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6 de out. de 2011

Cerveja Bavaria

          Em 1905, a Cia Antarctica Paulista comprou sua maior concorrente em São Paulo, a Cervejaria Bavaria, de Henrique Stupakoff, por 3700 contos de réis, quando seu capital já era de 8500 contos. Nessa época a Antarctica Paulista estabeleceu um acordo com a maior cervejaria carioca, a Companhia Cervejaria Brahma, regulando os preços e os volumes de venda em todo território nacional. Foi o primeiro cartel da cerveja no país, e não seria o último.
          Em 1920 a Antarctica mudou-se da Água Branca para a Mooca, na Avenida Presidente Wilson, para as antigas instalações da Cervejaria Bavaria, onde está até hoje. Uma das razões da mudança talvez tenha sido a proximidade das fábricas de sabão das Indústrias Matarazzo, que empestavam o ar de toda região (da Água Branca).
          Ao apresentar a Ambev, em julho de 1999, a Antarctica, de 3,3 bilhões de reais de faturamento, e a Brahma, de 7 bilhões de reais, lançaram o Brasil de forma espetacular na era das megafusões. Com 16.500 funcionários, 50 fábricas e produzindo 8,9 bilhões de litros de bebida por ano, a AmBev passou a ser a quinta maior empresa de bebidas e a terceira maior cervejaria do mercado - no mundo. A marca Bavaria estava, naturalmente, acompanhando o vasto portfólio de marcas de cerveja da Antarctica para a nova empresa, a Ambev.
          No dia 11 de novembro de 1999, a Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, finalmente divulgou o parecer sobre a fusão da AmBev. E o alvoroço foi enorme. A AmBev tinha discursos prontos para cinco decisões diferentes da secretaria, entre elas até um parecer totalmente contrário à fusão. Não passou pela cabeça de ninguém que a Seae pudesse falar na venda de uma marca inteira, com todos os seus ativos. Mas foi o que aconteceu. A sugestão recaiu sobre a Skol. A explicação é que a Skol só tem cervejas, enquanto a Brahma e Antarctica trabalham também com refrigerantes, águas e outras bebidas. Não teria lógica mandar a AmBev se desfazer da cerveja Antarctica e continuar com o guaraná Antarctica. Lógica é o que mais faltou à Seae na opinião da AmBev. "Se vendermos a Skol, será a primeira vez em que as companhias ficam menores depois de uma fusão", disse Marcel Herrmann Telles. A decisão do Cade ainda estava por vir.
          Em 2000, por imposição do Cade, a Ambev teve que vender a marca Bavaria. Então com 4,5% do mercado, a Bavaria passou para as mãos da canadense Molson, por US$ 98 milhões.
          Em março de 2002, a Molson desembolsa 800 milhões de dólares pela brasileira Kaiser (vide origem da marca Kaiser neste blog). De imediato, a compra da Kaiser livra a Molson de uma intimidade incômoda. A Bavaria, até então, dependia da distribuição da AmBev, uma obrigação imposta pelo Cade. Com os negócios, as marcas locais da Molson passaram a deter quase 18% do mercado brasileiro. A compra da Kaiser pela Molson foi o primeiro lance da disputa com a Ambev pelo mercado das Américas.
          Antes da aquisição da Kaiser, a Molson estava praticamente limitada ao seu país de origem. No Canadá, detinha 45% do mercado, o que lhe dava uma liderança apertada sobre a Interbrew. Além disso, a Molson tinha uma participação quase insignificante nos Estados Unidos. Sem condições de enfrentar diretamente a Anheuser-Busch, gritantemente maior, sua opção mais lógica seria arriscar no mercado brasileiro.
          Sob o guarda-chuva da Molson, porém, a Kaiser (que englobava a Bavaria) foi perdendo mercado consistentemente. Na gestão dos canadenses, a empresa perdeu quase 10 pontos percentuais em sua participação de mercado. Passou, segundo a ACNielsen, sua fatia a apenas 8,1% no início de 2006. Isso fez com que a Kaiser, comprada por 800 milhões de dólares em 2002, fosse vendida aos mexicanos da Femsa, por menos de 9% desse valor (68 milhões de dólares).
          Para a Molson Coors, a passagem pela cervejaria brasileira deixou de ser a promessa de expansão num mercado em que a presença global faz cada vez mais diferença, para transformar-se numa tragédia financeira.
          Assim que os mexicanos da Femsa, capitaneados pelo executivo José Antonio Fernández ("El Diablo"), assumiram a empresa, promoveram um forte programa de corte de custos, reposicionando as marcas (Kaiser, Bavaria e Xingu) e implementando um inédito conservadorismo na administração da companhia. Tudo isso tinha um só objetivo: levar a Kaiser de volta ao caminho do lucro.
          Desde o início de 2010, quando a Heineken comprou os negócios de cerveja da Femsa, a Kaiser, incluindo a Bavaria e Xingu, mais a marca Sol, lançada no Brasil em outubro de 2006, passaram a pertencer 100% aos holandeses e fabricadas pela Heineken Brasil.
          A Bavaria é produzida pela CKBR S.A., onde o K significa Kaiser, em Jacareí, interior de São Paulo.
(Fonte: revista Exame - 31.03.1993 / 03.04.2002 / 26.04.2006 - partes)

Femsa

          Em janeiro de 2006, a mexicana Femsa Cerveza S.A., fundada no início do século XX, compra 68% da Molson Coors no Brasil. Isso ocorreu quatro anos após a Molson pagar US$ 765 milhões pela Cervejaria Kaiser. A Molson embolsou US$ 68 milhões, mas ficou ainda com 15% da cervejaria. Outros 17% continuavam nas mãos da holandesa Heineken.
          Considerando o portfólio em agosto de 2006, a Femsa apresentava em sua bandeja, as seguintes cervejas para o consumidor brasileiro: Kaiser, incluindo Gold e Summer Draft, Heineken (produzida sob licença da Heineken Brouwerijen B.V.), Bavaria, Xingu, Sol, Superior, Carta Blanca e Dos Equis (XX). Sua produção (no Brasil) estava distribuída em oito fábricas: Gravataí, Ponta Grossa, Jacareí, Araraquara, Cuiabá, Feira de Santana, Manaus e Pacatuba. Na América Latina, sua área geográfica de atuação, possuía, já considerando a Kaiser, 32 marcas. Sua produção anual era de 7 bilhões de litros.
          No final de fevereiro de 2007, exatos cinco anos depois da sua chegada ao Brasil, a Molson Coors encerra, definitivamente, sua conturbada participação no mercado brasileiro de cervejas. Sem anúncio oficial ou alarde, a empresa canadense vendeu os 15% de participação que ainda detinha na Kaiser para a Femsa, que já havia comprado 68%.
          Assim que os mexicanos da Femsa, capitaneados pelo executivo José Antonio Fernández ("El Diablo"), assumiram a empresa, promoveram um forte programa de corte de custos, reposicionando as marcas (Kaiser, Bavaria e Xingu) e implementando um inédito conservadorismo na administração da companhia. Tudo isso tinha um só objetivo: levar a Kaiser de volta ao caminho do lucro.
          Logo após a aquisição, Fernández despachou 15 executivos de sua confiança para uma imersão na sede da Kaiser em São Paulo. Com a chegada do time, instalou-se um previsível clima de intranquilidade nos escritórios da empresa - período que foi batizado por alguns funcionários de "efeito tequila". Imediatamente, diretores que ocupavam postos-chave foram remanejados ou deixaram a empresa para abrir espaço para os executivos mexicanos. O então presidente, Fernando Tigre, contratado pela Molson para iniciar um processo de reestruturação em 2004, teve sua saída anunciada em março e deixou a empresa em 17 de abril (2006). Em seu lugar, assumiu o presidente da Femsa na Argentina, Miguel Ángel Peirano, um dos principais colaboradores de El Diablo.
          A Femsa imprimiu uma rígida hierarquia em que todas as decisões são precedidas de uma consulta a Monterrey, no México, onde fica a sede mundial da Femsa. Com faturamento total de 10 bilhões de dólares em 2005, a Femsa era a maior empresa de bebidas do México. Antes da chegada da Molson, vendas e distribuição eram feitas pela equipe da Coca-Cola, sua antiga controladora. A Molson decidiu criar uma equipe própria, com 1.200 vendedores espalhados pelo país. Os resultados não vieram. E a estrutura montada custou à Kaiser 100 milhões de reais por ano. Com a Femsa, toda a venda volta a ser feita pela equipe da Coca-Cola - um processo que já havia sido iniciado por Tigre.
          Como novo fator complicador, uma concorrente novata, a agressiva cervejaria Petrópolis, incomodava cada vez mais. Com as cervejas Itaipava, Crystal e Petra, a Petrópolis já detinha (em abril de 2006), 6% do mercado - marca atingida, sobretudo, graças à fragilidade da Kaiser.
          Em outubro de 2006, os mexicanos lançaram por aqui a cerveja Sol, com fórmula diferente da mexicana, lançada em 1899. A marca tinha a missão de disputar o mercado com as líderes Skol e Brahma. A nova fórmula da cerveja foi elaborada seguindo resultados obtidos em 180 dias de pesquisas e análises sobre o mercado cervejeiro brasileiro e as preferências do consumidor. O novo produto foi apresentado por mega-campanha publicitária estimada em R$ 150 milhões (de um total de R$ 250 milhões investido ao longo do ano). A Femsa pretendia recuperar o mercado perdido pelas marcas Kaiser e Bavaria, que então não passavam de 7,8%. Foi uma grande decepção para a Femsa. Muito tempo depois do lançamento, a Sol não passava de 0,5% de market share.
          Em 2010, a Femsa vendeu suas operações no Brasil para a Heineken. A Kaiser, agora pertence 100% aos holandeses, e, assim como a Sol, passou a ser fabricada pela Heineken Brasil.
          Em fevereiro de 2023, Bill Gates comprou uma participação de 3,76% na Heineken, no valor de US$ 939 milhões – apesar de ter dito anteriormente que não gostava muito de cerveja. Essa compra foi feita junto à Femsa que fez um desinvestimento total na Heineken, vendendo as outras ações que possuía para a própria Heineken por 292 milhões de euros.
(Fonte: revista Exame - 31.03.1993 / 05.09.2001 / 03.04.2002 / 26.04.2006 / 13.09.2006 / 08.11.2006 / site Rebolinho / jornal O Globo/Valor online - 01.03.2007 / NY Times - 23.02.2023 - partes)

Cervejaria Heineken

          A estrela vermelha do logotipo da Heineken é um dos mais antigos e misteriosos símbolos na fabricação de cerveja. Cervejeiros medievais penduravam esse símbolo nos barris para proteger a bebida em preparo e garantir sua qualidade com o poder das cinco pontas que simbolizam: terra, fogo, vento, água e um quinto elemento desconhecido, que eles acreditavam que era mágico.       
          A história da Heineken se iniciou em 1864, quando Gerard Adriaan Heineken adquiriu uma pequena cervejaria em Amsterdã, no coração da Holanda. Cinco anos depois, em 1869, Gerard decidiu mudar o processo de produção, adotando o método alemão de baixa fermentação. O resultado foi uma cerveja de altíssima qualidade, apreciada em todo o mundo há mais de um século e meio.
          A pequena cervejaria conquistou respeito e não parou de crescer: ainda na primeira metade do século XX, a Heineken se internacionalizou e expandiu seus negócios a mercados até então improváveis, como a Ásia. Nos Estados Unidos, foi a primeira cerveja importada depois do fim da Lei Seca, em 1933. A partir da década de 1950, a estratégia global da Heineken se intensificou e, por meio de aquisições, a cervejaria holandesa conquistou o mundo.
          Em 1952, a Heineken passou a ser administrada pela Heineken N.V., uma holding nada comum, que tem o objetivo de manter a estabilidade, a independência e o renome do Grupo Heineken, qualidades que se consolidaram ao longo do tempo por quatro gerações da mesma família, e de criar as condições adequadas para um crescimento constante e seguro.
          Em 1968, assumiu a Amstel, e as aquisições prosseguiram nas décadas seguintes.
          No início da década de 1990, a Heineken fez acordo com a Kaiser para a fabricação da cerveja no Brasil. Além de fabricar, a cervejaria brasileira ficou responsável pela distribuição da Heineken.
          A Heineken estabeleceu presença mais forte no Brasil através da aquisição, em maio (janeiro?) de 2010, do negócio de fabricação de cerveja da mexicana Femsa, com cinco cervejarias. Sua cerveja principal era a Kaiser. Fabricava também a Bavaria, Xingu, Sol e a própria Heineken. A distribuição era feita pelas engarrafadoras da Coca-Cola. O negócio envolveu um montante de 7,6 bilhões de dólares.
          Em fevereiro de 2012, a Heineken teria feito um lance pela brasileira Petrópolis, disse o jornal holandês Het Financieele Dagblad, citando fontes não identificadas de um jornal brasileiro.
          Em 13 de fevereiro de 2017, a Heineken anunciou a compra da Brasil Kirin, controlada pelo grupo japonês Kirin, por 664 milhões de euros (R$ 2,2 bilhões). Com a aquisição, a Heineken se torna a segunda maior cervejaria do Brasil, com 17,4% de market share. Após a conclusão do negócio, a Brasil Kirin será consolidada com a Heineken. A operação avalia a Brasil Kirin em 1,025 bilhão de euros (R$ 3,3 bilhões), incluindo dívidas.
          A Brasil Kirin foi criada em 2012 após a compra da Schincariol pela japonesa Kirin Holdings Company (em 2011), por 2,6 bilhões de dólares. Tem 12 fábricas e rede própria de distribuição. A empresa possui presença particularmente forte no Norte e Nordeste, onde a Heineken tem menos exposição. A carteira de cervejas, que inclui marcas provenientes da Schincariol como Schin, Devassa, No Grau, Baden Baden, Eisenbahn, Cintra e Glacial, tem participação de mercado de 9,9% (dados de janeiro de 2017). A Brasil Kirin também tem uma linha de refrigerantes, com participação de mercado de 2% na categoria, entre os quais as também provenientes da Schincariol como a Itubaína, criada em 1954, e outros refrigerantes, sucos, energéticos e águas das marcas Schin, Fibz, Ecco, Skinka e Viva Skin. A conclusão da compra foi aprovada sem restrições pelo Cade em maio de 2017. 
          Com essa aquisição, a Heineken dobrou de tamanho. E pagou um preço atrativo - 65% menos do que os japoneses da Kirin haviam pago seis anos antes. Mas, junto com as 12 fábricas, que elevaram a capacidade de produção de 20 milhões de hectolitros para 50 milhões, os holandeses herdaram processos judiciais complexos, que se arrastam há anos, e levam o comando da Heineken a avaliar a possibilidade de fechar fábricas no Nordeste.
          A Heineken passa a ter seu próprio sistema de distribuição, utilizando a estruturada da Brasil Kirin. O acordo com a Coca-Cola, porém, tem contrato para distribuição até 2022. Esse assunto está no meio de uma batalha judicial que envolve 1 milhão de pontos de venda. No início de julho de 2017, a Heineken oficializou em comunicado aos distribuidores da Coca-Cola sua intenção de pôr fim à parceria.
          Em 2017, a Heineken adquire a cervejaria Lagunitas, que se tornara uma das cervejas artesanais mais populares e de crescimento mais rápido nos Estados Unidos.
          Em meados de 2018, a Heineken (mundial) participa de processo de aquisição de uma participação de US$ 3,1 bilhões da China Resources Beer, a maior cervejaria da China. Concluída a compra, terá uma participação de 40% da China Resources Beer Holdings, fabricante da Snow, a marca mais vendida do país.
          Com sede em São Paulo, a Heineken atua no Brasil com as marcas Heineken, Sol, Bavaria, Kaiser, Xingu, Amstel e Lagunitas. Importa a famosíssima cerveja austríaca Edelweiss, que faz parte de seu portfólio europeu. Da Brasil Kirin a Heineken herdou as marcas Schin (Nova Schin), Devassa, Baden Baden, Eisenbahn, Kirin Ichiban, No Grau, Cintra e Glacial. No conjunto, são 14 marcas, que agora estão sob o guarda-chuva da Heineken. O portfólio de não alcoólicos inclui Água Schin, Schin Tônica, Skinka e os refrigerantes Itubaína, FYs e Viva Schin.
          Em março de 2019, a Heineken Brasil troca de comando: entra o executivo Mauricio Giamellaro, que substituiu Didier Debrose.
          O Grupo gera mais de 13 mil empregos e tem 15 unidades no país, sendo 12 cervejarias, localizadas em Alagoinhas (BA), Alexânia (GO), Araraquara (SP), Benevides (PA), Caxias (MA), Igarassu (PE), Igrejinha (RS), Itu (SP), Jacareí (SP), Pacatuba (CE), Ponta Grossa (PR) e Recife (PE), duas microcervejarias, em Campos do Jordão (SP) e Blumenau (SC), e uma xaroparia, em Manaus (AM).
          No segundo semestre de 2019, a Heineken investe R$ 985 milhões para dobrar a capacidade de produção nas fábricas paulistas de Araraquara, Itu e Jacareí, Alagoinhas (BA) e Ponta Grossa (PR).
          Em dezembro de 2020, a  Heineken Brasil comunicou que realizará investimento de R$1,8 bilhão para construir uma nova fábrica no Brasil no estado de Minas Gerais. A unidade ficará localizada na cidade de Pedro Leopoldo, pertencente a região metropolitana de Belo Horizonte, e tem previsão de gerar mais de 350 empregos diretos. 
          Hoje, a Heineken é a cervejaria número 1 na Europa, a segunda maior do mundo em rentabilidade no setor e a terceira em volume de vendas, com mais de 250 marcas, mais de 85 mil funcionários, 165 cervejarias e atuação em mais de 70 países. E a Heineken chega a 192 países.
          No Brasil, a Heineken responde por mais de 10 mil empregos e é o segundo player no mercado brasileiro. Possui 15 unidades de produção no Brasil. Todas foram adquiridas durante a compra da Brasil Kirin em 2017, que por sua vez possuía as cervejarias que uma vez já pertenceram a Schincariol. Logo, a fábrica em Pedro Leopoldo, Minas Gerais, será a primeira da multinacional totalmente construída no Brasil.
          Em 24 de fevereiro de 2021, o Grupo Heineken, The Coca-Cola Company e Sistema Coca-Cola Brasil chegaram a um acordo para redesenhar sua parceria de distribuição no Brasil. O contrato, que deve entrar em vigor a partir da metade de 2021, define que as partes iniciarão uma "suave transição das marcas Heineken e Amstel para a rede de distribuição do Grupo Heineken no Brasil". O Sistema Coca-Cola continuará a oferecer Kaiser, Bavaria e Sol. Este portfólio ainda será complementado com a marca premium Eisenbahn e outras marcas internacionais.
          No início de março de 2021, após anunciar uma mudança de contrato de distribuição com o Sistema Coca-Cola, o Grupo Heineken no Brasil passou a realizar uma parceria com a Danone Águas para a venda e distribuição dos produtos da marca Bonafont nas regiões Sul e Sudeste. Assim, Bonafont Água Leve fortalecerá o portfólio de bebidas não-alcoólicas do Grupo Heineken.
          Desde julho de 2021, a Heineken passou a distribuir sozinha seus principais rótulos, como as cervejas Heineken e Amstel. Os engarrafadores da Coca-Cola ficaram com Kaiser, Bavaria e Sol, e conseguiram encontrar outras cervejas para distribuir.
          Em 27 de abril de 2022, a Heineken divulgou que vai construir uma nova fábrica no Brasil, a 15ª no país. A unidade ficará localizada na cidade mineira de Passos, Minas Gerais. A cidade foi escolhida em detrimento de Pedro Leopoldo, na região metropolitana de Belo Horizonte, depois que as obras da cidade foram embargadas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) em setembro de 2021.
          Em fevereiro de 2023, Bill Gates comprou uma participação de 3,76% na Heineken, no valor de US$ 939 milhões – apesar de ter dito anteriormente que não gostava muito de cerveja. Essa compra foi feita junto à Femsa que fez um desinvestimento total na Heineken, vendendo as outras ações que possuía para a própria Heineken por 292 milhões de euros.
          Somente em agosto de 2023, a Heineken vendeu as operações da empresa na Rússia. O negócio inclui a propriedade de sete fábricas, que empregam 1,8 mil trabalhadores. Mesmo assim, a Heineken decidiu vender tudo por 1 euro (pouco mais de R$ 5). A Heineken disse que sofre um prejuízo de 300 milhões de euros com a venda da divisão, que está sendo transferida para a empresa russa Arnest, fabricante de latas de aerossóis. Com a decisão, a cervejaria vai finalmente cessar suas operações na Rússia, quase um ano e meio após ter se comprometido a deixar aquele mercado.
(Fonte: Portal Terra - 20.02.2012 / porta copo da Heineken / jornal Valor online - 08.05.2017 / 23.08.2017 / site da empresa / Notícias RSS - 03.08.2018 / jornal Valor - 10.08.2018 / 28.10.2019 revistabeerart.com / Catalisi - 21.12.2020 / Eleven Financial- 25.02.2021 / Exame - 06.03.2021 / Valor - 25.11.2021 / 27.04.2022 / NY Times - 23.02.2023 / Época Negócios 28.08.2023 - partes)

2 de out. de 2011

Tüv Süd Group

          Tüv Süd's roots date back to the first steam boiler inspection association, founded by steam boiler operators in 1866 in Mannheim as a private-sector regulatory body. The purpose of this inspectorate was to "protect people, the environment and property against technology-related risks".              In the years that followed, similar associations sprang up in all industrial centres across Germany, in Baden, Bavaria, Hesse and Saxony. In Bavaria, for example, the "Bayerischer Dampfkessel-Revisions-Verein" was established.
          Headquartered in Munich, Germany Tüv Süd is one of the world's leading technical service provider of testing and product certification, inspection, auditing and system certification as well as training solutions.
          Step by step, these associations (which evolved into today's Tüv Süd subsidiaries after a progression of mergers) expanded their fields of activity in line with technological development – adding fields of operation including electricity, motor vehicles, fire safety, power stations, passenger lifts, cableways, nuclear power stations, environmental protection, product safety and management systems.
          Everyday around the world, customers come to TÜV SÜD with questions. “Can we make it better, more efficient, secure and sustainable? How do we strike the balance between quality, profitability and sustainability?”
          The last decades have witnessed consistent progress in the internationalisation of Tüv Süd's activities in the European Single Market, in North America and Asia Pacific. Today, TÜV SÜD is a
global provider of technical services
          Beyond solving problems, TÜV SÜD is dedicated to adding tangible economic value to it's customers. Through Tüv Süd's portfolio, it optimises the customers’ operations, managing risks while enabling them to access global markets. The company partners its customers with early consultation and continuous guidance to make sustainable progress a reality.
          Today, it is represented by about 24,000 employees across more than 1,000 locations, partnering clients wherever they are in the world. Its community of experts is passionate about technology and is inspired by the possibilities of customer's business. United by the belief that technology should better people’s lives, it works alongside it's customers to anticipate and capitalise on technological developments, enabling progress for businesses and the society.
(Fonte: site da empresa)

6 de out. de 2011

Cervejaria SABMiller

           A britânica  SABMiller foi formada em 2002 quando a South African Breweries adquiriu a americana Miller Brewing Co. Possui 69 mil funcionários em mais de 80 países, como Austrália, Colômbia, Zâmbia e República Tcheca.
           A empresa é dona de marcas famosas (e que vendem muito) como a italiana Peroni, a tcheca Pilsner Urquell, a chinesa Snow e a holandesa Grolsch da SABMiller.
           No início de 2011, a SABMiller adquire a Cerveceria Argentina Isenbeck, da Argentina.
           Em outubro de 2015, depois de rejeitar três propostas, a SABMiller, então número dois do mundo no setor de cervejas, aceitou oferta de compra da líder do setor, a AB InBev. O valor foi o equivalente a 104 bilhões de dólares (96 bilhões de euros), uma das maiores aquisições da história.
           A fusão fará com que a companhia americana de tabaco Altria (proprietária da Marlboro e dona da Miller)) e a família colombiana Santo Domingo, fabricante da cerveja Bavaria, representada por Alejandro Santo Domingo, passem a ser sócias da nova empresa (a AB InBev somada à SABMiller).
          Em dezembro de 2015, no âmbito internacional, a AB Inbev estava em processo de fusão de 108 bilhões de dólares com a SAB Miller, que teve de vender uma série de ativos para o negócio acontecer.
Naquele mês, foram pagos 12 bilhões de dólares pela fatia de 59% que a SAB tinha na joint venture MillerCoors, com a Molson Coors. A Molson Coors passou a deter então 100% do negócio. E a Miller passou a pertencer à Molson Coors, assim como a Hamm's, Magnum e Micky's. No Brasil, a marca Miller é produzida em parceria com a cervejaria Petrópolis. O acordo vale até mesmo depois que a fusão da AB Inbev com a SAB for concluída.
          Em março de 2016, também no âmbito internacional, a AB Inbev estava em processo de fusão de 108 bilhões de dólares com a SAB Miller, que teve de vender uma série de ativos para o negócio acontecer. A SABMiller vendeu a participação que detinha na joint venture CR Snow por 1,6 bilhão de dólares. A compradora, CR Snow (China Resourses Beer), até então parceira no negócio, passou a controlar toda a operação. A Snow Beer, uma das mercas feitas em conjunto, é a cerveja mais vendida no mundo.
(Fonte: jornal Valor online - 16.09.2015 / jornais diversos - 13.10.2015 / Infogram 2016 - partes)


German version:
           Der Brauereikonzern SABMiller entstand 2002, als South African Breweries (SAB) den US-Konkurrenten Miller übernahm, wobei die Wurzeln beider Unternehmen bis ins 19. Jahrhundert zurückreichen. So wurde der älteste südafrikanische Vorläufer Castle Breweries bereits 1895 in der Nähe von Johannesburg gegründet. In Nordamerika liegen die Ursprünge im Jahr 1855, als Frederick Miller die Plank Brewery kaufte. Mittlerweile gehört SABMiller die Mehrheit am südamerikanischen Konzern Bavaria S. A., und am 21. September 2011 wurde Fosters übernommen.
           SABMillerist hinter Anheuser-Busch InBev, der weltweit zweitgrößte Bierbrauer. Das Sortiment umfasst dabei mehr als 200 Markennamen. Internationale Labels wie Pilsner Urquell, Grolsch, Miller Genuine Draft sowie Peroni gehören zum Portfolio. Damit ist der Konzern in über 75 Ländern aktiv, wobei die Regionen Afrika, Nordamerika, Mitteleuropa und Osteuropa zu den wichtigsten Absatzmärkten zählen.
          Die Geschäfte werden vom Firmensitz in London aus geführt.
          Gelistet ist SABMiller an der London Stock Exchange hier im FTSE 100 sowie an der Johannesburg Stock Exchange im FTSE/JSE Top 40.In Deutschland werden die Aktien in Frankfurt, Stuttgart, Berlin, Düsseldorf und München gehandelt.
(Fonte: Europas Erstes Finanzportal Boerse.de)

Cerveja Kaiser

          A origem da cervejaria Kaiser é uma história de autodefesa que tem por trás um pacato empresário mineiro, apreciador de bons vinhos, cigarrilhas holandesas e charutos cubanos. Luiz Otávio Pôssas Gonçalves, um advogado de Belo Horizonte, jamais pensou em ser dono de uma grande cervejaria. Tampouco sonhou em, um dia, incomodar as gigantes da época, Brahma e Antarctica, quando criou a Kaiser, em 1982, em Divinópolis, a 124 quilômetros de Belo Horizonte. Ele queria apenas evitar que seus negócios naufragassem.
          Dono de uma fábrica da Coca-Cola, Gonçalves vinha perdendo mercado para os refrigerantes da Brahma e da Antarctica, que usavam e abusavam da venda casada. Gonçalves resolveu desempatar o jogo e passou a fabricar cerveja. A primeira investida nesse sentido foi tentar comprar uma pequena fábrica mineira, a cervejaria Alterosa. A Antarctica percebeu a manobra e foi mais rápida: ofereceu 30% a mais pela empresa e obrigou Gonçalves a recuar.
          O desespero já batia à porta quando Gonçalves resolveu arriscar todo o capital que acumulara na construção de uma cervejaria. Detalhe: ele nada entendia de cerveja. Valeu-lhe sua boa estrela. Por acaso conheceu nessa época Manuel Barros, um português que fugira da revolução angolana e vivia em Manaus. Cervejeiro de profissão, Barros montara no passado várias fábricas para a Heineken holandesa. Contratado por Gonçalves, Barros projetou os equipamentos e em nove meses a Kaiser colocou sua primeira garrafa no mercado.
          Para chegar à receita ideal, entretanto, a empresa jogou 700.000 litros de cerveja no ralo. Apesar do desperdício inicial, a Kaiser logo mostrou que veio para ficar. A fábrica de Divinópolis era mais eficiente que as das centenárias cervejarias brasileiras. Ela usa um processo de maturação e fermentação em tanques fechados, sem interferência ambiental.
          Gonçalves estava acostumado a conquistar o mercado a unha. Começou cedo no mundo dos negócios e aprendeu a duras penas que para crescer é preciso garra. Aos 17 anos desistiu de estudar, por total incompatibilidade com a vida escolar.
          A união da Kaiser com a Coca-Cola foi um sucesso que se espraiou para o resto do país. Em poucos anos, dez fabricantes da Coca-Cola eram sócios da Kaiser. A própria Coca-Cola Internacional passou a deter 10% da cervejaria.
          A holandesa Heineken também entrou na parceria e passou a ser o maior acionista individual da Kaiser, com 12,2% do capital. No início da década de 1990, a Heineken fez acordo com a Kaiser para a fabricação da cerveja no Brasil. Além de fabricar, a cervejaria brasileira era responsável também pela distribuição da Heineken.
          Em maio de 1992, sob a coordenação da executiva Susy Blumberg, a Kaiser colocou na praça a Bock, cerveja de inverno com a qual a Kaiser pretendia incomodar a Antarctica e a Brahma. As vendas da Bock foram quatro vezes maior do que o estimado. Um mês depois de lançada, a cerveja sumiu das ruas, por falta de insumos. Foi a primeira bock do mercado brasileiro, cerveja de forte teor alcoólico e associada ao clima frio, por isso sua produção é sazonal. Foi considerada a melhor bock do mercado nacional, mas sua fabricação é inconstante. Desde 2012 deixou de ser fabricada com regularidade.
          A Kaiser logo atingiu participação no mercado de cerveja de 11,6%, em 1993. Em julho daquele ano bateu em 12,9% segundo o Instituto Nielsen. Na Grande São Paulo chegou a 22,3%. No final de 1993, as cervejas saíam de seis fábricas: duas em São Paulo e uma nos estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Bahia.
          E a vingança veio a cavalo. Se Gonçalves criou a Kaiser para ter cerveja para poder fornecer junto com a Coca Cola para não ser trucidado por fornecedores da Brahma e Antarctica, que segundo ele usavam e abusavam a venda casada, agora era a Coca Cola que, fortalecida com seu refrigerante, e usando sua força, fazia com que em shopping centers inteiros a única cerveja que podia ser encontrada era a Kaiser.
          Por volta de 1993, a Kaiser vinha roubando fatias do mercado da Brahma e da Antarctica. Nos primeiros meses daquele ano, o grupo cervejeiro argentino Quilmes, que também engarrafava a cerveja holandesa Heineken, então dona no Brasil de 12,2% do capital da Kaiser, teria feito uma oferta pela cervejaria brasileira. O valor oferecido, segundo estimativas do setor, beirou os 300 milhões de dólares. Não levou. Ao contrário, os acionistas da Kaiser seguiam investindo na empresa e se preparavam para o lançamento de outra marca: Kaiser Böck, cerveja encorpada para ser consumida no inverno.
          No início de setembro de 1994, a Heineken aumentou sua participação de 12,2% na Kaiser, para 15%. A ampliação da fatia seria uma forma de tornar mais palatável, à empresa holandesa, a anunciada associação entre a Kaiser e a Miller, dos Estados Unidos. Em parceria, o trio se preparava para combater a entrada no Brasil da Budweiser, que estava finalizando uma joint venture com a Antarctica.
          Em meados de 2000, a Kaiser colocou-se à venda, mas transcorreu mais de um ano sem ela ter conseguido convencer algum comprador estrangeiro de que valia o que pedia. Diante disso, a empresa teria partido para uma nova estratégia: valorizar seu passe. Um movimento nesse sentido foi a compra da marca de cerveja preta Xingu. Por volta de agosto de 2001, a Kaiser estaria de olho na Schincariol, então terceira maior empresa do setor no Brasil. Com um portfólio de produtos mais abrangente e uma rede de distribuição independente da Coca-Cola, sua acionista com 10% de participação, a empresa - que negava qualquer pretensão expansionista - poderia se tornar mais atraente para eventuais compradores estrangeiros,  entre eles, a Anheuser-Busch, a South African Breweries (SAB), e a holandesa Heineken, que já detinha 14% da cervejaria.
          A partir de fevereiro de 2002, na tentativa de conquistar o consumidor carioca, a Kaiser passou a comercializar a cerveja escura Xingu no Rio de Janeiro. Até então, a participação da Kaiser naquele mercado era pra lá de modesta: meros 3% com a marca Santa Cerva.
          Em março de 2002 a canadense Molson Coors desembolsa 765 milhões de dólares pela Kaiser. Em 2000, os canadenses já haviam desembolsado 98 milhões de dólares para ficar com a Bavária e mais cinco fábricas desmembradas da Ambev. De imediato, a compra da Kaiser livrou a Molson de uma intimidade incômoda. A Bavária, até então, dependia da distribuição da AmBev, uma obrigação imposta pelo Cade (a Ambev era obrigada a distribuir, e a Molson/Bavária não tinha outra opção). Com os negócios, as marcas locais da Molson passaram a deter quase 18% do mercado brasileiro. A compra da Kaiser pela Molson foi o primeiro lance da disputa com a Ambev pelo mercado das Américas.
          Em maio de 2003, os canadenses acabaram de fazer uma avaliação de suas 29 distribuidoras no Brasil, todas engarrafadoras da Coca-Cola. Dali para a frente, a Kaiser premiaria as de bons resultados e aplicaria corretivos nas ruins que se concentravam no Nordeste e no Rio de Janeiro. A marca chegava a cerca de 450.000 pontos-de-venda, quase 10% menos que em 2002. Uma possibilidade era a própria Kaiser assumir a venda de cervejas diretamente para bares e restaurantes. No Canadá, a Molson distribui sua cerveja e também a de outras marcas, como a holandesa Heineken.
          Sob o guarda-chuva da Molson, porém, a Kaiser foi perdendo mercado consistentemente. Na gestão dos canadenses, a empresa perdeu quase 10 pontos percentuais em sua participação de mercado. Passou, segundo a ACNielsen, sua fatia a apenas 8,1% no início de 2006. Isso fez com que a Kaiser, comprada por 765 milhões de dólares em 2002, fosse vendida à mexicana Femsa, dona da marca Sol, em janeiro de 2006, por um valor bem inferior, 68 milhões de dólares.
          Para a Molson Coors, a passagem pela cervejaria brasileira deixou de ser a promessa de expansão num mercado em que a presença global faz cada vez mais diferença, para transformar-se numa tragédia financeira.
          Assim que os mexicanos da Femsa, capitaneados pelo executivo José Antonio Fernández ("El Diablo"), assumiram a empresa, promoveram um forte programa de corte de custos, reposicionando as marcas (Kaiser, Bavaria e Xingu) e implementando um inédito conservadorismo na administração da companhia. Tudo isto tinha um só objetivo: levar a Kaiser de volta ao caminho do lucro.
          Logo após a aquisição, Fernández despachou 15 executivos de sua confiança para uma imersão na sede da Kaiser em São Paulo. Com a chegada do time, instalou-se um previsível clima de intranquilidade nos escritórios da empresa - período que foi batizado por alguns funcionários de "efeito tequila". Imediatamente, diretores que ocupavam postos-chave foram remanejados ou deixaram a empresa para abrir espaço para os executivos mexicanos. O então presidente, Fernando Tigre, contratado pela Molson para iniciar um processo de reestruturação em 2004, teve sua saída anunciada em março e deixou a empresa em 17 de abril (2006). Em seu lugar, assumiu o presidente da Femsa na Argentina, Miguel Ángel Peirano, um dos principais colaboradores de El Diablo.
          A Femsa imprimiu uma rígida hierarquia em que todas as decisões são precedidas de uma consulta a Monterrey, no México, onde fica a sede mundial da Femsa. Com faturamento total de 10 bilhões de dólares em 2005, a Femsa era a maior empresa de bebidas do México. Antes da chegada da Molson, vendas e distribuição eram feitas pela equipe da Coca-Cola, sua antiga controladora. A Molson decidiu criar uma equipe própria, com 1.200 vendedores espalhados pelo país. Os resultados não vieram. E a estrutura montada custou à Kaiser 100 milhões de reais por ano. Com a Femsa, toda a venda volta a ser feita pela equipe da Coca-Cola - um processo que já havia sido iniciado por Tigre.
          Como novo fator complicador, uma concorrente novata, a agressiva cervejaria Petrópolis, incomodava cada vez mais. Com as cervejas Itaipava, Crystal e Petra, a Petrópolis já detinha (em abril de 2006), 6% do mercado - marca atingida, sobretudo, graças à fragilidade da Kaiser.
          Em outubro de 2006, os mexicanos lançaram por aqui a cerveja Sol, para fazer par com a Kaiser, com fórmula diferente da mexicana, lançada em 1899. A Femsa pretendia recuperar o mercado perdido pelas marcas Kaiser e Bavaria, que então não passavam de 7,8%. Foi uma grande decepção para a Femsa. Apesar dos mais de 300 milhões de reais investidos em seu lançamento, a Sol nunca chegou a ter nem sequer 1 ponto percentual de participação nas vendas - em grande medida porque a bebida não caiu no gosto do consumidor e era difícil encontrá-la em bares e restaurantes.
          Por volta de outubro de 2007, a Femsa encontrou o culpado por seu fraco desempenho nos últimos tempos: a empresa de pesquisas Nielsen, que mede o mercado de cervejas no país. Os mexicanos perderam a paciência e romperam o contrato após meses de negociação tentando convencer a Nielsen a ampliar a cobertura dos pontos de pesquisa. Segundo a Femsa, em 2004 os pontos-de-venda cobertos pela Nielsen representavam 87% do volume de cerveja. Em 2007, não chegavam a 60%. Essa queda aumentaria em muito a margem de erro.
          No início de 2010, a Heineken comprou os negócios da Femsa. A Kaiser, agora pertence 100% aos holandeses. A Kaiser, assim como a Bavaria, Xingu e Sol, passou a ser fabricada pela Heineken Brasil.
(Fonte: revista Exame - 31.03.1993 / 12.05.1993 /  20.07.1994 / 14.09.1994 / 05.09.2001 / 23.01.2002 / 03.04.2002 / 11.06.2003 / 26.04.2006 / 08.11.2006 / 07.11.2007 / 10.03.2010 / 15.12.2010 / Veja SP - 22.06.2017 / site Rebolinho- partes)

Cerveja Serrana

          A AmBev anunciou, em 28 de setembro de 2004, o lançamento da cerveja Serrana, pilsen que se posicionou no mercado onde já estavam a Skol, Brahma, Nova Skin, Antarctica, Kaiser e Bavaria. De acordo com a companhia, a novidade seria comercializada apenas no auto-serviço e, portanto, na versão em lata. Fabricada na unidade de Jacareí (SP), a cerveja foi distribuída para a Grande São Paulo, Baixada Santista e região metropolitana de Campinas. O preço sugerido era de R$ 0,89 a R$ 0,92, valor que a posicionou entre a Antarctica e a Brahma, ambas marcas da AmBev.
          O nome da cerveja presta homenagem às serras do interior do Brasil, que inspirou a identidade visual e posicionamento de marca da cerveja.
          A fórmula foi resgatada do acervo da Companhia Antarctica Paulista e data do início do século XX. Tratava-se de um projeto piloto procurando atender à demanda por cervejas de sabor mais elaborado. A empresa avisou que não haveria campanha de marketing em massa para divulgar a novidade. Em vez disso, a aposta seria no ponto-de-venda, com materiais de apoio de venda e ações de degustação. O investimento realizado para desenvolver a nova cerveja não foi revelado. Segundo a AmBev, fez parte dos R$ 370 milhões destinados ao marketing de toda a companhia para aquele ano (2004).
          A companhia ressaltou que a ideia de lançar a cerveja nasceu de pesquisas realizadas com os consumidores, que apontaram um crescente público que volta a dar valor às coisas antigas. A Serrana, explicou a então gerente de inovações da AmBev, Lizandra Freitas, resgatou um sabor do passado, com caráter artesanal. "A Serrana surgiu do casamento do acervo da AmBev com a obsessão por pesquisas de mercado que temos para identificar novas tendências, movimento essencial para a área de inovações", comentou ela.
          A marca, porém, teve sua produção descontinuada e ficou durante muito tempo fora do mercado.
          Em 2018, a Serrana foi reintroduzida ao mercado com a finalidade de oferecer aos consumidores uma cerveja de qualidade a um preço acessível, sendo vendida a R$ 1,99. E chegou com DNA mineiro, com fabricação na Cervejaria Nova Minas da AmBev, em Sete Lagoas, Minas Gerais. De cor dourada e sabor leve e refrescante, característico das cervejas pilsen de qualidade, a cerveja Serrana é atualmente distribuída apenas no canal de auto-serviço (redes de supermercados e similares), e pode ser encontrada atualmente apenas na embalagem lata 473ml.
          Mesmo que a divulgação maior tenha sido de uma cerveja com sotaque mineiro, em lata de 473ml, é possível encontrar a cerveja Serrana em supermercados em Santa Catarina, em latas de 350ml. É produzida na unidade da Ambev em Lages, que fica na região serrana de Santa Catarina. Chegou aos supermercados a partir de setembro de 2018.
(Fonte: Agência Estado - Jornal O Estado de S.Paulo - 28.09.2004 / Portal Revista Visão - 10.09.2018 / Wikipédia - partes).

Coca-Cola

          A fórmula da Coca-Cola foi desenvolvida em 1886, duas décadas após a Guerra Civil Americana, ou Guerra de Secessão (1861-1865), pelo farmacêutico Dr. John S. Pemberton. No próprio ano de 1886, o produto começou a ser vendido como remédio numa farmácia na mesma rua de laboratório de Pemberton, em Atlanta, nos Estados Unidos, por apenas 5 centavos. Naquele primeiro ano, só foram comercializados nove copos.         
          O nome foi dado por Frank Robinson, contador do farmacêutico, que achou que os dois "C" ficariam bons na publicidade do produto. Robinson foi também autor do logotipo. A escolha foi direcionada pelo fato de que ele considerava as palavras começando com "C" sonoras e marcantes para peças publicitárias. Os primeiros rascunhos feitos por Robinson foram todos baseados na própria letra de mão dele. Em 1888, o empresário Asa G. Candler comprou a fórmula da bebida de Pemberton.
          O nome Coca-Cola é uma expressão exata dos seus ingredientes - extratos de “coca” (cocaína) e “cola” (cafeína, um extrato da ‘noz de cola’).
         A imagem da marca é cuidadosamente construída. Vinte dias após chegar ao mercado em Atlanta, sede da companhia, em 1886, a empresa fez seu primeiro anúncio no jornal local. Não parou mais.
          A grande virada veio após 8 anos, em 1894, quando ela foi engarrafada artesanalmente pela primeira vez, por um consumidor que queria levá-la para um piquenique. Cinco anos depois, a Coca-Cola já estava sendo engarrafada em larga escala e ganhando o mundo.
          O crescimento repentino da marca é creditado a Candler, que usou sua perspicácia nos negócios para distribuir brindes, como relógios e calendários, que traziam o logo da Coca-Cola, para farmacêuticos, espalhando a marca pelas ruas.
          Em pouco tempo a marca se espalharia para o exterior, em países como Canadá, Panamá, Cuba, Porto Rico e França.
          A Coca-Cola chega ao Brasil em 1942 e ganha os brasileiros com o slogan "A pausa que refresca".
          Mas, já em 1941 estava por aqui. Durante a Segunda Guerra Mundial, o então presidente da The Coca-Cola Company, Robert Woodruff, fez uma promessa às Forças Armadas dos Estados Unidos: os soldados americanos teriam sempre uma Coca-Cola gelada por perto para matar a sede e ao preço de 5 cents — independentemente do custo para a empresa.
          Assim, em 1941, a Coca-Cola fabricou em Recife o seu primeiro refrigerante em solo brasileiro. A capital de Pernambuco formava, junto com Natal, o chamado “Corredor da Vitória”, parada obrigatória das embarcações e outros veículos militares que rumavam para a Europa em guerra. A Coca-Cola usou as instalações da fábrica de água mineral Santa Clara, que existe até hoje. Depois foram instaladas mini-fábricas (kits com equipamentos básicos para produção de refrigerante) em Recife e Natal.
          Notar que os Estados Unidos entraram definitivamente na guerra somente em dezembro de 1941, após o ataque dos japoneses à base norte-americana de Pearl Harbor. Mas, nos primeiros dias de setembro, Guilherme Krautler, autor do livro Dos Alpes Austríacos ao Xingu e Serra Catarinense, numa viagem de navio de Belém ao Rio de Janeiro, ele relata que na parada em Recife, ao andar pelos arredores, pôde avistar em bares de Olinda, grande algazarra de soldados americanos.
          Voltando ao âmbito mundial, em maio de 1985, a empresa fez uma tentativa malograda de mudar o sabor da Coca-Cola, com o lançamento da New Coke - rapidamente substituído pelo sabor original sob a marca Coca-Cola Classic.
          No Brasil, em 1996, o executivo carioca Luiz Lobão se tornou o primeiro presidente brasileiro da Coca-Cola no país depois de ter dirigido a Coca nas Filipinas e no México. A Coca-Cola cresceu 2 pontos no mercado durante 1996. As últimas pesquisas indicavam que sua fatia era de 52,7% das vendas. Cada ponto nesse ramos valia aproximadamente 70 milhões de dólares.
          Em tempos mais recentes, um dos períodos de maior sucesso da empresa foi quando estava sob o comando do lendário presidente mundial, o cubano Roberto Goizueta, quando, ao longo de 16 anos, o valor de mercado da empresa saltou de 4 bilhões para 145 bilhões de dólares. Com a morte súbita de Goizueta, de câncer no pulmão, em 1997, a empresa estremeceu e passou a ter maus resultados. Somente nos sete anos seguintes, teve três presidentes. Segundo a jornalista Constance Hays, autora do livro The Real Thing: Truth and Power at the Coca-Cola Company, o sucesso da Coca-Cola vergou sob o peso da arrogância na condução dos negócios.
          O episódio, em 1999, da contaminação de seus produtos na Bélgica, um país de 10 milhões de habitantes, preencheu páginas de jornais no mundo todo. A estratégia para lidar com o problema tentou ser tão inteligente como a fórmula secreta, então há 113 anos usada na fabricação do refrigerante. Primeiro, a Coca-Cola assumiu o problema, causado por seus fornecedores locais. Depois, o CEO Douglas Ivester pediu desculpas pessoalmente aos consumidores belgas pelo incidente. Por fim, foi distribuído, gratuitamente, um refrigerante para cada habitante do país. 
          Mas essa é a explanação positivista de marketólogos. Na prática, após cerca de 200 pessoas terem se sentido mal ao beber Coca e Fanta, Ivester teria perguntado a assessores: "Onde raios fica a Bélgica?"
          Se a imagem de Ivester não foi chamuscada com o episódio, um outro evento foi fatal. Numa entrevista ao jornalista Eurípedes Alcântara, publicada pela revista Veja em outubro de 1999, Ivester admitiu que a Coca-Cola testava uma máquina de vender latas de refrigerantes capaz de alterar os preços de acordo com a temperatura ambiente, numa "situação clássica de oferta e procura", segundo o executivo americano.
          A declaração caiu como uma bomba no dia seguinte em dezenas de publicações ao redor do mundo. O detalhe passou despercebido para toda a imprensa especializada americana. O episódio somou-se a uma sequência de eventos - como o recall do produto na Bélgica - que culminaram com a demissão de Ivester em dezembro de 1999, após dois anos no cargo. Os conselheiros e acionistas Warren Buffett e Herbert Allen forçaram sua saída.
          O sucessor de Ivester foi o australiano Douglas Daft, que também patinou na tentativa de reverter os resultados. Logo que assumiu, Daft demitiu 5.200 funcionários, o que custou 800 milhões de dólares à empresa e lhe valeu a alcunha de The Knife - "a faca". Aéreo, o executivo chegou a aparecer num encontro com analistas calçando um pé de sapato preto e outro marrom. Certa vez, Daft contratou um especialista em feng shui para melhorar as vibrações da sede da companhia. Não funcionou.
          Daft teve a surpresa ao não receber o apoio do conselho na hora de fechar a compra da Quaker, em novembro de 2000. O preço estava acertado em 14 bilhões de dólares. Daft já havia até tirado foto com Bob Morrison, o então presidente da Quaker. Na última hora, os conselheiros votaram unanimemente contra a aquisição. O negócio acabou nas mãos da arqui-rival PepsiCo, que se antecipou à estratégia de diversificação com o lançamento de produtos mais saudáveis. Daft se aposentou em março de 2004 e foi substituído pelo irlandês Neville Isdell.
          Exigências do consumidor moderno podem ter também um toque nostálgico. Foi atendendo a pedidos feitos ao longo de alguns anos da década de 2000 que a empresa decidiu relançar a caçulinha, criada em 1916 e apelidada de Mae West, em menção às formas sensuais e arredondadas da atriz de cinema. A versão de 237 ml não está à venda em supermercados, só em restaurantes e bares voltados para as classes A/B.
          No Brasil, em agosto de 2005, a Coca-Cola compra a Sucos Mais em negócio de R$ 100 milhões.
          Em dezembro de 2006, a Coca-Cola Femsa e a Coca-Cola Company fecharam acordo para adquirir até 100% das ações da Sucos del Valle no México, onde está a sede da empresa. O valor total do negócio, que também envolveu a operação da Del Valle no Brasil, foi de US$ 470 milhões.
          Em março de 2007 a Coca-Cola Brasil, sob a presidência de Brian Smith, anuncia a aquisição da empresa Leão Junior S.A. (fundada em 1901) incorporando ao seu portfólio mais 50 produtos, entre os quais o consagrado Matte Leão. O negócio incluiu, além das marcas, as três unidades de produção localizadas em Curitiba e Fernandes Pinheiro no Paraná, e no Rio de Janeiro. A Coca-Cola Brasil atua nos segmentos de bebidas não alcoólicas, tais como chás gelados, mate, sucos, águas, refrigerantes, isotônicos, lácteos e energéticos.
          Em 2015, a empresa compra a fabricante mineira de lácteos Verde Campo cujo portfólio foi reformulado, para que, nenhum produto da marca tenha conservantes, espessantes e aromas artificiais. Para isso, 50 milhões de reais foram investidos na fábrica de Lavras.
          Em 2016, a Coca-Cola comprou a marca de bebidas Ades, da Unilever, por US$ 575 milhões, em parceria com a engarrafadora Femsa. A marca é a principal produtora de bebidas à base de soja da América Latina, com mais de 20 rótulos.
          Considerando dados de fevereiro de 2017, a Coca-Cola está presente em 200 países e 1,9 bilhão de porções de bebidas da Coca-Cola são consumidas diariamente no mundo. O número de funcionários no planeta chega a 700 mil. No Brasil, o 4º maior mercado, depois de EUA, México e China, a Coca-Cola possui 45 fábricas, 69 mil funcionários, com market share superior a 50% no setor de refrigerantes e 1 milhão de pontos de venda. O leque de produtos brasileiros abrange marcas como: Kuat, Fanta, Sprite, Scheppes, Mais, Kapo, Fresh e outras.
          No início de outubro de 2017, a Coca-Cola anunciou a aquisição da marca de água mineral gaseificada Topo Chico, por 220 milhões de dólares.
          No final de agosto de 2018, a Coca-Cola anunciou a comprar da rede de cafés Costa. O valor da operação foi de 5,1 bilhões de dólares. De acordo com fontes do setor de bebidas, a compra da rede de cafés faz parte de um projeto da Coca-Cola de se tornar menos dependente dos refrigerantes, que ainda são seu carro-chefe, mas que vêm enfrentando queda nas vendas em várias partes do mundo. Segundo a Coca-Cola, a entrada nesse segmento será uma oportunidade para a empresa estrear no mercado de bebidas quentes, que não faz parte de seu portfólio atual.
          Em setembro de 2018, a Coca-Cola lança produtos naturais desenvolvidos para o mercado brasileiro. As bebidas são à base de água gaseificada e suco de fruta, sem adoçantes nem conservantes. Para o lançamento, a companhia criou nova marca. A bebida com três opções de sabor leva o nome de Yas.
          Em 11 de agosto de 2021, a Coca-Cola FEMSA e Coca Cola Andina, engarrafadoras responsáveis por mais da metade do volume comercializado da Coca-Cola no Brasil, anunciaram a compra da Cerveja Therezópolis que passará a integrar seu portfólio no país. O valor do negócio não foi revelado.
          A aquisição visa preencher um espaço nos produtos das engarrafadoras da Coca-Cola destinado a cerveja que desde a disputa judicial para garantia do direito das engarrafadoras da Coca-Cola de distribuir marcas da Heineken no Brasil se encontrava incompleto.
          Para as engarrafadoras da Coca-Cola as vendas com cerveja são estratégicas pois compõem uma parcela de produto complementar ao portfólio não-alcoólico da multinacional com potencial de entrada em grande parte dos pontos de venda onde já possuem relacionamento.
          Desde 2017, quando adquiriu a Brasil Kirin, a Heineken terminou com o contrato de distribuição de seus produtos através do sistema Coca-Cola que ocorria no Brasil. Após uma disputa judicial, esse direito retorno para a Coca-Cola no início de 2021 de forma parcial apenas, sem os rótulos Heineken e Amstel.
          Um fato que chama atenção na aquisição da Cerveja Therezópolis pelas engarrafadoras Femsa e Andina é que o negócio foi autorizado pela sede da Coca Cola nos Estados Unidos, sendo a primeira vez que a marca se liga diretamente ao mercado de cervejas.
          As Coca-Cola Femsa e Andina possuem atuação no Brasil nos estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Goiás possuindo 43 centros de distribuição e com acesso a 395 mil pontos de venda.
          Com esse poder de fogo de distribuição associado a maior capacidade de publicidade é esperado que a marca Therezópolis possa alavancar sua presença e reconhecimento a níveis mais elevados que os atuais, podendo competir em alguns locais com marcas pertencentes aos grandes grupos cervejeiros brasileiros.
          A mexicana Femsa Cerveza S.A., fundada no início do século XX, já teve uma passagem pelo Brasil. Em janeiro de 2006, comprou 68% da Molson Coors no Brasil. Considerando o portfólio em agosto de 2006, a Femsa apresentava em sua bandeja, as seguintes cervejas para o consumidor brasileiro: Kaiser, incluindo Gold e Summer Draft, Heineken (produzida sob licença da Heineken Brouwerijen B.V.), Bavaria, Xingu, Sol, Superior, Carta Blanca e Dos Equis (XX). Sua produção (no Brasil) estava distribuída em oito fábricas: Gravataí, Ponta Grossa, Jacareí, Araraquara, Cuiabá, Feira de Santana, Manaus e Pacatuba. Na América Latina, sua área geográfica de atuação, possuía, já considerando a Kaiser, 32 marcas. Sua produção anual era de 7 bilhões de litros. Em 2010, a Femsa vendeu suas operações no Brasil para a Heineken. A Kaiser, agora pertence 100% aos holandeses, e, assim como a Sol, passou a ser fabricada pela Heineken Brasil.
          No início de novembro de 2021, a Coca-Cola compra o controle BodyArmor, rival do Gatorade, por US$ 5,6 bilhões. A BodyArmor hoje é a segunda marca de bebidas esportivas mais vendidas nos Estados Unidos.
          Em dezembro de 2021, a Coca-Cola Femsa, maior engarrafadora da Coca-Cola do mundo em volume de vendas, aumenta sua participação de mercado e liderança no Brasil. Por meio de sua subsidiária Spal Industria Brasileira de Bebidas, a empresa está adquirindo a CVI Refrigerantes, engarrafadora gaúcha, por R$ 632,5 milhões. Com a aquisição, a participação da Coca-Cola Femsa no volume do sistema Coca-Cola Brasil aumenta de 50% para 52%. A CVI possui uma fábrica no estado gaúcho e três centros de distribuição que abastecem 13.500 pontos de venda, atingindo 2,8 milhões de consumidores locais.
          A Coca-Cola tem sede em Atlanta, nos Estados Unidos.
 (Fonte: revista Exame - 01.01.1997 / revista Carta Capital - 18.08.1999 / revista Exame 15.12.1999 / Folha Top of Mind - 2001 / cocacolabrasil.com / revista Exame - 13.04.2005 / Os 50 melhores Logos de todos os tempos / jornal O Globo - 21.03.2007 / msn dinheiro - 04.12.2014 / MundoEstranho - 08.06.2016 / revista Exame (Informe Publicitário) - 15.02.2017 / Exame.com - 04.10.2017 /  12.12.2018 /economia.uol - 23.05.2019 / Exame - 18.09.2019 / Catalisi - 12.08.2021 / Valor - 01.11.2021 / 20.12.2021 - partes).

31 de out. de 2011

AmBev InBev AB Inbev

AmBev         
          Era o ano de 1988 quando os banqueiros do Banco Garantia Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira compraram a Brahma, uma pequena cervejaria com sede no Rio de Janeiro.
          Marcel Telles foi alçado por Lemann à presidência da Brahma em 1989, escolhido entre os melhores executivos do banco Garantia. A Marcel deve ser creditada a decisão de investir agressivamente no marketing da Brahma e da Skol, de apostar na expansão internacional dos negócios da empresa, que abriu uma fábrica em 1996 na Argentina. Em 1994, a Brahma já havia expandido as operações para a Argentina, Paraguai e Venezuela.
          Carlos Alberto Sicupira, desde que deixou o dia-a-dia da Lojas Americanas, no início de 1992, passou a dedicar-se à atividade de caçador de novos negócios. Vislumbrou possibilidades de sociedades ou mesmo aquisição de várias empresas. Pouquíssimas foram as que interessaram. Entre elas estava a Indústrias de Bebidas Müller, de Pirassununga (SP), fabricante da aguardente 51, procurada pela GP Investimentos em 1992/1993. A família Müller, porém, recusou-se a conversar sobre o assunto.
          A Brahma se expandiu exponencialmente, mas, pasmem, quem realmente fez a empresa crescer foi a marca Skol, que ultrapassou a Brahma e assumiu a condição de cerveja mais consumida no país.
          Em meados de abril de 1999, num almoço no restaurante Fasano (ou Gero?) em São Paulo, onde estavam Marcel Telles da Brahma e Victorio De Marchi, da Antarctica, um dos assuntos foi a dívida que cada empresa tinha em dólares, pouco tempo depois da desvalorização do Real, ocorrida no início daquele ano. Não necessariamente por causa disso, mas dali teria surgido a ideia da fusão das duas empresas. Em um esquema de sigilo absoluto, o assunto foi levado a outros membros das diretorias das duas empresas e, batido o martelo, uma equipe foi montada para analisar todos os dados das empresas, o que não era pouco. Abrangia as diversas marcas de cerveja, refrigerantes, caminhões, dezenas de unidades fabris, fornecedores e centenas de revendedores. Nenhuma notícia poderia vazar antes da divulgação oficial simultânea para todo o mercado. Depois de 75 dias de um trabalho exaustivo feito em um andar do prédio da agência DMB&D, participante da equipe, Antarctica e Brahma se uniram para criar a Companhia de Bebidas das Américas - AmBev. "AmBev", saiu na realidade do nome da filial criada nos Estados Unidos: American Beverage Company. O nome, Ambev, sugerido por Marcel Telles já na primeira reunião, indicava que a empresa queria crescer nas Américas, segundo Victorio De Marchi, ex-presidente da Antarctica e conselheiro da Ambev.
          Ao apresentar a Ambev, em julho de 1999, a Antarctica, de 3,3 bilhões de reais de faturamento, e a Brahma, de 7 bilhões de reais, lançaram o Brasil de forma espetacular na era das megafusões. Com 16.500 funcionários, 50 fábricas e produzindo 8,9 bilhões de litros de bebida por ano, a AmBev passou a ser a quinta maior empresa de bebidas e a terceira maior cervejaria do mercado - no mundo. Passou a ser um gigante com fôlego e apetite para co  mprar ou abrir fábricas no exterior, justificando o slogan de "multinacional verde-e-amarela".
          No dia 11 de novembro de 1999, a Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, finalmente divulgou o parecer sobre a fusão da AmBev. E o alvoroço foi enorme. A AmBev tinha discursos prontos para cinco decisões diferentes da secretaria, entre elas até um parecer totalmente contrário à fusão. Não passou pela cabeça de ninguém, porém, que a Seae pudesse falar na venda de uma marca inteira, com todos os seus ativos. Mas foi o que aconteceu. A sugestão recaiu sobre a Skol. A explicação é que a Skol só tem cervejas, enquanto a Brahma e Antarctica trabalham também com refrigerantes, águas e outras bebidas. Não teria lógica mandar a AmBev se desfazer da cerveja Antarctica e continuar com o guaraná Antarctica. Lógica é o que mais faltou à Seae na opinião da AmBev. "Se vendermos a Skol, será a primeira vez em que as companhias ficam menores depois de uma fusão", disse Marcel Herrmann Telles. A decisão do Cade ainda estava por vir.
          A AmBev teve que vender a marca Bavaria (então com 4,5% do mercado, a Bavaria foi vendida para a canadense Molson, por US$ 98 milhões, em 2000), por imposição do Cade. Mas, além das marcas Brahma, Brahma Extra, Skol e Antarctica, ficou ainda com as marcas Bohemia, Original, Caracu e Serramalte que pertenciam à Antarctica.
          Poucos meses depois da fusão, no final de 1999, a Skol era a líder de vendas em cervejas, com 26,8% do mercado de marcas pílsen, o mais disputado. A Antarctica tinha 12,9% do mercado. A Brahma aparecia com 21,3%, a Kaiser possuía 14,5% e a Schincariol, 8,7%.
          Nos cinco anos seguintes a companhia ganhou mercado na América do Sul. Um ano depois de a fusão ter sido aprovada pelo Cade em 2000, a Ambev já havia comprado duas fábricas no Uruguai. Nos primeiros dias de maio de 2002, a Ambev compra participação na Quilmes argentina, deixando bem clara a vontade expansionista na América Latina. Pagou US$ 346,7 milhões por 37,5% do capital total da Quinsa, detentora da marca Quilmes, então dona de 69% do mercado argentino. E ficou com a opção de ficar com o controle no futuro. A Quilmes tinha fábrica também na Bolívia, no Chile, no Paraguai e no Uruguai.
          Em julho de 2017, a AmBev adquiriu um conjunto de marcas de bebidas mistas pertencentes à Mark Anthony Group, no Canadá, por US$ 350 milhões.
         Em dezembro de 2017, a empresa anuncia a aquisição da Tenedora, titular de quase a totalidade da Cervecería Nacional Dominicana. A compra envolveu o pagamento de US$ 926,5 milhões à E. León Jimenez (ELJ) e foi finalizada em janeiro de 2018, quando então a AmBev passou a ter 85% de participação na Tenedora e os outros 15% ficaram com a ELJ.
          Considerando a marca Antarctica, no passado, os consumidores falavam das cervejas de determinada fábrica. Em entrevista à revista Exame, em março de 2018, Victorio De Marchi foi perguntado se isso se perdeu e se a receita das marcas tradicionais mudou. De Marchi explicou que "havia certa preferência mesmo. Em São Paulo, as cervejas de Ribeirão Preto ou de Agudos eram as mais valorizadas. A Antarctica de Joinville (Santa Catarina) era a melhor do mundo, muito famosa. Mas mantivemos as fórmulas originais, o mercado é que mudou."
          Em agosto de 2018, a companhia inaugurou o Centro de Inovação e Tecnologia Cervejeira (CIT) -, um dos mais modernos centros de inovação cervejeira do mundo, localizado no Parque Tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Trata-se do sexto centro do grupo AB Inbev no mundo, com cerca de 80 pessoas, sendo mais de 10 mestres-cervejeiros, com a missão de fermentar novas ideias para o mercado brasileiro. Dois lançamentos saíram de lá: a Skol Hops e Skol Puro Malte. Em menos de um ano no mercado, Skol Hops já estaria apresentando volumes equivalentes às vendas da linha Brahma Extra, e a Skol Puro Malte teria chegado para ser a primeira puro malte leve do mercado.
          No início de 2020, foi estabelecida em Lages, na Serra catarinense, a Fazenda de Lúpulo Santa Catarina. Já nos primeiros meses, o lúpulo plantado rendeu uma colheita que foi destinada à produção da primeira cerveja feita em escala industrial com lúpulo brasileiro. A produção ficou por conta da Lohn Bier, de Lauro Müller (SC), e resultou no rótulo Green Belly (barriga verde), uma Hop Lager que foi vendida em uma edição limitada. No segundo momento do projeto, foi criado um viveiro que vai ter a capacidade de produzir 60 mil mudas de lúpulo na etapa inicial. As mudas serão doadas para agricultores familiares na região, que pela temperatura fria e a alta incidência solar tem condições favoráveis para o cultivo. A fazenda Santa Catarina é um projeto da Ambev, que toca o projeto com um braço de inovação. O objetivo é incentivar a produção de lúpulo para atender ao mercado nacional, deixando o setor cervejeiro menos dependente das importações.
          Em setembro de 2020, a Ambev inaugurou uma fábrica de latas com capacidade para produzir 1,5 bilhão de latas por ano devido à maior demanda de clientes que bebem em suas casas, uma vez que a pandemia de Covid-19 afetou a demanda em bares. Esta é a primeira fábrica de latas da Ambev e está localizada em Sete Lagoas, no estado de Minas Gerais.
          Desde a segunda metade de dezembro de 2020, a Ambev começou a vender e entregar produtos da Beam Suntory em pontos de São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Rio Grande do Sul e região Nordeste. A nipo-americana Beam Suntory, terceira maior fabricante mundial de destilados, atrás da inglesa Diageo e da francesa Pernod Ricard, fechou acordo com a Ambev para a distribuição de seu portfólio no Brasil.
          O portfólio da Ambev conta com cervejas, conforme descrito no parágrafo abaixo, refrigerantes (Guaraná Antarctica, Sukita e outros), H2OH! (suco/refrigerante), chás (Lipton), isotônicos (Gatorade), energéticos (Fusion), sucos (do bem), e AMA, a água mineral que destina 100% de seu lucro para projetos que levam acesso à água potável para famílias do semiárido brasileiro.
          Atualmente, como resultado de aquisições, fusões e criação de novas marcas, o portfólio de cervejas da AmBev (em território brasileiro), abrange as seguintes marcas: Brahma, Skol, Antarctica, Original,  Serrana, Serramalte, Bohemia (838 Pale Ale, Aura-Lager, 14-Weiss, Magna Pils), Caracu (desde 1899), Malzbier, Kronenbier (sem álcool), Polar (somente no RS), Nossa (somente em PE), Magnífica (somente no MA), Colorado, Wäls, Kona, Stella Artois, Budweiser, Spatn, Leffe, Corona, Becks, Goose Island e Hoegaarden.
          Suas unidades fabris estão espalhadas pelo país: Almirante Tamandaré (PR), Anápolis (GO), Aquiraz (CE), Camaçari (BA), Contagem (MG), Itapissuma (PE), Jacareí (SP), Jaguariúna (SP), Lages (SC), Louveira (SP), Piraí (RJ), Sapucaia do Sul (RS), Sete Lagoas (MG).
          Considerando dados de abril de 2018, a AmBev está presente em 19 países, sendo que a principal operação é a do Brasil, com mais de 32 mil pessoas, que responde por 53% da receita.
          Em junho de 2021, a Ambev divulga que vai começar a importar o vinho argentino Dante Robino para comercializar no aplicativo Zé Delivery. É a primeira vez que a companhia importa a bebida para o Brasil. A vinícola é da Ambev desde fevereiro de 2020, quando a subsidiária Quilmes comprou a marca na Argentina.     
          Em agosto de 2021, a Ambev anunciou a criação de uma nova unidade na companhia que ficará dedicada a cuidar de seu portfólio de bebidas alcoólicas diferentes de cervejas. Este movimento mostra a multinacional brasileira seguindo os passos de sua holding global que tem ampliado seus investimentos no universo de bebidas alcoólicas para além do mercado de cerveja. No primeiro semestre de 2021 cerveja representou 75% do volume vendido e 85% da receita líquida da Ambev. A nova unidade se chamará Future Beverages and Beyond Beer ( Bebidas do futuro e além da cerveja, em tradução livre) e já conta com um portfólio de oito produtos que possuíam sua operação realizada de forma separada. Essas marcas que devem ganhar uma estratégia, planejamento e operação mais coesos são a bebida mista Beats (que não se chama mais Skol Beats), os hard seltzers Mike’s e Isla, os vinhos em lata Somm e Blasfêmia e o vinho em garrafa Dante Robino. Para comandar a nova unidade, a empresa selecionou Daniela Cachich, que era a vice presidente de marketing da PepsiCo (a Pepsi é distribuída pela Ambev no país). A nova unidade de bebidas da empresa terá atuação em toda a América do Sul. Com esta mudança a Ambev dá foco no desenvolvimento e escalonamento de linhas de produtos com grande potencial de crescimento na região, onde o mercado de cerveja já atingiu um ponto de maturação em volume vendas bastante grande.
          Em 12 de abril de 2022, a Ambev apresentou um “novo capítulo” de sua história aos investidores. “Dizer que somos uma empresa de bebidas não nos representa mais inteiramente”, disse o CEO Jean Jereissati ao Valor. O grupo quer ser, cada vez mais, uma plataforma, que vá além da venda de cerveja ou refrigerantes e inclua alimentos e até serviços, como crédito e geração de energia renovável. “A empresa conquistou o mundo”, disse o executivo. “Mas quando completamos 20 anos [em 2019], repensamos como seriam os próximos 20 anos e ficou claro que o que nos trouxe aqui não era o que nos levaria até lá.” A empresa agora quer fazer alianças, como as que já tem com BRF, M. Dias Branco ou Pernod Ricard, para vender aos seus clientes salame, biscoito e vodca.


InBev
          Em 2004 os empresários, então já com o fundo 3G Capital (vide origem da marca 3G Capital neste blog), estavam prontos para levar a companhia a patamares globais. Em março daquele ano a AmBev e a belga Interbrew anunciaram uma fusão que combinava a quinta e a terceira maiores cervejarias do mundo criando a maior empresa do planeta em termos de volume. A empresa passou a chamar-se InBev com a junção de parte das palavras Interbrew e AmBev. A negociação foi entre a Ambev, a Braco (controladores da Brahma) e os belgas.
          No final de março de 2007, a Ambev adquire da cervejaria portuguesa Cintra, suas unidades de Piraí (RJ) e Mogi-Mirim (SP) (apenas os ativos, não a marca), por US$ 150 milhões. Juntas, as duas fábricas tinham capacidade de produção de 420 milhões de litros de cerveja e 280 milhões de litros de refrigerante por ano.


AB InBev
          Em julho de 2008 a InBev anunciou o maior negócio da história até então do setor cervejeiro em todo o globo: um acordo para comprar a fabricante da Budweiser, por U$ 52 bilhões. Estava formada a Anheuser-Busch Inbev (AB Inbev). O acordo foi levado a cabo dois meses antes da bancarrota do banco americano Lehman Brothers, quando o mundo praticamente mergulhou no caos financeiro, mas o andamento do processo aparentemente ocorreu sem interferências.
          Com a compra da Anheuser-Busch, a empresa garantiu uma fatia de 50% na cervejaria mexicana Grupo Modelo. Em junho de 2012 a AB Inbev comprou a metade restante da Modelo por US$ 21,1 bilhões, transação que foi concretizada um ano depois, em junho de 2013, após conseguir a autorização do Departamento de Justiça dos Estados Unidos. O negócio ampliou sua posição no México e a AB Inbev teve oportunidade de expandir as marcas da mexicana, inclusive da Corona, por todo o mundo.
          No mercado norte-americano, porém, a dona da marca de cervejas Modelo (que inclui a Modelo Especial) não é a AB InBev, mas sim a gigante americana Constellation Brands. Isso ocorre porque após a aquisição da Modelo pela AB InBev, desde de 2013 a companhia foi obrigada a não ter a propriedade da marca nos Estados Unidos devido uma ação da autoridade de garantia da concorrência norte-americana numa forma de enfraquecer um possível monopólio de mercado.
          Em outubro de 2015, depois de rejeitar três propostas, a anglo-sul-africana SABMiller, número dois do mundo no setor de cervejas, aceitou oferta de compra da líder do setor, a AB InBev. O valor foi o equivalente a 104 bilhões de dólares (96 bilhões de euros), uma das maiores aquisições da história. A aquisição da antiga rival deu origem à maior cervejaria do mundo, com 29% de participação de mercado.
          A fusão fará com que a companhia americana de tabaco Altria (proprietária da Malboro) e a família colombiana Santo Domingo, fabricante da cerveja Bavaria, representada por Alejandro Santo Domingo, passem a ser sócias da nova empresa.
          Se a transação for concretizada como previsto, o novo grupo terá em seu portfólio as marcas de cerveja americana Budweiser e belga Stella Artois, mais a mexicana Corona, a alemã Beck's, a belga Hoegaarden, a brasileira Skol e a australiana Victoria Bitter pertencentes à AB InBev, assim como a italiana Peroni, a tcheca Pilsner Urquell, a chinesa Snow e a holandesa Grolsch da SABMiller.
          Em abril de 2016, a Anheuser-Busch InBev (AB InBev) aceita a oferta feita pelo grupo japonês Asahi Group, de € 2,55 bilhões (US$ 2,9 bilhões), para adquirir as marcas europeias Peroni e Grolsch (da família Meantime) e os seus respectivos negócios localizados na Itália, Holanda e no Reino Unido. As marcas pertencem à SABMiller e a sua venda faz parte das ações tomadas pela AB InBev para garantir a aprovação de órgãos regulatórios europeus da fusão entre a companhia e o grupo anglo-sul-africano de bebidas. O negócio está condicionado à conclusão da fusão entre a AB InBev e a SABMiller.
          No final de setembro de 2016 os acionistas da SABMiller aprovam a oferta de aquisição da empresa feita pela Anheuser-Busch InBev por mais de 100 bilhões de dólares, abrindo caminho para reforçar o posto de liderança do grupo que controla a Ambev entre os fabricantes globais de cerveja.
          A partir de julho de 2021, Michel Doukeris passou a ser o CEO da AB InBev. Seu perfil é semelhante ao de Carlos Brito, que dirigiu a empresa por 15 anos: sério e muito focado no trabalho. Natural de Lages, em Santa Catarina, Doukeris, nascido em 1974, está na empresa desde 1996. Fontes próximas à empresa afirmam que a expectativa é que ele use ferramentas digitais, como tecnologia de dados, mais eficientemente. Isso pode aproximar o consumidor da AB InBev e tornar a operação mais ágil.
          Em meados de 2023, vem a lume que a AB InBev está se desfazendo parcialmente de uma parte de seu portfólio de cervejarias artesanais seguindo tendência das grandes nos EUA.  A AB-InBev, anunciou a venda de oito marcas artesanais que incluem algumas das suas cervejarias adquiridas nos últimos 10 anos. Quem compra é a Tilray Brands, uma empresa canadense focada no mercado de cannabis, mas que tem ampliado suas aquisições para dentro do mercado de cerveja artesanal nos Estados Unidos. A venda inclui as cervejarias Breckenridge Brewery, Blue Point Brewing Co. 10 Barrel Brewing Company, Redhook Brewery, Widmer Brothers Brewing. Além destas, a marca de cerveja Shock Top, a marca de cidras Square Mile Cider e a marca de hard seltzer HiBall Energy também fizeram parte do negócio que foi concretizado por um valor de 85 milhões de dólares. A transação inclui a força de trabalho, cervejarias e brewpubs relacionados as respectivas marcas. Com uma taxa de crescimento oscilante, muito diferente dos níveis meteóricos dos anos 1990/2000, o mercado de cervejas artesanais não parece ser um segmento tão interessante para grandes conglomerados, sendo uma categoria mais adequada ao interesse de empresas de uma menor magnitude.
          Enquanto a AB InBev acaba de vender uma parcela de suas marcas, a Constellation Brands, outra gigante do mercado norte-americano, saiu totalmente do segmento de artesanais vendendo as suas 4 marcas dentro do segmento. Mais recentemente a japonesa Sapporo anunciou que está se desfazendo da Anchor Brewing considerada a primeira cervejaria artesanal dos EUA. Mesmo com a venda a AB InBev ainda possui 12 cervejarias artesanais, com destaques como Goose Island e Elysian Brewing, mas parece não ter o mesmo interesse em manter um portfólio tão extenso com marcas que não apresentem um nível de crescimento almejado pela companhia.
          AB InBev vive também um momento de reorganização devido a queda acelerada em vendas de seu produto de maior volume, a Bud Light, o que levou recentemente ao anuncio de um corte de sua força de trabalho.
          Em 15 de dezembro de 2023, Marcel Telles doou ao filho, Max Herrmann Telles, sua participação na AB InBev, a maior cervejaria do mundo. O empresário doou as ações que detinha em uma entidade que exerce o controle da BRC, empresa por meio da qual Telles e os seus sócios Jorge Paulo Lemann e Carlos Alberto Sicupira detêm participação indireta na AB InBev. A BRC possui 50% de uma organização que, por sua vez, detém 33,47% das ações da AB InBev, segundo o site da companhia.
(Fonte: revista Exame - 12.01.2000 / revista Carta Capital - 15.05.2002 / revista Forbes Brasil - 05.12.2003 / jornal Folha de S.Paulo - 28.03.2007 / revista Exame - 09.06.2013 / jornal Valor online - 16.09.2015 - jornais diversos - 13.10.2015 / jornal Valor online - 20.04.2016 / MSN Reuters - 29.09.2016 / revista Exame - 21.03.2018 / jornal Valor - 09.05.2018 / IstoÉDinheiro - 09.11.2018 / 28.02.2019 / MoneyTimes - 23.09.2020 / NSC Total - 09.10.2020 / Valor - 18.01.2021 / Folha de S.Paulo - 07.06.2021 / Catalisi - 11.08.2021 / Valor - 12.04.2022 / Catalisi - 15.06.2023 / 08.08.2023 / Estadão - 27.12.2023 - partes)

6 de out. de 2011

Kirin (Brasil Kirin)

          A Brasil Kirin foi criada em 2012 após a compra da Schincariol pela Kirin Holdings Company (em 2011), por 2,6 bilhões de dólares. Considerando dados de 2012 a empresa possuía 12 unidades em 10 estados do país. O portfólio de bebidas inclui cervejas, provenientes da Schincariol como as marcas Schin, Devassa, No Grau, Baden Baden, Eisenbahn, Cintra e Glacial. Fabrica também refrigerantes, sucos, energéticos e águas das marcas Schin, Fibz, ECCO, Itubaína, Skinka e Viva Schin.
          Em 13 de fevereiro de 2017, a Heineken anuncia a compra da Brasil Kirin, controlada pelo grupo japonês Kirin, por 664 milhões de euros (R$ 2,2 bilhões). Com a aquisição, a Heineken se torna a segunda maior cervejaria do Brasil. Após a conclusão do negócio, a Brasil Kirin será consolidada com a Heineken.
          No comunicado emitido pelo grupo japonês Kirin Holdings, os japoneses explicam que: "Levando em conta os riscos associados à economia brasileira e a situação da concorrência em um mercado estagnado, a Kirin chegou à conclusão de que seria difícil transformar o Brasil Kirin em uma atividade rentável".
          Portanto, vende a totalidade de sua participação na Kirin Brasil ao grupo Bavaria, proprietário da Heineken.
          Os problemas econômicos endureceram a concorrência no Brasil, terceiro mercado mundial da cerveja, atrás de China e Estados Unidos.
          A operação avalia a Brasil Kirin em 1,025 bilhão de euros (R$ 3,3 bilhões), incluindo dívidas. A Brasil Kirin fechou 2016 com receita de R$ 3,706 bilhões, ante receita de R$ 3,698 bilhões um ano antes, e uma perda operacional de R$ 262 milhões, ante R$ 322 milhões em 2015. O valor da venda não chega a 65% do que os japoneses desembolsaram para levar a Schincariol.
          No momento da venda a Brasil Kirin tem 12 fábricas e rede própria de distribuição. A empresa possui presença particularmente forte no Norte e Nordeste, onde a Heineken tem menos exposição. A carteira de cervejas, que inclui marcas que pertenciam à Schincariol no momento da aquisição desta pela Kirin como citadas acima, e outras cervejas do portfólio da Kirin, como a Kirin Ichiban, tem participação de mercado de 9,9% (dados de janeiro de 2017). A Brasil Kirin também tem uma linha de refrigerantes, com participação de mercado de 2% na categoria. A conclusão da compra está sujeita à aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
(Fonte: jornal Valor online - 13.02.2017 / DC-Diário Catarinense 13.02.2017- partes).

5 de out. de 2011

Molson / MolsonCoors

          A cervejaria canadense Molson, foi fundada em 1786 por John Molson. No Brasil, os canadenses chegaram em 2000, quando desembolsaram 98 milhões de dólares para ficar com a Bavaria, então com aproximadamente 4,5% de market share, e mais cinco fábricas desmembradas da Ambev.
          Em março de 2002 a Molson desembolsa 765 milhões de dólares pela brasileira Kaiser (vide origem da marca Kaiser neste blog). De imediato, a compra da Kaiser livra a Molson de uma intimidade incômoda. A Bavária, até então, dependia da distribuição da AmBev, uma obrigação imposta pelo Cade. Com os negócios, as marcas locais da Molson passaram a deter quase 18% do mercado brasileiro. A compra da Kaiser pela Molson foi o primeiro lance da disputa com a Ambev pelo mercado das Américas.
          Antes da aquisição da Kaiser, a Molson estava praticamente limitada ao seu país de origem. No Canadá, detinha 45% do mercado, o que lhe dava uma liderança apertada sobre a Interbrew. Além disso, a Molson tinha uma participação quase insignificante nos Estados Unidos. Sem condições de enfrentar diretamente a Anheuser-Busch, gritantemente maior, sua opção mais lógica seria arriscar no mercado brasileiro.
          No âmbito mundial, em julho de 2004, a Molson e a norte-americana Adolpf Coors se unem para criar a quinta maior cervejaria do mundo em volume produzido, em estratégia para ter mais condições de competir com grandes rivais.
          No Brasil, porém, sob o guarda-chuva da Molson, a Kaiser foi perdendo mercado consistentemente. Na gestão dos canadenses, a empresa perdeu quase 10 pontos percentuais em sua participação de mercado. Passou, segundo a ACNielsen, sua fatia a apenas 8,1% no início de 2006.
          Em janeiro de 2006, quatro anos após pagar US$ 765 milhões pela Cervejaria Kaiser, a canadense Molson Coors Brewing Company vendeu 68% da empresa para a mexicana Femsa Cerveza S.A. Com a venda, a Molson embolsou US$ 68 milhões, mas ficará ainda com 15% da cervejaria. Outros 17% continuam nas mãos da holandesa Heineken.
          Para a Molson Coors, a passagem pela cervejaria brasileira deixou de ser a promessa de expansão num mercado em que a presença global faz cada vez mais diferença para transformar-se numa tragédia financeira. No final de fevereiro de 2007, exatos cinco anos depois da sua chegada ao Brasil, a Molson Coors encerra, definitivamente, sua conturbada participação no mercado brasileiro de cervejas. Sem anúncio oficial ou alarde, a empresa canadense vendeu os 15% de participação que ainda detinha na Kaiser para a mexicana Femsa, que já havia comprado 68%.
          Em dezembro de 2015, no âmbito internacional, a AB Inbev estava em processo de fusão de 108 bilhões de dólares com a SAB Miller, que teve de vender uma série de ativos para o negócio acontecer.
Naquele mês, foram pagos 12 bilhões de dólares pela fatia de 59% que a SAB tinha na joint venture MillerCoors, com a Molson Coors. A Molson Coors passou a deter então 100% do negócio. E a Miller passou a pertencer à Molson Coors, assim como a Hamm's, Magnum e Micky's. No Brasil, a marca Miller é produzida em parceria com a cervejaria Petrópolis. O acordo vale até mesmo depois que a fusão da AB Inbev com a SAB for concluída.
(Fonte: revista Exame - 03.04.2002 / UOL - 22.07.2004 / Exame - 26.04.2006 / jornal Folha de S.Paulo - 17.01.2006 / jornal O Globo/Valor online - 01.03.2007 / Infogram 2016 - partes)

6 de out. de 2011

Cerveja Therezópolis

           No ano bissexto de 1912, enquanto os cariocas torciam animados no primeiro Fla x Flu e festejavam a inauguração do Bondinho do Pão de Açúcar, o visionário Alfredo Claussen, neto de imigrantes dinamarqueses que povoaram a cidade de Teresópolis durante o século XIX, fundou a primeira cervejaria (e também a primeira indústria) do município da Região Serrana do Rio de Janeiro.
           Naquele momento, Mestre Claussen apostou, como grande diferencial de seu produto, na tradição nórdica resgatada de seus antepassados para a elaboração da cerveja (a receita caseira original chegou ao Brasil em 1826 na bagagem dos avós, o casal de imigrantes dinamarqueses Jacob Henrich Claussen e Caroline Claussen, que se estabeleceram e tiveram seus filhos nas montanhas da Serra Fluminense).
           O Cervejeiro aliou o uso da melhor matéria–prima importada da Europa com a cristalina água mineral das montanhas. Surgia assim a Cerveja Therezópolis, uma Lager de bela cor dourada, alegria não somente de seu criador e dos ilustres que visitavam a cidade, mas de todos os apreciadores da bebida na região.
          Pouco antes do final da Primeira Guerra Mundial, em 1917, o Brasil rompe relações diplomáticas com o bloco germânico. A partir daí, as dificuldades de importar matéria-prima de qualidade aumentam, dificultando a produção da Cerveja Therezópolis nos padrões exigidos por Alfredo Claussen.
           Em 1922, o Cervejeiro-Empreendedor encerra a produção da cerveja em escala comercial e volta a produzi-la apenas em ocasiões especiais. Com os ganhos provenientes da comercialização da cerveja na década que passou, Alfredo Claussen inaugura a primeira empresa de transporte público da cidade.
           Em homenagem a essa história de pioneirismo, e sob a bênção dos descendentes diretos do Mestre Claussen, a Cervejaria Sankt Gallen resgatou esta preciosidade e lançou a linha de Cervejas Especiais Therezópolis... Um presente para o paladar de todos nós!
          A produção foi retomada em 2006 por um descendente do empreendedor na cidade de mesmo nome, no Rio de Janeiro. A Therezópolis possui em seu portfólio seis rótulos com diferentes estilos focando em garrafas de 500 ml.  Produz também a cerveja Sul Americana, que possui um posicionamento inserido entre as cervejas premium.
          Em dezembro de 2020, a cervejaria representava 10% do faturamento do grupo Arbor que possui também no seu portfólio a Catuaba Selvagem e a bebida alcoólica mista Ousadia.
          Em 11 de agosto de 2021, a Coca-Cola FEMSA e Coca Cola Andina, engarrafadoras responsáveis por mais da metade do volume comercializado da Coca-Cola no Brasil, anunciaram a compra da Cerveja Therezópolis que passa a integrar seu portfólio no país. O valor do negócio não foi revelado.
          A mexicana Femsa Cerveza S.A., fundada no início do século XX, já teve uma passagem pelo Brasil. Em janeiro de 2006, comprou 68% da Molson Coors no Brasil. Considerando o portfólio em agosto de 2006, a Femsa apresentava em sua bandeja, as seguintes cervejas para o consumidor brasileiro: Kaiser, incluindo Gold e Summer Draft, Heineken (produzida sob licença da Heineken Brouwerijen B.V.), Bavaria, Xingu, Sol, Superior, Carta Blanca e Dos Equis (XX). Sua produção (no Brasil) estava distribuída em oito fábricas: Gravataí, Ponta Grossa, Jacareí, Araraquara, Cuiabá, Feira de Santana, Manaus e Pacatuba. Na América Latina, sua área geográfica de atuação, possuía, já considerando a Kaiser, 32 marcas. Sua produção anual era de 7 bilhões de litros. Em 2010, a Femsa vendeu suas operações no Brasil para a Heineken. A Kaiser, agora pertence 100% aos holandeses, e, assim como a Sol, passou a ser fabricada pela Heineken Brasil.
(Fonte: site da empresa / revista Exame - 13.09.2006 / Catalisi - 12.08.2021 - partes)