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31 de out. de 2011

Alaska (fundo de investimentos)

          Luiz Alves Paes de Barros, nascido em 1947, Henrique Bredda e Ney Miyamoto fundaram, em meados de 2016, a empresa de gerenciamento de ativos chamada Alaska. Luiz Alves, formado em economia pela Universidade de São Paulo, vem de uma tradicional família dona de uma das maiores usinas de açúcar do estado de São Paulo na primeira metade do século passado.
          Alaska é um acronismo para Angela, Luiz Alves e Skipper, gestora que pertencia aos sócios Bredda e Miyamoto. A letra que está faltando, um "A", está esperando por um novo sócio, brincam os executivos. Angela Freitas é a filha de Gabriel Rodrigues, fundador da Universidade Anhembi Morumbi. Ela administrava a área financeira do grupo de educação e hoje comanda a Gamaro Desenvolvimento Imobiliário. Foi nos últimos anos que ela tomou gosto pelo mercado de ações.
          A gestora tem sua sede no Itaim Bibi, bairro da zona sul de São Paulo, em edifício localizado na esquina das ruas Joaquim Floriano e Bandeira Paulista. Em 28 de julho de 2018, um incêndio atingiu o prédio, que foi esvaziado rapidamente, e nada grave aconteceu - só a laje foi alvo das chamas.
          A empresa administra o fundo de ações Alaska Black. Luiz Alves administrava desde agosto de 2003 um fundo próprio chamado Poland, que, renomeado, passou a se chamar Alaska Poland e tem três investidores: Luiz Alves, sua esposa e seu filho.
          A Alaska conta hoje (fevereiro de 2019) com mais de 100.000 cotistas e patrimônio de 7 bilhões de reais. Em abril (2019), já estaria com aproximadamente 150.000 cotistas.
(Fonte: jornal Valor - 15.01.2018 / Nord Research - 11.04.2019 / Valor 21.05.2019 - partes)

AmBev InBev AB Inbev

AmBev         
          Era o ano de 1988 quando os banqueiros do Banco Garantia Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira compraram a Brahma, uma pequena cervejaria com sede no Rio de Janeiro.
          Marcel Telles foi alçado por Lemann à presidência da Brahma em 1989, escolhido entre os melhores executivos do banco Garantia. A Marcel deve ser creditada a decisão de investir agressivamente no marketing da Brahma e da Skol, de apostar na expansão internacional dos negócios da empresa, que abriu uma fábrica em 1996 na Argentina. Em 1994, a Brahma já havia expandido as operações para a Argentina, Paraguai e Venezuela.
          Carlos Alberto Sicupira, desde que deixou o dia-a-dia da Lojas Americanas, no início de 1992, passou a dedicar-se à atividade de caçador de novos negócios. Vislumbrou possibilidades de sociedades ou mesmo aquisição de várias empresas. Pouquíssimas foram as que interessaram. Entre elas estava a Indústrias de Bebidas Müller, de Pirassununga (SP), fabricante da aguardente 51, procurada pela GP Investimentos em 1992/1993. A família Müller, porém, recusou-se a conversar sobre o assunto.
          A Brahma se expandiu exponencialmente, mas, pasmem, quem realmente fez a empresa crescer foi a marca Skol, que ultrapassou a Brahma e assumiu a condição de cerveja mais consumida no país.
          Em meados de abril de 1999, num almoço no restaurante Fasano (ou Gero?) em São Paulo, onde estavam Marcel Telles da Brahma e Victorio De Marchi, da Antarctica, um dos assuntos foi a dívida que cada empresa tinha em dólares, pouco tempo depois da desvalorização do Real, ocorrida no início daquele ano. Não necessariamente por causa disso, mas dali teria surgido a ideia da fusão das duas empresas. Em um esquema de sigilo absoluto, o assunto foi levado a outros membros das diretorias das duas empresas e, batido o martelo, uma equipe foi montada para analisar todos os dados das empresas, o que não era pouco. Abrangia as diversas marcas de cerveja, refrigerantes, caminhões, dezenas de unidades fabris, fornecedores e centenas de revendedores. Nenhuma notícia poderia vazar antes da divulgação oficial simultânea para todo o mercado. Depois de 75 dias de um trabalho exaustivo feito em um andar do prédio da agência DMB&D, participante da equipe, Antarctica e Brahma se uniram para criar a Companhia de Bebidas das Américas - AmBev. "AmBev", saiu na realidade do nome da filial criada nos Estados Unidos: American Beverage Company. O nome, Ambev, sugerido por Marcel Telles já na primeira reunião, indicava que a empresa queria crescer nas Américas, segundo Victorio De Marchi, ex-presidente da Antarctica e conselheiro da Ambev.
          Ao apresentar a Ambev, em julho de 1999, a Antarctica, de 3,3 bilhões de reais de faturamento, e a Brahma, de 7 bilhões de reais, lançaram o Brasil de forma espetacular na era das megafusões. Com 16.500 funcionários, 50 fábricas e produzindo 8,9 bilhões de litros de bebida por ano, a AmBev passou a ser a quinta maior empresa de bebidas e a terceira maior cervejaria do mercado - no mundo. Passou a ser um gigante com fôlego e apetite para co  mprar ou abrir fábricas no exterior, justificando o slogan de "multinacional verde-e-amarela".
          No dia 11 de novembro de 1999, a Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, finalmente divulgou o parecer sobre a fusão da AmBev. E o alvoroço foi enorme. A AmBev tinha discursos prontos para cinco decisões diferentes da secretaria, entre elas até um parecer totalmente contrário à fusão. Não passou pela cabeça de ninguém, porém, que a Seae pudesse falar na venda de uma marca inteira, com todos os seus ativos. Mas foi o que aconteceu. A sugestão recaiu sobre a Skol. A explicação é que a Skol só tem cervejas, enquanto a Brahma e Antarctica trabalham também com refrigerantes, águas e outras bebidas. Não teria lógica mandar a AmBev se desfazer da cerveja Antarctica e continuar com o guaraná Antarctica. Lógica é o que mais faltou à Seae na opinião da AmBev. "Se vendermos a Skol, será a primeira vez em que as companhias ficam menores depois de uma fusão", disse Marcel Herrmann Telles. A decisão do Cade ainda estava por vir.
          A AmBev teve que vender a marca Bavaria (então com 4,5% do mercado, a Bavaria foi vendida para a canadense Molson, por US$ 98 milhões, em 2000), por imposição do Cade. Mas, além das marcas Brahma, Brahma Extra, Skol e Antarctica, ficou ainda com as marcas Bohemia, Original, Caracu e Serramalte que pertenciam à Antarctica.
          Poucos meses depois da fusão, no final de 1999, a Skol era a líder de vendas em cervejas, com 26,8% do mercado de marcas pílsen, o mais disputado. A Antarctica tinha 12,9% do mercado. A Brahma aparecia com 21,3%, a Kaiser possuía 14,5% e a Schincariol, 8,7%.
          Nos cinco anos seguintes a companhia ganhou mercado na América do Sul. Um ano depois de a fusão ter sido aprovada pelo Cade em 2000, a Ambev já havia comprado duas fábricas no Uruguai. Nos primeiros dias de maio de 2002, a Ambev compra participação na Quilmes argentina, deixando bem clara a vontade expansionista na América Latina. Pagou US$ 346,7 milhões por 37,5% do capital total da Quinsa, detentora da marca Quilmes, então dona de 69% do mercado argentino. E ficou com a opção de ficar com o controle no futuro. A Quilmes tinha fábrica também na Bolívia, no Chile, no Paraguai e no Uruguai.
          Em julho de 2017, a AmBev adquiriu um conjunto de marcas de bebidas mistas pertencentes à Mark Anthony Group, no Canadá, por US$ 350 milhões.
         Em dezembro de 2017, a empresa anuncia a aquisição da Tenedora, titular de quase a totalidade da Cervecería Nacional Dominicana. A compra envolveu o pagamento de US$ 926,5 milhões à E. León Jimenez (ELJ) e foi finalizada em janeiro de 2018, quando então a AmBev passou a ter 85% de participação na Tenedora e os outros 15% ficaram com a ELJ.
          Considerando a marca Antarctica, no passado, os consumidores falavam das cervejas de determinada fábrica. Em entrevista à revista Exame, em março de 2018, Victorio De Marchi foi perguntado se isso se perdeu e se a receita das marcas tradicionais mudou. De Marchi explicou que "havia certa preferência mesmo. Em São Paulo, as cervejas de Ribeirão Preto ou de Agudos eram as mais valorizadas. A Antarctica de Joinville (Santa Catarina) era a melhor do mundo, muito famosa. Mas mantivemos as fórmulas originais, o mercado é que mudou."
          Em agosto de 2018, a companhia inaugurou o Centro de Inovação e Tecnologia Cervejeira (CIT) -, um dos mais modernos centros de inovação cervejeira do mundo, localizado no Parque Tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Trata-se do sexto centro do grupo AB Inbev no mundo, com cerca de 80 pessoas, sendo mais de 10 mestres-cervejeiros, com a missão de fermentar novas ideias para o mercado brasileiro. Dois lançamentos saíram de lá: a Skol Hops e Skol Puro Malte. Em menos de um ano no mercado, Skol Hops já estaria apresentando volumes equivalentes às vendas da linha Brahma Extra, e a Skol Puro Malte teria chegado para ser a primeira puro malte leve do mercado.
          No início de 2020, foi estabelecida em Lages, na Serra catarinense, a Fazenda de Lúpulo Santa Catarina. Já nos primeiros meses, o lúpulo plantado rendeu uma colheita que foi destinada à produção da primeira cerveja feita em escala industrial com lúpulo brasileiro. A produção ficou por conta da Lohn Bier, de Lauro Müller (SC), e resultou no rótulo Green Belly (barriga verde), uma Hop Lager que foi vendida em uma edição limitada. No segundo momento do projeto, foi criado um viveiro que vai ter a capacidade de produzir 60 mil mudas de lúpulo na etapa inicial. As mudas serão doadas para agricultores familiares na região, que pela temperatura fria e a alta incidência solar tem condições favoráveis para o cultivo. A fazenda Santa Catarina é um projeto da Ambev, que toca o projeto com um braço de inovação. O objetivo é incentivar a produção de lúpulo para atender ao mercado nacional, deixando o setor cervejeiro menos dependente das importações.
          Em setembro de 2020, a Ambev inaugurou uma fábrica de latas com capacidade para produzir 1,5 bilhão de latas por ano devido à maior demanda de clientes que bebem em suas casas, uma vez que a pandemia de Covid-19 afetou a demanda em bares. Esta é a primeira fábrica de latas da Ambev e está localizada em Sete Lagoas, no estado de Minas Gerais.
          Desde a segunda metade de dezembro de 2020, a Ambev começou a vender e entregar produtos da Beam Suntory em pontos de São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Rio Grande do Sul e região Nordeste. A nipo-americana Beam Suntory, terceira maior fabricante mundial de destilados, atrás da inglesa Diageo e da francesa Pernod Ricard, fechou acordo com a Ambev para a distribuição de seu portfólio no Brasil.
          O portfólio da Ambev conta com cervejas, conforme descrito no parágrafo abaixo, refrigerantes (Guaraná Antarctica, Sukita e outros), H2OH! (suco/refrigerante), chás (Lipton), isotônicos (Gatorade), energéticos (Fusion), sucos (do bem), e AMA, a água mineral que destina 100% de seu lucro para projetos que levam acesso à água potável para famílias do semiárido brasileiro.
          Atualmente, como resultado de aquisições, fusões e criação de novas marcas, o portfólio de cervejas da AmBev (em território brasileiro), abrange as seguintes marcas: Brahma, Skol, Antarctica, Original,  Serrana, Serramalte, Bohemia (838 Pale Ale, Aura-Lager, 14-Weiss, Magna Pils), Caracu (desde 1899), Malzbier, Kronenbier (sem álcool), Polar (somente no RS), Nossa (somente em PE), Magnífica (somente no MA), Colorado, Wäls, Kona, Stella Artois, Budweiser, Spatn, Leffe, Corona, Becks, Goose Island e Hoegaarden.
          Suas unidades fabris estão espalhadas pelo país: Almirante Tamandaré (PR), Anápolis (GO), Aquiraz (CE), Camaçari (BA), Contagem (MG), Itapissuma (PE), Jacareí (SP), Jaguariúna (SP), Lages (SC), Louveira (SP), Piraí (RJ), Sapucaia do Sul (RS), Sete Lagoas (MG).
          Considerando dados de abril de 2018, a AmBev está presente em 19 países, sendo que a principal operação é a do Brasil, com mais de 32 mil pessoas, que responde por 53% da receita.
          Em junho de 2021, a Ambev divulga que vai começar a importar o vinho argentino Dante Robino para comercializar no aplicativo Zé Delivery. É a primeira vez que a companhia importa a bebida para o Brasil. A vinícola é da Ambev desde fevereiro de 2020, quando a subsidiária Quilmes comprou a marca na Argentina.     
          Em agosto de 2021, a Ambev anunciou a criação de uma nova unidade na companhia que ficará dedicada a cuidar de seu portfólio de bebidas alcoólicas diferentes de cervejas. Este movimento mostra a multinacional brasileira seguindo os passos de sua holding global que tem ampliado seus investimentos no universo de bebidas alcoólicas para além do mercado de cerveja. No primeiro semestre de 2021 cerveja representou 75% do volume vendido e 85% da receita líquida da Ambev. A nova unidade se chamará Future Beverages and Beyond Beer ( Bebidas do futuro e além da cerveja, em tradução livre) e já conta com um portfólio de oito produtos que possuíam sua operação realizada de forma separada. Essas marcas que devem ganhar uma estratégia, planejamento e operação mais coesos são a bebida mista Beats (que não se chama mais Skol Beats), os hard seltzers Mike’s e Isla, os vinhos em lata Somm e Blasfêmia e o vinho em garrafa Dante Robino. Para comandar a nova unidade, a empresa selecionou Daniela Cachich, que era a vice presidente de marketing da PepsiCo (a Pepsi é distribuída pela Ambev no país). A nova unidade de bebidas da empresa terá atuação em toda a América do Sul. Com esta mudança a Ambev dá foco no desenvolvimento e escalonamento de linhas de produtos com grande potencial de crescimento na região, onde o mercado de cerveja já atingiu um ponto de maturação em volume vendas bastante grande.
          Em 12 de abril de 2022, a Ambev apresentou um “novo capítulo” de sua história aos investidores. “Dizer que somos uma empresa de bebidas não nos representa mais inteiramente”, disse o CEO Jean Jereissati ao Valor. O grupo quer ser, cada vez mais, uma plataforma, que vá além da venda de cerveja ou refrigerantes e inclua alimentos e até serviços, como crédito e geração de energia renovável. “A empresa conquistou o mundo”, disse o executivo. “Mas quando completamos 20 anos [em 2019], repensamos como seriam os próximos 20 anos e ficou claro que o que nos trouxe aqui não era o que nos levaria até lá.” A empresa agora quer fazer alianças, como as que já tem com BRF, M. Dias Branco ou Pernod Ricard, para vender aos seus clientes salame, biscoito e vodca.


InBev
          Em 2004 os empresários, então já com o fundo 3G Capital (vide origem da marca 3G Capital neste blog), estavam prontos para levar a companhia a patamares globais. Em março daquele ano a AmBev e a belga Interbrew anunciaram uma fusão que combinava a quinta e a terceira maiores cervejarias do mundo criando a maior empresa do planeta em termos de volume. A empresa passou a chamar-se InBev com a junção de parte das palavras Interbrew e AmBev. A negociação foi entre a Ambev, a Braco (controladores da Brahma) e os belgas.
          No final de março de 2007, a Ambev adquire da cervejaria portuguesa Cintra, suas unidades de Piraí (RJ) e Mogi-Mirim (SP) (apenas os ativos, não a marca), por US$ 150 milhões. Juntas, as duas fábricas tinham capacidade de produção de 420 milhões de litros de cerveja e 280 milhões de litros de refrigerante por ano.


AB InBev
          Em julho de 2008 a InBev anunciou o maior negócio da história até então do setor cervejeiro em todo o globo: um acordo para comprar a fabricante da Budweiser, por U$ 52 bilhões. Estava formada a Anheuser-Busch Inbev (AB Inbev). O acordo foi levado a cabo dois meses antes da bancarrota do banco americano Lehman Brothers, quando o mundo praticamente mergulhou no caos financeiro, mas o andamento do processo aparentemente ocorreu sem interferências.
          Com a compra da Anheuser-Busch, a empresa garantiu uma fatia de 50% na cervejaria mexicana Grupo Modelo. Em junho de 2012 a AB Inbev comprou a metade restante da Modelo por US$ 21,1 bilhões, transação que foi concretizada um ano depois, em junho de 2013, após conseguir a autorização do Departamento de Justiça dos Estados Unidos. O negócio ampliou sua posição no México e a AB Inbev teve oportunidade de expandir as marcas da mexicana, inclusive da Corona, por todo o mundo.
          No mercado norte-americano, porém, a dona da marca de cervejas Modelo (que inclui a Modelo Especial) não é a AB InBev, mas sim a gigante americana Constellation Brands. Isso ocorre porque após a aquisição da Modelo pela AB InBev, desde de 2013 a companhia foi obrigada a não ter a propriedade da marca nos Estados Unidos devido uma ação da autoridade de garantia da concorrência norte-americana numa forma de enfraquecer um possível monopólio de mercado.
          Em outubro de 2015, depois de rejeitar três propostas, a anglo-sul-africana SABMiller, número dois do mundo no setor de cervejas, aceitou oferta de compra da líder do setor, a AB InBev. O valor foi o equivalente a 104 bilhões de dólares (96 bilhões de euros), uma das maiores aquisições da história. A aquisição da antiga rival deu origem à maior cervejaria do mundo, com 29% de participação de mercado.
          A fusão fará com que a companhia americana de tabaco Altria (proprietária da Malboro) e a família colombiana Santo Domingo, fabricante da cerveja Bavaria, representada por Alejandro Santo Domingo, passem a ser sócias da nova empresa.
          Se a transação for concretizada como previsto, o novo grupo terá em seu portfólio as marcas de cerveja americana Budweiser e belga Stella Artois, mais a mexicana Corona, a alemã Beck's, a belga Hoegaarden, a brasileira Skol e a australiana Victoria Bitter pertencentes à AB InBev, assim como a italiana Peroni, a tcheca Pilsner Urquell, a chinesa Snow e a holandesa Grolsch da SABMiller.
          Em abril de 2016, a Anheuser-Busch InBev (AB InBev) aceita a oferta feita pelo grupo japonês Asahi Group, de € 2,55 bilhões (US$ 2,9 bilhões), para adquirir as marcas europeias Peroni e Grolsch (da família Meantime) e os seus respectivos negócios localizados na Itália, Holanda e no Reino Unido. As marcas pertencem à SABMiller e a sua venda faz parte das ações tomadas pela AB InBev para garantir a aprovação de órgãos regulatórios europeus da fusão entre a companhia e o grupo anglo-sul-africano de bebidas. O negócio está condicionado à conclusão da fusão entre a AB InBev e a SABMiller.
          No final de setembro de 2016 os acionistas da SABMiller aprovam a oferta de aquisição da empresa feita pela Anheuser-Busch InBev por mais de 100 bilhões de dólares, abrindo caminho para reforçar o posto de liderança do grupo que controla a Ambev entre os fabricantes globais de cerveja.
          A partir de julho de 2021, Michel Doukeris passou a ser o CEO da AB InBev. Seu perfil é semelhante ao de Carlos Brito, que dirigiu a empresa por 15 anos: sério e muito focado no trabalho. Natural de Lages, em Santa Catarina, Doukeris, nascido em 1974, está na empresa desde 1996. Fontes próximas à empresa afirmam que a expectativa é que ele use ferramentas digitais, como tecnologia de dados, mais eficientemente. Isso pode aproximar o consumidor da AB InBev e tornar a operação mais ágil.
          Em meados de 2023, vem a lume que a AB InBev está se desfazendo parcialmente de uma parte de seu portfólio de cervejarias artesanais seguindo tendência das grandes nos EUA.  A AB-InBev, anunciou a venda de oito marcas artesanais que incluem algumas das suas cervejarias adquiridas nos últimos 10 anos. Quem compra é a Tilray Brands, uma empresa canadense focada no mercado de cannabis, mas que tem ampliado suas aquisições para dentro do mercado de cerveja artesanal nos Estados Unidos. A venda inclui as cervejarias Breckenridge Brewery, Blue Point Brewing Co. 10 Barrel Brewing Company, Redhook Brewery, Widmer Brothers Brewing. Além destas, a marca de cerveja Shock Top, a marca de cidras Square Mile Cider e a marca de hard seltzer HiBall Energy também fizeram parte do negócio que foi concretizado por um valor de 85 milhões de dólares. A transação inclui a força de trabalho, cervejarias e brewpubs relacionados as respectivas marcas. Com uma taxa de crescimento oscilante, muito diferente dos níveis meteóricos dos anos 1990/2000, o mercado de cervejas artesanais não parece ser um segmento tão interessante para grandes conglomerados, sendo uma categoria mais adequada ao interesse de empresas de uma menor magnitude.
          Enquanto a AB InBev acaba de vender uma parcela de suas marcas, a Constellation Brands, outra gigante do mercado norte-americano, saiu totalmente do segmento de artesanais vendendo as suas 4 marcas dentro do segmento. Mais recentemente a japonesa Sapporo anunciou que está se desfazendo da Anchor Brewing considerada a primeira cervejaria artesanal dos EUA. Mesmo com a venda a AB InBev ainda possui 12 cervejarias artesanais, com destaques como Goose Island e Elysian Brewing, mas parece não ter o mesmo interesse em manter um portfólio tão extenso com marcas que não apresentem um nível de crescimento almejado pela companhia.
          AB InBev vive também um momento de reorganização devido a queda acelerada em vendas de seu produto de maior volume, a Bud Light, o que levou recentemente ao anuncio de um corte de sua força de trabalho.
          Em 15 de dezembro de 2023, Marcel Telles doou ao filho, Max Herrmann Telles, sua participação na AB InBev, a maior cervejaria do mundo. O empresário doou as ações que detinha em uma entidade que exerce o controle da BRC, empresa por meio da qual Telles e os seus sócios Jorge Paulo Lemann e Carlos Alberto Sicupira detêm participação indireta na AB InBev. A BRC possui 50% de uma organização que, por sua vez, detém 33,47% das ações da AB InBev, segundo o site da companhia.
(Fonte: revista Exame - 12.01.2000 / revista Carta Capital - 15.05.2002 / revista Forbes Brasil - 05.12.2003 / jornal Folha de S.Paulo - 28.03.2007 / revista Exame - 09.06.2013 / jornal Valor online - 16.09.2015 - jornais diversos - 13.10.2015 / jornal Valor online - 20.04.2016 / MSN Reuters - 29.09.2016 / revista Exame - 21.03.2018 / jornal Valor - 09.05.2018 / IstoÉDinheiro - 09.11.2018 / 28.02.2019 / MoneyTimes - 23.09.2020 / NSC Total - 09.10.2020 / Valor - 18.01.2021 / Folha de S.Paulo - 07.06.2021 / Catalisi - 11.08.2021 / Valor - 12.04.2022 / Catalisi - 15.06.2023 / 08.08.2023 / Estadão - 27.12.2023 - partes)

Amazon

          Mega portal americano de vendas pela internet, o Amazon foi fundado em 1994, por Jeffrey (Jeff) Bezos, um ex-banqueiro de investimentos, formado em engenharia elétrica e ciências da computação pela Universidade Princeton, no Estados Unidos.
          Bezos trabalhou em Wall Street, dentro de um fundo de hedge que buscava oportunidades com a popularização da web.
          Percebendo um mercado em crescimento, ele e sua então esposa, Mackenzie Scott, se demitiram e foram para Seattle, na costa oeste do país, onde criaram a Amazon, que mais tarde viria a vender muito mais do que livros.
          Seu plano de negócios teria sido escrito durante sua viagem, de carro, de Nova York para Seattle, no extremo noroeste do país. Seu objetivo era tentar alguma coisa, qualquer coisa, na internet. Formalmente, a empresa nasceu em julho de 1995 como uma loja eletrônica de livros.
          Naquela época, a rede ainda era pouco conhecida fora do mundo acadêmico, mas Bezos, cujo trabalho envolvia descobrir novas oportunidades de negócio, ficou intrigado com as taxas de crescimento da rede: mais de 2300% ao ano. Diz o mito de criação que Mackenzie (esposa de Bezos) foi dirigindo enquanto seu marido ia formulando o plano de negócios que seria a loja de livros online.
          Ao abrir a empresa, inicialmente vendia apenas livros, passando mais tarde a vender também outros produtos. Homenagem ao rio Amazonas (Amazon River), o mais extenso da América Latina, pelo seu porte e bravura. "O selvagem Rio Amazonas permanece uma metáfora para uma companhia que procura corajosamente novas áreas de expansão", consta num artigo sobre a possível entrada da Amazon.com no campo do lucro. O primeiro logo da empresa tinha um rio. Não teria sido essa a ideia inicial de Bezos, quanto ao nome da empresa. Relentless.com ("Implacável.com", em português) figurava no topo da lista de possíveis nomes para a empresa. O site relentless.com, redireciona um possível usuário ao site da Amazon. Alguns amigos achavam que a palavra tinha conotação negativa, e foi só quando folheou um dicionário com a letra A, que Bezos escolheu o nome Amazon - o maior rio do mundo em volume d'água, a maior livraria do mundo. A inspiração para Jeff Bezos nomear a sua então loja online de livros como rio Amazonas, o maior do mundo em extensão e vazão, foi também divulgada por Joshua Weinstein, amigo de longa data do empresário, em um documentário da rede americana “PBS”, de 2020. 
          O Rio Amazonas, com 6.992,06 km de extensão, nasce no Peru e deságua no Brasil, tendo ao longo do caminho mais de 1.000 afluentes, de acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA).
          Esses dados casavam com a ideia de Bezos de criar um negócio “gigante”, de acordo com o livro “A Loja de Tudo: Jeff Bezos e a era da Amazon”, do jornalista Brad Stone.
          A escolha, ainda de acordo com a obra, também se deu quando o empresário pegou um dicionário e focou na letra “A”, pois os sites de busca na web eram em ordem alfabética naquela época. Ao passar pelo termo “Amazon”, decidiu que a palavra representava a ideia de criar a maior livraria do planeta.
          Porém, como ideia mais embrionária, Jeff queria colocar o nome da livraria virtual de Cadabra, mas o primeiro advogado da Amazon, Todd Tarbert, conseguiu convencê-lo que o nome era muito parecido com a palavra “cadáver”.
          Antes desse processo, Bezos chegou a registrar outros domínios, como “Awake.com”, “Browse.com”, “Bookmall.com” e “Relentless.com”, conforme descrito acima.
          A flecha no logo da Amazon liga as letras de A a Z, indicando o amplo alcance dos itens disponíveis à venda na Amazon, de A a Z.
          Em fins de 2007, Bezos já havia demonstrado que o negócio dele não é simplesmente movimentar caixas, e sim inovar. Foi a Amazon que criou o sistema de avaliaçõs dos próprios clientes, listas de sugestões e recomendações automáticas, só para mencionar três novidades hoje copiadas pela imensa maioria das lojas virtuais. Foram também os pesados investimentos em tecnologia - por exemplo, 200 milhões de dólares em 2007 - que permitiram que a empresa conseguisse vender nada menos que 2,5 milhões de exemplares do último livro da série Harry Potter.
          Se no início a Amazon era apenas uma loja eletrônica de livros, em 2007 já se posicionava também como uma grande provedora de serviços tecnológicos. Se os concorrentes no início eram somente livrarias, como a rede Barnes and Noble, depois o novo competidor passou a ter nomes como HP e IBM, duas das maiores vendedoras de serviços tecnológicos. Como exemplo, o S3, sigla para Simple Storage Service. A Amazon vende espaço de armazenamento de arquivos em seus data centers. Pode ser desde uma coleção de fotos de um indivíduo que queira ter uma cópia de segurança até todos os dados de uma empresa de médio porte. O cliente paga apenas pelo espaço em disco que utilizar.
          No livro The Everything Store de autoria do jornalista americano Brad Stone, aparece em inúmeras ocasiões a disposição de Bezos de sacrificar as já apertadas margens do varejo em nome do longo prazo, como na compra da Zappos, uma loja online de calçados. Bezos gastou 150 milhões de dólares em promoções e entregas expressas para forçar a mão dos fundadores da Zappos, que resistiam à ideia de vender. Quando veio a crise de 2008 e a Zappos se viu sem crédito, Bezos pôde declarar vitória - pagando 900 milhões de dólares pela concorrente. Em seu livro, Brad Stone revela com detalhes a trajetória extraordinária da Amazon e pinta um retrato bastante interessante de Bezos, um empreendedor brilhante, arrojado, grosseiro e sanguinário.
          Hoje já é considerada uma das maiores varejistas do mundo e transformou os hábitos de centenas de milhões de pessoas. Enveredando no caminho do mundo digital, oferece serviços de computação por aluguel, computação em nuvem (Web Services), através da Amazon Web Services, plataforma de serviços de computação em nuvem da Amazon, que tem forte competição de grandes companhias de tecnologia, como a Alphabet, dona do Google, ou a Microsoft. Startups de todo o mundo contratam servidores e armazenamento de dados da Amazon e pagam de acordo com o uso. O Kindle, leitor digital, levou a empresa em meros quatro anos, a vender mais títulos em formato eletrônico que em papel.
          Em junho de 2017 a Amazon anuncia a compra da rede americana de supermercados Whole Foods, por mais de 13 bilhões de dólares, em negócio concretizado no final de agosto. Esse foi o jeito que Jeff Bezos escolheu para anunciar seu plano de abalar o setor de supermercados e competir com rivais como Walmart, mas o "abalo" poderá ser sentido até pelos minimercados que enfrentam dificuldades frente à concorrência. Se Bezos já fez guerra de descontos para desafiar concorrentes com livros e fraldas, deverá fazer o mesmo com itens de supermercado.
          A Amazon tem também a Amazon Go, loja de conveniência da companhia que inovou ao introduzir sistema de compras sem caixas no estabelecimento.
          Em 22 de janeiro de 2019, a Amazon anunciou o lançamento de seu primeiro centro de distribuição próprio na América do Sul, em Cajamar, na Grande São Paulo. O armazém possui 47 mil metros quadrados.
          A Amazon pode ser uma das companhias mais valiosas do mundo, ter uma enorme gama de empresas e produtos a oferecer, porém nada disso serviu para seu sucesso no enorme e disputado mercado chinês. Diante de fortes concorrentes com Alibaba e JD.com, a empresa de Jeff Bezos anunciou, em abril de 2019, que fechará a operação local do e-commerce na China, e passará a oferecer somente produtos importados de Estados Unidos, Grã-Bretanha, Japão e Alemanha.
          Em maio de 2021, após uma semana de especulações, a Amazon comprou o estúdio de cinema MGM, por US$ 8,45 bilhões.É a segunda maior aquisição da longa lista de compras da empresa de Bezos, atrás apenas da Whole Foods. Agora, tem nomes de peso como 007, RoboCop e Rocky Balboa para brigar com o Netflix e a mais variada gama de serviços de filmes e séries on demand que surgiram nos últimos anos. A MGM tem 4 mil filmes e 17 mil horas de séries em seu catálogo. É o início de mais um capítulo da guerra do streaming.
          Em julho de 2021, Jeff Bezos deixou a presidência da Amazon, após 27 anos como CEO.
          Em meados de 2022, a Amazon adquiriu a One Medical, plataforma online que oferece agendamento de consultas. O valor (US$ 4 bilhões) está entre as maiores aquisições da Amazon, atrás apenas da compra dos estúdios MGM por US$ 8,5 bilhões e da Whole Foods por US$ 13,7 bilhões. “Achamos que os cuidados de saúde precisam de reinvenção”, disse Neil Lindsay, vice-presidente sênior da Amazon Health Services, em comunicado.
(Fontes: revista Exame - 21.11.2007 / 28.12.2011 / 21.08.2013 / 13.11.2013 / msn Economia e Negócios - 04.12.2014 / The New York Times/Estadão - 28.08.2017 / Exame.com 26.10.2017 / Negócios (Luciana Caczan) - 10.12.2018 / ÉpocaNegócios - 22.01.2019 - IstoÉDinheiro - 29.07.2019 / Época Negóciso - 29.05.2021 / Valor - 30.11.2023 - partes)


German version:
          Das Unternehmen wurde 1994 unter dem Namen Cadabra gegründet und kurz darauf in Amazon.com umbenannt. Dabei ließ sich der Gründer Jeff Bezos vom südamerikanischen Fluss Amazonas inspirieren. Als New Economy-Pionier ist Amazon.com schon seit 1995 online. Aus dem ursprünglich kleinen Buchhändler entstand das heute weltgrößte Internet-Kaufhaus.
          Bereits drei Jahre nach Gründung erfolgte der Börsengang, wodurch das Unternehmen die weltweite Expansion weiter forcieren konnte. Durch die Übernahme der ABC Bücherdienst GmbH 1998 setzte der Konzern erstmals die Füße auf den deutschen Markt. In den Folgejahren konnte das Produktsortiment und die führende Marktstellung dank zahlreicher weiterer Übernahmen ständig ausgebaut werden.
          Amazon.com ist ein führender Interneteinzelhändler, der eine sehr breite Produktpalette anbietet. Das Sortiment reicht von Büchern über Elektronikartikel bis hin zu Schuhen. Zudem vertreibt der Konzern den eBook-Reader Kindle, mit dem verschiedene digitalisierte Bücher heruntergeladen und gelesen werden können, sowie den Tablet-PC Kindle Fire. Auf dem Marketplace von Amazon.com können Privatpersonen, aber auch andere Unternehmen neue und gebrauchte Produkte vertreiben.
          Der Firmensitz befindet sich in Seattle.
(Fonte: Europas Erstes Finanzportal Boerse.de)

American Express (Amex)

          A American Express, ou Amex, formou-se em 1850 como solução temporária para um conflito entre as companhias expressas de Nova York.
          Henry Wells montara sua companhia expressa, a Wells & Company, na década de 1840, aproveitando-se de uma ligação ferroviária entre Albany e Buffalo. Em 1842, ele ofereceu uma boa oportunidade em sua empresa para um despachante ferroviário chamado William G. Fargo. Eles criaram vários outros empreendimentos, inclusive um dos nomes mais conhecidos da história econômica americana: a Wells Fargo & Company.
          Os dois homens perceberam que, quanto mais a América crescia, mais ela precisava ser interligada. Fargo já expandira o serviço expresso da companhia até Chicago, quando outro nova-iorquino do norte do estado, um vendedor de rodas chamado John Butterfield, montou uma rede concorrente de linhas de diligências. as duas firmas não conseguiam vencer comercialmente uma à outra, apesar da encarniçada rivalidade que surgiu entre elas. A torturante verdade, clara para todos os envolvidos, era que as firmas não tinham outra escolha senão fundir-se antes de liquidarem-se mutuamente.
          Em 1850, Henry Wells, John Butterfield, William Fargo, William e John Livingston, James Wasson e o advogado James McKay reuniram-se em Buffalo, Nova York, para discutir os termos dessa fusão.Dias depois, chegaram a um acordo e fundaram uma nova companhia - a American Express Company. Porém, o acordo tinha uma armadilha: uma cláusula determinava que a firma se dissolveria automaticamente depois de dez anos.
          Mesmo os sócios vigiando-se como falcões, raramente entrando em acordo a respeito de qualquer assunto, depois de dez anos a companhia estava fazendo tanto dinheiro que os sócios concordaram finalmente em algo importante: não queriam o fim da empresa. Encontraram uma maneira de driblar a cláusula de dissolução: venderam todos os ativos da companhia, exceto o nome, e recriaram uma nova empresa com aquele nome. Em 1880, a American Express já tinha mais de 4 mil escritórios em dezenove estados. Os clientes, com confiança total, podiam mandar pacotes, cartas e envelopes contendo dinheiro.
          O negócio dos cheques de viagem começou devagar em 1891. O conceito tinha algumas imperfeições, pois os cheques só podiam ser trocados nos escritórios da American Express, muito poucos na época. A companhia resolveu o problema fazendo contratos com bancos e hotéis que trocariam os cheques. No ano seguinte, 1892, a venda dos cheques explodiu.
          Muitas fortunas fizeram-se em cem anos, tornando acessíveis à classe média vários privilégios dos ricos. A American Express criou uma carta de crédito em miniatura quando emitiu o primeiro cheque de viagem, concedendo uma dose de garantia mundial a qualquer um que tivesse dez dólares, mais comissão.
          Depois que J.C.Fargo se aposentou a companhia ramificou-se. Em 1915, deu início finalmente ao seu serviço de turismo. "Quando se vende passagem para um provável viajante, não se pode apenas ir até o navio com um buquê de rosas e desejar-lhe boa viagm", disse Frederick Small, qua assumiu as rédeas da companhia em 1923. "Ele tem de ser atendido durante todo o tempo." Calmamente ela se tornou a maior agência de viagens do país.
          Durante a Segunda Guerra Mundial, o turismo praticamente parou e a maioria dos escritórios europeus foi fechada. Depois da guerra, a empresa reconstruiu boa parte de sua rede de serviços de viagem e estava pronta para faturar com a recuperação do mercado de turismo.
          Em 1950, Frank McNamara e Ralph Schneider criaram o Diners Club, o primeiro dos que ficariam conhecidos como "cartões de viagem e divertimento".
          A American Express acabaria por seguir o exemplo do Diners Club. Em 1946, seus executivos já tinham apresentado um plano para dar início a um programa altamente conservador, pelo qual os clientes poderiam depositar uma quantia em dinheiro e depois sacar com um cartão. (hoje, esse arranjo é chamado de "cartão de débito"). Ralph Reed rejeitou-o. Ou melhor, colocou-o em "expectativa indefinida".
          Para Reed, a American Express era uma companhia de viagens - a mais importante do mundo. A cada ano, mais americanos pareciam embarcar em viagens planejadas pela empresa, com cheques de viagem garantidos pela Amex.
          Em 1956, Reed deixou passar uma oportunidade de comprar o Diners. Porem, depois de examinar toda a situação relacionada com o Diners Club, Reed percebeu que seus fundadores haviam indiscutivelmente dado início a algo de novo. Encarregou o vice-presidente Howard Clark de "descobrir como a American Express pode entrar no ramo [de cartões de crédito], como parte das atividades da American Express".
          Em 1977, o executivo James Robinson III assumiu o comando da empresa. Robinson queria apenas uma coisa: ombrear com homens que forjaram um dos maiores impérios financeiros dos Estados Unidos. Ele sonhava olhar para trás, já retirado, e constatar que escrevera um capítulo da história da sesquicentenária empresa tão rutilante quanto os feitos de homens com Ralph Thomas Reed, que consolidou o império com a entrada no mercado de cartões de crédito.
          Um dos mais festejados executivos americanos nos anos 1980, herói de paletó e gravata, com o fim da década e os tropeços da Amex, Robinson viu progressivamente desintegrar-se sua imagem. Ele já podia fazer as contas para ver se esteve à altura dos ilustres antecessores. No início de dezembro de 1992, aos 57 anos, ele anunciou sua decisão de deixar a American Express.
          É possível que o lugar de Robinson na história da empresa que mais que qualquer outra foi um dia a própria essência de um cartão de crédito seja menos admirável do que ele sonhara. Bem menos. Nos últimos tempos, o supermercado financeiro que ele criou começou a ficar mais parecido com um empório. Robinson colecionou uma série de infortúnios e trapalhadas. A compra em 1981 da corretora Shearson Lehman Brothers foi um fiasco monumental. O grupo precisou desembolsar 750 milhões de dólares em 1991 para cobrir seus prejuízos.
          Mas, uma das piores trapalhadas, para não dizer trapaça, foi a campanha que sua empresa reconheceu ter movido para desacreditar o antigo sócio Edmond Safra, banqueiro com quartel-general na Suíça e irmão de José e Moise Safra, controladores do banco que leva o nome da família em São Paulo. A patética admissão de que a partir do QG da empresa em Nova York fora desencadeada uma campanha anti-Safra foi um dos pontos mais baixos da trajetória da Amex e de Robinson.
          Os problemas de Robinson também se traduziram em números. Acossado por rivais como Visa e Mastercard, o Amex perdeu 1 milhão de clientes em 1992, com o que se reduziu para 34 milhões o número de pessoas que "não saem de casa sem ele". Como consequência, numa primeira etapa, a Amex demitiu 6.500 funcionários e outros 4.800 numa segunda leva. Um desses 4.800 foi exatamente James Robinson III, o patrício bem nascido (uma família de banqueiros de Atlanta), bem-formado (Harvard, naturalmente) e bem-parecido com o que um dia foi a personificação do sucesso.
          Até 1994, ao contrário de suas concorrentes, a Amex não tinha sua marca associada a qualquer banco ou empresa, obrigava seus clientes a pagar a fatura integral na data do vencimento e ainda tinha taxas e exigências de adesão superiores às dos outros. O resultado foi que mais de dois milhões de portadores em todo o mundo tiraram seu Amex da carteira e o faturamento caiu de US$ 26 bilhões em 1992, para US$ 14 bilhões no ano seguinte.
          A Amex então desce do pedestal, passa por uma reviravolta global, abrindo postura diferente, abrindo-se para novos mercados. Já nos anos seguintes o faturamento e o lucro voltaram a crescer.
          Muito voltada para as classes A e B, no início dos anos 2000, pelo menos no Brasil, a Amex bateu firme na tecla das promoções. Também nessa época a empresa começou a fazer esforços para depender menos do mercado americano, então responsável por 70% do negócio.
          Em março de 2006, o Bradesco paga meio bilhão de dólares para avançar no mercado de alta renda. Quando Márcio Cypriano, presidente do Bradesco, e Edward Gilligan, presidente da American Express International, assinaram a venda de parte das operações da Amex ao então maior banco privado brasileiro, ambos estavam resolvendo sérios problemas próprios. A Amex livrou-se de um negócio de cartões razoavelmente rentável, mas incapaz de crescer. O Bradesco, por sua vez, conquistou 1,2 milhão de potenciais correntistas de alta renda para oferecer seus produtos e serviços.
(Fonte: revista Exame - 23.12.1992 / IstoÉ Dinheiro - 28.01.1998 / Forbes - 21.06.2002 / Exame - 29.03.2006 - partes)

Almeida Junior

      A empresa catarinense de shopping centers, Grupo Almeida Junior foi fundado por Jaimes Almeida Junior, e possui shopping centers concentrados na região que vai de Joinville (no norte) ao sul catarinense, abrangendo as cidades de Balneário Camboriú, Blumenau, São José e Criciúma.
          A companhia tentou abrir capital na B3 em 2018 e em 2020, mas não teve sucesso na empreitada.
          Em 13 de novembro de 2023, após dois anos sem nenhuma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), a B3 presenciou uma operação bem parecida com isso. A Almeida Junior tocou o famoso sino da Bolsa para marcar o início das negociações do fundo de investimento imobiliário (FII) AJ Malls, criado para comprar participação nos empreendimentos do grupo. O fundo captou R$ 317 milhões, de um total de até R$ 500 milhões previstos na oferta, em troca de 7% do portfólio de seis shoppings da companhia. A gestão do fundo será da Capitânia. Apesar de semelhante, o negócio não é bem um IPO.
          O fundo não comprou ações diretamente da companhia, que segue 100% do fundador, Jaime Almeida Junior. A transação envolveu a plataforma de shoppings. A empresa passa de 85% para 78% de participação. Os outros 15% são dos donos de terrenos que cederam a área para os empreendimentos.
A proximidade com um IPO se justifica pelo alinhamento de interesses entre cotistas e dono, que se tornam praticamente sócios. Será o primeiro fundo “puro sangue”, com shoppings de uma rede e administração própria. FIIs têm fatias de shoppings de empresas diferentes e administração de terceiros.
          “Mantivemos a ‘skin in the game’ (‘arriscar a própria pele’)”, diz Almeida Junior. Ele ressalta que a gestão dos ativos permanece com a empresa, enquanto a Capitânia atuará apenas como gestora do fundo, responsável pelo balanço, pagamento de dividendos e relacionamento com cotistas.
(Fonte: Estadão - 14.11.2023 - parte)

Alesat (Ale)

          A Alesat começou com um posto de combustíveis do pai do empresário Marcelo Alecrim, em Canguaretama, cidade de 25.000 habitantes no interior do Rio Grande do Norte, na década de 1970. Em 1996, foi criada a Satélite Distribuidora de Petróleo.
          A Sat, como era conhecida, se fundiu em 2006 com a mineira Ale, que já era a quarta maior distribuidora do país, controlada pelo grupo mineiro Asamar. O fundo Darby tem participação minoritária. Por volta de 1998, o empresário mineiro Alberto Luis Soares, então presidente e um dos sócios do grupo Asamar, empregara parte do dinheiro que lhe coube nos 215 milhões de dólares recebidos dos franceses da Lafarge pela venda da cimenteira Matsulfor e da fábrica de concreto Beton, na criação da distribuidora Ale Combustíveis, que já contava então com 50 postos de serviços.
          No caminho para chegar até aqui, a empresa comprou algumas operações, como a Polipetro, que tinha atuação no Sul do país, e as operações da multinacional Repsol no Brasil, ambas em 2008, e a recifense Ello-Puma, em 2012.
          Em junho de 2016, então com 1.200 funcionários, a Alesat é vendida para a concorrente Ipiranga, por 2,17 bilhões de reais. O período que se seguiu foi de uma postura mais dura do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) que, após longos 14 meses, vetou a venda da Alesat, em agosto de 2017.
          Enquanto esperava a decisão do Cade, a empresa viu sua participação de mercado e seu faturamento recuarem. Com a decisão negativa, a empresa, que estava com o freio de mão puxado, teve de acelerar para colocar o plano B em ação.
          O plano B consistia em duas fases. Primeiro, era preciso melhorar imediatamente os resultados. A empresa renegociou contratos que estavam parados com fornecedores, montou uma importadora de combustíveis e fechou seus escritórios em Belo Horizonte e Rio de Janeiro para concentrar as operações em São Paulo. Também aumentou o relacionamento com os donos de postos, que estavam inseguros sobre o futuro. E seis meses, segundo a empresa, a fatia de mercado foi recuperada.
          Para brigar com as grandes, a Alesat quer comprar as pequenas. Mas, um sócio internacional também poderia dar a estrutura necessária para a Alesat competir com as grandes, leia-se BR, Ipiranga e Raízen. Nesse sentido, a holandesa Vitol e a francesa Total estariam sondando e empresa como já fizeram no passado. Outra opção seria fazer uma oferta inicial de ações na bolsa brasileira, a B3.
          Considerando dados de março de 2018, a Alesat é uma rede de 2017 postos com um faturamento anual de 11,2 bilhões de reais.
          Em 29 de junho de 2018, então com 2,5% de market share no mercado interno, segundo a ANP, a Alesat é vendida para o grupo suíço Glencore, uma das maiores trading do mundo. Os vendedores foram o grupo Asamar, que desinvestiu 50%,  o fundo de investimento Darby, 18% e o CEO da Alesat, Marcelo Alecrim, que vendeu 10%. A Glencore passa a ter então uma fatia de 78%. Marcelo Alecrim, que continua com 22% de participação passa a ser presidente do conselho de administração da empresa.
          Pouco tempo antes o grupo Ultra, dono da rede Ipiranga tentou abocanhar a Alesat, mas recebeu negativa do Cade.
          O logotipo da rede de distribuição de combustíveis Ale continua o mesmo: a letra A maiúscula nas cores azul, vermelha e branca. Mas ganhou no início de 2019 a expressão "by Glencore " em letras pequenas. A trading suíça, que assumiu o controle da companhia brasileira em setembro de 2018, ao manter a discrição na marca ilustra bem sua estratégia. Manter a forma de atuar da Ale que a levou ao quarto lugar no ranking do setor, mas introduzindo uma cultura de busca de eficiência e controle de custos em todos os níveis, além de novos padrões de "compliance".
          Em dezembro de 2022, a rede Ale contava com cerca de 1.500 postos e 2.500 grandes clientes. A empresa possui 43 centros de distribuição, 3 escritórios e atuação em 21 estados e no Distrito Federal. É a quarta maior distribuidora do país, pertence 100% ao grupo Glencore e tem faturamento em torno de R$ 20 bilhões, considerando previsão para 2023.
(Fonte: revista Exame - 02.12.1998 /  04.04.2018 / jornal Valor - 02.07.2018 / 08.03.2019 / 07.03.2023 - partes)

AOL - America Online (antiga Quantum Computer) / AOL Time Warner)

           Steve Case, fundador da AOL (America Online), começou sua carreira como executivo de marketing da Pizza Hut e da Procter & Gamble. Enquanto a maior parte das empresas convencionais acreditava que a internet podia ser um meio heterodoxo de vendas - algo ainda meio desconhecido, que podia criar novas mágicas -, a AOL trabalhava na internet como uma empresa de varejo tradicional. Em fins do ano 2000 já possuía 24 milhões de usuários, número alto àquela altura do campeonato.
           A AOL surgiu em 1985, com outro nome. Chamava-se Quantum Computer Services e prestava uma série de serviços online fora da internet. Naquela época, a rede era uma experiência ainda embrionária, restrita ao mundo acadêmico, e o computador pessoal ainda estava sendo aperfeiçoado pela indústria mundial de tecnologia. Em 1989, a empresa lançou o primeiro serviço de acesso à rede para os donos de computadores Apple. Dois anos depois, mudou o nome para America Online.
          Em dezembro de 1996, o provedor America Online, dos Estados Unidos, deu acesso livre a seus assinantes por módicos 20 dólares mensais. Resultado: tanta gente navegando que os computadores da AOL quase foram a pique. Uma consequência desse tipo de cobrança com preço fixo é que não é possível oferecer serviço melhor a quem precisa - e quer pagar por isso.
           No final de 1998, a America Online (AOL), então o maior provedor de acesso do mundo, comprou a Netscape, por 4,2 bilhões de dólares. Pouco antes, a AOL se associou ao grupo venezuelano Cisneros para atuar na América Latina.
           No Brasil, a AOL entrou de maneira atabalhoada. Distribuiu milhões de CDs de acesso à internet que não funcionavam nos PCs piratas que proliferavam no país. Em janeiro de 2000, a AOL buscou em Caracas, na Venezuela, o "vendedor de fraldas" Manoel Amorim, um carioca formado em Harvard, então gerente-geral na América Latina para produtos de bebê da Procter & Gamble. Amorim substituiu Francisco Loureiro, o Breve, que durou apenas três meses no cargo. Um dos seus grandes feitos iniciais foi fazer uma parceria com o banco Itaú, que possibilitaria aumentar sensivelmente a base de clientes.
           Depois da fase em que o acesso descomplicado à internet era seu grande negócio, a America Online começou a investir em conteúdo em escala também gigantesca.
          Em janeiro de 2000 a AOL comprou, por 166 bilhões de dólares, a gigante das comunicações Time Warner, um dos maiores grupos de comunicação do mundo, com valor de mercado de 105 bilhões de dólares. Aqui, não se trata de Davi comprando Golias, mas, de uma promessa, - apesar de seu faturamento de 6,8 bilhões de dólares ao ano, a AOL ainda tinha que mostrar a que veio -, comprando uma empresa sedimentada, aproveitando nitidamente a bolha da internet que ainda não tinha estourado para o lado da América Online.
           Em meados de 2000, a America Online brasileira e o Banco Itaú viviam, pelo menos num aspecto, uma situação desconfortável. O Itaú estava atrás dos concorrentes no quesito internet. Com 8 milhões de clientes e uma boa competência tecnológica construída no passado, o banco ainda não havia fincado sua bandeira no mundo pontocom. A AOL, por sua vez, maior provedor de internet do mundo, com 29 milhões de clientes, não conseguia fazer decolar sua operação no país. Em junho de 2000, a dupla sacramentou uma união que vinha sendo costurada há meses. O Itaú deu à AOL, o que ela não tinha: clientes. O banco conseguiu um parceiro tecnológico especialista em internet e passou a oferecer a seus clientes um serviço tão bom quanto o da concorrência. Também se tornou sócio, com 12%, da AOL América Latina. Os sócios da operação eram a AOL americana e o Grupo Cisneros, da Venezuela.
           No início de 2001, a gigante AOL, número 1 da internet no mundo, enfrentou uma vultosa ação trabalhista que poderia ter custado sua sobrevivência. No período de 1991 a 2000, a empresa chegou a usar 16.000 voluntários por ano, alguns com apenas 12 anos de idade. Essas pessoas foram responsáveis pela operação de uma das principais atividades geradoras de receita da AOL, as comunidades online, que atraem tráfego e mantêm os usuários conectados. Em troca, os voluntários recebiam tão-somente um acesso grátis. A AOL estava tomando o trabalho de voluntários e vendendo este trabalho como produto, o que já é suficiente para enquadrar os voluntários na lei americana do salário mínimo. Um ex-diretor estimou que essa atividade gerava 30% do faturamento da companhia que foi de 6,9 bilhões de dólares em 2000.
           O ano de 2001 foi difícil para a então já AOL Time Warner. Ted Turner foi praticamente "demitido" por Gerald Levin, o dirigente da empresa, que o tirou do posto e depois disso se aposentou. Turner volta à empresa e vê no ano as ações da AOL Time Warner derreterem 60% de seu valor.
           Em junho de 2015, a AOL vende alguns ativos de mídia digital para a Verizon, por US$ 4,4 bilhões. Trata-se na realidade do site que agrega notícias e blogs "Huffington Post". O site, que estreou em 2005, foi fundado por Arianna Huffington e Ken Lerer.
           Em 2016, acontece a fusão da Time Warner com a também americana AT&T, no valor de 85,4 bilhões de dólares.
(Fonte: revista Exame - 03.06.1998 / revista Forbes - 11.10.2000 / 21.02.2001 / 18.07.2001 / 13.03.2002 / Exame - 05.10.2011 / jornal Valor online - 19.04.2016 / jornal O Estado de S.Paulo - 12.08.2016 - partes).

Alpargatas

          A Alpargatas foi fundada em 1907, com o nome original de Fábrica Brasileira de Alpargatas e Calçados, pelo escocês Robert Fraser, oriundo da Argentina, em associação com uma indústria inglesa. Robert Fraser havia criado fábricas de alpargatas na Argentina e no Uruguai. Alpargatas (segundo o dicionário Aurélio), significa sandália, calçado que se prende ao pé por meio de tiras de couro ou de pano.
          Iniciou suas produções no distrito da capital paulista da Mooca, erguida junto à linha do trem. Já em 1909, a empresa - com o nome de São Paulo Alpargatas Company S.A. - encontrava o sucesso na venda de seus produtos graças à utilização das sandálias e lonas na produção cafeeira.
          Na década de 1930 o controle acionário da São Paulo Alpargatas foi transferido para a empresa argentina. No entanto, em 1982, após um gradativo processo de nacionalização do capital, iniciado em 1948, a São Paulo Alpargatas deixou de ter participação argentina e passou para ao controle do Grupo Camargo Corrêa, seu maior acionista.
          Em 1962, a Alpargatas cria o que seria um ícone na indústria calçadista brasileira: as sandálias Havaianas. Durante pouco mais de três décadas, as Havaianas não experimentaram mudança alguma: eram produzidas em quatro cores, em um único modelo, a preços baixos e destinadas às classes C, D e E. Mas, a partir de meados da década de 1990, com novas e intensas campanhas de marketing, criação de mais modelos, lançamento de linhas especiais, aprimoramento das embalagens, preços diferenciados e uma correta exposição em pontos de venda diversificados, o modelo entrou num ciclo de expansão, inclusive no exterior.
          Superando inúmeras dificuldades ao longo dos cem anos, a companhia tornou-se uma das maiores indústrias calçadistas do Brasil.
          Em 1998, a Alpargatas deixa o prédio da Rua Doutor Almeida Lima, 1134, Parque da Mooca, que serviu de sede desde 1907. No mesmo ano de 1998, o prédio passou a abrigar a Universidade Anhembi Morumbi.
          Em outubro de 1999 adquiriu mais de 3% da Alpargatas Argentina, sua antiga controladora, passando a ser a maior calçadista da América do Sul, e em abril de 2013 comprou a totalidade das ações da subsidiária argentina e com isso passou a ter 100% da empresa.
          Em 2007, um escritório da Alpargatas com 23 executivos começou a operar em Nova York, sob a presidência da americana Elaine Sugimura. Inicialmente dedicado a 400 clientes - entre os quais 40 estrelados, como Macy's e Saks - o grupo, um ano depois (2008), atendia 1.700 pontos-de-venda.
          Em fins de 2008, a Alpargatas contratou o executivo Eno Polo para presidir a recém-criada subsidiária, em Madri. Até o mês de abril daquele ano, ele comandou a operação de calçados da Nike nos mercados ibéricos. Foi a combinação de conhecimento do produto e do mercado europeu que fez com que a Alpargatas visse nele o executivo ideal para presidir sua unidade em Madri. Eno Polo, um queniano filho de mãe francesa e pai italiano é a personificação da segunda fase da expansão internacional da Alpargatas com sua principal marca, a Havaianas, responsável por metade de suas vendas de 1,6 bilhão de reais em 2007. A Havaianas já chegavam a 80 países. A meta era que as vendas internacionais passassem de pouco maia de 10% da receita total da companhia para um terço em 2012. A presença das marcas Topper e Mizuno na América Latina deveriam contribuir para o resultado.
          Em 2012, a Alpargatas anunciou a compra de 30% da Osklen, de alta moda masculina, por R$ 67,5 milhões. Em 2014, pagou R$ 159 milhões por 30% a mais e assumiu a Osklen. A empresa representa a Mizuno e Timberland no Brasil.
          No início de novembro de 2015, a Alpargatas anuncia acordo de venda das marcas de calçados esportivos Rainha e Topper no Brasil a um grupo de investidores liderados pelo empresário Carlos Wizard, fundador da escola de idiomas Wizard, por R$ 48,7 milhões. A operação não inclui bens industriais vinculados às marcas.
          O acordo também envolve a venda da marca Rainha no mundo e 20% da Topper na Argentina e no mundo, com exceção de Estados Unidos e China, onde a marca será licenciada por 15 anos aos compradores.
          Pertencem também ao portfólio da Alpargatas, as marcas: Dupé, Meggashop Outlet e Sete Léguas.
          Em 23 de novembro de 2015, a Camargo Corrêa, dona da Alpargatas, confirma a venda do controle da empresa para a J&F (controladora da JBS) por R$ 2,667 bilhões.
          Em julho de 2017, a J&F Investimentos, grupo de investimentos dos irmãos Joesley e Wesley Batista, fechou acordo com a família Moreira Salles para venda do controle da Alpargatas, por R$ 3,5 bilhões. A J&F detinha 54,24% das ações da calçadista. A compra foi feita pela Itaúsa, holding de investimento das famílias Setubal e Villela, ligada ao banco Itaú, Cambuhy, veículo de investimentos dos Moreira Salles, e Brasil Warrant Administração de Bens e Empresas, que pertence a Pedro Moreira Salles. O negócio é aprovado pelo Cade em 4 de agosto de 2017.
          Em janeiro de 2019, o executivo Roberto Funari assumiu o cargo de CEO da empresa. Para tornar mais efetiva a comunicação entre as equipes, fazer as pessoas se verem e se encontrarem mais, a nova sede da empresa no Morumbi foi transformada em coworking e passou a contar com novos ambientes e formatos, trabalho que contou com a participação de José Roberto Daniello, diretor de Pessoas da Alpargatas.
          Em 16 de julho de 2020, a Alpargatas inaugurou um novo centro de distribuição na cidade mineira de Extrema, fruto de um investimento de aproximadamente R$ 3 milhões. O objetivo da companhia com o novo espaço é atender à demanda crescente do comércio eletrônico e a operação multicanal.
          Em 21 de setembro de 2020, a Alpargatas divulga a venda da operação da Mizuno no Brasil à Vulcabras Azaleia por R$ 200 milhões. A Mizuno está presente no Brasil há mais de 20 anos e faturou aproximadamente R$ 444 milhões em 2019.
          No início de maio de 2021, a Alpargatas assinou acordo com Gilson Almeida Villela Junior e Walter Galvão Neto, sócios da Ioasys, para comprar a empresa. O valor atribuído de 100% do capital da companhia é de até R$ 200 milhões. A empresa é especializada na criação de soluções digitais e desenvolvimento de aplicativos e demais componentes do universo digital com quase 200 funcionários.
          A Alpargatas confirmou em 1º de novembro de 2021, que recebeu uma oferta vinculativa do Grupo Dass para adquirir 60% do capital da Osklen, avaliado em R$ 400 milhões,. A Dass vai pagar R$ 180 milhões em três parcelas anuais e um valor variável de até R$ 60 milhões, dependendo do cumprimento de certas metas em 2022 e 2023. Do valor negociado, é necessário descontar a dívida da Osklen - o valor não foi revelado.
          Em 20 de dezembro de 2021, a Alpargatas anunciou acordo para compra de 49,9% da empresa norte-americana Rothy's, que transforma material reciclado em produtos de moda, por até 475 milhões de dólares. A aquisição ocorre em etapas. Primeiro, haverá a aquisição primária de ações a serem emitidas pela Rothy's no valor de 200 milhões de dólares. Uma parcela de 50 milhões de dólares foi paga em 20 de dezembro de 2021, enquanto o restante será quitado até o fim do primeiro trimestre de 2022. Esse acerto foi firmado entre a Alpargatas, os fundadores da Rothy's, a Lightspeed e outros acionistas. A Rothy's foi avaliada em 800 milhões de dólares no negócio.
(Fonte: Wikipedia / revista Forbes Brasil - 05.12.2003 / Exame - 05.11.2008 / UOL Economia (Reuters) - 03.11.2015 / InfoMoney-MSN 23.11.2015 / revista Veja São Paulo - 10.08.2016 / 22.03.2017 - revista Veja - 31.05.2017 / jornal Valor - 12.07.2017 / Época - 01.11.2019 / ValorInveste - 17.07.2020 / Valor - 21.09.2020 / Empiricus DayOne - 04.05.2021 / Valor - 03.11.2021 /Reuters - 20.12.2021 - partes).

Amil

          A Amil foi criada por Edson Bueno a partir da experiência em uma modesta empresa gestora de hospitais na Baixada Fluminense.
          Bueno nasceu na cidade de Guarantã, no interior de São Paulo. Filho de uma doméstica e órfão de pai aos 6 anos, chegou a vender frutas de porta em porta. Mas a renda não era suficiente. Assim, aos 10 anos, tornou-se engraxate para ajudar a família.
          A inspiração para se tornar médico foi o doutor Moacyr Carneiro, então o único médico de Guarantã e que atendia pessoas de graça. Mudou-se para o Rio de Janeiro para fazer o curso de Medicina, na UFRJ. Ainda estudante, conseguiu emprego na Casa de Saúde São José, localizada em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
          Com tino para os negócios, Edson trabalhou até se tornar sócio do hospital. O interesse por crescer nos negócios de saúde fez com que, em 1971, antes de se formar como cirurgião-geral, já fosse dono desse hospital. Em 1976, ao lado de um grupo de jovens médicos, criou a Rede Esho (Empresa de Serviços Hospitalares) para administrar três hospitais.
          Em 1978, Edson e seus companheiros fundaram a Amil Assistência Médica Internacional. Sob a gestão de Bueno, a empresa cresceu velozmente nos anos 1990, com a ambição de se tornar uma multinacional brasileira da área de saúde. Chegou a ter unidades na Argentina e nos Estados Unidos, onde entrou em 1995, com a abertura de uma filial em Austin, no Texas, de olho nos altos ganhos do mercado local..
          A partir do início da década de 2000, porém, Bueno passou a fazer uma trajetória no sentido inverso. Primeiro, foi uma reestruturação em solo brasileiro. A Amil se desfez de dez das 12 franquias que abrira principalmente no Norte e no Nordeste do país. E se retirou completamente do exterior. A última operação nos Estados Unidos, na cidade de Nevada, foi vendida para a seguradora Blue Cross no final de 2005.
          Mas no período de 2000 a 2005 não ficou parado em compras. Adquiriu dez hospitais em Brasília, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Em 2000, depois de comprar a divisão de análises da Golden Cross, a Amil assumiu o controle do laboratório Sérgio Franco, no Rio de Janeiro. Em São Paulo, a empresa implantou a Rede Foccus, que reúne num mesmo local centros médicos e de diagnósticos. Para ganhar escala, em 2003 comprou a Amico, outra operadora vítima da crise do setor. A Amico perdera cerca de 60 milhões de reais em 2002, e seu controlador, a americana Cigna, aceitou vender a empresa sem ganhar um centavo, assim que a Amil se comprometeu a assumir as dívidas de 200 milhões de reais. A Amil fundiu a Amico com a carioca Dix e criou a Dix-Amico no eixo Rio-São Paulo.
          No início de 2006, como uma das maiores empresas de medicina de grupo do Brasil, tinha mais de 1,8 milhão de clientes e quase 3 bilhões de reais de faturamento por ano.
          O interesse de fazer o negócio expandir internacionalmente foi concretizado em 2012, com a venda do controle da Amil para a americana United Health Group – um dos maiores grupos de saúde do mundo, por US$ 4,9 bilhões.
          Nessa operação, Edson Bueno, para quem a Amil parecia ser sua vida, tornou-se o principal acionista individual da companhia e membro do seu Conselho de Administração. Segundo Bueno, vender uma fatia só não iria resultar no grande salto de tecnologia que essa associação iria representar para a Amil. Então já com  69 anos, asseguraria de que a empresa continuaria sem ele.
          O empresário Edson Bueno, morreu em Búzios no Rio de Janeiro, aos 73 anos, em 14 de fevereiro de 2017, devido a um infarto fulminante. Em ranking da revista Forbes, Bueno ocupava a 22ª posição entre os brasileiros mais ricos.
          Nos últimos tempos, além de desempenhar a função de chairman do United Health Group para a América Latina, era vice-presidente da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) e presidente do Conselho Diretor do Instituto de Estudos em Saúde Suplementar (IESS) – plataformas nas quais trabalhava para aperfeiçoar o sistema de saúde brasileiro.
          Dulce Pugliese, ex-mulher de Edson Ribeiro, está participando ativamente da gestão de todas as empresas do grupo Amil. Dona de um patrimônio de 2,6 bilhões de reais, Dulce era sua sócia e conselheira.
          Em setembro de 2019, a United Healthcare decide encerrar as atividades da unidade brasileira da Optum, empresa de tecnologia especializada em saúde. A medida faz parte da reestruturação pela qual vem passando a companhia no país.
          Na primeira semana de setembro de 2019, o grupo UnitedHealth Brasil, proprietário da Amil, fechou negócio para a aquisição da rede Eye Clinic em São Paulo e do Radium, grupo especializado em oncologia, com duas unidades ambulatoriais e um hospital diurno em Campinas (SP). O valor do grupo Radium seria em torno de R$ 50 milhões. A Eye Clinic tem quatro salas de operação, 15 escritórios e um centro de diagnóstico na cidade de São Paulo. O doutor Walton Nosé, fundador da Eye Clinic, irá liderar todo o departamento de oftalmologia do grupo UnitedHealth Brasil.
          Em dezembro de 2021, a UnitedHealth, dona da Amil, fechou acordo de R$ 3 bilhões com a empresa de reestruturação financeira Fiord Capital para se desfazer da carteira de planos de saúde individuais, afirmam fontes. A UnitedHealth vai pagar esse valor para que a Fiord Capital assuma um portfólio extremamente deficitário com cerca de 370.000 usuários em São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná. O negócio envolve ainda quatro hospitais da Amil localizados em São Paulo e Curitiba, escolhidos por serem os mais frequentados por esses beneficiários. A Amil continuará a prestar serviços a esses clientes com redes próprias e credenciadas de hospitais e médicos, mediante contrato de longo prazo. A Fiord Capital é uma empresa criada em novembro de 2021 e não há muitas informações sobre o seu funcionamento. O fundador é Nikola Luckic, executivo que desde 2017 é sócio da Starboard Partners, especializada em reestruturação de ativos em dificuldades financeiras e que tem em seu portfólio, por exemplo, a varejista Máquina de Vendas.
          Considerando  dados de abril de 2019, a Amil tem 3,6 milhões de segurados.
(Fonte: revista Exame - 01.02.2006 / jornal Valor - 14.02.2017 / revista Veja - 05.04.2017 / jornal Valor - 30.04.2019 / 06.09.2019 / 09.12.2021 - partes)