A abertura de um novo negócio passa pela difícil etapa de escolha do nome. Uma árdua decisão e que muitas vezes pode deixar os empreendedores de cabelo em pé. Afinal, como definir o nome e slogan perfeitos para um novo empreendimento e que possam ser originais, criativos e, ao mesmo tempo, memoráveis?
Para Mike Cesario, a irreverência respondia parte desta questão. Ele é criador da Liquid Death (morte líquida, na tradução livre), marca de água enlatada popular entre os jovens e que hoje compete num disputado mercado de 350 bilhões de dólares ao lado de gigantes como Danone, PepsiCo e Coca-Cola.
A inspiração para o negócio veio após Cesario, um designer e profissional de marketing, perceber que músicos careciam de opções saudáveis durante shows. Um admirador do estilo musical punk-rock, era comum encontrá-lo acompanhando shows pelos Estados Unidos, especialmente em grandes festivais.
Em uma dessas ocasiões, Cesario percebeu que era comum que marcas de bebidas energéticas fossem os principais patrocinadores de eventos desse tipo, o que tornava comum o consumo de energéticos, refrigerantes e outras bebidas açucaradas — entre os visitantes e também pelos próprios músicos. O que ele também reparou, porém, era que os músicos estavam substituindo os energéticos por água para se manterem hidratados durante os shows.
Dessa análise surgiu o incômodo de Cesario em criar uma alternativa saudável, mas com embalagens igualmente coloridas, chamativas e irreverentes — assim como a dos energéticos. “Isso começou a me fazer pensar: por que não existem produtos mais saudáveis que ainda tenham marcas engraçadas, legais e irreverentes? A maior parte do marketing de marca mais engraçado, memorável e irreverente é todo para junk food”, disse Cesario à CNBC.
Ao que tudo indica, muitas pessoas não temem ingerir uma bebida com o nome de morte. A inspiração, segundo ele, veio do desejo de pensar no nome mais "idiota possível" para o negócio e assim, passar longe da associação do público a marcas de sucesso. “Funciona muito bem porque você começa a pensar: ’Oh, qual é o nome mais idiota possível para uma bebida super saudável e segura possível? Morte Líquida", disse.
Cesario registrou a marca em 2017, e dois anos depois, lançou sua primeira linha de produtos. O que o empresário não esperava, contudo, era que o sucesso da marca se daria de forma tão repentina. Em apenas três anos, as vendas da Morte Líquida saltaram de US$ 2,8 milhões para US$ 130 milhões.
Parte do crescimento da marca se deve ao sucesso do combo nome engraçado e design das latas que foge à regra dos típicos desenhos de montanhas e alpes, nas redes sociais. Por lá, postagens da marca viralizaram não apenas entre os fãs de música punk-rock, mas também entre o público mais jovem até mães que precisam convencer seus filhos a beber mais água no dia a dia.
A marca também atraiu a atenção de investidores dispostos a injetar capital para fazê-la crescer. Em três anos, a Liquid Death já recebeu cerca de 195 milhões de dólares. Atualmente, o valor de mercado da marca é de 700 milhões de dólares, (algo como 3 bilhões de reais), segundo o fundador.
A ascensão meteórica da Liquid Death em apenas três anos torna a empresa mais do que apenas um nome inteligente, mas um exemplo de boas práticas de diálogo com o publico por meio da internet.
(Fonte: Exame - 28.01.2023)