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19 de mai. de 2023

Soneda (perfumaria)

          O imigrante japonês Mareki Kamachi (1930-2022), chegou ao Brasil ainda criança, em 1934. Foi agricultor na região de Lins (SP). Depois, tentou a vida no comércio, inicialmente, com uma loja de roupas infantis, em Piracicaba (SP). Em 1992, migrou para o varejo da beleza. Kamachi era uma das 
cerca de 40 famílias que faziam parte da rede de perfumaria Sumirê.
          Após uma viagem ao Japão em 2016, Minoru Kamachi, filho de Mareki, nascido em 1969, diz que voltou “com vontade de juntar os Kamachi para garantir um futuro melhor para a família”. Dois anos depois, apareceu a oportunidade de comprar a rede Perfumaria 2000 e criar um negócio só da 
família. Em setembro de 2018, os Kamachi fundaram a rede de perfumaria que nasceu com 26 lojas e foco no consumidor das classes de menor poder aquisitivo. A perfumaria Soneda foi criada (em 2018) em Franco da Rocha, na Grande São Paulo.
          Nos últimos tempos, a companhia percebeu que havia uma oportunidade com a população de renda média. E não perdeu tempo. Quem passou nas últimas semanas (abril e maio de 2023) pela Avenida Paulista, um dos endereços comerciais mais cobiçados do país, deve ter notado a presença de uma nova varejista no local. Em um espaço de 1,8 mil metros quadrados e três pavimentos, a perfumaria Soneda abriu as portas de sua primeira loja-conceito, com 18 mil produtos de 300 marcas. “Chegar à (avenida) Paulista era um sonho”, diz Minoru Kamachi, CEO da empresa. Minoru diz que almejava ter uma loja no local desde que começou no varejo, aos 25 anos. Minoru é o filho caçula do 
fundador da perfumaria, Mareki Kamachi.
          A retração no comércio presencial provocada pela pandemia e o aumento de imóveis desocupados na região ajudaram Kamachi a realizar o sonho. Mas, antes de chegar à Paulista, ele inaugurou, em 2021, uma loja na Rua Augusta, que lembra o cubo de vidro da Apple, em Nova York (EUA). O objetivo é se aproximar do público de maior renda e espalhar pequenas lojas pela cidade. “Queremos ser o ‘Pão de Açúcar Minuto’, a loja de vizinhança da beleza.” Hoje (maio de 2023), a varejista tem 40 lojas físicas, sendo mais da metade na cidade de São Paulo, um e-commerce, faturamento anual superior a R$ 300 milhões e mais de 800 funcionários. De acordo com dados da consultoria Nielsen, a rede detém 30% do mercado de perfumarias auditadas no Estado de São Paulo e 11% no País. E o plano é avançar. Os investimentos somam R$ 25 milhões, dos quais mais de R$ 10 milhões aplicados na loja-conceito da Avenida Paulista.
          Daqui para frente, a varejista pretende abrir entre seis e sete lojas por ano em cidades do interior. A ida para a Paulista e bairros com população mais abastada tem como objetivo atrair o consumidor de classe média. Muitos deles não conhecem a “perfumaria raiz”, diz Minoru. É aquele ponto de venda com vários itens de higiene pessoal e, especialmente, para cabelo, comum nas periferias.
(Fonte: Estadão - 19.05.2023)

Totvs Techfin

          Em meados de abril de 2022, o Itaú Unibanco informou que celebrou com a Totvs um acordo para a constituição de uma joint venture, denominada preliminarmente Totvs Techfin, que teria como objetivos a distribuição e a ampliação de serviços financeiros integrados aos sistemas de gestão da Totvs, baseados em uso intensivo de dados, voltados para clientes empresariais e toda a sua cadeia de fornecedores, clientes e funcionários.
          O acordo estabelece que a Totvs contribuiria, antes do fechamento da transação, com os ativos da sua atual operação Techfin para a companhia que o Itaú Unibanco passa a ser sócio com 50% de participação no capital social, sendo que cada sócio poderá indicar metade dos membros do conselho de administração e da diretoria.
          Pela participação, o Itaú pagou à Totvs R$ 610 milhões e, como preço complementar (earn-out), pagaria até R$ 450 milhões após cinco anos mediante o atingimento de metas alinhadas aos objetivos de crescimento e performance. Além disso, o Itaú contribuiria com o compromisso de funding para as operações atuais e futuras, expertise de crédito e desenvolvimento de novos produtos na Techfin.
          “A parceria cria uma empresa que combina tecnologia e soluções financeiras, somando as expertises complementares dos sócios para ofertar a clientes corporativos, de forma ágil e integrada, as melhores experiências de contratação de produtos diretamente nas plataformas já oferecidas pela Totvs. Essa união das capacidades do Itaú e da Totvs também permitirá à nova companhia explorar oportunidades de forma personalizada e contextualizada, antecipando necessidades dos clientes e de forma totalmente alinhada com a estratégia e evoluções do Open Finance para empresas”, disse o Itaú.
          Segundo o presidente do banco, Milton Maluhy Filho, as oportunidades de criação de soluções inéditas a partir desta iniciativa certamente representarão disrupsões em favor dos clientes. “Esta parceria nos coloca, Itaú Unibanco e Totvs, na vanguarda da transformação digital das indústrias nas quais atuamos”, disse.
          “A expertise do Itaú aliada à tecnologia e aos dados da Totvs é uma combinação extraordinária para nossa ambição de democratizar serviços financeiros para as empresas brasileiras”, afirmou Dennis Herszkowicz, presidente da Totvs.
(Fonte: jornal Valor - 13.04.2022)

18 de mai. de 2023

Lendico

           Em 2015, a Lendico Brasil começou a operar no país através do correspondente bancário Banco BMG, pois ainda não é permitida a operação de empréstimos P2P no Brasil. O Banco BMG passou então a oferecer, em julho de 2015, aos seus clientes pessoa física, o crédito pessoal digital através da Lendico, utilizando uma plataforma 100% online. A Lendico não faz parte do Conglomerado Financeiro BMG, 
contudo, seus acionistas detêm 50% da empresa.
          O banco (BMG) investiu na profissionalização e na governança, alterou sua estratégia de marketing – os patrocínios para times de futebol levaram um cartão vermelho (?) – e vem preparando uma aposta nos meios digitais. Hoje, eles estão restritos a uma plataforma de distribuição de investimentos e à concessão de crédito por meio da fintech Lendico, que atua como correspondente bancário. Estar perto das fintechs é uma regra.

Casino

          Em 1999, a rede francesa Casino injetou 1,5 bilhão de dólares no Pão de Açúcar. Abilio passou a ter então um sócio internacional. Adepto do modelo de crescer de forma alavancada, o Pão de Açúcar vendeu, em 1999, 23,98% do capital votante e 21% do capital total do Pão de Açúcar ao grupo francês Casino.
          Com escritório no Brasil, em 1999, a subsidiária brasileira do Banco Rothschild atuou como intermediária na aquisição de uma participação de 26,2% no Pão de Açúcar, no valor de 1 bilhão de dólares, pelo francês Casino.
          Em até cinco anos, mais R$ 1,1 bilhão de reais seria desembolsado pelo Casino para chegar a 40% do capital votante e 35,5% do capital total. O empresário dividiu o controle por alguns anos e, seguindo cláusula de contrato, em junho de 2012, entregou o comando acionário da maior rede varejista brasileira, ao grupo francês Casino. Presidente do conselho de administração, Abilio tentou ser o elo entre o Casino e o Pão de açúcar. Mas para o controlador do Casino, Jean-Charles Naori, Abilio tinha perdido o direito de intermediar a relação entre as duas empresas a ponto de ser barrado na porta num encontro em Paris no segundo semestre de 2012.
          Em setembro de 2013, após troca de ações entre Abilio Diniz e o Casino, aprovada sem restrições pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), acontece a renúncia do empresário do Conselho de Administração do grupo, abrindo mão de todos os seus direitos políticos na empresa. Abilio Diniz continuou com pouco menos de 10% do capital social da empresa, representados por ações sem direito a voto.
          Quando assinou o contrato, em 2005, com a cláusula que garantia aos franceses do Casino o controle total do Pão de Açúcar a partir de 22 de junho de 2012, uma das ideias que passava pela mente de Abilio é que então estaria com 75 anos e não iria querer se preocupar tanto com a empresa. Não se sabe se o principal slogan da empresa, "Orgulho de ser brasileiro", lhe vinha à mente com frequência. Hoje, porém, Abilio avalia que assinar aquele documento foi o maior erro que cometeu em sua trajetória profissional.
          Em janeiro de 2014, Casas Bahia e Ponto Frio começaram a fazer compras conjuntas com a empresa de comércio eletrônico do grupo, a Nova Pontocom. Em maio do mesmo ano, a Nova Pontocom anunciou uma união com a CDiscount, site de comércio eletrônico do grupo francês Casino. A nova empresa, é chamada de CNova.
          Quando a Via Varejo incorporou a CNova, ficou com as operações on-line da Casas Bahia, do Ponto Frio e do Extra.com.
          Foi justamente um dos movimentos mais criticados do Casino à frente da dona da Casas Bahia e do Ponto Frio que envolveu a separação da operação online – a CNova – das lojas físicas. O objetivo de unir todas as operações globais de e-commerce do grupo Casino atrapalhou o desempenho da Via Varejo por aqui – a estratégia acabou descartada dois anos mais tarde. Nesse ínterim, porém, o Magazine Luiza implantou inovações.
Em janeiro de 2019, o Casino fechou acordo para vender 26 hipermercados e supermercados localizados fora de Paris, avaliados em 501 milhões de euros, para a gestora de investimentos Fortress Investment. A iniciativa ajuda a varejista a cumprir a meta de vender 1,5 bilhão de euros em ativos.
          No final de junho de 2019, o grupo divulga reestruturação desenhada pelo financista Jean-Charles Naouri, presidente do Casino, dos ativos da varejista francesa na América Latina, que transformará o Grupo Pão de Açúcar no controlador dos negócios na região. A aquisição da colombiana Éxito, abrange o controle das operações na Argentina e Uruguai. Em três etapas, a transação resolve pendências e abre caminho para elevar a liquidez em bolsa e o nível de governança corporativa do grupo.
(Fonte - jornal Valor - 21.01.2019 - parte)

Sendas Supermercados

          Em 2003, depois de diversas conversas ao longo dos anos, Arthur Sendas decidiu vender ao Pão de Açúcar metade da rede Sendas, então a quinta maior rede varejista do país. Em maio de 2016, o Pão de Açúcar concluiu as negociações com o Sendas para a aquisição das ações remanescentes da empresa. Com essa aquisição, o Pão de Açúcar e suas controladas passaram a deter conjuntamente 100% do capital social total da Sendas Distribuidora. O valor total da operação é de 377 milhões de reais. O Pão de Açúcar 
passou a focar na conversão da marca Sendas em lojas Extra Supermercado.
          Mais tarde, o nome Sendas passou a fazer parte da razão social da área de atacarejo do Grupo Pão de Açúcar, com a bandeira Assaí.
          Considerando dados de agosto de 2017, a rede Assaí, cuja razão social é Sendas Distribuidora, tem 112 lojas e é responsável por 39% do segmento alimentar do GPA. Um grande sucesso para um investimento de pouco mais de R$ 400 milhões em 2007.

SuperMar Supermercados (antiga Unimar)

          Em fevereiro de 1993, a empresa Serra da Pipoca Agropecuária comprou as 59 lojas que a rede de supermercados Paes Mendonça, de Mamede Paes Mendonça, tinha na Bahia.
          As lojas foram agrupadas na Unimar Supermercados, com sede em Salvador. Até bem pouco tempo antes, a Serra da Pipoca era o braço agropecuário da Kieppe, a holding particular do empreiteiro Norberto Odebrecht. Os donos da Serra da Pipoca eram investidores da Bahia, capitaneados pelo empresário José Barachísio Lisboa. Durante muito tempo Barachísio, como é conhecido em Salvador, foi o principal executivo da Kieppe, da qual se desligou para presidir a Unimar.
          Na realidade, Mamede teve de entregar as lojas da Bahia ao empreiteiro Norberto Odebrecht como pagamento de dívidas. Depois de serem repassadas a um executivo, que pediu autofalência, as lojas acabaram nas mãos de um grupo de credores capitaneados pelo Garantia. Dois anos sob controle do Garantia não foram suficientes para sanear a Supermar (novo nome da Unimar), que padece de uma crise crônica de identidade.
          Desde que deixou de pertencer a Mamede, a rede já usou os nomes Paes Mendonça, Unimar e Supermar. Depois, Bompreço, após ter sido comprada pela rede do empresário João Carlos Paes Mendonça e dos holandeses do grupo Royal Ahold.
          Em fins de 1996, o Pão de Açúcar estava de olho na rede baiana de supermercados SuperMar, a antiga Unimar, do Grupo Garantia. Em algumas semanas de setembro e outubro, um grupo de 10 executivos da empresa esteve em Salvador para avaliar as mais de 40 lojas da rede, que faturou 719 milhões de dólares em 1995. A compra do SuperMar faria parte dos planos de expansão do Pão de Açúcar no Nordeste - onde tinha apenas 2 supermercados Superbox. Não foi a primeira vez que Diniz tentou a compra. Algum tempo antes, o Pão de Açúcar chegou a negociar por pelo menos 3 vezes com o antigo controlador, Mamede Paes Mendonça.
          No final de 1996, João Carlos Paes Mendonça, dono do BomPreço, fez uma aliança estratégica com o grupo Royal Ahold, da Holanda. Os holandeses compraram a metade das ações com direito a voto da Bompreçopar, a holding do grupo, por um valor estimado em mais de 100 milhões de dólares.
          O primeiro fruto dessa associação com a Royal Ahold foi a compra da Supermar, no começo de março de 1997. Trata-se justamente da sucessora do braço baiano do Paes Mendonça, a rede do tio Mamede.
          Com a compra da Supermar, o Bompreço se torna a terceira maior cadeia de supermercados do país, atrás do Carrefour e do Pão de Açúcar. Às suas vendas, de 1,3 bilhão de dólares em 1996, somou-se os 700 milhões obtidos pela Supermar. Para João Carlos, além de representar a incorporação de uma receita importante, a compra da Supermar tem um ingrediente sentimental. O folclórico Mamede, um empresário que escrevia sal com cê-cedilha, além de tio era também padrinho do presidente do Bompreço.
          A incorporação da Supermar era uma jogada de risco que tinha lá seus atrativos. A rede baiana ainda conservava 50 lojas, 35 das quais tinham automação comercial. Com elas o Bompreço já entrou dominando 55% do abastecimento de Salvador, um dos maiores e melhores mercados metropolitanos do país.
(Fonte: revista Exame - 25.07.1990 / 03.03.1993 / 20.11.1996 / 07.05.1997 - partes)

16 de mai. de 2023

Cines Bristol e Liberty

          O Cine Bristol, um cinema antigão, tinha sua majestosa sala no shopping Center 3, na Avenida Paulista, região central de São Paulo.
          Seu dono resolveu homenagear a cidade inglesa de mesmo nome com uma decoração que remetia a um castelo medieval — com direito a armaduras, flâmulas, escudos e carpete vermelho.
          Os cines Bristol e Liberty (que também ficava no Center 3), não eram cines de rua, nem de bairro, já que a Paulista se consagrava como um dos eixos centrais da cidade. Cines de shopping, mas de shoppings mais amenos e despretensiosos.
          E os dois cines eram “la créme de la créme”, em conforto e decoração de bom gosto, num mesmo nível, mas com temas bem diversos.
          O Bristol, com sua sóbria decoração. Portais Tudor, escadarias em sólida madeira escura, com uma armadura prateada, tudo vigiando. Os vitrais coloridos, em contraste, como numa abadia inglesa. Mesmo os banheiros tinham placas coloridas, vitrais de dama e cavaleiro medieval.
          Já o Liberty, como o nome indica, refere-se à essa fase do “Art Nouveau”, com os vitrais florais e de galhos artisticamente retorcidos, a escada em tons de azul turquesa patinado. As luminárias remetendo a Lalique e Tiffany. Sem exageros, mas tudo muito agradável ao olhar. Entrar ali parecia cruzar os portais de uma estação de metrô, no centro de Paris.
          Alie-se tudo isso a uma programação de primeira, e depois do finado Sta. Cecília, tornaram-se cines prediletos de muitos paulistanos ou visitantes da cidade.
          Mas, a cidade não para, e coisas relativamente simples e artesanais saem de moda, para dar lugar a mega-cinemas, mega-teatros, mega-espetáculos, mega-manifestações. Qualquer coisa vira mega, perigando escapar ao controle, a qualquer instante.
          Em 21 de maio de 1987, um incêndio destruiu os dois edifícios da Cesp, no Shopping Center 3. O incêndio provocou o desabamento do bloco central do edifício sede. Dias depois, uma implosão levou abaixo o segundo prédio, cuja estrutura estava comprometida. O Cines Bristol e Liberty viraram um monte de escombros.
          Com aparente falta de dinheiro para investimento, a Cesp deixou o local abandonado por muitos anos.
          O Shopping Center 3 foi, em meados da década de 2000, entregue renovado e os edifícios passaram por obras e acabados. Foram adquiridos por R$ 91,5 milhões pela construtora Wtorre em maio de 2010.
          O Cine Bristol ainda ressurgiu, foi reposicionado no mesmo Center 3, mas subdividido em salas,1,2,3,4,5.....Não sobrou nada da bela decoração. As novas bilheterias ficavam extremamente próximas a uma praça de alimentação. É o modernismo. Uma coisa, porém, melhorou. O sistema de som dos novos cinemas era excelente.
          Em agosto de 2022, porém, o pior aconteceu. O Cine Bristol e seus vizinhos foram fechados, (muito) provavelmente em definitivo. O andar, antes dedicado às salas de cinema, virou mais uma praça de alimentação. O Center 3 seguiu o mesmo caminho do (shopping) Top Center, também na Avenida Paulista, que alguns anos antes, desativara suas duas salas de cinema, para dar lugar a uma praça de alimentação. O Center 3, por sua vez, não ficou só nessa reforma. Efetuou uma ampliação, com uma até então improvável ligação com a Rua Frei Caneca. No meio do novo saguão, mais um conjunto de mesas, o que significa mais uma praça de alimentação.
          Só resta saber se o Center 3, agora sem cinemas, vai passar a se chamar "Center 4". Se antes as entradas e saídas da Avenida Paulista, Rua Augusta e Rua Luís Coelho formavam um trio de acessos que inspirou o nome, agora há um 4º acesso, pela Rua Frei Caneca.
(Fonte: Empiricus (Caio Mesquita) / São Paulo Minha Cidade (Luiz Simões Saidenberg) / Wikipédia - partes)

Grupo Uni.co

          O Grupo Uni.co atua em varejo especializado de franquias no Brasil e é dono das marcas Puket, Imaginarium, MinD e Lovebrands. Segundo a companhia, o Grupo Uni.co é líder do segmento de "fun design", lançando anualmente mais de quatro mil produtos inovadores e exclusivos, e suas três marcas possuem mais de 1,8 milhão de clientes.
          A plataforma de marcas do Grupo Uni.co foi criada em 2012, com a aquisição da Imaginarium pelo fundo de investimentos da Squadra, principal controladora do Uni.co até então.
          O grupo Uni.co, é de público majoritariamente feminino e jovem, possui mais de 440 lojas (todas franquias), mais de 2,8 mil pontos de vendas multimarcas nos 25 estados mais o Distrito Federal.
          A Imaginarium, rede de presentes e decoração, foi fundada em 1991 e adquirida pela Squadra parcialmente em 2012 e totalmente em 2015. Contava em 2017 com 235 operações (225 lojas e 10 quiosques) e projetava fechar 2017 com um faturamento total de rede de franquias de R$ 260 MM.
          A Ludi é a irmã mais nova da Imaginarium, mais jovem, mais colorida e com vocação para presentear. Nasceu em 2010 e em 2017 contava com mais de 2,4 mil clientes multimarcas e uma loja virtual.
          A MinD é uma marca de decoração e design que ingressou no grupo em 2016, após aquisição de uma participação dos sócios fundadores. Conta com 5 lojas, sendo 3 próprias e 2 franqueadas.
          A Puket, marca de vestuário e acessórios coloridos e divertidos voltada principalmente para o público infantil, foi fundada em 1988 pelos irmãos Claudio Bobrow e Adolfo Bobrow. É uma das maiores fabricantes de meias do país, com 2 fábricas (São Paulo-SP e Campo Grande-MS) e capacidade de produção de 16 milhões de pares por ano. Quando foi vendida à Squadra, em 2017, contava com 160 lojas no Brasil e 12 lojas internacionais, totalizando um faturamento da rede de lojas de R$ 220 milhões em 2017.
          Em 20 de abril de 2021, a Lojas Americanas comunicou que adquiriu o Grupo Uni.co através de sua subsidiária IF Capital. O contrato prevê a aquisição de 70% das ações e prevê a aquisição do restante das ações (30%) em três anos, em uma faixa de valor pré-definida e de acordo com a performance do plano de negócios.
          A Americanas diz que a aquisição está alinhada com o objetivo da companhia de oferecer um leque cada vez mais amplo de produtos.
          “Com esta aquisição, o Universo Americanas passa a atuar em uma nova frente de franquias, tendo em vista a presença do Grupo Uni.co nesse segmento há mais de 30 anos, com expertise reconhecida na gestão, operação, comunicabilidade de franquias e de marcas próprias de moda e fun-design, além do desenvolvimento de produtos com base em uma estrutura de soucing global, com destaque para produtos inovadores conectados com público jovem”, explica Miguel Gutierrez, CEO do Universo Americanas.
          O grupo estava em processo de IPO quando foi abordado pela Americanas. “Acreditamos que a Americanas possui um conjunto inigualável de ativos para apoiar nosso crescimento. As plataformas de varejo físico e digital, logística e fintech têm o potencial de acelerar várias frentes estratégicas que estamos conduzindo atualmente” afirma Wellington Santos, sócio e CEO do Grupo Uni.co.
(Fonte: Sua Franquia - 2017 / Estadão - 20.04.2021 / Diário do Comércio - 22.04.2021 - partes)

13 de mai. de 2023

Light (concessionária de energia do RJ)

          A Light é a distribuidora de energia de parte da cidade do Rio de Janeiro. Foi privatizada em maio de 1996. O consórcio vencedor era formado pelas americanas AES Corporation e Houston Industries 
Energy Inc., a Eletricitè de France e a Companhia Siderúrgica Nacional.
          Em junho de 1996, a EDF levou um susto ao assumir a Light. Nada menos que 30% dos 10.000 funcionários incluídos na folha de pagamento eram fantasmas, que ganhavam sem trabalhar. O exército de Gasparzinhos chegaria, portanto, a 3.000 pessoas. Como a EDF já anunciara que iria demitir 3.800 empregados, isso significa que apenas 800 dos que realmente pegam no batente seriam atingidos. As demissões foram através de DPV - plano de demissões voluntárias.
          Considerando dados de dezembro de 1996, a Light fornecia 77% de toda energia consumida no Rio de Janeiro, o que correspondia a 2,7 milhões de consumidores. Sua rede de transmissão abrangia 25% da superfície da cidade.
          A Light passou integralmente às mãos da estatal francesa EDF, que não se adaptou ao mercado brasileiro, particularmente no tocante ao roubo de energia, prática disseminada no Rio que drena receita das distribuidoras.
          Em 2006, a EDF vende a Light para um consórcio formado por Cemig, Andrade Gutierrez, banco Pactual e pelo ex-banqueiro Aldo Flores. O valor do negócio foi de 320 milhões de dólares.
Nessa época a Light tinha dívida de 3,1 bilhões de reais e apresentava alguns dos piores indicadores operacionais do setor. As ligações clandestinas, conhecidas como "gatos", levavam 16% da energia distribuída pela companhia - muito mais que os índices de empresas como a mineira Cemig (1,2%), a paulista Eletropaulo (7%) ou a Ampla (12%), que atua na região de Niterói. Além dos "gatos", a Light sofria com uma taxa de inadimplência de 15% - a mais alta do país, segundo a Abradee, associação que reúne as empresas do setor (a média nacional é 7%). Para sanear a Light, foi contratado o executivo José Luiz Alquéres, ex-presidente da subsidiária brasileira da Alstom e da Eletrobrás.
          A Light passa ao controle integral da Cemig no fim de 2009. Carregava consigo problemas que lhe empurravam para a lista de reclamações por mau atendimento. Para ficar num só exemplo, cerca de 70 quilômetros de cabos de cobre foram furtados da rede da empresa no período 2008 a 2010 por funcionários terceirizados.
          Num verdadeiro apagão de imagem, a Light, especialmente por volta de 2010, estava tentando administrar um exército de consumidores irados. 2485 reportagens negativas foram veiculadas entre janeiro e julho daquele ano. No mesmo período, 4900 queixas foram feitas por consumidores na Agência Nacional de Energia Elétrica. Coube a Jerson Kelman, que assumiu a presidência da empresa em junho de 2010, o esforço hercúleo de colocar a casa em ordem. Seu antecessor, o executivo José Luiz Alquéres, já havia melhorado os números da última linha do balanço. Na administração de Alquéres, a Light voltou a atenção às áreas periféricas, que tinham os piores indicadores de serviços. Sem reparos e sem reforços, o restante da rede não aguentou o aumento do consumo energético alimentado pelo crescimento econômico dos anos anteriores.
          Em 4 de outubro de 2018 a Light concluiu a venda da sua subsidiária Light Esco para a Ecogen Brasil Soluções Energéticas. A operação foi anunciada em março, e pelo negócio a Light recebeu R$ 43,377 milhões. Esse valor já envolve o desconto de saldo de dívida da Light Esco.
          O banqueiro Ronaldo Cezar Coelho se tornou, em 2020, o principal investidor privado da companhia fluminense, com cerca de 20%. Carlos Alberto (Beto) Sicupira (do grupo 3G Capital) passou a ter 10% da empresa em outubro do mesmo(2020) ano quando comprou 30 milhões de ações da Light pelo valor de R$ 550 milhões.
          Em 12 de maio de 2023, a Light deu entrada no pedido de recuperação judicial na Justiça do Rio de Janeiro. Segundo a Light, o pedido foi realizado com caráter de urgência pois “os desafios oriundos da atual situação econômico-financeira da companhia e algumas de suas subsidiárias se mantêm e vêm 
se agravando”. Ao solicitar a recuperação, a companhia confirmou ter dívidas de R$ 11 bilhões.
          Os credores da Light que representam 99,12% das dívidas da empresa aprovaram o plano de recuperação judicial apresentado pela companhia. A proposta, aprovada em assembleia de credores em 29 de maio de 2024, prevê uma operação de capitalização da empresa no valor de R$ 3,2 bilhões e a conversão de R$ 2,2 bilhões de sua dívida em novas ações.
(Fonte: revista Investimentos - 25.09.1996 / 02.12.1996 / revista Exame - 11.03.1998 / 16.08.2006 / 06.10.2010 / UOL - 01.11.2015 / IstoÉDinheiro - 04.10.2018 / Valor - 19.10.2020 / MoneyTimes - 12.05.2023 / Estadão - 31.05.2024 - partes)