Total de visualizações de página

29 de jul. de 2024

CashMe

          A startup CashMe foi criada em 2018 para ser o veículo de financiamentos imobiliários da Cyrela. Com o passar dos anos, a fintech diversificou o seu portfólio, agregando novas modalidades de operações financeiras – como consórcio, crédito consignado e crédito com garantia de Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) – que estão muito além do setor imobiliário, onde se concentra o conhecimento do grupo.
          O número de funcionários passou de 100 para 400 em 2021. Mas o retorno não veio. O prejuízo líquido chegou a R$ 49 milhões. “Havia pressão para crescer, vista a expansão explosiva do valuation de outras startups na época”, diz o presidente da CashMe, Juliano Bello.
          Na ânsia de crescimento, a CashMe virou uma empresa que consumia capital de modo elevado para ofertar produtos com os quais batia de frente com bancos de grande porte, sem a mesma competitividade ou retorno.
          Diante da situação, o fundador, o empresário Elie Horn, mandou reformar a casa. “O Seu Elie se aproximou e deu conselhos importantes”, reconhece Bello.
          O primeiro mantra de Horn para a direção da CashMe é que toda empresa precisa dar lucro. A frase pode soar óbvia, mas teve a função de brecar um plano de negócio baseado em crescimento das operações em um terreno incerto, com previsão de break even só nos anos seguintes.
          O segundo é que não se deve montar uma empresa pensando em vendê-la. Curioso que Horn é um dos empresários que mais levaram empresas à Bolsa. Seis: Cyrela e Syn, fundadas por ele; as incorporadoras Cury, Lavvi e Plano & Plano, que têm a Cyrela com investidora; e a Brasil Agro, um investimento pessoal.
          A partir do fim de 2022 e começo de 2023, a CashMe passou a simplificar o negócio. O crédito consignado, por exemplo, foi cortado do portfólio. A operação se concentrou no financiamento para compra de moradias e no crédito para condomínios. A reestruturação cortou cerca de 100 dos 400 funcionários.
          As mudanças surtiram efeito. A CashMe teve lucro líquido de R$ 70 milhões em 2023. A empresa conseguiu focar nos produtos certos, diferenciando-a dos bancos, gerando valor para o cliente e com rentabilidade.
          Horn costuma dizer que a fintech é como sua “neta”. A “filha” é a Cyrela. “A CashMe é uma empresa nova e está no caminho certo para crescer”, comenta Horn. “É um negócio totalmente diferente da Cyrela. É pra ser uma ‘cash cow’ (geradora de caixa).”
(Fonte: Estadão - 28.07.2024)

27 de jul. de 2024

Pobre Juan

          Até 2004, Luiz Marsaioli e Cristiano Melles eram apenas amigos carnívoros que se reuniam semanalmente para comer uma bela picanha. Vinte anos depois, os fundadores do Pobre Juan seguem compartilhando o churrasco, mas o contexto agora é outro. “Antes era uma vez por semana, agora não tem dia: terça, quarta, sexta, domingo a gente se encontra em um Pobre Juan. Na segunda, até tentamos tomar uma sopa, mas acabamos visitando outros restaurantes para acompanhar tendências e o mercado gastronômico”, conta Marsaioli.
          “No começo, a ideia era ter um lugar bonito. E o lugar foi um achado, um terreno repleto de árvores na Vila Olímpia. Mas também queríamos música boa, vinho e, acima de tudo, carnes de qualidade numa atmosfera diferente das churrascarias tradicionais”, relembra Cristiano Melles. Com os desejos realizados, a dupla passou a receber convites para abrir casas pelo Brasil: “Temos um cuidado gigante com a marca, só vamos quando podemos replicar exatamente a mesma experiência, porque assim as pessoas continuam indo”.
          Nesse sentido, a primeira réplica veio em 2008, no bairro de Higienópolis. A experiência implicava – e continua implicando – 17 cortes. A carne é argentina, uruguaia ou brasileira, por vezes até australiana. “O que garante a qualidade é que trabalhamos apenas com raças britânicas e temos um protocolo rígido para homologação de fornecedores. O protocolo é um segredo, mas tem a ver com a alimentação e a idade do abate”, explica Marsaioli.
          Entre chorizos, tomahawks e vacíos, o corte estrela é o bife Pobre Juan (R$ 172, com 250 gramas, ou R$ 304, com 500 gramas, em valores referentes a julho de 2024). Chamado de “ceja” pelos hermanos, é a ponta macia e marmorizada do bife ancho, que harmoniza perfeitamente com a maior invenção da casa, a farofa de pistache (R$ 75).
          Talvez pela inspiração nas parrillas de Buenos Aires, duas décadas depois, os cortes argentinos, como ojo del bife, seguem como carros-chefes nas 16 casas. Os amigos, no entanto, entendem carne de uma maneira mais ampla: como arte, como festa. “Estamos celebrando nossos 20 anos com uma série de eventos. Começamos com jantares de chefs convidados. Trouxemos o Yoji Tokuyoshi, do Japão, Alberto Landgraf, do Rio, e Andé Saburó, do Recife, para mostrar técnica e rigor nesse ofício que é trabalhar a carne: no caso deles, mais de peixes”, comenta Marsaioli.
          Até o fim do ano haverá mais comemorações. A primeira será o Tango de Los 20, em 17 de agosto, realizado simultaneamente em todas as unidades. Jantares especiais também estão previstos para Manaus, Brasília e Porto Alegre.
          O encerramento, por sua vez, será com outro amigo, o italiano Dario Cecchini. A data não está definida, mas o açougueiro mais famoso do mundo fechará o ciclo no Pobre Juan do Shopping Cidade Jardim. Pobre Juan R. Comendador Miguel Calfat, 525, Vila Olímpia.
Com 16 endereços (em São Paulo, Rio de Janeiro, Belém, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Goiânia, Manaus, Recife e Porto Alegre) e o plano de abrir novos espaços, a carne não sai do cardápio dos dois amigos.
          Um dos endereços do Pobre Juan na cidade de São Paulo fica na Rua Comendador Miguel Calfat, 525, Vila Olímpia. 
(Fonte - Estadão - 26.07.2024)

26 de jul. de 2024

Panhard

          Motoristas comuns conheciam a Panhard por seus sedãs grandes, para seis passageiros. Pilotos de corrida a conheciam por seus carros de competição extremamente leves.
          Os modelos da série 24 foram uma tentativa de unir estas duas identidades da empresa. Oferecidos com entre-eixos longos ou curtos, os Panhard 24 levaram a esportividade da marca a motoristas que não queriam andar no dia a dia em um carro de corrida, sem nenhum tipo de conforto.
          O Panhard 24 BT era mais longo que o 24 CT para oferecer mais espaço interno aos passageiros do banco de trás. Os dois receberam motores boxer de dois cilindros refrigerados a ar que, graças a um desenho tremendamente aerodinâmico, empurrava com um bocado de pressa os 24 para velocidades típicas de rodovias.
          A divisão de carros da Panhard foi vendida à Citroën em 1967, o que selou seu destino como fabricante de automóveis. O nome ainda vive em uma fabricante de veículos militares, hoje pertencente ao Volvo Group, fabricante de caminhões.
(Fonte: Autocar - msn - 20.02.2019)

25 de jul. de 2024

Confrapar

          A gestora de private equity (que compra participações em empresas, especializada em negócios de tecnologia) Confrapar tem um portfólio de investimentos com 30 empresas, como a UCB Power, de baterias, a fabricante de drones Xmobots e a Ingresse, de vendas de ingressos.
          Em 24 de julho de 2024, a Reag Investimentos fechou a aquisição de 25% da Confrapar, que está em fase de alto crescimento na América Latina. A operação marca a primeira incursão da Reag no segmento, em continuidade a uma série de aquisições e parcerias estratégicas feitas pelo grupo nos últimos anos, como a das gestoras de patrimônio Rapier Investimentos e Quadrante Investimentos. “A parceria com a Confrapar nos permite adicionar uma nova dimensão às nossas ofertas de investimentos”, afirma Dario Tanure, diretor operacional (COO, na sigla em inglês) da Reag Asset & Wealth Management. A empresa tem cerca de R$ 200 bilhões sob gestão.
          No momento (julho de 2024), a Confrapar está lançando seu quarto fundo de investimentos, com uma meta de levantar US$ 250 milhões para aportes em empresas tech da América Latina. “O suporte estratégico e financeiro da Reag é crucial para o sucesso deste empreendimento”, diz Kadu Guillaume, sócio da Confrapar.
          O investimento estratégico também permite à Reag indicar um representante no Conselho de Administração da Confrapar, assim como apoiar a expansão e as futuras iniciativas da gestora, que vai continuar operando de forma independente.
          A Confrapar tem cerca de R$ 1 bilhão sob gestão e presença internacional, com escritório no México, além de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
(Fonte: Estadão - 25.07.2024)

24 de jul. de 2024

Lew’Lara\TBWA (antiga Lew’Lara)

          A agência de publicidade Lew'Lara foi fundada pelos empresários Jaques Lewkowicz e Luiz Lara, em 1992.
          Em 2008, a Lew’Lara passou a integrar o grupo americano de comunicação TBWA/Omnicom. 
          Um dos mais respeitados publicitários do país, Jaques Lewkowicz morreu em 19 de julho de 2024, aos 80 anos, em São Paulo. Com mais de 30 anos dedicados à propaganda, Lewkowicz era um dos integrantes do ‘Hall da Fama” da Academia Brasileira de Marketing.
          “Jaques sempre foi reconhecido pela sua incrível capacidade de revelar talentos. Curioso, culto, sempre com muita sensibilidade e sabedoria judaica, soube criar um ambiente leve e divertido para liderar equipes e criar campanhas históricas que posicionaram marcas, alavancaram vendas e entraram na cultura popular.”, disse Luiz Lara.
          Estudante de arquitetura, Lewkowicz começou a carreira na década de 1970, como diretor de arte em agências como Caio e Salles. Foi vice-presidente de criação da Ogilvy (do grupo WPP) ao longo de oito anos.
          Em 2008, a Lew’Lara passou a integrar o grupo americano de comunicação TBWA/Omnicom, tornando-se a Lew’Lara\TBWA.
          Em 2013, aos 69 anos, Lewkowicz deixou a agência que fundou com Lara para uma nova experiência na carreira. De fundador de agência premiada, tornou-se estagiário no Google, onde também atuou no mercado publicitário ajudando a gigante de tecnologia na relação com as agências nacionais
          Hoje, a Lew’Lara\TBWA é uma das 20 maiores agências do país, segundo o Fórum de Autorregulação do Mercado Publicitário (Cenp-Meios).
(Fonte: Estadão - 21.07.2024)

23 de jul. de 2024

CrowdStrike

          Com sede em Austin, no Texas, a empresa americana de cubersegurança CrowdStrike foi fundada em 2012 por George Kurtz e Dmitri Alperovitch, ex-funcionários da rival McAfee.
          Em 19 de julho de 2024, uma falha durante atualização de sistemas da CrowdStrike, usados por algumas das maiores companhias do mundo, provocou um apagão cibernético sem precedentes, que afetou empresas aéreas, hospitais e bancos e até tirou do ar emissoras de TVs. No Brasil, a pane também atingiu os serviços de alguns bancos e de hospitais e causou atrasos pontuais em voos. “Foi um efeito em cascata nunca visto globalmente”, disse a Wedbush, consultoria americana especializada em tecnologia.
          Em função da pane, especialistas destacaram o risco da grande dependência da economia mundial de sistemas de poucas empresas. “É como o árbitro de um jogo de futebol: quando a sua presença se faz notar é porque as coisas estão desandando”, escreveu Carlos Affonso Souza, da UERJ e diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade.
          Segundo a empresa, a pane afetou clientes que hospedam seus serviços em computadores com Windows, o sistema operacional da Microsoft e aplicativos da linha Office 365. Máquinas com Mac (da Apple) e Linux não foram afetadas.
          Tecnicamente, a atualização de um dos softwares da CrowdStrike fez com que milhares de computadores, ao serem abertos, entrassem em tela de erro. Trata-se, no jargão do setor, da “tela azul da morte”, que aparece com mensagem que se traduz como “exceção de ameaça ao sistema não tratada”.              Especialistas disseram que poderá levar dias até que organizações que possuem milhares de computadores corrijam as falhas. Segundo o Financial Times, a Microsoft estima que alguns casos podem precisar de até 15 reboots, ou reinicializações, para conseguir voltar os computadores ao estado normal.
          Em 26 de julho de 2024, o CEO da CrowdStrike, George Kurtz, disse que 97% dos sensores Windows voltaram a ficar online no dia anterior.
(Fonte: Estadão - 20.07.2024 / 27.07.2024 - partes)

9 de jul. de 2024

ALD

          Localizada em Nova Marilândia, região da Chapada dos Parecis, no estado de Mato Grosso, a ALD Bioenergia Deciolândia S.A. foi criada em 2019 por 24 agricultores e iniciou suas operações em janeiro de 2021.
          A ALD é a primeira empresa de etanol de milho no Brasil a ter produtores rurais como acionistas.
A empresa teve origem em uma cooperativa de produtores de grãos que plantou 120 mil hectares. Com a crescente demanda por etanol de milho, o grupo de 24 agricultores decidiu investir na criação de uma indústria sustentável para agregar valor à sua produção de grãos.
          Em 2021, ano da inauguração, processou, diariamente, 700 toneladas de milho de seus 24 acionistas.
          Considerando número de meados de 2024, 22% do faturamento total da empresa vem da produção de grãos secos de destilaria com solúveis (DDGS), coproduto utilizado na nutrição animal e com custo inferior ao do farelo de soja. No ano passado, a ALD também começou a produzir óleo de milho e construiu um armazém com capacidade para 80 mil toneladas. A ALD processa 1.000 toneladas de milho por dia. 
          A empresa planeja investir US$ 175 milhões para triplicar sua produção. A expansão está prevista para começar em 2024 e ser concluída até 2026, segundo Marco Orozimbo, CEO da empresa.
Embora a ALD venda toda a sua produção no mercado interno, planeia exportar DDGS para utilização como alimentação animal no futuro. Atualmente, o setor não exporta esse insumo, mas visa conquistar uma fatia do mercado global. Até a safra 2031/32, os exportadores planejam destinar de 25% a 30% de sua produção ao mercado internacional.
          Segundo Marco Orozimbo, os recursos para a expansão da usina virão de bancos de fomento, fundos e investimentos dos acionistas da usina. A expansão foi aprovada em junho de 2024 na assembleia geral anual.
          Com a expansão projetada da planta, a empresa pretende atingir 3 mil toneladas diárias. A estrutura existente produz anualmente 150 milhões de litros de etanol e 103 mil toneladas de DDGS.
          Localizada às margens da rodovia BR-364, a ALD gera toda a sua energia a partir da queima de biomassa, como bagaço de cana-de-açúcar, casca de arroz ou cavacos de madeira de eucalipto, em suas caldeiras. A planta trata a água residual utilizada na produção de etanol e a utiliza para fertirrigação. As cinzas produzidas na queima de biomassa também são utilizadas como biofertilizante nas lavouras dos acionistas, segundo o CEO.
          A fábrica opera atualmente em três turnos com 135 funcionários. A ALD participa do programa RenovaBio desde 2022 e, em um ano, a usina obteve a recertificação e aumentou seu fator de conversão de crédito de etanol em carbono (CBios) em 28,5%
          Fábrica da ALD em Nova Marilândia terá capacidade para processar 3 mil toneladas de milho por dia após a ampliação. Em 2023, a empresa alcançou faturamento recorde de R$ 450 milhões.
(Fonte: Valor - 09.07.2024)

8 de jul. de 2024

Cotonifício Rodolfo Crespi

Cotonifício Rodolfo Crespi foi inaugurado em 1897 no bairro da Mooca, em São Paulo.

          Foi fundado por Rodolfo Crespi, que importou alguns teares e adquiriu outros em São Paulo. A empresa proporcionava muitos empregos. Ficava próxima à estação da Hospedaria dos Imigrantes, e era o primeiro lugar onde os “oriundi” procuravam trabalho; havendo vagas, estavam empregados.

          Em 1898, entre as ruas dos Trilhos, Taquari, Visconde de Laguna e Javari começou a construção de um gigantesco prédio, de três andares, com quase 50 mil metros quadrados, num terreno de 30 mil metros quadrados, que abrigaria a fábrica do Cotonifício Rodolfo Crespi. Projetado pelo arquiteto italiano Giovanni Battista Bianchi, tornou-se um relevante patrimônio cultural dos primórdios da era industrial de São Paulo devido à sua arquitetura, e também foi representativo da própria história da industrialização e de suas relações de trabalho na cidade de São Paulo..

          A empresa foi o primeiro estabelecimento brasileiro de fiação industrial de algodão em grande escala. A fábrica, que ocupava uma área de 24.000 metros quadrados, dividia-se em duas partes: a fiação de algodão, com 14.000 fusos, e a fiação de desperdícios, com 3.000 fusos, 500 teares e 300 teares dobrados, tinha fiação, tecelagem, tinturaria e malharia. Chegou a consumir 3 mil cavalos força em energia elétrica e duzentas toneladas mensais de óleo em suas caldeiras, funcionando 24 horas por dia.

Foi uma das primeiras indústrias paulistas a receber energia elétrica.

 

          Os principais produtos fabricados eram, evidentemente, trançados de algodão, xales e coberturas, colchas, fazendas, artigos de algodão para mercearias, etc. Na fábrica trabalham diariamente cerca de 1.500 pessoas, entre homens, mulheres e crianças. 

          Em julho de 1917, com a decisão de parar a produção, as operárias de duas fábricas têxteis do Cotonifício Rodolfo Crespi deram início a uma greve que rapidamente se estendeu para outras categorias da cidade e depois pelo país. Apesar de fortemente reprimida pela Força Pública, a greve geral foi mantida por 36 dias. Entre as conquistas das reivindicações inscritas na plataforma da greve estavam a abolição do trabalho noturno das mulheres e também a proibição da exploração, nas fábricas, oficinas etc, do trabalho de menores de 14 anos.

 

          O Cotonifício Rodolfo Crespi Futebol Clube foi fundado no ano de 1924 em uma modesta salinha, fruto da fusão do Extra São Paulo Futebol Clube e do Cavalheiro Crespi Futebol Clube, tradicionais clubes da várzea do bairro da Mooca formados por operários italianos, empregados da fábrica de tecidos da família Crespi.

          Na ocasião decidiu-se por manter as cores do Extra São Paulo - vermelho, preto e branco - como sendo as oficiais da nova agremiação, aproveitando deste clube a maioria dos jogadores que já gozavam de certo prestígio nos "campinhos do bairro".

          Em contrapartida, o Cavalheiro Crespi F.C. cedeu a sua sede social - localizada na Rua dos Trilhos, nº 42 (antigo), preservando como data simbólica de fundação do clube o dia 20/04/1924.

          No dia 24 de abril de 1925, o Conde Rodolfo Crespi, cede um espaço de sua propriedade para que ali se construísse o campo de futebol, na área que ficava entre a Rua Javari (à época Rua Javry) e rua dos Trilhos. Local este, onde ainda hoje fica o Estádio Conde Rodolfo Crespi. Aquele espaço, antes era utilizado como cocheira de seus cavalos que corriam regularmente no Jockey Club de São Paulo (antigo Hipódromo da Mooca na rua Bresser.

          Uma campanha fantástica realizou o Cotonifício Rodolfo Crespi F.C. na conquista do título de Campeão Paulista da 2º Divisão no ano de 1929. Foram 16 partidas, 13 vitórias, 02 empates e 01 derrota, com 46 gols marcados e apenas 13 gols sofridos. No dia 26/01/1930 o Cotonifício Rodolfo Crespi F.C. venceu por 1 x 0 a A.A. Republica no Estádio da Rua Javari, gol marcado por Piccinin. Com esta conquista, o clube fora convidado a participar da Divisão Principal do Futebol Paulista.


 
          No dia 19/02/1930, em Assembleia Geral Extraordinária, a diretoria do clube da Mooca resolveu mudar o nome da agremiação. Saía de cena o romântico Cotonifício Rodolfo Crespi F.C. e surgia o Clube Atlético Juventus. O nome Juventus é uma homenagem à Juventus de Turim na Itália. A ideia partiu do cofundador da equipe, o benemérito empresário Italiano Conde Rodolfo Crespi, que era originário da cidade de Busto Arsizio (Província de Varese), e que acabara de regressar de viagem ao seu país de origem, onde (de passagem pela região do Piemonte) assistiu a uma partida da Juventus de Turim, com a qual se entusiasmou, levando-o a sugerir que a agremiação da Mooca passasse a se chamar Clube Atlético Juventus.

A familia Crespi ficou quase trinta anos na diretoria do Clube , mas em 1950 se afasta.

Cotonifício e a Revolução de 1934:

Em 22 de julho de 1924, durante a revolução, conhecida como Revolta Paulista, que pretendia destituir o Presidente Artur Bernardes, o prédio do cotonifício foi atingido por um violento bombardeio aéreo das forças

legalistas federais, sendo praticamente destruído. Foi algo que marcou a cidade na época, pois este foi o maior conflito bélico já ocorrido na cidade de São Paulo.

Reconstruída, a empresa seguiu em frente até meados de 1950.

          A empresa passou por longos períodos de grande prosperidade e só começou a enfrentar dificuldades na década de 1950, devido a seus equipamentos terem ficado obsoletos. Fechou em 1963.

          O imenso prédio ficou vazio, abandonado e sofrendo a deterioração do tempo de 1963 até 2003, quando uma rede de hipermercados alugou o edifício central e outros anexos do Cotonifício Crespi. Inicialmente a notícia foi bem recebida pelos moradores da Mooca, até que dessem conta do fato de que o projeto de "restauro" previa a própria demolição do prédio. Apenas a fachada do histórico prédio foi preservada .

          Sua demolição total – iniciada em 2004 – só não ocorreu por ter sido impedida por moradores e pela Associação  dos Moradores e Amigos da Mooca - Amo a Mooca.

          A pedido do Departamento do Patrimônio Histórico (DPH) da prefeitura de São Paulo, "o Ministério Público interditou a demolição e passou a mediar um processo de negociação entre o DPH, o Grupo Pão de Açúcar, o empresário Fernando Crespi e a associação.

Hoje, o Cotonifício abriga uma rede de supermercados no local (Assaí). Mas, o imóvel é tombado.

 Rodolfo Enrico Crespi nasceu em 1874, em Busto Arsizio, na Itália. Era filho de Pia Travelli e Cristoforo Benigno Crespi, um industrial da área têxtil, que descendia de uma tradicional família italiana, remanescente do Império Romano.

Incentivado por Enrico Dell’Acqua, proprietário da empresa em que trabalhava, emigrou em 1893 para o Brasil. Logo que chegou, instalou uma pequena tecelagem no bairro da Mooca.

Em 1898, inaugurou o Cotonifício Rodolfo Crespi, em um enorme prédio de três andares, localizado na esquina da Rua dos Trilhos com a Rua Taquari, com fundos para a Rua Visconde de Laguna.

A empresa foi o primeiro estabelecimento brasileiro de fiação industrial de algodão em grande escala.

Em 1902, o Sr. Giuseppe Crespi, irmão de Rodolfo, veio para São Paulo para ajudar na gerência da companhia. Foi nomeado secretário da empresa. 

Durante todos esses anos, Rodolfo Crespi atuou em diversas áreas sociais e empresariais.  Como empresário, fundou a Banca Italiana di San Paolo, que se tornaria a Banca Francese e Italiana per l’America del Sud, predecessora do Banco Sudameris.

Lançou o jornal “Il Piccolo”, em língua italiana, que mantinha uma linha editorial favorável ao regime fascista de Benito Mussolini e era lido por milhares de imigrantes. Foi também Presidente do Circolo Italiano.

Na área social foi responsável pela criação do Colégio Dante Alighieri, que levantou com recursos próprios e doações do governo italiano.

Junto com os operários do Cotonifício, fundou o Clube Atlético Juventus, tendo batizado com seu nome o estádio de futebol.

Durante sua trajetória, Rodolfo Crespi recebeu duas honrarias do governo italiano. Em 1907, o título de Cavaliere del Lavoro (Cavalheiro do Trabalho) e o título de Conde, dado em 1928, pelo Rei Vítor Emanuel III da Itália.

Casou-se com Marina Regoli Crespi com quem teve quatro filhos: Renata, Adriana, Dino e Raul, todos condes e condessa. 

Faleceu em São Paulo no dia 27 de janeiro de 1939 aos 64 anos.

(Fonte: JM - Jornal da Mooca - 03.05.2019)

7 de jul. de 2024

Porcão Churrascaria

          A Porcão Churrascaria foi criada em 1975, no Rio de Janeiro.
          A mais famosa rede de rodízio de carnes carioca fechou a última loja em 2016, após 41 anos de funcionamento. Famosa pelos cortes nobres e pelo farto buffet, chegou a ter sete restaurantes no Rio, além de filiais em outros estados do país e até mesmo no exterior. Suas mesas eram sempre frequentadas por famosos, desde jogadores de futebol e artistas à alta cúpula da política nacional.
          ERm meados de 2024, quase uma década depois da decretação da falência da churrascaria Porcão, ícone da culinária carioca, fundos de pensão do setor público que investiram na rede fazem uma “caçada” para recuperar ativos capazes de compensar pelo menos um pedaço de um patrimônio bilionário deixado em aberto com a derrocada da companhia. Por trás da corrida estão principalmente o fundo dos servidores de Tocantins e do Serpros, a estatal federal de dados. As duas entidades injetaram, juntas, ao menos R$ 700 milhões no grupo, nos anos de 2010.
          Em nota enviada ao Estadão/Broadcast, a K2 consultoria, nomeada para a função de administrador judicial, diz que tem se dedicado “incansavelmente” para identificar todos os ativos e que a falência é “complexa e extensa”. O trabalho de recuperação dos investimentos, segundo mostram documentos aos quais o Estadão/Broadcast teve acesso, levantou suspeitas sobre transações feitas durante o período de dificuldades da rede, gerou questionamentos em relação à postura do administrador judicial e disputas sobre ativos identificados em nome das seis empresas que hoje compõem a massa falida, como um avião de três lugares encontrado no interior de São Paulo e não listado inicialmente no rol de bens disponíveis.
          Os recursos direcionados para a expansão dos restaurantes nos anos 2010 foram aportados via fundos e pela compra de papéis da empresa. Após algumas movimentações societárias, o Fundo de Investimento em Participações (FIP) FP2 passou a ter o controle do grupo. No auge, seu patrimônio chegou a R$ 1,4 bilhão. Entre os investidores estavam mais de 20 fundos de pensão de servidores públicos, entre os quais o do Estado de Tocantins e o Serpros.
          Já em dificuldades, o Porcão anunciou, em 2014, a fusão com a churrascaria Vento Haragano, do empresário Lucas Zanchetta. A empresa combinada estimava ter quase 30 restaurantes e faturar R$ 800 milhões. Mas os planos não se confirmaram e, em 2017, a Justiça decretou a falência do grupo. O ato marcava a derrocada da rede de restaurantes que se espalhou pelo país e no exterior a partir do status conquistado na capital fluminense. Ficou famosa como ponto de encontro de políticos e celebridades, com especial apreço por parte de jogadores de futebol. Foi palco de cliques de Neymar por fotógrafos de celebridades e chegou a entrar em campo com um patrocínio numa faixa usada na cabeça pelo ponta Renato Gaúcho, hoje técnico do Grêmio. O grupo carioca fundado pela família Mocellin chegou a ter unidades nos Estados Unidos e recebeu até investimentos do banco Merril Linch. A família e o banco, porém, deixaram o negócio.
          Os fundos de pensão tentam há anos recuperar parte do dinheiro investido. A principal forma de fazer isso seria por meio de duas plantas frigoríficas herdadas do negócio falido, uma delas em operação e arrendada para a Marfrig, além da liquidação de outros ativos encontrados. Na corrida para levantar os bens, os advogados descobriram um avião modelo SR22, da Cirrus Design, que não havia sido arrolado entre os ativos no processo de falência. Os fundos também questionam as vendas de três imóveis e da marca Porcão, por R$ 390 mil, em leilões realizados em 2023. Os recursos, somados a depósitos antigos encontrados em nome de uma das empresas incluídas no processo, seriam suficientes para pagar as dívidas e encerrar a falência, alegam os fundos. A lista de credores apresentada em 2021 soma R$ 75 milhões em débitos, embora o valor citado pela própria empresa na mesma época indicasse um total de R$ 253 milhões em aberto na falência.
          Um dos questionamentos dos advogados é justamente para que o administrador apresente uma lista atualizada dos credores e o andamento da realização de ativos. “Não é possível aos credores, terceiros interessados, massa falida e o Juízo Falimentar do RJ estimar o valor do ativo arrecadado pelo administrador judicial, uma vez que não foi apresentado o plano de realização dos ativos”, afirma a petição apresentada pelo Maia Britto Advogados, escritório que representa o FP2.
          Em nota enviada ao Estadão/Broadcast, a K2 consultoria, nomeada para a função de administrador judicial, nega que os recursos arrecadados sejam suficientes para quitar o passivo da falência. A empresa estima que a dívida total alcance cerca de R$ 900 milhões (R$ 300 milhões de passivo trabalhista, R$ 500 milhões fiscais e R$ 100 milhões herdadas de uma empresa antiga da Brazal). A K2 afirma que, desde a sua nomeação, tem se dedicado “incansavelmente” ao processo falimentar, para identificar todos os ativos e na consolidação do passivo. Afirma ainda que os pleitos do FP2 serão apreciados na Justiça, sem responder especificamente sobre o plano de realização de ativos. A K2 afirma ainda que a falência é “complexa e extensa, um grupo econômico formado por diversas empresas, com aproximadamente 3 mil credores trabalhistas” e prossegue afirmando que o quadro geral de credores “é vivo e atualizado diariamente, conforme as decisões".
(Fonte: msn - 28.09.2018 (desafio Mundial) / Estadão - 07.07.2024 - Partes)

Porc_o_Churrascaria_10-11.0.0-22090-88749.jpg