a venda da cachaça Ypióca para a Diageo em 2012. Antes de decidir entrar no mercado de energia, o grupo equipou suas fábricas com unidades solares para consumo próprio, totalizando 15 MW já instalados.
Nos 10 anos que se seguiram à venda da Ypióca, o Grupo Telles realizou diversos investimentos em negócios anteriormente ligados à marca da cachaça. A empresa continuou investindo durante a pandemia, segundo Aline Telles Chaves, diretora de operações do grupo.
A empresa está também investindo em uma fábrica de caixas de papelão em Aquiraz para ampliar a capacidade de produção diária de 110 toneladas para 140 toneladas.
O grupo também está reformulando sua fábrica de embalagens plásticas para melhor posicionar as operações dentro do conceito ESG. A unidade de Fortaleza passará a produzir sua própria resina PET a partir de embalagens descartadas de estabelecimentos comerciais do estado. Cerca de 30% da resina produzida será destinada ao consumo das empresas da família – os Telles têm um negócio de água mineral, a Naturágua, com faturamento de R$ 85 milhões. O excedente será vendido para outros fabricantes de embalagens de alimentos e bebidas.
O Patriarca Everardo Telles tem sete filhos, dos quais cinco trabalham no grupo – três deles em cargos de gestão. Ele se diz satisfeito com a atual composição da empresa familiar – que soma 1.500 funcionários – e não pretende se desfazer de nenhum ativo como fez com a Ypióca em 2012. A possível exceção, diz ele, é a usina de etanol que possui em Rio Grande do Norte. “Não é uma prioridade nossa.” O empresário é o presidente da empresa, enquanto um de seus filhos, Paulo Telles, é o CEO.
No segmento de água, algumas aquisições estão no radar. “Neste setor, por essência, só é possível crescer comprando novas fontes, já que o transporte a granel de água não é possível”, disse o diretor de operações do grupo.
Em 2022, a receita bruta foi de R$ 580 milhões.
(Fonte: jornal Valor - 15.08.2022)
26 de dez. de 2022
Aligned / Odata
A Aligned é uma empresa norte-americana de infraestrutura de data centers. A empresa tem 16 data centers nos Estados Unidos.
Em 13 de dezembro de 2022, a companhia anunciou a aquisição de 100% do capital da empresa brasileira Odata, criada em 2015, que possui operações de data centers no Brasil e em outros países da
América Latina. Ricardo Alário Arantes é o CEO da empresa.
Suas receitas vêm principalmente de contratos de longo prazo com grandes provedores de serviços de computação em nuvem, além de clientes nos setores financeiro, de telecomunicações e educacional.
O acordo foi assinado dois dias antes pelo fundo Pátria Investimentos, que detém cerca de 90% do capital da Aligned, e pela empresa de data centers norte-americana CyrusOne, que detinha cerca de 10% da Odata.
O valor do negócio e seus termos não foram revelados. Fontes dizem que o negócio está avaliado em mais de R$ 10 bilhões e representa 26 vezes o EBITDA da Odata.
O negócio depende da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) do Brasil, além dos órgãos reguladores dos Estados Unidos, Chile, Colômbia e México, onde as empresas têm operações.
A Odata possui seis data centers em operação — três no Brasil, um no Chile, um na Colômbia e um no México. A empresa tem outros três centros em construção no Brasil e no Chile com entrega prevista para o primeiro semestre de 2023, bem como no México, para o primeiro semestre de 2024. Sua equipe é formada por 350 funcionários na América Latina.
(Fonte: jornal Valor - 13.12.2022)
TC S.A. (TC Traders Club)
A plataforma social para investidores TC Traders Club foi fundada por Pedro Geraldo Bernardo
de Albuquerque Filho, nascido em 1986 e tem Rafael Ferri como sócio cofundador.. Ele ocupa o cargo de CEO da empresa. Pedro é cofundador da TEx Tecnologia, empresa de software para o mercado de seguros.
Em 17 de setembro de 2021, o Traders Club informou que adquiriu por R$ 6,5 milhões a totalidade das ações da RIWeb, sociedade resultante da cisão parcial do Grupo Comunique-se. Fundada em 2009, a RIWeb é conhecida por reunir todas as atividades de comunicação do dia a dia do profissional de relações com investidores no Workr.
O TC Traders Club debutou na B3 em julho de 2022.
Em 26 de dezembro de 2022, os acionistas da Traders Club aprovaram a alteração do nome social da empresa para “TC S.A.”. As ações continuam a ser negociadas na B3 sob o código “TRAD3”.
Em 9 de fevereiro de 2023 o mercado soube que Rafael Ferri deixaria a sociedade. Na semana de 12 a 16 de junho de 2023 houve a venda dos papeis. Na quarta-feira, dia 14, subiu 40% e continuou a alta no dia seguinte, com negócios interrompidos por leilões diante da alta de mais de 30%.
(Fonte: Forbes Brasil - 27.08.2021 / Valor - 26.12.2022 / Hot Picks Empiricus - 18.06.2023 - partes)
25 de dez. de 2022
Pastis 51
Pastis 51 é uma bebida com sabor de anis feita em Marselha, na França. Foi criada em 1951 pela Pernod Ricard quando a proibição de aperitivos à base de anis foi levantada.
Este clássico logo se tornou uma marca líder na França. Esta versão do pastis (de pastisser ou 'misturar' em francês provençal) contém anis estrelado chinês, plantas aromáticas provençais, erva-doce,
alcaçuz oriental e noz de cola africana para oferecer um sabor leve e refrescante do Mediterrâneo.
(Fonte: site da Pernod Ricard)
22 de dez. de 2022
Linhas Corrente (Coats Corrente)
Em 1912 a J&P Coats tornou-se uma das três empresas mais valiosas do mundo com ações na Bolsa de Valores de Londres, atrás somente da United States Steel e da Standard Oil Company.
A empresa se estabeleceu no Brasil em 1907 como Cia Brasileira de Linhas para Coser. Na década de 1950 ficou conhecida como Linhas Corrente.
A Coats fornece produtos, serviços e soluções de software para as indústrias de vestuário e calçados. Seu segmento de Performance Materials atua em áreas como Transportes, Telecomunicações e Energia e Proteção Individual, portanto os produtos estão em itens e locais que muitas vezes não são notados pelo público, mas que fazem parte da vida de todos.
Coats Corrente Ltda. (no Brasil), ou simplesmente Coats, continua como uma multinacional britânica. É uma das maiores fabricantes de linha de costura do mundo e única realmente com atuação global. Seus produtos atendem tanto o uso doméstico como o industrial, ou seja, empresas que adquirem insumos como matéria prima para a fabricação de seus produtos.
No segmento do artesanato (Crafts), a Coats conta com marcas como Drima, Laranja, Cadena, Anchor, Cisne, Camila, Esterlina, Milward e Linha 10. São marcas top of mind que se tornaram sinônimo de qualidade e desejo pelos consumidores.
Na unidade de negócios industrial são atendidos segmentos como vestuário, calçado, automotivo, cama, mesa, banho, vestuário de segurança, telecomunicações, higiene e médico, dentre outros. Nesse segmento há marcas fortes como Dual Duty e Epic, Astra, Sylko e Gramax dentre inúmeras outras, que são utilizadas pelas principais empresas e marcas do Brasil e do mundo.
Os produtos da Coats incluem linhas industriais, linhas domésticas, agulhas, acessórios de artesanato, zíperes, entretelas, fecho de contato e faixa refletivas.
21 de dez. de 2022
Corsan
A Corsan - Companhia Riograndense de Saneamento é a empresa estatal de água e esgoto do Rio Grande do Sul. Considerando dados de fins de 2022, atende mais de 6 milhões de pessoas no estado, distribuídas em 317 municípios que contratam os serviços da empresa.
Em 20 de dezembro de 2022, um único interessado, o Consórcio liderado pela Aegea juntamente com Perfin e Kinea, comprou a Corsan, com uma oferta de R$ 4,15 bilhões, ágio de apenas 1,15% sobre o lance mínimo de R$ 4,1 bilhões. O edital de privatização prevê a venda em lote único de 630
milhões de ações. A licitação ocorreu na sede da B3, em São Paulo.
Com a privatização, a estatal de água e esgoto deverá cumprir as condições de qualquer convenção coletiva de trabalho referente a compromissos de retenção de funcionários, bem como contratos de serviços de saneamento básico firmados com municípios.
Segundo o CEO Roberto Barbuti, esse foi um processo complexo e estressante porque envolve muitos interesses. O governo do Rio Grande do Sul argumenta que a privatização atende ao marco legal do saneamento aprovado pelo governo federal, que determina que 99% da população deve ter acesso à água potável e 90% à coleta e tratamento de esgoto até 2033.
“A Corsan, como empresa estatal de água e esgoto, não tem condições de fazer investimentos consistentes para atender as necessidades de saneamento básico nas cidades onde atua, que é muito superior ao investimento feito nos últimos anos. Assim, a privatização visa restabelecer a capacidade da empresa de fazer os investimentos setoriais necessários e aumentar a qualidade e cobertura do serviço oferecido ao cidadão”, diz o edital.
O leilão foi marcado por tentativas de suspensão e batalhas judiciais, fatos que geram incertezas
sobre o processo.
A Corsan que foi efetivamente privatizada em julho de 2023, após meses de disputas judiciais e
polêmicas com o tribunal de contas.
O valor (R$ 4,15 bilhões) foi desembolsado apenas em julho, quando o contrato foi assinado. A conclusão da transação foi adiada em cerca de três meses devido a liminares obtidas pelo sindicato dos trabalhadores e uma controvérsia com o tribunal de contas sobre o valor da venda.
Em agosto de 2023, a Aegea inicia as primeiras ações de reestruturação da Corsan. Além de acelerar os investimentos, que devem chegar a R$ 1,5 bilhão por ano até 2024, a empresa lançou um programa de desligamento voluntário de funcionários e iniciou negociações com dezenas de municípios que ainda precisam regularizar seus contratos.
Uma medida tomada para sanar a assinatura do contrato foi o acordo trabalhista que garantiu 18 meses de estabilidade a todos os funcionários. O programa de desligamento voluntário lançado pela Corsan permite que os funcionários convertam sua estabilidade em verbas rescisórias.
O plano de investimentos da Corsan para universalizar os serviços até 2033 prevê R$ 15 bilhões em investimentos. O volume de aportes, em torno de R$ 400 milhões por ano, deve subir para cerca de R$ 1 bilhão em 2023 e deverá chegar a R$ 1,5 bilhão anuais a partir de 2024, segundo Leandro Marin, vice-presidente da Aegea e chefe de operações para a região sul do Brasil
Além disso, a empresa já iniciou negociações com os municípios para regularizar os contratos — há cerca de 230 a serem reajustados, considerando dados de agosto de 2023. Dos 317 municípios atendidos pela Corsan, 87 já fizeram a regularização em função da nova lei de saneamento de 2020. Esses municípios respondem por 55% da receita. Dos 230 restantes, dez estão atrasados.
A regularização dos contratos era uma das incertezas mais significativas na privatização da Corsan. O temor era de uma debandada de municípios e uma onda de litígios nas cidades que não aceitavam a privatização. No mercado, ainda não está 100% claro o que acontece neste caso, uma vez que, juridicamente, os contratos não são regulares à luz da nova lei, mas estão em vigor.
Um assunto em discussão é como será tratada a parceria público-privada (PPP) para a região metropolitana de Porto Alegre, contrato firmado entre a Corsan e a Aegea em 2020. Uma possibilidade em discussão é incorporar a PPP à Corsan agora que a Aegea a controla
No momento da privatização, a Corsan tinha 5.600 funcionários.
(Fonte: jornal Valor - 20.12.2022 / 17.08.2023 - partes)
Agrorobótica
Funcionou para o rover Curiosity explorar o solo de Marte, funciona também para o agronegócio. A startup Agrorobótica tem chamado a atenção do mercado com uma proposta que combina análise fotônica com inteligência artificial para fazer uma leitura detalhada de áreas para o plantio.
A análise detalhada do terreno permite que o produtor use fertilizantes de modo mais preciso, corte custos, evite desperdícios e excesso de agroquímicos. O sistema começou a ser desenvolvido em parceria com pesquisadores da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), e é usada por mais de 400 agricultores em 14 estados. A técnica é conhecida como Libs (sigla em inglês para Espectroscopia por Ruptura Induzida a Laser). O robô Curiosity a usou em 2012 para explorar a superfície de Marte. Funciona assim: um pulso de laser incide sobre a amostra de solo. O material superaquece e é transformado em plasma. Por meio da fotônica, é possível identificar a presença de qualquer elemento constante na amostra, porque cada um deles emite uma luz característica.
O software da Agrorobótica transforma, em tempo real, os dados em informações sobre a quantidade e a qualidade dos nutrientes, a textura e a acidez da terra. A tecnologia acelera a análise do solo, que, por métodos tradicionais e dependendo do terreno, pode levar de dez a 40 dias para ser concluída. Também é mais limpa: o método convencional de perícia chega a usar até 15 reagentes químicos, segundo Fábio Angelis, CEO da Agrorobótica.
A startup, residente do novo LifeHub São Paulo, centro de inovação da Bayer no Brasil, recebeu dois aportes, de valores não revelados, nos últimos dois anos: da Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial) e do fundo de investimento NT Agro, especializado em novas tecnologias do agronegócio.
A empresa também assinou um contrato com a Bayer para desenvolver uma metodologia capaz de medir taxas de sequestro de carbono na agricultura.
É cada vez maior o número de empresas que, tradicionalmente, desenvolviam produtos por meio de rotas convencionais e agora investem em alternativas sustentáveis. Quem garante é Thiago Falda, presidente executivo da Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI). A entidade foi criada em 2016 para apoiar e desenvolver iniciativas de inovação na área da bioeconomia, modelo de produção baseado no uso sustentável dos recursos biológicos.
A Agrorobótica conta com 95 funcionários, sendo 70 em operações no campo, considerando dados de fins de 2020.
20 de dez. de 2022
FTX
Pouco antes de meados de novembro de 2022, uma crise de confiança abalou todo o setor e teve como estopim a divulgação de um relatório que colocava em xeque a liquidez da FTT, principal token da plataforma de Bankman-Fried. A informação levou a uma reação em cadeia: a Binance, principal concorrente da FTX, desistiu do acordo de compra da companhia. Além disso, uma corrida frenética de clientes por saques retirou US$ 6 bilhões da FTT em apenas 72 horas.
Ao fim da semana de 10 e 11 de novembro de 2022, a crise envolvendo SBF, se agravou: com um rombo bilionário na empresa, Sam Bankman-Fried renunciou ao comando da companhia e a FTX entrou com um pedido de recuperação judicial.
O procurador a cargo do caso, Damian Williams, já solicitou a prisão de SBF, que já foi preso e está em vias de ser extraditado para os EUA. Ele morava nas Bahamas. De acordo com o procurador trata-se de uma das maiores fraudes financeiras da história americana e as penas acumuladas, por pelo menos oito crimes, podem levar SBF a uma condenação de 115 anos.
Apesar de todas as acusações e evidências, curiosamente, o mesmo procurador Damian Williams observou que SBF não se assemelha ao típico criminoso de colarinho branco. Ao que parece não havia uma intenção prévia em se fraudar, enriquecer e dar no pé com uma montanha de dinheiro. As evidências indicam que um misto de incompetência associada a alguns vieses comportamentais atuaram fortemente para o desfecho da história.
Tudo isso possibilitado pela ausência de regulação. Fraudadores profissionais, ou picaretas convictos, planejam seus golpes e buscam travestir suas empreitadas com ares de seriedade e solidez. Pois no caso da FTX, nada disso existia.
A corretora não atendia aos requisitos mais básicos de compliance e governança de instituições do mercado financeiro: a CEO tinha apenas 20 anos e nenhuma experiência em mercado financeiro, aparentemente era namorada de SBF; não existiam barreiras de informação entre os diferentes negócios, notadamente entre a corretora e a Alameda Research; não havia segregação de funções; não havia segregação entre os recursos de clientes e o da empresa; inexistência de gestão de risco.