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29 de jul. de 2024

CashMe

          A startup CashMe foi criada em 2018 para ser o veículo de financiamentos imobiliários da Cyrela. Com o passar dos anos, a fintech diversificou o seu portfólio, agregando novas modalidades de operações financeiras – como consórcio, crédito consignado e crédito com garantia de Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) – que estão muito além do setor imobiliário, onde se concentra o conhecimento do grupo.
          O número de funcionários passou de 100 para 400 em 2021. Mas o retorno não veio. O prejuízo líquido chegou a R$ 49 milhões. “Havia pressão para crescer, vista a expansão explosiva do valuation de outras startups na época”, diz o presidente da CashMe, Juliano Bello.
          Na ânsia de crescimento, a CashMe virou uma empresa que consumia capital de modo elevado para ofertar produtos com os quais batia de frente com bancos de grande porte, sem a mesma competitividade ou retorno.
          Diante da situação, o fundador, o empresário Elie Horn, mandou reformar a casa. “O Seu Elie se aproximou e deu conselhos importantes”, reconhece Bello.
          O primeiro mantra de Horn para a direção da CashMe é que toda empresa precisa dar lucro. A frase pode soar óbvia, mas teve a função de brecar um plano de negócio baseado em crescimento das operações em um terreno incerto, com previsão de break even só nos anos seguintes.
          O segundo é que não se deve montar uma empresa pensando em vendê-la. Curioso que Horn é um dos empresários que mais levaram empresas à Bolsa. Seis: Cyrela e Syn, fundadas por ele; as incorporadoras Cury, Lavvi e Plano & Plano, que têm a Cyrela com investidora; e a Brasil Agro, um investimento pessoal.
          A partir do fim de 2022 e começo de 2023, a CashMe passou a simplificar o negócio. O crédito consignado, por exemplo, foi cortado do portfólio. A operação se concentrou no financiamento para compra de moradias e no crédito para condomínios. A reestruturação cortou cerca de 100 dos 400 funcionários.
          As mudanças surtiram efeito. A CashMe teve lucro líquido de R$ 70 milhões em 2023. A empresa conseguiu focar nos produtos certos, diferenciando-a dos bancos, gerando valor para o cliente e com rentabilidade.
          Horn costuma dizer que a fintech é como sua “neta”. A “filha” é a Cyrela. “A CashMe é uma empresa nova e está no caminho certo para crescer”, comenta Horn. “É um negócio totalmente diferente da Cyrela. É pra ser uma ‘cash cow’ (geradora de caixa).”
(Fonte: Estadão - 28.07.2024)

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