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13 de mai. de 2023

Light (concessionária de energia do RJ)

          A Light é a distribuidora de energia de parte da cidade do Rio de Janeiro. Foi privatizada em maio de 1996. O consórcio vencedor era formado pelas americanas AES Corporation e Houston Industries 
Energy Inc., a Eletricitè de France e a Companhia Siderúrgica Nacional.
          Em junho de 1996, a EDF levou um susto ao assumir a Light. Nada menos que 30% dos 10.000 funcionários incluídos na folha de pagamento eram fantasmas, que ganhavam sem trabalhar. O exército de Gasparzinhos chegaria, portanto, a 3.000 pessoas. Como a EDF já anunciara que iria demitir 3.800 empregados, isso significa que apenas 800 dos que realmente pegam no batente seriam atingidos. As demissões foram através de DPV - plano de demissões voluntárias.
          Considerando dados de dezembro de 1996, a Light fornecia 77% de toda energia consumida no Rio de Janeiro, o que correspondia a 2,7 milhões de consumidores. Sua rede de transmissão abrangia 25% da superfície da cidade.
          A Light passou integralmente às mãos da estatal francesa EDF, que não se adaptou ao mercado brasileiro, particularmente no tocante ao roubo de energia, prática disseminada no Rio que drena receita das distribuidoras.
          Em 2006, a EDF vende a Light para um consórcio formado por Cemig, Andrade Gutierrez, banco Pactual e pelo ex-banqueiro Aldo Flores. O valor do negócio foi de 320 milhões de dólares.
Nessa época a Light tinha dívida de 3,1 bilhões de reais e apresentava alguns dos piores indicadores operacionais do setor. As ligações clandestinas, conhecidas como "gatos", levavam 16% da energia distribuída pela companhia - muito mais que os índices de empresas como a mineira Cemig (1,2%), a paulista Eletropaulo (7%) ou a Ampla (12%), que atua na região de Niterói. Além dos "gatos", a Light sofria com uma taxa de inadimplência de 15% - a mais alta do país, segundo a Abradee, associação que reúne as empresas do setor (a média nacional é 7%). Para sanear a Light, foi contratado o executivo José Luiz Alquéres, ex-presidente da subsidiária brasileira da Alstom e da Eletrobrás.
          A Light passa ao controle integral da Cemig no fim de 2009. Carregava consigo problemas que lhe empurravam para a lista de reclamações por mau atendimento. Para ficar num só exemplo, cerca de 70 quilômetros de cabos de cobre foram furtados da rede da empresa no período 2008 a 2010 por funcionários terceirizados.
          Num verdadeiro apagão de imagem, a Light, especialmente por volta de 2010, estava tentando administrar um exército de consumidores irados. 2485 reportagens negativas foram veiculadas entre janeiro e julho daquele ano. No mesmo período, 4900 queixas foram feitas por consumidores na Agência Nacional de Energia Elétrica. Coube a Jerson Kelman, que assumiu a presidência da empresa em junho de 2010, o esforço hercúleo de colocar a casa em ordem. Seu antecessor, o executivo José Luiz Alquéres, já havia melhorado os números da última linha do balanço. Na administração de Alquéres, a Light voltou a atenção às áreas periféricas, que tinham os piores indicadores de serviços. Sem reparos e sem reforços, o restante da rede não aguentou o aumento do consumo energético alimentado pelo crescimento econômico dos anos anteriores.
          Em 4 de outubro de 2018 a Light concluiu a venda da sua subsidiária Light Esco para a Ecogen Brasil Soluções Energéticas. A operação foi anunciada em março, e pelo negócio a Light recebeu R$ 43,377 milhões. Esse valor já envolve o desconto de saldo de dívida da Light Esco.
          O banqueiro Ronaldo Cezar Coelho se tornou, em 2020, o principal investidor privado da companhia fluminense, com cerca de 20%. Carlos Alberto (Beto) Sicupira (do grupo 3G Capital) passou a ter 10% da empresa em outubro do mesmo(2020) ano quando comprou 30 milhões de ações da Light pelo valor de R$ 550 milhões.
Em 12 de maio de 2023, a Light deu entrada no pedido de recuperação judicial na Justiça do Rio de Janeiro. Segundo a Light, o pedido foi realizado com caráter de urgência pois “os desafios oriundos da atual situação econômico-financeira da companhia e algumas de suas subsidiárias se mantêm e vêm se agravando”. Ao solicitar a recuperação, a companhia confirmou ter dívidas de R$ 11 bilhões.
(Fonte: revista Investimentos - 25.09.1996 / 02.12.1996 / revista Exame - 11.03.1998 / 16.08.2006 / 06.10.2010 / UOL - 01.11.2015 / IstoÉDinheiro - 04.10.2018 / Valor - 19.10.2020 / MoneyTimes - 12.05.2023 - partes)

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