"Peccin" é consequência de um erro de registro no sobrenome da família. Quando os primeiros italianos Pezzin chegaram ao Brasil, tiveram seus sobrenomes alterados para Peccin. Os descendentes só descobriram o erro quando foram tirar a cidadania e, àquela altura, a empresa já existia há alguns anos. Por isso, o nome da Peccin foi mantido, enquanto os familiares voltaram a ser Pezzin.
Com o início da segunda geração, nos anos 1980, a produção foi ampliada. Até então, a Peccin só produzia balas e doces. Em 1983, com a chegada de Dirceu Pezzin — filho de Orélio —, foi construída uma nova fábrica em Erechim (RS), a cerca de 370 quilômetros de Porto Alegre. É lá que a empresa está instalada . Hoje, a fábrica tem 23 mil metros quadrados — área equivalente a aproximadamente três campos de futebol — e capacidade de produção de 4 mil toneladas por mês. Mais de um terço (1,5 mil toneladas) desse montante é de chocolates Trento.
Trento, o grande sucesso da empresa, foi criado em 2011. A ideia, segundo Dirceu Pezzin, presidente da companhia, era criar um produto "bem diferenciado", em meio a uma crise mundial que fez a demanda por balas e doces cair. "Uma marca que não é conhecida por vender chocolate teria que surpreender o consumidor. Porque, normalmente, as pessoas consomem marcas tradicionais. Elas arriscam uma vez e, se não gostarem, não comem de novo", diz Dirceu.
Para quem vem do estado do Tirol, na Áustria, por estrada, primeiro chega e Merano, depois, Bolzano e logo alcança Trento. Ao norte da Itália, ruazinhas com prédios antigos e coloridos, a beleza de um castelo e o título de província com a maior qualidade de vida do país. A referência à cidade italiana, é também uma lembrança à origem da família Pezzin.
O consumidor aprendeu a consumir um produto diferente. Hoje temos mais de 20 produtos [da marca Trento], e a concorrência está nos copiando. A concorrência entendeu que há um novo nicho, e o consumidor também reconheceu. "Criamos um novo nicho de mercado". A Peccin afirma que o Trento foi "copiado" por marcas de chocolate que já estavam consolidadas no país, como a Hershey's, que lançou em 2020 o Chocotubes, e a Mondelez (dona da Lacta), que desde 2022 vende Sonho de Valsa e Ouro Branco nas versões "stick". Procuradas pelo UOL, as concorrentes não comentaram.
Tanto Dirceu quanto Carlos Scarpa, diretor comercial da Peccin, explicam que o diferencial do Trento é o fato de ser produzido com 38% de sólidos de cacau — mais do que o mínimo de 25% exigido pela Anvisa para produtos de chocolate e derivados.
Os principais mercados estrangeiros da Peccin são Estados Unidos e "países da América do Sul", ainda de acordo com Dirceu. No Brasil, a empresa tem centros de distribuição em Maceió, que atende o Nordeste, e Serra (ES), voltado ao Sudeste. Além do Trento, a Peccin também fabrica as balas Tribala e Frutomila e o pirulito Blong.
Considerando números de 2022, a Peccin tem cerca de 1.500 funcionários, exporta produtos para quase 50 países, com os principais mercados representados pelos Estados Unidos e países da América do Sul. Tem receita líquida de vendas de R$ 602,6 milhões e é famosa pelos tubinhos de wafer com chocolate Trento, que custam cerca de R$ 3 e foram até "copiados" por marcas famosas e mais consolidadas no setor. O Trento responde por mais de um terço da produção da Peccin.
Com faturamento de aproximadamente R$ 700 milhões em 2023, a empresa produz cerca de 5.000 toneladas de chocolate mensalmente, incluindo a marca Trento, que virou sensação nas redes sociais, impulsionando as vendas. Essa marca agora responde por 70% do faturamento da empresa após aumento do investimento em marketing.
(Fonte: UOL Economia 21.05.2023 / Site da empresa / Valor - 24.10.2024 - partes).
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