O Barings Bank foi por muito tempo o banco privado mais antigo de mundo. Financiou a compra do Estado americano de Louisiana lá pelos idos de 1800. Até a rainha era cliente do banco, fundado em 1762.
Em 1992, a matriz do "banco da rainha" em Londres designou o funcionário Nicholas (Nick) Leeson para fazer um trabalho de organização de documentos em sua filial em Jacarta na Indonésia.
Até então um funcionário do baixo clero no quartel general do banco, em Jacarta Leeson recebeu como incumbência a organização da papelada onde estavam documentadas ações ao portador que atingiam o montante de 100 milhões de Libras. Logo nas primeiras semanas de trabalho, Leeson começou a sonhar mais alto. Tornar-se um corretor.
Com o final bem sucedido do trabalho na Indonésia, Nick foi transferido para a filial de Cingapura. Com aval da matriz criou uma equipe super jovem e ávida por aprender para operar no mercado financeiro. Logo aconteceram alguns erros, mesmo que pequenos e Leeson abriu uma "conta interna de erros" para controlá-los com o sugestivo número 88888 por ser o "8" o número da sorte na região e o 5 (quantidade de oitos), o segundo número de mais sorte.
Pouco depois, um erro de sinais no pregão (entre Leeson na mesa de operações e uma funcionária da corretora no tumultuado pregão viva voz) gerou prejuízo de 20.000 libras que viraram 60.000 pela virada de mercado ao tentar corrigir. Foi o início de uma série de lançamentos na conta dos 5 oitos, completamente à margem da lei. Esses números iniciais iriam se tornar migalhas se comparados aos que viriam à frente. Na tentativa de recuperar, criou-se um rombo de 10 milhões de libras, o que já era por si só um problema incontornável.
Porém, um grande cliente foi a salvação e os negócios, ancorados no índice Nikkei que chegou a 19.000 perto do Natal de 1994, geraram receita suficiente para zerar o saldo negativo. Esse mesmo cliente, porém, atiçou Leeson a arriscar demais em novos negócios e o (novo) rombo ficou fora de controle. Como se não bastasse, em 17 de janeiro de 1995 um terremoto sacudiu Kobe, no Japão. O índice Nikkei mergulhou e a filial de Cingapura do Barings perdeu num único dia, 50 milhões de libras.
Aparentemente, porém, só Leeson sabia da vulnerabilidade da filial do Barings. Por uma série de coincidências e, óbvio, por negligência, a auditoria da matriz em Londres nunca levantou a real situação, apesar de fortes sinais de fumaça.
Pressionado para gerar bônus, criou-se um clima positivo no banco, cerceando as tentativas do próprio Leeson de explicar que "talvez ele não fosse tão bom quanto seus pares imaginavam". Os lançamentos não autorizados, a princípio, não eram do conhecimentos das chefias. Foi quando Leeson teria cometido talvez seu mais grave erro: lutar contra o mercado. Responsável por 25% das movimentações diárias da bolsa de Cingapura, o operador tentou fazer com que as negociações do Barings fossem suficientes para conduzir o mercado na direção em que pudesse zerar posições. Não foi o que aconteceu. Muito pressionado Nick resolveu ficar indisponível (para ser contactado por suas chefias) e, pela TV, ouviu a notícia de que veio a lume que o próprio banco operava como cliente fantasma.
Numa sexta-feira fatídica, com a ausência de Leeson, o banco não operou, o que foi avassalador para acumular prejuízos.
Em 5 de março de 1995, administradores do Barings anunciaram a sua venda para o grupo holandês ING (Internationale Nederlanden Group). A Ernst & Young administrava o Barings desde a sua falência, uma semana antes. Segundo o acordo, o grupo holandês forneceria 660 milhões de libras (US$ 1,07 bilhão) à vista para que o banco pudesse retomar suas atividades no mercado. O nome Barings seria mantido. O banco mais antigo do mundo, com 233 anos de existência, sucumbiu.
(Fonte: Filme A Fraude / Folha de S.Paulo - 06.03.1995 - partes)
Versão II
Em 1995, o Baring Brothers era o banco mais antigo do mundo, com 233 anos de existência. Só que havia uma excrescência, que seus diretores não notaram. Ou, se notaram, fingiram não perceber. A filial de Cingapura gerava mais lucro do que todas as demais unidades somadas.
Esses resultados fantásticos proviam de uma só pessoa, o trader inglês Nick Leeson, chefe da trading desk da filial de Singapura do Barings Bank, um (até então) gênio, cujas paradas alavancadíssimas no índice Nikkei futuro da bolsa de Tóquio, negociado na Simex - Singapore International Monetary Exchange, engordavam o bônus anual de toda a diretoria.
Veio então o terremoto de Kobe, em 17 de janeiro de 1995. A bolsa levou um tombaço.
Ao invés de liquidar sua posição, Leeson, que estava comprado até o limite, dobrou a aposta. Para isso, usou de um estratagema. Lançou a operação na conta erro que, por motivos óbvios, nunca tem limite, já que se trata de uma rubrica contábil na qual são lançados os trades feitos por engano. Compra ao invés de venda e vice-versa.
Tóquio continuou caindo e o Baring Brothers quebrou. Na verdade, não chegou a ir à falência. Foi comprado pelo valor simbólico de uma libra esterlina pelo banco holandês ING. Mas os acionistas perderam tudo que tinham aplicado na sociedade.
Em 1992, a matriz do "banco da rainha" em Londres designou o funcionário Nicholas (Nick) Leeson para fazer um trabalho de organização de documentos em sua filial em Jacarta na Indonésia.
Até então um funcionário do baixo clero no quartel general do banco, em Jacarta Leeson recebeu como incumbência a organização da papelada onde estavam documentadas ações ao portador que atingiam o montante de 100 milhões de Libras. Logo nas primeiras semanas de trabalho, Leeson começou a sonhar mais alto. Tornar-se um corretor.
Com o final bem sucedido do trabalho na Indonésia, Nick foi transferido para a filial de Cingapura. Com aval da matriz criou uma equipe super jovem e ávida por aprender para operar no mercado financeiro. Logo aconteceram alguns erros, mesmo que pequenos e Leeson abriu uma "conta interna de erros" para controlá-los com o sugestivo número 88888 por ser o "8" o número da sorte na região e o 5 (quantidade de oitos), o segundo número de mais sorte.
Pouco depois, um erro de sinais no pregão (entre Leeson na mesa de operações e uma funcionária da corretora no tumultuado pregão viva voz) gerou prejuízo de 20.000 libras que viraram 60.000 pela virada de mercado ao tentar corrigir. Foi o início de uma série de lançamentos na conta dos 5 oitos, completamente à margem da lei. Esses números iniciais iriam se tornar migalhas se comparados aos que viriam à frente. Na tentativa de recuperar, criou-se um rombo de 10 milhões de libras, o que já era por si só um problema incontornável.
Porém, um grande cliente foi a salvação e os negócios, ancorados no índice Nikkei que chegou a 19.000 perto do Natal de 1994, geraram receita suficiente para zerar o saldo negativo. Esse mesmo cliente, porém, atiçou Leeson a arriscar demais em novos negócios e o (novo) rombo ficou fora de controle. Como se não bastasse, em 17 de janeiro de 1995 um terremoto sacudiu Kobe, no Japão. O índice Nikkei mergulhou e a filial de Cingapura do Barings perdeu num único dia, 50 milhões de libras.
Aparentemente, porém, só Leeson sabia da vulnerabilidade da filial do Barings. Por uma série de coincidências e, óbvio, por negligência, a auditoria da matriz em Londres nunca levantou a real situação, apesar de fortes sinais de fumaça.
Pressionado para gerar bônus, criou-se um clima positivo no banco, cerceando as tentativas do próprio Leeson de explicar que "talvez ele não fosse tão bom quanto seus pares imaginavam". Os lançamentos não autorizados, a princípio, não eram do conhecimentos das chefias. Foi quando Leeson teria cometido talvez seu mais grave erro: lutar contra o mercado. Responsável por 25% das movimentações diárias da bolsa de Cingapura, o operador tentou fazer com que as negociações do Barings fossem suficientes para conduzir o mercado na direção em que pudesse zerar posições. Não foi o que aconteceu. Muito pressionado Nick resolveu ficar indisponível (para ser contactado por suas chefias) e, pela TV, ouviu a notícia de que veio a lume que o próprio banco operava como cliente fantasma.
Numa sexta-feira fatídica, com a ausência de Leeson, o banco não operou, o que foi avassalador para acumular prejuízos.
Em 5 de março de 1995, administradores do Barings anunciaram a sua venda para o grupo holandês ING (Internationale Nederlanden Group). A Ernst & Young administrava o Barings desde a sua falência, uma semana antes. Segundo o acordo, o grupo holandês forneceria 660 milhões de libras (US$ 1,07 bilhão) à vista para que o banco pudesse retomar suas atividades no mercado. O nome Barings seria mantido. O banco mais antigo do mundo, com 233 anos de existência, sucumbiu.
(Fonte: Filme A Fraude / Folha de S.Paulo - 06.03.1995 - partes)
Versão II
Em 1995, o Baring Brothers era o banco mais antigo do mundo, com 233 anos de existência. Só que havia uma excrescência, que seus diretores não notaram. Ou, se notaram, fingiram não perceber. A filial de Cingapura gerava mais lucro do que todas as demais unidades somadas.
Esses resultados fantásticos proviam de uma só pessoa, o trader inglês Nick Leeson, chefe da trading desk da filial de Singapura do Barings Bank, um (até então) gênio, cujas paradas alavancadíssimas no índice Nikkei futuro da bolsa de Tóquio, negociado na Simex - Singapore International Monetary Exchange, engordavam o bônus anual de toda a diretoria.
Veio então o terremoto de Kobe, em 17 de janeiro de 1995. A bolsa levou um tombaço.
Ao invés de liquidar sua posição, Leeson, que estava comprado até o limite, dobrou a aposta. Para isso, usou de um estratagema. Lançou a operação na conta erro que, por motivos óbvios, nunca tem limite, já que se trata de uma rubrica contábil na qual são lançados os trades feitos por engano. Compra ao invés de venda e vice-versa.
Tóquio continuou caindo e o Baring Brothers quebrou. Na verdade, não chegou a ir à falência. Foi comprado pelo valor simbólico de uma libra esterlina pelo banco holandês ING. Mas os acionistas perderam tudo que tinham aplicado na sociedade.
Versão III
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