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15 de out. de 2020

Bompreço supermercados

          Entre 1973 e 1987, o Bompreço supermercados foi a empresa que mais cresceu no país entre as 500 da lista Melhores & Maiores de da revista Exame. Em 15 anos, passou de um faturamento de 39,2 milhões de dólares para 557 milhões.     
          Na década de 1980, o Bompreço chegou a ter duas lojas em São Paulo, que acabaram vendidas.              Desde o início da década de 1990, o empresário João Carlos Paes Mendonça, dono do Bompreço, vivia obcecado pela ideia de que mais dia, menos dia, sua praia, Recife, poderia ser invadida por outras redes de supermercados baseados no sul do país. Santa e saudável paranoia. Afinal, na terceira maior cidade do Nordeste, o Bompreço era quase sinônimo de monopólio. O assédio previsto surgiu em 1996. O francês Carrefour ao abrir sua primeira loja no Nordeste escolheu justamente a capital pernambucana. Vida dura à vista, mas João Carlos estava razoavelmente preparado para enfrentar o concorrente. Como não constava de seus planos encolher-se e repetir a sina de seu tio Mamede, dono do Paes Mendonça, que perdeu todos os seus negócios na Bahia, João Carlos tomara suas providências.
          No final de 1996, João Carlos fez uma aliança estratégica com o grupo Royal Ahold, da Holanda. Os holandeses compraram a metade das ações com direito a voto da Bompreçopar, a holding do grupo, por um valor estimado em mais de 100 milhões de dólares.
          O primeiro fruto dessa associação com a Royal Ahold foi a compra da Supermar, de Salvador, no começo de março de 1997. Trata-se justamente da sucessora do braço baiano do Paes Mendonça, a rede do tio Mamede.
          Com a compra da Supermar, o Bompreço se torna a terceira maior cadeia de supermercados do país, atrás do Carrefour e do Pão de Açúcar. Às suas vendas, de 1,3 bilhão de dólares em 1996, somou-se os 700 milhões obtidos pela Supermar. Para João Carlos, além de representar a incorporação de uma receita importante, a compra da Supermar tem um ingrediente sentimental. O folclórico Mamede, um empresário que escrevia sal com cê-cedilha, além de tio era também padrinho do presidente do Bompreço.
          A incorporação da Supermar era uma jogada de risco que tinha lá seus atrativos. A rede baiana ainda conservava 50 lojas, 35 das quais tinham automação comercial. Com elas o Bompreço já entrou dominando 55% do abastecimento de Salvador, um dos maiores e melhores mercados metropolitanos do país.
          Criar barreiras para a concorrência é uma estratégia válida para qualquer guerra de mercado. Uma das levantadas pelo Bompreço para dificultar a vida no Recife foi a criação de um sistema de premiação à fidelidade dos clientes, o Bomclube. Cada real em compra vale pontos. O cliente junta pontos e depois troca por mercadorias.
          De sócio novo, o Bompreço tendia a acelerar a velocidade de seu crescimento, acreditava João Carlos. "Não precisávamos do dinheiro dos holandeses para o nosso plano de expansão", afirmou. "Vendemos metade das ações para queimar etapas."
          Em maio de 2002, o Bompreço passava por momento de incorporação da sergipana G. Barbosa.
(Fonte: revista Exame - 07.05.1997 - parte)

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