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17 de fev. de 2023

Zivi (Zivi-Hercules) X Eberle

          O grupo gaúcho Zivi foi fundado em Porto Alegre pelas famílias Ceitlin e Barkhaus, por volta de 1971.
          Por mais de 20 anos, decisões, lucros e problemas do grupo foram divididos entre as duas famílias. Juntas eles tinham 90% do capital - cada uma com 45%.
          Durante anos, o grupo Zivi, maior fabricante de talheres do país, que controla empresas como Hércules e Eberle, acomodou-se em sua posição de líder no mercado de tesouras, motores elétricos material cirúrgico e insumos industriais.
          O primeiro baque nessa liderança aconteceu em 1986, com a morte súbita do então diretor-superintendente, Nei Damasceno Ferreira. Sem o comando do executivo, homem forte do grupo, a estrutura ameaçou desmoronar. Nem a força da marca impediu que o Zivi perdesse mercado para a concorrência. "Estávamos passando pelo Plano Cruzado, e a empresa quase perdeu o rumo", disse Pedro Ceitlein "Os negócios começaram a ser tratados com uma certa negligência."
          Nesse período, o Zivi se tornou um grupo diversificado, com faturamento de 240 milhões de dólares em 1991 e um quadro de 10.000 funcionários.
          Foi bom enquanto durou. O casamento, que parecia perfeito, começou a ruir. No início de julho de 1992, os Bakhaus decidiram vender sua participação nos negócios aos antigos sócios. O desmantelamento da sociedade ocorreu exatamente um ano após um tumultuado processo de sucessão que levou Pedro Ron Ceitlin, então com 34 anos, à presidência do Zivi. Ele chegou ao cargo depois do afastamento, por motivo de saúde, do antigo presidente, Lew Ceitlin.
          A escolha de Pedro para o cargo provocou conflitos em sua própria família. O favorito para a sucessão ao grupo era seu irmão Michel, então com 29 anos. Lanterninha nas apostas, Pedro contou com o apoio da mãe e ganhou a parada. Logo que assumiu, deu o troco. Tirou Michel da diretoria de operações e o colocou no conselho consultivo da companhia, um cargo sem a força do anterior.
          Ao assumir a presidência, Pedro decidiu que era hora de recuperar o tempo perdido pela estagnação. Para iniciar a modernização, entretanto, ela assumiu o papel de franco-atirador na empresa. Era preciso disparar medidas de ajuste na direção de toas as áreas ao mesmo tempo. O primeiro passo foi promover uma reavaliação na linha de produtos. Os talheres com a marca Eberle, por exemplo, foram retirados do mercado. Toda a produção de utensílios domésticos passou a ser concentrada na fábrica da Hércules. Para suportar o aumento de produção e tentar alcançar a tradicional concorrente, a Tramontina, a Hércules investiu na automação de sua fábrica. Redução de desperdícios e aumento de qualidade estariam sendo conquistados com a instalação de células de produção.
          Além de reavaliar seus produtos, o grupo Zivi passou a adotar novas políticas comerciais. Os resultados obtidos por Pedro, embora satisfatórios, não foram suficientes para convencer os Bakhaus. Nem mesmo o aumento de receitas de exportação, atenuou as divergências entre o estilo de Pedro e o desejado por seus sócios. Com a concentração do poder nas mãos dos Ceitlin, passou a existir a expectativa de que com o controle de uma só família o grupo pudesse ganhar maior agilidade e competitividade, o que é fundamental em tempos de concorrência mais aberta.
          A saída dos Bakhaus contribuiria para uma pacificação, pois Michel receberia de volta suas antigas funções. A paz no grupo Zivi não era apenas uma veleidade familiar. Ela era necessária para aparar as arestas que a atuação de Pedro para modernizar a empresa causou.
          Em julho de 1993, Michael, com a ajuda de acionistas minoritários, derrubou o irmão durante uma assembleia.
          Em abril de 1994, tendo aos irmãos Michael Ceitlin e Pedro Ron Ceitlin, como principais acionistas, a Zivi-Hercules, convivia com uma dívida junto à Receita Federal de 7 milhões de dólares.
A dívida foi contraída no período em que Pedro dirigiu a Zivi.
          Atualmente, a Hercules pertence à Mundial.
(Fonte: revista Exame - 22.07.1992 / 13.04.1994 - partes)

Castrol

          Em 1889, C.C.Wakefield jamais poderia imaginar que o home um dia pisaria na Lua. E muito menos que a nave que o levaria nessa incrível jornada estaria utilizando produtos da empresa que faria parte do grupo que estava fundando: a Castrol. Pois o homem, quase um século depois, foi à Lua.
          Desde o primeiro óleo multiviscoso para automóveis, lançado em 1909, a Castrol se esmera para ser sinônimo de conquistas tecnológicas.
          A Castrol é a principal empresa do grupo britânico Burmah-Castrol, que opera, principalmente, nas 
áreas de lubrificantes, química fina e distribuição de combustíveis.
          O intercâmbio tecnológico no mundo inteiro, resultado da diversificação de uso dos produtos, possibilita a atuação da Castrol no mercado automotivo, para os consumidores em geral e para empresas de transportes, reflorestamento, construção e mineração; no mercado industrial para os setores de 
transformação de metais e indústrias em geral; e no mercado marítimo e de aviação.
          Considerando dados de julho de 1992, a Castrol é responsável por uma operação que envolve mais de 9.000 funcionários nas áreas de produção, marketing, distribuição, pesquisa e desenvolvimento de 
lubrificantes, atuando em 40 países e com representações em mais de 100.
(Fonte: revista Exame - 22.07.1992 (anúncio publicitário, com texto adaptado)

16 de fev. de 2023

Movida (JSL/Simpar)

           A empresa de aluguel de carros Movida foi adquirida em 2013 pela JSL. Por ocasião do negócio, a Movida era dona de 25 lojas nos principais aeroportos do país.
          Em meados de dezembro de 2021, a Movida anunciou uma pequena aquisição, a Marbor Frotas Corporativas, pelo valor de R$130 milhões, adicionando 1,8 mil veículos à sua frota de GTF. A aquisição permite a captura de sinergias pela Movida com acesso a uma nova base de clientes.
          Em setembro de 2022, a Movida adquiriu a locadora portuguesa Drive on Holidays (DOH) por 66 milhões de euros, cerca de US$ 65 milhões, por meio de sua subsidiária Movida Finance. Considerando a dívida líquida de 11 milhões de euros da empresa em agosto (2022), a operação resultou em um valor patrimonial de 55 milhões de euros (US$ 54,1 milhões).
          Todos os ativos da empresa compuseram a transação, inclusive a frota, avaliada em, aproximadamente, 60 milhões de euros, e dois imóveis operacionais, avaliados em 3,5 milhões de euros.
          “Em linha com o planejamento estratégico de realizar movimentos internacionais que não comprometam o desenvolvimento da Movida no Brasil e que sejam complementares e sinérgicos, a transação marca o início da internacionalização da Movida e a entrada na Europa”, diz a companhia em comunicado.
          Sediada em Lisboa e com atuação no setor de locação de carros desde 2011, a empresa adquirida tem quatro lojas adjacentes aos principais aeroportos de Portugal (Lisboa, Porto, Faro e Ponta Delgada, este na região dos Açores) e frota de aproximadamente 3,3 mil veículos em agosto de 2022 (99% próprios e 1% sob contratos). A frota média é de aproximadamente 2,7 mil veículos e idade média de 1,6 ano.
          De acordo com o informado, um dos acionistas fundadores e executivo da DOH, Ricardo Esteves, assim como os 130 funcionários da empresa, continuarão executando o desenvolvimento da Drive on Holidays com uma gestão totalmente independente da operação da Movida no Brasil.
(Fonte: eleven financial - 18.12.2021 / Valor - 22.09.2022 - Partes)

14 de fev. de 2023

Pan (produtos alimentícios)

          A PAN – Produtos Alimentícios Nacionais S.A. – foi fundada pelos engenheiros Aldo Aliberti e Oswaldo Falchero. Tem sua sede na Rua Maranhão, 835, na cidade de São Caetano do Sul, no ABC Paulista.
          O que marcou a Chocolate PAN, foi a forma de seu lançamento no mercado: Aliberti e Falchero colocaram um anúncio em um jornal de grande circulação da época, que no dia 12 de dezembro de 1935, um foguete seria lançado para a Lua. Todos ficaram ansiosos por saber de onde sairia. Na data prevista uma multidão se reuniu no Campo de Marte, em São Paulo, à espera do foguete e nada aconteceu. No dia seguinte foi noticiado que o foguete representava os produtos da PAN que estavam chegando ao mercado.
          Naquela época, as balas eram fabricadas em tachos e o “ponto” era conseguido por confeiteiros; o formato era dado através de prensas e embrulhadas a mão, uma a uma.
          Os principais concorrentes na época eram a Falchi, Gardano, Sonksen, Dizioli, Rocco, Garoto e Laf.
          Os primeiros produtos fabricados pela PAN foram o Cigarrinho de chocolate, a Bala Paulistinha (inspirada na Revolução Constitucionalista de 1932), barras de chocolate em formato de quadrado, peixe e charuto e fabricadas com uma massa de chocolate pouco refinada e embrulhados em papel alumínio, o que era comum na época.
          Lançados em 1941, os cigarrinhos de chocolate ao leite foram um sucesso na população. Na época, o hábito de fumar era considerado "chique" pela sociedade. Portanto, a ideia era que o cigarrinho de chocolate simulasse a forma de consumir o tabaco.
          A embalagem era feita no formato de um maço de cigarro. Em 1959, ganhou os rostos de dois meninos: um negro e um branco, que seguravam o chocolate como se estivessem fumando.
          Outro fato marcante da Chocolate PAN foi um concurso promovido, através de um álbum com figuras astronáuticas (baseadas em Júlio Verne), em 1941, e as pessoas encontravam as figurinhas nas Balas Paulistinhas para colarem em seus álbuns. As pessoas que levassem alguma página do álbum preenchida ou até o álbum inteiro, recebiam diversos prêmios. O sucesso foi tão grande que a promoção durou dois anos e, por isso a Pan precisou aumentar bastante a sua produção de balas.
          Que criança não entrou em uma bomboniere e se deparou com uma caixa cheia de chocolates em formato de moeda e embrulhados em papel dourado, similar a ouro? Pois é, as moedas de chocolate também são uma invenção da Pan, que se popularizou entre as crianças e os adolescentes. Criado na década de 1940, o produto foi um dos mais vendidos pela empresa.
          O granulado de chocolate também foi inventado nos primeiros anos da empresa. É um produto que dá "água na boca" em muitas pessoas e é um dos mais longevos produtos da empresa. As tradicionais passas cobertas com chocolate, permanecem por décadas na linha de produção da Pan.
          Na década de 1990, quando o Ministério da Saúde começou a combater o tabagismo, a Pan mudou o nome dos Cigarrinhos para rolinhos de chocolate. Tempos depois, o produto deixou de ser vendido pela empresa.
          Criado no início dos anos 2000, o Chocolápis foi outro produto voltado para o público infantil. Em uma época de popularização dos lápis de cor, o produto vinha em uma embalagem que simulava uma caixinha de lápis e continha chocolates de diversas cores. O produto é vendido até hoje pela empresa.
          Um dos primeiros produtos lançados pela empresa, ainda na década de 30, as Balas Paulistinha não eram feitas de chocolate. Mas fizeram muito sucesso. O produto foi inspirado na Revolução Constitucionalista de 1932, deflagrada em São Paulo contra o governo federal, de Getúlio Vargas....
          As balas azedinhas eram feitas em três cores, vermelha, amarela e verde, e ficaram à venda por cerca de 70 anos.
          A Pan também foi responsável por colocar no mercado o primeiro chocolate diet ao leite, em uma época que começava a se discutir a questão nutricional e o alto consumo de açúcar entre as pessoas. O produto foi bem aceito no mercado e ganhou versões com recheios de avelã e castanhas de caju.
          A Pan ficou conhecida por produtos voltados ao público infantil, mas também tem um chocolate impróprio para menores de 18 anos. É o choconhaque, chocolate recheado de conhaque que é carro-chefe da empresa nas vendas.
          Por volta de 1970, a PAN imprimiu bom ritmo de desenvolvimento com a automação e ampliou sua linha de produtos, o que serviu para se fortalecer no mercado.
           A Chocolate Pan foi pioneira ao criar para o mercado nacional o primeiro chocolate diet ao leite.
          Desde o início até 2005, a empresa teve como Diretor Presidente, o fundador engenheiro Oswaldo Falchero. Essa continuidade permitiu que a CHOCOLATE PAN mantivesse o reconhecimento e tradição de empresa estável, sólida e séria, continuando a produzir com qualidade os seus produtos.
          Em outubro de 2016, 81 anos após sua fundação, a Pan mudou de mãos. O negócio familiar de chocolates, balas e doces segue planos arrojados para recolocar a fabricante na casa do consumidor brasileiro e posicioná-la entre as maiores indústrias do ramo no País.
Os seus produtos atuais mais vendidos são: Pão-de-Mel (lançado em 1.945), Granulado para doces e bolos, Moedas de chocolate ao leite, bombons e bala de goma
          Em 13 de fevereiro de 2023 a Pan Produtos Alimentícios pediu sua autofalência à Justiça. A empresa fez parte da memória afetiva das pessoas, mas não conseguiu arcar com as dívidas e admitiu não conseguir pagar sua dívida de R$ 260 milhões.
          Até a decretação de falência, o quadro de funcionários era de 52 pessoas. A empresa afirmou que o faturamento sofreu queda com a reestruturação de 2017 e que, durante a pandemia de Covid-19, houve uma redução ainda maior.
          A aquisição da fábrica foi feita em outubro de 2023 pela empresa CSH Administração de Bens Intangíveis Ltda, braço de investimentos do Grupo Cacau Show, que pagou pelo espaço de 10.432 m² um valor 33% superior ao preço inicial estipulado pela Justiça para a realização do leilão.
A Cacau Show arrematou todos os itens leiloados, comprando a área do imóvel onde ficava a fábrica, bem como os equipamentos e as máquinas do local. A fábrica com os equipamentos foi arrematada por R$ 71 milhões.
          A marca da Chocolates Pan foi leiloada em 4 de março de 2024. Em meio a 25 propostas, o lance vencedor foi de R$ 3,1 milhões. Quem arrematou foi a empresa Real Solar, de Goianinha, no Rio Grande do Norte, que poderá usar os 37 nomes da empresa. O resultado segue para homologação da Justiça de São Paulo.
(Fonte: UOL - 13.02.2023 / site da empresa / G1 - 04.03.2024 - partes)

12 de fev. de 2023

Dinho's (antigo Dinho's Place)

          O Sr. Fuad Namen Zegaib (1932-2022), não descobriu o fogo, mas ao criar o restaurante Dinho's soube, melhor do que ninguém, utilizar seu calor na dose exata para criar grelhados com status de clássicos.
          A trajetória do empresário e restauranteur Fuad Zegaib, o Sr. Dinho, é única e repleta de momentos especiais e inesquecíveis. Com um importante legado para a gastronomia 
paulistana.
          Nas 6 décadas de história, cada descoberta e aprendizado no preparo das melhores carnes contribuiu para tornar o Dinho's uma referência da gastronomia de grelha.
          Visionário e empreendedor, ele conquistou o respeito e admiração de seus clientes e amigos graças ao esforço e dedicação para tornar seus sonhos em realidade.
          Em uma entrevista alguns anos antes de seu falecimento, com o repórter Arnaldo Lorençato de Veja São Paulo, Fuad Zegaib reclamava para si a criação do corte de carne favorito entre muitos brasileiros: a picanha. 
          Embora admitisse que era praticamente impossível provar essa paternidade, afirmou: “A picanha não era feita na grelha em são Paulo. Fui o primeiro a preparar dessa forma”. Até então, segundo ele, não havia comercialização nem industrialização dessa carne para churrasco, que fazia parte da alcatra, localizada na parte superior da peça e cheia de gordura.
          Nascido e criado dentro da cozinha, o chef Paulo Zegaib desde pequeno foi inspirado a seguir na carreira gastronômica. Já aos 15 anos começou a trabalhar com o pai, Fuad, e esse incentivo foi decisivo nos estudos e profissão.
          O chef Paulo Zegaib morou na Itália depois de se formar na França e estagiar na rede Accor. Há décadas de volta ao Brasil, hoje comanda a cozinha do Dinho's.
          O restaurante Dinho's é premiado por três vezes consecutivas pelo guia Michelin. Serve pratos clássicos de forma sofisticada e contemporânea. Está no coração da alta gastronomia paulistana.
(Fonte: site Dinho's / Veja São Paulo - partes)

Fenty Beauty

          A cantora Rihanna lançou sua própria linha, Fenty Beauty, em 2017. A marca foi acolhida com entusiasmo pelos fãs e foi elogiada por sua inclusão em oferecer 40 tons diferentes de base.
          Em 2019, foi anunciado que Rihanna estava em parceria com a LVMH Moët Hennessy—Louis Vuitton para criar a linha de moda Fenty.
          Rihanna, apelido de Robyn Rihanna Fenty, nascida em 20 de fevereiro de 1988, na paróquia de St. Michael, Barbados, é cantora de pop e rhythm-and-blues (R&B) de Barbados e se tornou uma estrela mundial no início do século XXI. É conhecida por seu estilo distinto e voz versátil e por sua aparência elegante.
          Ela também era conhecida por suas linhas de beleza e moda. Fenty cresceu em Barbados com um pai barbadiano e uma mãe guianense. Quando criança, ela ouvia música caribenha, como reggae, bem como hip-hop e R&B americanos. Ela gostava especialmente de cantar e ganhou um show de talentos do ensino médio com uma interpretação de Mariah Carey.
(Fonte: Enciclopédia Britannica)

8 de fev. de 2023

Nissan

          O círculo do logo da Nissan representa o Sol, enquanto a barra ao meio é usada para expressar características de força e sucesso. A palavra Nissan corresponde a uma abreviatura. O nome da marca tem origem de duas palavras, Nippon Sangyo”, que significa “Indústrias Japonesas”.
          Em meados de 1999, a Nissan, segunda maior montadora de automóveis do Japão, era uma empresa semimorta. Tinha dívidas de 13 bilhões de dólares e participações de mercado decrescentes.
          Foi quando o brasileiro Carlos Ghosn, nascido em 1954, um ex-vice-presidente da Renault, recebeu a missão - considerada impossível por muitos especialistas - de reerguer a empresa. O clima era de desconfiança. A Nissan manteve uma tradição de anunciar programas que nunca chegaram a dar resultados. A Ghosn, também, foi entregue a responsabilidade de enfrentar as rígidas estruturas da cultura corporativa japonesa.
          Num país conhecido pela tradição de emprego vitalício, Ghosn anunciou a demissão de 21.000 funcionários e o fechamento de 5 das 14 fábricas da empresa. É uma fórmula ocidental, dolorosa, traumática. Mas aparentemente inevitável diante da competição global. Os próprios japoneses sabem disso. A profundidade das mudanças anunciadas por Ghosn surpreendeu a indústria. Mais surpreendente ainda foi a adesão dos japoneses aos planos de um executivo gaijin, a palavra usada para definir os estrangeiros.
          Ghosn chegou ao posto de principal executivo de operações da Nissan em junho de 1999, indicado pela francesa Renault, dona de 37% do capital da montadora japonesa. Ele então passou a buscar um senso de urgência que a Nissan perdera ao longo do tempo. O senso de urgência pelo resultado. A montadora teve prejuízo nos sete anos anteriores. De acordo com seus planos, a empresa voltaria a ganhar dinheiro a partir do ano 2000. Sua carreira dependia disso. Nos primeiros dias de novembro (1999), Ghosn deu uma prova pública de confiança em seu projeto para a Nissan. Em caso de fracasso, ele e toda a cúpula da empresa pediriam demissão de seus cargos. "As pessoas têm o direito de duvidar do sucesso da reestruturação", disse Ghosn. "Eu não."
(Fonte: revista Exame - 17.11.1999)

ATG (Americas Trading Group)

          O Americas Trading Group (ATG), uma plataforma de negociação de ativos financeiros, foi fundado por Arthur Machado, que sempre buscou transformar a empresa na nova bolsa de valores do país, chegando a fechar uma parceria com a New York Stock Exchange (NYSE) anos atrás. O plano há
anos é se tornar concorrente da bolsa brasileira B3.
          No entanto, o empresário foi preso por volta de 2019 por suspeita de envolvimento em fraudes contra fundos de pensão. O Postalis, fundo de pensão dos Correios, foi um dos primeiros investidores na ATS e um dos responsáveis pelo déficit do fundo. Nesse ponto, a ATG teria começado a procurar um comprador.
          Em 7 de fevereiro de 2023, vem a lume que a gigante de Abu Dhabi, Mubadala Capital, concordou em comprar o Americas Trading Group (ATG), com planos de lançar nova bolsa de valores no Brasil.
          O movimento ocorre logo após fundo de Abu Dhabi fechar rodada de investimentos na Cerc, fintech que registra ativos financeiros. No final de 2021, a Cerc já havia pedido autorização ao Banco Central para abrir uma central depositária de ativos, passo necessário para ter uma bolsa de valores.
          O projeto do fundo é reviver os antigos planos da ATG de criar uma nova bolsa de valores no Brasil, dizem as fontes, reacendendo uma questão que paira sobre a bolsa de valores brasileira há anos.
          “O cenário global é desafiador, mas vemos potencial de crescimento e um mercado de capitais maduro. Um de nossos objetivos é promover, por meio de nossos investimentos, maior acesso a mercados e ferramentas para execução otimizada de ordens para grandes corretoras, investidores institucionais e gestores de recursos”, disse Oscar Fahlgren, chefe do escritório da Mubadala Capital no Brasil, em comunicado.
          O acesso ao depositário central já gerou uma batalha entre a ATG e a B3 no passado. A ATS, empresa do ATG, entrou em arbitragem contra a B3 há alguns anos, alegando que a bolsa havia estipulado preços altos para o contrato de prestação de serviços para utilizar sua compensação. Argumentou na época que os preços inviabilizavam o projeto de uma nova bolsa no país. Além do Mubadala, alguns fundos brasileiros também teriam analisado o ativo.
          Após a fusão entre BM&FBovespa e Cetip, em 2017, o regulador antitruste CADE estabeleceu que a B3 deveria disponibilizar sua infraestrutura de mercado para terceiros e que, caso não houvesse acordo entre as partes, a arbitragem seria o foro para eventuais discussões.
          Em 2019, as partes chegaram a um acordo sobre o preço e um pedido à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para a criação de uma bolsa ainda estava aberto, mas foi indeferido na época por não atender a todos os requisitos. Um novo pedido ainda não foi apresentado.
          Em janeiro de 2023, durante almoço com jornalistas, o CEO da B3, Gilson Finkelsztain, disse que a concorrência era um tema recorrente nas discussões da empresa. “Já estamos preparados há algum tempo para todo tipo de concorrência”, disse o executivo, lembrando que já lida com concorrentes no mercado de balcão. A concorrência também deve aparecer no mercado listado, depois que a CVM permitiu a negociação em bloco nos mercados de balcão organizados.
          Para o Sr. Finkelsztain, ter outros players competindo no mesmo mercado é um fator positivo para “desencadear criações”. “Mas será difícil competir com a B3 porque ela é eficiente no que faz”, disse. “Costumávamos temer que a tecnologia tornasse possível algo que não tínhamos visto, mas o tempo mostrou que na maioria das vezes os concorrentes tentam copiar o que fazemos.”
          A B3 tem apostado em dados para diversificar suas fontes de receita. Em 2021, comprou a empresa de big data Neoway, a maior aquisição desde a fusão da BM&FBovespa com a Cetip. Em 
2022, adquiriu a Neurotech, confirmando sua estratégia de avançar em tecnologia e análise de dados.
          A ATG está conversando (junho de 2024) com grandes investidores institucionais no exterior e no Brasil para garantir liquidez à sua Bolsa de Valores mobiliários, concorrente da B3 e que deve operar a partir do segundo semestre de 2025. Como contrapartida, esses agentes – a maioria grandes bancos e empresas de tecnologia especializadas em transações de alta frequência – terão acesso a uma participação acionária. “Vários acordos de confidencialidade foram firmados”, disse o presidente da ATG, Claudio Pracownick. “O passo seguinte será o Mubadala definir quanto será a participação colocada à disposição destes investidores”, acrescenta
          A Mubadala Capital, que tem como principal investidor o fundo soberano de Abu Dhabi, adquiriu em 2023 pouco mais de 70% da ATG, dando início à constituição de uma segunda Bolsa no Brasil. O restante está em um fundo de investimento em participações (FIP) sob gestão da Angra Partners e executivos da ATG.
(Fonte: jornal Valor - 07.02.2023 / Estadão  - 07.06.2024)

7 de fev. de 2023

Teuto Brasileiro

          O laboratório Teuto (Deutsch, em português) foi fundado em São Paulo, após a Segunda Guerra, pelo imigrante alemão Adolfo Krumeir, que depois o transferiu para Belo Horizonte.
          Ao se aposentar Krumeir vendeu a empresa a representantes comerciais do próprio Teuto. Muitos anos depois, em 1986, a distribuidora já havia se tornado a segunda maior de Centro-Oeste. O crescimento chamou a atenção dos proprietários do Teuto, que queriam se desfazer do laboratório.
          Foi aí que entrou o vendedor Walterci de Melo, nascido em 1959. "Nas condições em que o negócio me foi oferecido, eu não podia deixar de comprar", disse Melo. O Teuto Brasileiro foi vendido por 2 milhões de dólares, pagos em cruzados, a moeda da época, em dez prestações sem juros ou correção monetária. Goiano de nascimento, Melo é um empreendedor típico. Aos 18 anos foi morar na cidade gaúcha de Bagé, onde iniciou um nunca terminado curso de direito. No Rio Grande do Sul ele iniciou sua carreira de vendedor.
          Walterci e seu irmão Lucimar criaram em sociedade uma distribuidora de medicamentos. Na ocasião, o Teuto necessitava de vendedores para o Centro-Oeste e para o Norte do país. Os dois se candidataram e inicialmente ganharam a área de Goiás. "No início dos anos 1980 ninguém queria rodar nas estradas de terra do Centro-Oeste", disse Melo. Mais três anos e a representação virou a Organização Melo, uma distribuidora de remédios.
          Em 1992, brigado com Lucimar, seu irmão decidiu mudar o Teuto de Minas para Goiás, mais precisamente para Anápolis. Desde então, ele profissionalizou a direção e, contando com generosos incentivos fiscais concedidos pelo governo goiano, injetou 80 milhões de dólares nas instalações da empresa.
          As vendas acompanharam na mesma proporção. De 5 milhões de dólares em 1992, elas passaram a 65 milhões em 1998. Então, turbinado pela lei dos genéricos e com a elevação da capacidade produtiva em curso, o Teuto começou a avançar em direção ao mercado dos laboratórios multinacionais. Embalado pelo crescimento das vendas, o laboratório passou a lançar cada vez mais produtos. Em 1992, eles eram apenas 40. Em novembro de 1999, eram 320 em 450 apresentações. O laboratório funcionava 24 horas por dia e tinha 1.100 funcionários.
(Fonte: revista Exame - 17.11.1999)