A plataforma de negociação de bitcoins e outros criptoativos Bitso foi fundada no México em 2014.
Em junho de 2021, a empresa recebeu um aporte de US$ 250 milhões (R$ 1,3 bilhão) de importantes fundos globais de venture capital, como Tiger e Coatue, além de Kaszek, Valor Capital e Paradigm.
Com esses investimentos, se tornou o primeiro unicórnio do segmento de criptomoedas na América Latina (unicórnios são as startups que atingem valor de mercado superior a US$ 1 bilhão).
Instalada no Brasil em maio de 2021, a Bitso já viu, poucos meses depois, sinais relevantes de crescimento na base de usuários e no volume negociado no país, mas quer mais.
A base de clientes e o volume negociado vêm apresentando fortes crescimentos, e, de olho em rivalizar com as líderes do mercado local, a exchange “importou” seu presidente (CEO), o mexicano Daniel Vogel, que passou a morar em São Paulo em julho (de 2021).
A ideia dele é supervisionar de perto os ambiciosos planos da empresa: tomar a liderança do mercado de criptoativos no país, hoje repartida entre diversos players, principalmente a brasileira Mercado Bitcoin e a estrangeira Binance.
“O Brasil é nossa prioridade, e vemos a liderança local como um projeto de longo prazo. Na nossa visão, há oportunidades enormes para inclusão financeira a partir do uso de tecnologia. Já oferecemos a melhor experiência para comprar e vender criptoativos, e agora queremos melhorar a infraestrutura para lançar produtos que sejam úteis no dia a dia”, comenta o presidente da Bitso.
Em setembro de 2021, planejava investir R$ 1,5 bilhão no crescimento da operação no Brasil. Mais especificamente, em tecnologia, lançamento de novos produtos e serviços, contratações e publicidade, como em comercial já veiculado após o Jornal Nacional, da Globo.
O volume negociado em reais cresceu quase 90% nos primeiros meses do lançamento. E, em outros reflexos de que a empresa está ganhando impulso no Brasil, o número de clientes dobrou no período, e o total de clientes ativos (ou seja, que efetuaram negociações) cresceu 25% nesses meses. Isso tudo apenas de maio a setembro de 2021.
A empresa não abre o número de clientes no país, mas especula-se que a meta é chegar a 1 milhão em um ano. Nesse patamar, Vogel calcula que seria possível competir com as marcas mais conhecidas no mercado e sair vitoriosa de um processo de crescimento e consolidação de segmento cripto local, que começou no início de2021, com a compra da brasileira BitcoinTrade pela argentina Ripio.
Também cresceram, desde então, as opções ao investimento em bitcoin via exchanges, como os fundos de investimentos e os ETFs, em alguns casos até com participação de grandes bancos, como o Itaú e o BTG Pactual.
O principal diferencial da plataforma com relação à maioria dos players de criptos no mercado brasileiro, diz Vogel, é a oferta de produtos e serviços que facilitam o uso de criptoativos para além da especulação ou mesmo do investimento de longo prazo – a célebre faceta do bitcoin enquanto reserva de valor, uma espécie de “ouro digital”.
Entre as possibilidades, podem estar aplicações que foram lançadas em outros países, como um serviço de remessa de recursos no México focado em imigrantes mexicanos que mandam dinheiro para a família (uma espécie de dekasseguis só que mexicanos), e uma conta digital remunerada com juros, como na Argentina.
Também estão no cardápio de possibilidades as aplicações de finanças descentralizadas, os DeFi, protocolos automatizados que vêm sendo criados e usados para oferecer serviços financeiros tradicionais – como empréstimos, seguros e consórcios – com garantia em criptomoedas e, comparativamente, menos taxas e mais acesso.
“O universo do DeFi está elevando o emprego da blockchain no fomento à inclusão financeira. Estamos começando a avaliar qual poderá ser nossa contribuição a esse universo, de olho nas demandas da população brasileira”, diz Vogel.
Um primeiro movimento da empresa neste sentido foi a parceria anunciada pouco depois de meados de 2021 com a Pyth Network, um DeFi desenvolvido na tecnologia de registro distribuído (blockchain) Solana.
Conhecido como “o oráculo dos dados descentralizados”, o protocolo faz uma espécie de ponte entre o universo tradicional e o ecossistema cripto, fornecendo dados sobre preços de ativos em tempo real e facilitando a escalabilidade de projetos baseados em automação.
“Nossa colaboração com a Pyth é nosso primeiro passo no universo DeFi, baseado na ideia de que, ao prover dados fidedignos e em tempo real aos participantes de mercado, a Bitso está ajudando a melhorar a confiabilidade e a transparência do ecossistema cripto”, comenta Vogel.
Considerando dados de setembro de 2021, a plataforma tem quase 500 funcionários e 2,5 milhões de clientes, em 27 países. Já haviam sido realizadas 70 contratações até então no Brasil.
(Fonte: Valor Investe - 14.09.2021