Seu dono resolveu homenagear a cidade inglesa de mesmo nome com uma decoração que remetia a um castelo medieval — com direito a armaduras, flâmulas, escudos e carpete vermelho.
Os cines Bristol e Liberty (que também ficava no Center 3), não eram cines de rua, nem de bairro, já que a Paulista se consagrava como um dos eixos centrais da cidade. Cines de shopping, mas de shoppings mais amenos e despretensiosos.E os dois cines eram “la créme de la créme”, em conforto e decoração de bom gosto, num mesmo nível, mas com temas bem diversos.
O Bristol, com sua sóbria decoração. Portais Tudor, escadarias em sólida madeira escura, com uma armadura prateada, tudo vigiando. Os vitrais coloridos, em contraste, como numa abadia inglesa. Mesmo os banheiros tinham placas coloridas, vitrais de dama e cavaleiro medieval.
Já o Liberty, como o nome indica, refere-se à essa fase do “Art Nouveau”, com os vitrais florais e de galhos artisticamente retorcidos, a escada em tons de azul turquesa patinado. As luminárias remetendo a Lalique e Tiffany. Sem exageros, mas tudo muito agradável ao olhar. Entrar ali parecia cruzar os portais de uma estação de metrô, no centro de Paris.
Alie-se tudo isso a uma programação de primeira, e depois do finado Sta. Cecília, tornaram-se cines prediletos de muitos paulistanos ou visitantes da cidade.
Mas, a cidade não para, e coisas relativamente simples e artesanais saem de moda, para dar lugar a mega-cinemas, mega-teatros, mega-espetáculos, mega-manifestações. Qualquer coisa vira mega, perigando escapar ao controle, a qualquer instante.
Em 21 de maio de 1987, um incêndio destruiu os dois edifícios da Cesp, no Shopping Center 3. O incêndio provocou o desabamento do bloco central do edifício sede. Dias depois, uma implosão levou abaixo o segundo prédio, cuja estrutura estava comprometida. O Cines Bristol e Liberty viraram um monte de escombros.
Com aparente falta de dinheiro para investimento, a Cesp deixou o local abandonado por muitos anos.
O Shopping Center 3 foi, em meados da década de 2000, entregue renovado e os edifícios passaram por obras e acabados. Foram adquiridos por R$ 91,5 milhões pela construtora Wtorre em maio de 2010.
O Cine Bristol ainda ressurgiu, foi reposicionado no mesmo Center 3, mas subdividido em salas,1,2,3,4,5.....Não sobrou nada da bela decoração. As novas bilheterias ficavam extremamente próximas a uma praça de alimentação. É o modernismo. Uma coisa, porém, melhorou. O sistema de som dos novos cinemas era excelente.
Em agosto de 2022, porém, o pior aconteceu. O Cine Bristol e seus vizinhos foram fechados, (muito) provavelmente em definitivo. O andar, antes dedicado às salas de cinema, virou mais uma praça de alimentação. O Center 3 seguiu o mesmo caminho do (shopping) Top Center, também na Avenida Paulista, que alguns anos antes, desativara suas duas salas de cinema, para dar lugar a uma praça de alimentação. O Center 3, por sua vez, não ficou só nessa reforma. Efetuou uma ampliação, com uma até então improvável ligação com a Rua Frei Caneca. No meio do novo saguão, mais um conjunto de mesas, o que significa mais uma praça de alimentação.
Só resta saber se o Center 3, agora sem cinemas, vai passar a se chamar "Center 4". Se antes as entradas e saídas da Avenida Paulista, Rua Augusta e Rua Luís Coelho formavam um trio de acessos que inspirou o nome, agora há um 4º acesso, pela Rua Frei Caneca.
(Fonte: Empiricus (Caio Mesquita) / São Paulo Minha Cidade (Luiz Simões Saidenberg) / Wikipédia - partes)
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