As lojas foram agrupadas na Unimar Supermercados, com sede em Salvador. Até bem pouco tempo antes, a Serra da Pipoca era o braço agropecuário da Kieppe, a holding particular do empreiteiro Norberto Odebrecht. Os donos da Serra da Pipoca eram investidores da Bahia, capitaneados pelo empresário José Barachísio Lisboa. Durante muito tempo Barachísio, como é conhecido em Salvador, foi o principal executivo da Kieppe, da qual se desligou para presidir a Unimar.
Na realidade, Mamede teve de entregar as lojas da Bahia ao empreiteiro Norberto Odebrecht como pagamento de dívidas. Depois de serem repassadas a um executivo, que pediu autofalência, as lojas acabaram nas mãos de um grupo de credores capitaneados pelo Garantia. Dois anos sob controle do Garantia não foram suficientes para sanear a Supermar (novo nome da Unimar), que padece de uma crise crônica de identidade.
Desde que deixou de pertencer a Mamede, a rede já usou os nomes Paes Mendonça, Unimar e Supermar. Depois, Bompreço, após ter sido comprada pela rede do empresário João Carlos Paes Mendonça e dos holandeses do grupo Royal Ahold.
Em fins de 1996, o Pão de Açúcar estava de olho na rede baiana de supermercados SuperMar, a antiga Unimar, do Grupo Garantia. Em algumas semanas de setembro e outubro, um grupo de 10 executivos da empresa esteve em Salvador para avaliar as mais de 40 lojas da rede, que faturou 719 milhões de dólares em 1995. A compra do SuperMar faria parte dos planos de expansão do Pão de Açúcar no Nordeste - onde tinha apenas 2 supermercados Superbox. Não foi a primeira vez que Diniz tentou a compra. Algum tempo antes, o Pão de Açúcar chegou a negociar por pelo menos 3 vezes com o antigo controlador, Mamede Paes Mendonça.
No final de 1996, João Carlos Paes Mendonça, dono do BomPreço, fez uma aliança estratégica com o grupo Royal Ahold, da Holanda. Os holandeses compraram a metade das ações com direito a voto da Bompreçopar, a holding do grupo, por um valor estimado em mais de 100 milhões de dólares.
O primeiro fruto dessa associação com a Royal Ahold foi a compra da Supermar, no começo de março de 1997. Trata-se justamente da sucessora do braço baiano do Paes Mendonça, a rede do tio Mamede.
Com a compra da Supermar, o Bompreço se torna a terceira maior cadeia de supermercados do país, atrás do Carrefour e do Pão de Açúcar. Às suas vendas, de 1,3 bilhão de dólares em 1996, somou-se os 700 milhões obtidos pela Supermar. Para João Carlos, além de representar a incorporação de uma receita importante, a compra da Supermar tem um ingrediente sentimental. O folclórico Mamede, um empresário que escrevia sal com cê-cedilha, além de tio era também padrinho do presidente do Bompreço.
A incorporação da Supermar era uma jogada de risco que tinha lá seus atrativos. A rede baiana ainda conservava 50 lojas, 35 das quais tinham automação comercial. Com elas o Bompreço já entrou dominando 55% do abastecimento de Salvador, um dos maiores e melhores mercados metropolitanos do país.
(Fonte: revista Exame - 25.07.1990 / 03.03.1993 / 20.11.1996 / 07.05.1997 - partes)
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