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17 de mai. de 2022

Alcoa

          A multinacional norte-americana Alcoa atua no setor brasileiro de alumínio desde 1965, quando iniciou operação em Poços de Caldas (MG). A empresa opera três locais no país – em Juruti (PA) extrai e beneficia o mineral bauxita; em São Luís (MA), no consórcio Alumar, possui fábrica de alumina e alumínio primário; a unidade de Poços de Caldas tem como foco a produção integrada de aluminas especiais e conta com uma unidade de reciclagem de sucata de alumínio. A empresa também detém participações em quatro usinas hidrelétricas.
          Em 2014, a empresa decidiu interromper temporariamente a produção de alumínio no Brasil devido à falta de competitividade nos preços da energia. O insumo é o item de maior peso na metalurgia do metal. No país, chegou a ultrapassar 50%. 
          Em 2016, a subsidiária brasileira decidiu dividir as operações que transformam metal em produtos acabados, criando a Arconic. Foi nessa ocasião que o executivo Otávio Carvalheira, após 34 anos de atuação em diversas funções no Brasil e no exterior, inclusive na China, assumiu o comando.
          Sob as novas condições de demanda de alumínio, preços elevados e uso de energia renovável com preços competitivos – em contratos de longo prazo – a empresa decidiu em 2022 reiniciar sua fundição no consórcio Alumar, no qual detém 60% de participação e é o principal operador. A parceira é a australiana South32, com 40%, que tomou a mesma decisão. Juntas, as duas empresas estão investindo R$ 957 milhões (US$ 186 milhões). A Alcoa vai injetar R$ 520 milhões. A Alumar – que fica a 25 quilômetros da capital maranhense, começou a operar em 1984. O reinício levou à recontratação de 416 funcionários para a fundição. Ao todo, incluindo a divisão de alumina, o consórcio conta hoje com 1.250 funcionários.
          A empresa volta a se posicionar no país, com produção que vai desde a mineração de bauxita até a alumina e o metal bruto. Globalmente, o alumínio ganhou nova dinâmica de mercado, com aplicações na eletrificação de veículos e em outros campos, como eletricidade e embalagens recicláveis. 
          A capacidade total da fundição no consórcio Alumar é de 447 mil toneladas. O recorde histórico de 1,66 milhão de toneladas foi alcançado em 2008. Ele gradualmente caiu para 685.000 toneladas em 2020. Outra frente de investimento é a unidade de Poços de Caldas, onde a empresa começou no Brasil e operou até 2015. A unidade também foi definitivamente fechada devido ao alto custo de produção, principalmente de energia, em relação ao mercado internacional.
          No mesmo local, a Alcoa possui uma unidade de reciclagem, destinada à produção de alumínio a partir de sucata que é recuperada por meio de mistura com metal primário. O resultado são lingotes, tarugos e um produto considerado nobre – pó de alumínio. O volume varia entre 45.000 e 50.000 toneladas por ano e vai para o mercado interno e externo.
(Fonte: jornal Valor - 16.05.2022)

13 de mai. de 2022

Aviagen

          A Aviagen, empresa líder em genética de aves no Brasil, é controlada pelo alemão Erich Wesjohann (EW).
          Em 2021, a Aviagen comprou uma fazenda na Argentina. Com as obras feitas na fazenda, a empresa espera abrigar o primeiro lote de avós (aves que originam matrizes), totalizando 14 mil animais, em outubro de 2022. Quando estiver em pleno funcionamento, a unidade receberá 44 mil avós, que produzirão cerca de 2 milhões de matrizes.
          A empresa pretende investir na construção de uma matriz no estado de São Paulo, em local ainda indefinido. A nova fazenda contará com tecnologia de ponta para garantir a biossegurança, o que destaca a produção brasileira.
          A Aviagen possui incubatórios em Carambeí (PR) e Rio Claro (SP). Possui uma fábrica de ração localizada em Itaí (SP). A empresa pretende abrir uma fábrica para fazer aparas de madeira usadas como cama de frangos.
          Além de vender para o mercado brasileiro, a empresa exporta para países como Paraguai, Uruguai, Bolívia e Equador.
          A participação no mercado de genética de aves da empresa em 2021 foi de 63%. A companhia não divulga suas informações financeiras, mas fontes do mercado estimam um faturamento de R$ 500 milhões por ano.
(Fonte: jornal Valor 07.05.2022)

7 de mai. de 2022

Bodytech

          A empresa de academias de ginástica Bodytech foi fundada no Rio de Janeiro, em 2006. O grupo Bodytech tem como sócios os empresários Alexandre Accioly, Luiz Urquiza e João Paulo Diniz, o técnico de vôlei Bernardinho e o banco BTG Pactual.
          Em abril de 2012, o BTG pagou cerca de 180 milhões de reais por 30% das ações. A Bodytech valia, portanto, 600 milhões de reais. Com a promessa de crescimento de 50% m 2013, um grupo de investidores calculou que a empresa já estaria valendo 900 milhões de reais em meados de 2013.
          Considerando dados de 2012, a empresa faturou 206 milhões de reais e chegou a 51 endereços no Brasil.
          Para malhar em suas unidades, é preciso pagar até 900 reais por mês (valor de meados de 2013) -
valor que pode dobrar com aulas individuais.
          A Bodytech inovou ao levar para as academias práticas do mercado de luxo. Suas unidades têm spa, ofurô, fisioterapeutas. A unidade do shopping Iguatemi, em São Paulo, inaugurada em junho de 2013, tem uma ala com maquiadores e geladeiras com toalhas molhadas, para aliviar o calor durante os exercícios. Tudo "de graça". "Não queremos ser vistos como mais uma academia", disse Accioly.
          Após a forte expansão até 2013, a Bodytech começou a enfrentar uma situação inédita. Como depende de um número mínimo de clientes de alta renda para abrir uma academia, a empresa fica limitada a poucas cidades. Para não bater no teto, lançou em 2012 uma segunda marca, a Fórmula, que cobrava cerca de 100 reais por mês (meados de 2013) e mirava municípios com mais de 200.000 habitantes. Mas, nesse mercado, a empresa vai lidar com um perfil diferente de cliente e com um modelo novo de negócios - as franquias.
          Em outubro de 2019, as duas marcas do grupo Bodytech Company entram no catálogo da
Gympass. A inclusão abrangeu um total de 100 academias das marcas Bodytech e Fórmula.
(Fonte: revista Exame - 26.06.2013 - parte)

6 de mai. de 2022

Cencosud

          O Cencosud S.A. (em espanhol: Centros Comerciales Sudamericanos S.A.) é um consórcio empresarial multinacional chileno que atua em vários países da América do Sul, principalmente no setor varejista, controlado pela família Paulmann e comandado pelo empresário Horst Paulmann Kemma. Foi fundado em 1960. No Brasil possui as redes GBarbosa, Perini, Bretas, Prezunic e Mercantil Rodrigues.
          Em novembro de 2007, a varejista chilena Cencosud compra o GBarbosa, então a segunda maior
rede do Nordeste, com faturamento anual de 1,5 bilhão de reais.
          Até quase meados de 2022, Cencosud não possuía operações em São Paulo. Em 6 de maio de 2022, porém, a Cencosud informou que assinou acordo no valor de cerca de 100 milhões de dólares para adquirir a rede brasileira de supermercados Giga. O negócio foi concluído no início de julho de 2022 e o grupo entrará no mercado de São Paulo com o formato de atacarejo.
          Fundada em 2009, a Giga tem 10 lojas na região metropolitana de São Paulo e um centro de distribuição. "O preço de compra de 500 milhões de reais pode ser ajustado com base no capital de giro atual da Giga na data em que a transação se tornar efetiva", disse a Cencosud em comunicado. "Com esta transação a Cencosud entra no maior mercado do Brasil e da América do Sul, diretamente com o formato que mais cresce no Brasil e o mais resistente a contextos macroeconômicos recessivos", acrescentou. A conclusão da compra está sujeita ao cumprimento de certas condições, incluindo a obtenção de aprovação do Cade.
          O grupo chileno é um dos maiores players do setor de hiper e supermercados, sendo o quarto maior grupo varejista alimentar no Brasil em termos de venda, com mais de 350 lojas em oito estados do Brasil.
          A Cencosud conta com operações multiformato na Argentina, Brasil, Chile, Peru e Colômbia, empregando diretamente cerca de 140 mil colaboradores.
(Fonte: revista Exame - 21.11.2007 / Wikipédia / UOL/Reuters - 06.05.2022 - partes)

Rede Energia

           O embrião do grupo Rede foi a distribuidora Bragantina, fundada pelo avô do empresário Jorge 
Queiroz, em Bragança Paulista, interior de São Paulo.
          Graduado em engenharia pela Universidade de São Paulo, Queiroz recuperou a distribuidora e 
comprou pequenas empresas de energia regionais do estado de São Paulo.
          O grande salto foi dado na década de 1990, nos leilões de privatização do setor, quando comprou três empresas - no caminho, foi se endividando mais e mais. Inicialmente, foram empréstimos do BNDES para financiar aquisições. Até aí, tudo bem. Depois vieram créditos bancários e emissões de bônus nas diversas holdings ligadas ao grupo Rede.
          A compra de nove distribuidoras de energia até 2008 foi feita por endividamento. O plano era que o fluxo de caixa das empresas adquiridas pagasse as obrigações. Elas, porém, nunca alcançaram o nível de geração de caixa mínimo para que o grupo mantivesse boa situação financeira. A dívida chegou a seis vezes a geração de caixa, muito maior do que a média do setor, que não chegava a três vezes.
          Sem investimentos, o padrão de serviço das distribuidoras, que em alguns casos já era ruim, só 
piorou. A Celpa, maior empresa do grupo, do Pará, foi escolhida a pior distribuidora do país pela Aneel. A Cemat, do Mato Grosso, tinha o sétimo pior indicador de qualidade de serviço entre as 35 
distribuidoras de grande porte, e a Bragantina era a nona pior.
          Já em 2011 os bancos pararam de rolar créditos do grupo. O golpe de misericórdia foi a intervenção da Aneel nas distribuidoras, em agosto de 2012.
          Em março de 2012, Jorge Queiroz abriu um processo para vender o grupo. Atraiu seis interessados, mas o negócio não saiu. Em seguida, pediu recuperação judicial da Celpa, o que irritou a Aneel. A Celpa foi vendida à Equatorial em setembro de 2012.
          O grupo Rede Energia se tornara um dos maiores grupos energéticos do país, que chegou a
faturar 8 bilhões de reais e a atender 5 milhões de consumidores em 2011.
          Na esteira do crescimento, Queiroz acumulou um patrimônio avaliado em 500 milhões de reais - e um padrão de vida condizente com todo esse dinheiro. Todos os dias, fazia num helicóptero Bell Jet o trajeto entre a fazenda Boa Esperança, em Bragança Paulista, onde morava coma a mulher, Regina, e seis de seus oito filhos, e a sede da companhia, na avenida Paulista, em São Paulo. Altos executivos disputavam a chance de passar os fins de semana na fazenda com o chefe. A Boa Esperança tem 800 hectares e mais de 1 milhão de pés de café de alta qualidade. Queiroz chegou a construir uma linha de trem e uma estação ferroviária completa para facilitar os passeios pela fazenda. Além do helicóptero, usado para os trajetos mais curtos, Queiroz tinha um jatinho Legacy para percorrer as oito distribuidoras de energia elétrica controladas pelo seu grupo no país, do Mato Grosso ao Pará. Entusiasta de esporte, ia com frequência às finais dos torneios internacionais de tênis mais badalados. Chegou até a abrir uma empresa para patrocinar profissionais de atletismo e a criar o maior centro de
treinamento para o esporte no país - outra de suas paixões.
          Por outro lado, outro feito de Queiroz é ainda mais impressionante: ele detém o recorde do maior calote da história do mercado corporativo brasileiro. Enquanto construía o Rede, Queiroz somou dívidas que chegaram a cerca de 6 bilhões de reais - o equivalente a seis vezes a geração de caixa anual
do grupo.
          Já inadimplente, o grupo pediu recuperação judicial em novembro de 2012. Com milhões de reais em dívidas de curto prazo prestes a vencer, a situação ficou insustentável. Seus advogados passaram a negociar com credores e governo quanto do rombo era possível pagar. Na hipótese mais provável, os credores receberiam 900 milhões de reais - ou 15% do valor total.
          Diferentemente dos anos de bonança, Queiroz aproveitou a negociação para sair de sena. Em maio de 2013, credores e funcionários ficaram estupefatos ao saber que ele houvera se mudado com a família para a Europa - deixando helicóptero, trens e pés de café para trás. Seu paradeiro exato era um 
mistério.
          Em junho de 2013, haviam duas propostas de compra na mesa que poderiam aliviar as perdas dos credores. A Energisa, em parceria com a Copel, oferecia pagar 50% da dívida (3,2 bilhões de reais). Mas a estatal desistiu no início de junho, e a Energisa tentava honrar sozinha as condições. CPFL e Equatorial ofereceram pagar 15% da dívida aos credores. Incluía no plano um empréstimo de 713 milhões de reais de recursos do FGTS a uma holding de Jorge Queiroz.
(Fonte: revista Exame - 26.06.2013)

28 de abr. de 2022

Horsa

          A rede Horsa de hotéis foi fundada pela família Tjurs. A rede era dona, entre outros, do Hotel Nacional do Rio de Janeiro, do Nacional de Brasília e do Excelsior em São Paulo.
          Em maio de 1993, sob administração da família fundadora, o Horsa quebrou sob uma dívida de 25 milhões de dólares, arcando com prejuízos mensais de meio milhão de dólares. De nada adiantou ser dona do Nacional do RJ e Brasília, que somados, estavam avaliados entre 70 e 80 milhões de dólares.
          Mas, não foi o fim da linha. Longe disso. O juiz mineiro Manoel Saramago, que decretou a falência da empresa, permitiu que ela continuasse a funcionar. O resultado é que em poucos meses os hotéis passaram a dar lucro. Após menos de seis meses, 100 mil dólares entravam nos cofres da rede por mês 
depois de pagos todos os custos operacionais.
          Os bons resultados são frutos das reformas implantadas por outro mineiro, o advogado Marcelo Ribeiro de Andrade, síndico da massa falida. Ele reduziu os funcionários à metade, fechou andares inteiros e encerrou as atividades do Excelsior, de São Paulo. Pôde então passar a negociar com calma a venda de imóveis para quitar as dívidas. A venda de um dos grandes hotéis resolveria o problema. A rede Horsa, no 
entanto, não deveria sobreviver a longo prazo. Os Tjurs pretendiam deixar o ramo hoteleiro.
(Fonte: revista Exame - 24.11.1993)

24 de abr. de 2022

VA Linux / VA Software

          O americano Larry Augustin ficou conhecido por tomar uma das decisões empresariais mais arriscadas do Vale do Silício. Ele foi um dos três criadores originais do Yahoo! (sim, eles eram originalmente três: Jerry Yang, David Filo e Larry Augustin). Nos primórdios da web, o Yahoo! era apenas uma lista de sites favoritos ligada a um sistema de busca. Bem na hora de transformar aquela ideia de três estudantes da Universidade Stanford em empresa, em 1994, Augustin preferiu ficar de fora. Fascinado com o fenômeno Linux, ele deixou o Yahoo! de lado para apostar suas fichas nos computadores que faziam o Yahoo! funcionar. Passou a se dedicar exclusivamente à VA Linux, a empresa que fundara no ano anterior, cujo modelo de negócios era vender PCs que funcionavam exclusivamente com Linux e software livre.
          Software livre, para quem não é do ramo, são programas de computador distribuídos com autorização para ser usados, copiados e modificados. Ao contrário do software proprietário, vendido num formato que permite aos computadores executá-lo, mas não possibilita aos programadores entendê-lo ou alterá-lo - e cuja licença de uso proíbe enfaticamente a cópia -, o software livre dá de ombros para a pirataria e aposta que tornar a informação acessível ao programador é a melhor forma de criar um ecossistema de aperfeiçoamento contínuo e de garantir longevidade dos programas.
          O sucesso e a adoção progressiva do Linux por empresas de porte como Intel ou IBM foram vistos como prova do sucesso do modelo de negócios defendido pelos partidários do software livre: entregue o software de graça para vender máquinas ou serviços de manutenção e de assistência técnica.
          A VA Linux era vista como um dos ícones desse mundo. A oferta pública inicial da empresa na Bolsa de Nova York no dia 9 de dezembro de 1999 foi o maior caso de valorização de ações em um único dia: os papeis abriram a 30 dólares e fecharam o dia a 239,25, crescimento de 698%. Com o estouro da bolha acionária americana, porém, o valor de mercado da VA Linux caiu dos 9,5 bilhões de dólares para baixo dos 100 milhões. A empresa demitiu 400 dos 575 funcionários.
          E Augustin tomou a mais temerária de todas as decisões aos olhos de seus admiradores: resolveu abandonar a exclusividade do software livre e apostar na venda de alguns sistemas proprietários, a maioria ambientes de programação e desenvolvimento. De VA Linux, a empresa de Augustin foi rebatizada de VA Software.
(Fonte: revista Exame - 10.07.2002)

Carris

          A Companhia Carris Porto-Alegrense foi criada por Dom Pedro II em 1872. Na época, o transporte de passageiros do centro da capital gaúcha para os arraias da cidade era feito por bondes puxados por mulas. Porto Alegre tinha 44.000 habitantes.
          Os primeiros projetos da Companhia Carris Porto-Alegrense foram financiados pelo Banco da Província.
          A Carris foi pioneira, em 1990, na utilização de diesel metropolitano, um combustível considerado menos poluente. Única empresa pública entre as 16 que operam na cidade, ela não recebeu aporte de verbas da prefeitura pelo menos no período de 1995 a 2002. Mesmo assim, era lucrativa.
          Considerando dados de meados de julho de 2002, a frota da Carris era de 323 ônibus e atendia 260.000 passageiros por dia e era uma das mais modernas do país. A Carris tinha então 1.530 funcionários.
          O objetivo da Carris é convencer cada vez mais usuários de carros particulares a andar de ônibus. Para isso, a empresa investe em veículos modernos e confortáveis, com vidro fumê, bancos padrão executivo, encosto alto e estofado aveludado.
          A cada dois anos, a Associação Nacional de Transportes Públicos escolhe a melhor empresa de transporte urbano do Brasil. Nas edições de 2000 e 2001 do prêmio, a Carris ficou com a taça, concorrendo com mais de 2.000 companhias em todo o país.
          A Carris possui um ônibus-museu itinerante que frequenta as escolas e os parques da cidade. Todos os anos, realiza um concurso para selecionar poemas que são impressos em adesivos colados nos veículos.
(Fonte: revista Exame - 10.07.2002) 

21 de abr. de 2022

MSK Invest

          A MSK Operações e Investimentos Ltda ("MSK Invest"), que se intitula como instituição especializada na assessoria de investimentos exclusiva em criptomoedas, foi criada em meados de 2015 por Glaidson Rosa e Carlos de Luca, que continuam como sócios. A empresa se apresenta como uma facilitadora de negociações (trade).
          A empresa apresentou um pedido de recuperação judicial depois de não cumprir com os  pagamentos devidos a clientes que investiram nesses ativos por meio dela. A empresa teria levantado R$ 700 milhões junto ao grupo de clientes.
          Em janeiro de 2022, a MSK fez um acordo com o Procon-SP para ressarcir no valor integral os investidores que tiveram os contratos desfeitos de forma unilateral no fim de 2021. Apesar do compromisso, os pagamentos que já deviam ter iniciado não foram efetuados.
          Frente às reclamações dos investidores, o Procon-SP notificou e firmou um acordo com a empresa. Em fevereiro de 2022, contudo, a entidade encaminhou uma denúncia à Polícia Civil, que colheu os primeiros depoimentos para o inquérito em março.
          O processo de recuperação judicial com data de 11 de abril de 2022, apresentado perante a 3ª Vara de Falências do Foro Central de São Paulo, solicita, entre outros pontos, a suspensão de todas ações e execuções pelo prazo de 180 dias. Uma das alegações da defesa da empresa é de que o alto número de processos bloqueando ativos contribuíram para o não pagamento dos valores acordados.
          "A recuperação judicial permite organizar quem tem direito a receber de maneira equânime ao invés de atender quem tem primeiro acesso a uma liminar. Há mais de 500 ações de arresto e bloqueio por conta dos contratos de investimento com data de pagamento que não foram momentaneamente cumpridos", afirma o advogado Kaiser Motta Júnior, do escritório Motta Advogados, patrono da empresa ao ser questionado sobre o assunto pelo Valor Investe.
          Outras duas razões pesaram para a decisão, segundo Motta. O primeiro foi o encerramento de contas usadas pela empresa para as operações de curto prazo (serviço de trading). Conforme as informações da petição do pedido de recuperação judicial, o volume negociado nas corretoras (exchanges) pelo Grupo MSK era da ordem de R$ 7 milhões por dia.
          "Dado o alto volume, travas bancárias começaram a ser acionadas e as contas encerradas sem justificativa. O dinheiro para pagar a rentabilidade aos investidores existe e estava alocado nessas contas correntes. Com isso, foi criado um enorme obstáculo à movimentação financeira", sustenta Motta Júnior. O processo cita os bancos Santander, Digimais, Plural Invest, Bradesco, Sicoob, entre outros.
          Somado a isso, a empresa sustenta que houve uma apropriação indébita da gestão da carteira de criptoativos pelo ex-trader diretor de operações, Saulo Gonçalves Roque. A situação, que estaria inviabilizando o repasse dos rendimentos financeiros dos investidores, segundo a alegação, gerou a instauração de um inquérito policial na 96° Distrito Policial –Brooklin.
          "O acordo com o Procon-SP foi feito com o intuito de acalmar os investidores. O dinheiro estava nas mãos da MSK e o planejamento do pagamento foi feito com base nisso. Mas próximo do pagamento da primeira parcela os criptoativos ethereum foram apropriados pelo sr. Saulo. Conseguimos ver isso pela tecnologia blockchain", argumenta o advogado.
          O pedido de recuperação judicial, que corre em segredo de justiça, engloba as cinco empresas do Grupo MSK: MSK Operações e Investimentos Ltda., MSK Administração e Corretagem de Seguros Ltda., MSK Serviços Digitais Ltda., MSKonforto Sofás e Colchões Ltda., e Vivva Comércio Varejista de Cosméticos Ltda.
          As atividades das empresas envolvem cerca de mais de 300 pessoas. Durante o exercício financeiro de 2021, o grupo teve uma receita bruta total de mais de R$ 300 milhões, com uma base de mais de 3.800 contratos ativos de investidores, segundo a defesa.
          Esse é mais um desdobramento do caso que envolve a empresa que prometia, em seu site, oferecer uma "alternativa para quem quer possibilidades de rentabilidade, baixo risco e simplicidade". A informação de baixo risco chama atenção, já que o mercado de criptoativos é conhecido por sua volatilidade. Na época em que parou de repassar os pagamentos aos investidores, a empresa alegou que o serviço não possui regulamentação e que o seu principal produto tinha atingindo o limite operacional, por isso parou de pagar a sua base de clientes.
          Se o pedido de recuperação judicial for atendido, um plano de viabilidade econômica deverá ser apresentando em 60 dias. A proposta precisa passar pelo aval de credores e investidores. Em não sendo aprovado, a empresa poderá pedir falência. "Reafirmamos que tudo será pago, mas dentro da recuperação judicial, que possivelmente ficará entre R$ 200 e R$ 300 milhões, já que parte do aporte já foi pago aos investidores. Fora disso, é muito difícil por todos os bloqueios judiciais. Queremos evitar o pior cenário que é a falência", argumenta Kaiser Motta Júnior.
(Fonte: Valor Investe - 20.04.2022)