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31 de out. de 2011

Artex

          A empresa têxtil Artex, fabricante de produtos de cama, mesa e banho, foi fundada por Theófilo Zadrosny em Blumenau Santa Catarina.
          No período de meados de 1990 a 1993, os netos do fundador fizeram de tudo para livrar-se do tio Norberto Ingo. Ingo vinha impedindo o aumento de capital da empresa que faria minguar sua participação.
          No início de 1993, a briga terminou com a compra, pelos herdeiros, de 60% das ações da Artex que estavam em poder da holding familiar.    
          No próprio ano de 1993, a Artex, então uma das maiores empresas têxteis do país, é comprada pelo grupo Garantia - GP. A GP compra e administra empresas para um fundo de investimento. O sucesso das reestruturações na Lojas Americanas e na Brahma serviu de chamariz para que se amealhasse dinheiro para o fundo da GP. O Garantia aproveitou que o preço estava deprimido: amealhou a Artex por 10,8 milhões de dólares in cash, uma pechincha diante do potencial de faturamento da empresa, de mais de 100 milhões de dólares anuais. O negócio foi ajudado pelos desentendimentos que havia entre membros da família Zadrozny, controladores da empresa, com reflexos na administração. Depois de quatro anos no vermelho, a empresa apresentava dívidas no total de 40 milhões de dólares.
          Então comandada pelo executivo Ivens Freitag, a Artex buscou, em setembro de 1994, o executivo Sergio Zimath, que estava no comando da Prosdócimo em Curitiba. Sua chegada provocaria alterações na direção da Artex. Freitag e Zimath trabalhariam em conjunto, nos mesmos moldes de Marcel Telles e Magim Rodriguez na Brahma, outra empresa do grupo Garantia.
          Em meados de 1996, Freitag deixou a Artex depois que o vermelho beirou 40 milhões de reais nos primeiros seis meses do ano, para dar lugar a Claudio Galeazzi, conhecido médico de empresas doentes no país.
          Na Artex, o espírito Garantia parece nunca ter sido realmente incorporado à empresa. Uma pergunta feita por Carlos Alberto Sicupira durante uma reunião do conselho de administração da Artex, no início de 1996, mostra bem o clima que reinava ali. "Tudo em que botamos a mão dá certo. Por que isso aqui não dá?" Abre-se aí uma outra ponta da discussão sobre o Garantia: o foco dos negócios.
          Diferentemente de outros bancos de investimento, o Garantia optou por assumir o controle de empresas e geri-las. O usual é que as instituições financeiras fiquem como sócios minoritários de empresas. E para tocá-las deixam os sócios com expertise na área. Não é o que o Garantia tem feito. Paulo Guedes, sócio do Pactual, bem antes de assumir o Ministério da Fazenda em janeiro de 2019, tinha palpites sobre um assunto menos complexo que seu Ministério: "um banco de investimento deve entrar nas empresas, mas não para ser o dono. No final de 1995, Guedes questionou a estratégia do Garantia numa entrevista a Exame. Foi a primeira vez que Lemann foi publicamente questionado como homem de negócios. "Se Lemann tivesse vendido a Lojas Americanas em 1986 e aplicado o dinheiro no over, teria duas Americanas", disse ele.
          O investimento do Garantia, se mostrou frustrante. Na Artex, Lemann e seus sócios investiram mais de 150 milhões de dólares. Em outubro de 1998, seu preço de mercado era de 9 milhões de dólares. Cada ação valia 7 centavos.
          Foi um investimento notoriamente malsucedido. Além das dificuldades de mercado, outro problema foi uma briga feroz e jamais resolvida com o sócio, o mineiro Josué Christiano da Silva, presidente da Coteminas.
          Hoje, a Artex está dentro do portfólio da Springs Global (resultado da compra da americana Springs pela Coteminas em 2005). A Artex, assim como MMartan, pertencem à Ammo Varejo, controlada indireta da Springs Global.
(Fonte: revista Exame - 21.07.1993 / 22.06.1994 / 14.09.1994 / 06.11.1996 / 01.01.1997 / 07.10.1998 - partes)

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