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17 de out. de 2020

PointCast

          Nos primeiros meses de 1997, especialistas que acompanhavam os negócios no mundo da Internet apontavam o PointCast, empresa de Santa Clara, na Califórnia, como a nova Netscape - aquela que desenvolveu o programa mais popular para navegar na Internet e chegou a ameaçar a Microsoft de Bill Gates.
          Em fevereiro de 1996, a PointCast lançou uma nova forma de usar a Internet como veículo para difundir informações e notícias. O sucesso foi tanto que, nesse período, cerca de 1,7 milhão de assinantes no mundo passaram a usar o software da PointCast, distribuído de graça pela Internet.
          A ideia embutida nele era simples: em vez de ter-se de ficar horas pesquisando e navegando pela World Wide Web, a coleção de textos, sons e imagens acessíveis por meio de programa como o navegador Netscape, basta estar ligado à Internet e ter no computador o software PointCast. Escolhe-se as publicações e os assuntos que interessam como se fossem canais na televisão. Tudo vai chegando ao micro automaticamente, nos intervalos em que a linha de conexão não é usada. As notícias só são exibidas na tela quando estiverem carregadas na máquina, o que elimina a sensação de lentidão crônica da Web. Além disso, o PointCast podia exibir notícias ou cotações frescas como proteção de tela, nos momentos em que o computador estava ocioso.
          O PointCast também inventou um conceito de anúncio animado, com recursos gráficos simples. Por estar em movimento, o anúncio se destacava do texto e atraía a atenção do espectador. O software PointCast já levava ao ar algumas dezenas de comerciais desses por mês.
          Por trás desse achado estava Christopher Hasset, um engenheiro então com 34 anos, que trabalhou na Adobe Systems e na Digital Equipament. "Estamos definindo um novo conceito em mídia", disse ele. O faturamento em anúncios ainda era pouco para repor os investimentos na empresa, financiados por capitalistas de risco, que já somavam 48 milhões de dólares.
          Mas havia um porém. Em dezembro de 1996, a Microsoft assinou um acordo se comprometendo a distribuir de graça e com destaque o software da PointCast com o novo sistema operacional Windows 97. Ou seja, caso o PointCast se tornasse tão ubíquo quanto o sistema operacional de Bill Gates, o faturamento em anúncios da PointCast deveria aumentar muito. E a empresa teria encontrado um Santo Graal: um modelo de negócios viável para distribuir notícias na Internet.
          Não demorou para surgirem rivais apostando nessa ideia. As principais eram BackWeb, NETdelivery, Ifusion e Marimba. A Netscape, rival da Microsoft, escolheu incorporar ao seu popular navegador o programa rival Marimba. Empresas de primeira linha optaram por difundir suas notícias pela PointCast, entre elas Reuter, New York Times, CNN, Time Warner e Wired.
          A PointCast queria repetir, com a abertura de seu capital, prevista para maio de 1997, o furor causado nas bolsas pelas ações da Netscape em 1995.
(Fonte: revista Exame - 12.03.1997)

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