Total de visualizações de página

25 de mai. de 2023

Echoenergia

           Em 28 de outubro de 2021, o grupo Equatorial vence disputa acirrada pela geradora eólica Echoenergia, empresa especializada em projetos de geração de energia elétrica de fontes renováveis, com portfólio já operacional no Nordeste de mais de 1 GW. O valor no negócio foi de R$ 6,7 bilhões e a empresa entra no setor de energia limpa. A compra foi do Ipiranga Fundo de Investimento em Participações Multiestratégia, e representa 100% das ações do capital social da Echoenergia 
Participações.
          A Echoenergia, braço de geração e comercialização de energia renovável do grupo Equatorial, está construindo suas primeiras usinas de energia solar. O início das operações está previsto para 2024. A empresa, que já tem experiência em geração de energia eólica, aposta na ampliação do acesso a clientes de média e alta tensão para expandir seus negócios.
          As duas fazendas em desenvolvimento, no Piauí e na Bahia, somarão 574 megawatts de capacidade instalada, com potencial para atender a demanda de energia de mais de 860 mil residências. O início das operações está previsto para 2024.
          Entre os parques da Echoenergia, a unidade Ribeiro Gonçalves, localizada no município homônimo do Piauí, ocupará uma área de 600 hectares e terá capacidade instalada de 223,2 MW. A expectativa é de mil empregos gerados durante a implantação do projeto.
          O complexo Barreiras I, no oeste da Bahia, terá sete parques solares distribuídos em 863 hectares. A capacidade instalada será de 351,1 MW, suficiente para atender 540 mil residências.
Considerando dados de maio de 2023, a Echoenergia tem 1,2 gigawatts de capacidade eólica.
(Fonte: jornal Valor - 24.05.2023 - parte)

23 de mai. de 2023

Daiichi Sankyo

          A farmacêutica japonesa Daiichi Sankyo é dona de remédios como a pomada para hematomas Hirudoid e o laxante Lactulona.
          Em 22 de maio de 2023, a companhia anunciou um investimento de cerca de 400 milhões de reais para expansão de sua fábrica em Barueri (SP), conforme comunicado à imprensa. A empresa usará os recursos para ampliação de produção, bem como nos setores de embalagem e almoxarifado, segundo o comunicado.
          A Daiichi afirmou que sua divisão de cuidados primários à saúde será uma das principais beneficiadas pelo projeto. A empresa prevê uma maior produção de medicamentos já estabelecidos e lançamento de novos produtos nos próximos anos, sem detalhar. A companhia usará os recursos para ampliação de produção, bem como nos setores de embalagem e almoxarifado, segundo o comunicado.
          A fábrica, a única da companhia no Brasil, atende também à demanda de países da América Latina, segundo a empresa. A unidade tem cerca de 600 funcionários.
          No geral, a expansão da fábrica deve gerar elevação na produção local de 350 milhões para 900 milhões de comprimidos anualmente até 2025, quando as obras devem ser concluídas, de acordo com a Daiichi. A companhia espera faturamento de 2 bilhões de reais em 2026 com a produção no país.
(Fonte: MoneyTimes/Reuters - 22.05.2023)

21 de mai. de 2023

Peccin / Trento (chocolates)

          A Peccin S.A. foi fundada em 1956 pelos irmãos Orélio, Clemente e Rovílio Pezzin. A empresa nasceu com uma pequena produção artesanal de balas e doces, no Rio Grande do Sul. A princípio, a Peccin tinha cerca de 50 funcionários e tinha atuação mais regional, com vendas para o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Sua sede fica em Erechim, no Rio Grande do Sul.
          "Peccin" é consequência de um erro de registro no sobrenome da família. Quando os primeiros italianos Pezzin chegaram ao Brasil, tiveram seus sobrenomes alterados para Peccin. Os descendentes só descobriram o erro quando foram tirar a cidadania e, àquela altura, a empresa já existia há alguns anos. Por isso, o nome da Peccin foi mantido, enquanto os familiares voltaram a ser Pezzin.
          Com o início da segunda geração, nos anos 1980, a produção foi ampliada. Até então, a Peccin só produzia balas e doces. Em 1983, com a chegada de Dirceu Pezzin — filho de Orélio —, foi construída uma nova fábrica em Erechim (RS), a cerca de 370 quilômetros de Porto Alegre. É lá que a empresa está instalada . Hoje, a fábrica tem 23 mil metros quadrados — área equivalente a aproximadamente três campos de futebol — e capacidade de produção de 4 mil toneladas por mês. Mais de um terço (1,5 mil toneladas) desse montante é de chocolates Trento.
          Trento, o grande sucesso da empresa, foi criado em 2011. A ideia, segundo Dirceu Pezzin, presidente da companhia, era criar um produto "bem diferenciado", em meio a uma crise mundial que fez a demanda por balas e doces cair. "Uma marca que não é conhecida por vender chocolate teria que surpreender o consumidor. Porque, normalmente, as pessoas consomem marcas tradicionais. Elas arriscam uma vez e, se não gostarem, não comem de novo", diz Dirceu.
          Para quem vem do estado do Tirol, na Áustria, por estrada, primeiro chega e Merano, depois, Bolzano e logo alcança Trento. Ao norte da Itália, ruazinhas com prédios antigos e coloridos, a beleza de um castelo e o título de província com a maior qualidade de vida do país. A referência à cidade italiana, é também uma lembrança à origem da família Pezzin.
          O consumidor aprendeu a consumir um produto diferente. Hoje temos mais de 20 produtos [da marca Trento], e a concorrência está nos copiando. A concorrência entendeu que há um novo nicho, e o consumidor também reconheceu. "Criamos um novo nicho de mercado". A Peccin afirma que o Trento foi "copiado" por marcas de chocolate que já estavam consolidadas no país, como a Hershey's, que lançou em 2020 o Chocotubes, e a Mondelez (dona da Lacta), que desde 2022 vende Sonho de Valsa e Ouro Branco nas versões "stick". Procuradas pelo UOL, as concorrentes não comentaram.
          Tanto Dirceu quanto Carlos Scarpa, diretor comercial da Peccin, explicam que o diferencial do Trento é o fato de ser produzido com 38% de sólidos de cacau — mais do que o mínimo de 25% exigido pela Anvisa para produtos de chocolate e derivados.
          Os principais mercados estrangeiros da Peccin são Estados Unidos e "países da América do Sul", ainda de acordo com Dirceu. No Brasil, a empresa tem centros de distribuição em Maceió, que atende o Nordeste, e Serra (ES), voltado ao Sudeste. Além do Trento, a Peccin também fabrica as balas Tribala e Frutomila e o pirulito Blong.
          Considerando números de 2022, a Peccin tem cerca de 1.500 funcionários, exporta produtos para quase 50 países, com os principais mercados representados pelos Estados Unidos e países da América do Sul. Tem receita líquida de vendas de R$ 602,6 milhões e é famosa pelos tubinhos de wafer com chocolate Trento, que custam cerca de R$ 3 e foram até "copiados" por marcas famosas e mais consolidadas no setor. O Trento responde por mais de um terço da produção da Peccin.
          Com faturamento de aproximadamente R$ 700 milhões em 2023, a empresa produz cerca de 5.000 toneladas de chocolate mensalmente, incluindo a marca Trento, que virou sensação nas redes sociais, impulsionando as vendas. Essa marca agora responde por 70% do faturamento da empresa após aumento do investimento em marketing.
(Fonte: UOL Economia 21.05.2023 / Site da empresa / Valor - 24.10.2024 - partes).

19 de mai. de 2023

Soneda (perfumaria)

          O imigrante japonês Mareki Kamachi (1930-2022), chegou ao Brasil ainda criança, em 1934. Foi agricultor na região de Lins (SP). Depois, tentou a vida no comércio, inicialmente, com uma loja de roupas infantis, em Piracicaba (SP). Em 1992, migrou para o varejo da beleza. Kamachi era uma das 
cerca de 40 famílias que faziam parte da rede de perfumaria Sumirê.
          Após uma viagem ao Japão em 2016, Minoru Kamachi, filho de Mareki, nascido em 1969, diz que voltou “com vontade de juntar os Kamachi para garantir um futuro melhor para a família”. Dois anos depois, apareceu a oportunidade de comprar a rede Perfumaria 2000 e criar um negócio só da 
família. Em setembro de 2018, os Kamachi fundaram a rede de perfumaria que nasceu com 26 lojas e foco no consumidor das classes de menor poder aquisitivo. A perfumaria Soneda foi criada (em 2018) em Franco da Rocha, na Grande São Paulo.
          Nos últimos tempos, a companhia percebeu que havia uma oportunidade com a população de renda média. E não perdeu tempo. Quem passou nas últimas semanas (abril e maio de 2023) pela Avenida Paulista, um dos endereços comerciais mais cobiçados do país, deve ter notado a presença de uma nova varejista no local. Em um espaço de 1,8 mil metros quadrados e três pavimentos, a perfumaria Soneda abriu as portas de sua primeira loja-conceito, com 18 mil produtos de 300 marcas. “Chegar à (avenida) Paulista era um sonho”, diz Minoru Kamachi, CEO da empresa. Minoru diz que almejava ter uma loja no local desde que começou no varejo, aos 25 anos. Minoru é o filho caçula do 
fundador da perfumaria, Mareki Kamachi.
          A retração no comércio presencial provocada pela pandemia e o aumento de imóveis desocupados na região ajudaram Kamachi a realizar o sonho. Mas, antes de chegar à Paulista, ele inaugurou, em 2021, uma loja na Rua Augusta, que lembra o cubo de vidro da Apple, em Nova York (EUA). O objetivo é se aproximar do público de maior renda e espalhar pequenas lojas pela cidade. “Queremos ser o ‘Pão de Açúcar Minuto’, a loja de vizinhança da beleza.” Hoje (maio de 2023), a varejista tem 40 lojas físicas, sendo mais da metade na cidade de São Paulo, um e-commerce, faturamento anual superior a R$ 300 milhões e mais de 800 funcionários. De acordo com dados da consultoria Nielsen, a rede detém 30% do mercado de perfumarias auditadas no Estado de São Paulo e 11% no País. E o plano é avançar. Os investimentos somam R$ 25 milhões, dos quais mais de R$ 10 milhões aplicados na loja-conceito da Avenida Paulista.
          Daqui para frente, a varejista pretende abrir entre seis e sete lojas por ano em cidades do interior. A ida para a Paulista e bairros com população mais abastada tem como objetivo atrair o consumidor de classe média. Muitos deles não conhecem a “perfumaria raiz”, diz Minoru. É aquele ponto de venda com vários itens de higiene pessoal e, especialmente, para cabelo, comum nas periferias.
(Fonte: Estadão - 19.05.2023)

Totvs Techfin

          Em meados de abril de 2022, o Itaú Unibanco informou que celebrou com a Totvs um acordo para a constituição de uma joint venture, denominada preliminarmente Totvs Techfin, que teria como objetivos a distribuição e a ampliação de serviços financeiros integrados aos sistemas de gestão da Totvs, baseados em uso intensivo de dados, voltados para clientes empresariais e toda a sua cadeia de fornecedores, clientes e funcionários.
          O acordo estabelece que a Totvs contribuiria, antes do fechamento da transação, com os ativos da sua atual operação Techfin para a companhia que o Itaú Unibanco passa a ser sócio com 50% de participação no capital social, sendo que cada sócio poderá indicar metade dos membros do conselho de administração e da diretoria.
          Pela participação, o Itaú pagou à Totvs R$ 610 milhões e, como preço complementar (earn-out), pagaria até R$ 450 milhões após cinco anos mediante o atingimento de metas alinhadas aos objetivos de crescimento e performance. Além disso, o Itaú contribuiria com o compromisso de funding para as operações atuais e futuras, expertise de crédito e desenvolvimento de novos produtos na Techfin.
          “A parceria cria uma empresa que combina tecnologia e soluções financeiras, somando as expertises complementares dos sócios para ofertar a clientes corporativos, de forma ágil e integrada, as melhores experiências de contratação de produtos diretamente nas plataformas já oferecidas pela Totvs. Essa união das capacidades do Itaú e da Totvs também permitirá à nova companhia explorar oportunidades de forma personalizada e contextualizada, antecipando necessidades dos clientes e de forma totalmente alinhada com a estratégia e evoluções do Open Finance para empresas”, disse o Itaú.
          Segundo o presidente do banco, Milton Maluhy Filho, as oportunidades de criação de soluções inéditas a partir desta iniciativa certamente representarão disrupsões em favor dos clientes. “Esta parceria nos coloca, Itaú Unibanco e Totvs, na vanguarda da transformação digital das indústrias nas quais atuamos”, disse.
          “A expertise do Itaú aliada à tecnologia e aos dados da Totvs é uma combinação extraordinária para nossa ambição de democratizar serviços financeiros para as empresas brasileiras”, afirmou Dennis Herszkowicz, presidente da Totvs.
(Fonte: jornal Valor - 13.04.2022)

18 de mai. de 2023

Lendico

           Em 2015, a Lendico Brasil começou a operar no país através do correspondente bancário Banco BMG, pois ainda não é permitida a operação de empréstimos P2P no Brasil. O Banco BMG passou então a oferecer, em julho de 2015, aos seus clientes pessoa física, o crédito pessoal digital através da Lendico, utilizando uma plataforma 100% online. A Lendico não faz parte do Conglomerado Financeiro BMG, 
contudo, seus acionistas detêm 50% da empresa.
          O banco (BMG) investiu na profissionalização e na governança, alterou sua estratégia de marketing – os patrocínios para times de futebol levaram um cartão vermelho (?) – e vem preparando uma aposta nos meios digitais. Hoje, eles estão restritos a uma plataforma de distribuição de investimentos e à concessão de crédito por meio da fintech Lendico, que atua como correspondente bancário. Estar perto das fintechs é uma regra.

Casino

          Em 1999, a rede francesa Casino injetou 1,5 bilhão de dólares no Pão de Açúcar. Abilio passou a ter então um sócio internacional. Adepto do modelo de crescer de forma alavancada, o Pão de Açúcar vendeu, em 1999, 23,98% do capital votante e 21% do capital total do Pão de Açúcar ao grupo francês Casino.
          Com escritório no Brasil, em 1999, a subsidiária brasileira do Banco Rothschild atuou como intermediária na aquisição de uma participação de 26,2% no Pão de Açúcar, no valor de 1 bilhão de dólares, pelo francês Casino.
          Em até cinco anos, mais R$ 1,1 bilhão de reais seria desembolsado pelo Casino para chegar a 40% do capital votante e 35,5% do capital total. O empresário dividiu o controle por alguns anos e, seguindo cláusula de contrato, em junho de 2012, entregou o comando acionário da maior rede varejista brasileira, ao grupo francês Casino. Presidente do conselho de administração, Abilio tentou ser o elo entre o Casino e o Pão de açúcar. Mas para o controlador do Casino, Jean-Charles Naori, Abilio tinha perdido o direito de intermediar a relação entre as duas empresas a ponto de ser barrado na porta num encontro em Paris no segundo semestre de 2012.
          Em setembro de 2013, após troca de ações entre Abilio Diniz e o Casino, aprovada sem restrições pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), acontece a renúncia do empresário do Conselho de Administração do grupo, abrindo mão de todos os seus direitos políticos na empresa. Abilio Diniz continuou com pouco menos de 10% do capital social da empresa, representados por ações sem direito a voto.
          Quando assinou o contrato, em 2005, com a cláusula que garantia aos franceses do Casino o controle total do Pão de Açúcar a partir de 22 de junho de 2012, uma das ideias que passava pela mente de Abilio é que então estaria com 75 anos e não iria querer se preocupar tanto com a empresa. Não se sabe se o principal slogan da empresa, "Orgulho de ser brasileiro", lhe vinha à mente com frequência. Hoje, porém, Abilio avalia que assinar aquele documento foi o maior erro que cometeu em sua trajetória profissional.
          Em janeiro de 2014, Casas Bahia e Ponto Frio começaram a fazer compras conjuntas com a empresa de comércio eletrônico do grupo, a Nova Pontocom. Em maio do mesmo ano, a Nova Pontocom anunciou uma união com a CDiscount, site de comércio eletrônico do grupo francês Casino. A nova empresa, é chamada de CNova.
          Quando a Via Varejo incorporou a CNova, ficou com as operações on-line da Casas Bahia, do Ponto Frio e do Extra.com.
          Foi justamente um dos movimentos mais criticados do Casino à frente da dona da Casas Bahia e do Ponto Frio que envolveu a separação da operação online – a CNova – das lojas físicas. O objetivo de unir todas as operações globais de e-commerce do grupo Casino atrapalhou o desempenho da Via Varejo por aqui – a estratégia acabou descartada dois anos mais tarde. Nesse ínterim, porém, o Magazine Luiza implantou inovações.
Em janeiro de 2019, o Casino fechou acordo para vender 26 hipermercados e supermercados localizados fora de Paris, avaliados em 501 milhões de euros, para a gestora de investimentos Fortress Investment. A iniciativa ajuda a varejista a cumprir a meta de vender 1,5 bilhão de euros em ativos.
          No final de junho de 2019, o grupo divulga reestruturação desenhada pelo financista Jean-Charles Naouri, presidente do Casino, dos ativos da varejista francesa na América Latina, que transformará o Grupo Pão de Açúcar no controlador dos negócios na região. A aquisição da colombiana Éxito, abrange o controle das operações na Argentina e Uruguai. Em três etapas, a transação resolve pendências e abre caminho para elevar a liquidez em bolsa e o nível de governança corporativa do grupo.
(Fonte - jornal Valor - 21.01.2019 - parte)

Sendas Supermercados

          Em 2003, depois de diversas conversas ao longo dos anos, Arthur Sendas decidiu vender ao Pão de Açúcar metade da rede Sendas, então a quinta maior rede varejista do país. Em maio de 2016, o Pão de Açúcar concluiu as negociações com o Sendas para a aquisição das ações remanescentes da empresa. Com essa aquisição, o Pão de Açúcar e suas controladas passaram a deter conjuntamente 100% do capital social total da Sendas Distribuidora. O valor total da operação é de 377 milhões de reais. O Pão de Açúcar 
passou a focar na conversão da marca Sendas em lojas Extra Supermercado.
          Mais tarde, o nome Sendas passou a fazer parte da razão social da área de atacarejo do Grupo Pão de Açúcar, com a bandeira Assaí.
          Considerando dados de agosto de 2017, a rede Assaí, cuja razão social é Sendas Distribuidora, tem 112 lojas e é responsável por 39% do segmento alimentar do GPA. Um grande sucesso para um investimento de pouco mais de R$ 400 milhões em 2007.

SuperMar Supermercados (antiga Unimar)

          Em fevereiro de 1993, a empresa Serra da Pipoca Agropecuária comprou as 59 lojas que a rede de supermercados Paes Mendonça, de Mamede Paes Mendonça, tinha na Bahia.
          As lojas foram agrupadas na Unimar Supermercados, com sede em Salvador. Até bem pouco tempo antes, a Serra da Pipoca era o braço agropecuário da Kieppe, a holding particular do empreiteiro Norberto Odebrecht. Os donos da Serra da Pipoca eram investidores da Bahia, capitaneados pelo empresário José Barachísio Lisboa. Durante muito tempo Barachísio, como é conhecido em Salvador, foi o principal executivo da Kieppe, da qual se desligou para presidir a Unimar.
          Na realidade, Mamede teve de entregar as lojas da Bahia ao empreiteiro Norberto Odebrecht como pagamento de dívidas. Depois de serem repassadas a um executivo, que pediu autofalência, as lojas acabaram nas mãos de um grupo de credores capitaneados pelo Garantia. Dois anos sob controle do Garantia não foram suficientes para sanear a Supermar (novo nome da Unimar), que padece de uma crise crônica de identidade.
          Desde que deixou de pertencer a Mamede, a rede já usou os nomes Paes Mendonça, Unimar e Supermar. Depois, Bompreço, após ter sido comprada pela rede do empresário João Carlos Paes Mendonça e dos holandeses do grupo Royal Ahold.
          Em fins de 1996, o Pão de Açúcar estava de olho na rede baiana de supermercados SuperMar, a antiga Unimar, do Grupo Garantia. Em algumas semanas de setembro e outubro, um grupo de 10 executivos da empresa esteve em Salvador para avaliar as mais de 40 lojas da rede, que faturou 719 milhões de dólares em 1995. A compra do SuperMar faria parte dos planos de expansão do Pão de Açúcar no Nordeste - onde tinha apenas 2 supermercados Superbox. Não foi a primeira vez que Diniz tentou a compra. Algum tempo antes, o Pão de Açúcar chegou a negociar por pelo menos 3 vezes com o antigo controlador, Mamede Paes Mendonça.
          No final de 1996, João Carlos Paes Mendonça, dono do BomPreço, fez uma aliança estratégica com o grupo Royal Ahold, da Holanda. Os holandeses compraram a metade das ações com direito a voto da Bompreçopar, a holding do grupo, por um valor estimado em mais de 100 milhões de dólares.
          O primeiro fruto dessa associação com a Royal Ahold foi a compra da Supermar, no começo de março de 1997. Trata-se justamente da sucessora do braço baiano do Paes Mendonça, a rede do tio Mamede.
          Com a compra da Supermar, o Bompreço se torna a terceira maior cadeia de supermercados do país, atrás do Carrefour e do Pão de Açúcar. Às suas vendas, de 1,3 bilhão de dólares em 1996, somou-se os 700 milhões obtidos pela Supermar. Para João Carlos, além de representar a incorporação de uma receita importante, a compra da Supermar tem um ingrediente sentimental. O folclórico Mamede, um empresário que escrevia sal com cê-cedilha, além de tio era também padrinho do presidente do Bompreço.
          A incorporação da Supermar era uma jogada de risco que tinha lá seus atrativos. A rede baiana ainda conservava 50 lojas, 35 das quais tinham automação comercial. Com elas o Bompreço já entrou dominando 55% do abastecimento de Salvador, um dos maiores e melhores mercados metropolitanos do país.
(Fonte: revista Exame - 25.07.1990 / 03.03.1993 / 20.11.1996 / 07.05.1997 - partes)