A fabricante de calçados La Pisanina foi fundada na década de 1970 e fazia sapatos mocassin que fidelizaram de maneira impressionante seus clientes.
Fundada por imigrantes italianos, o nome da marca é em homenagem à Torre de Pisa, na Itália e sua tradicional caixa branca para acondicionar os pares de sapatos vinham com um pequeno desenho da famosa torre. Sob a marca registrada La Pisanina, eram impressas as três cores da bandeira italiana, verde, branco e vermelho. Um detalhe importante é que em vez de as três cores serem posicionadas em três retângulos na posição vertical, elas apareciam em três minúsculas figuras de quadrados. Não necessariamente três: é que, para formar a cor do meio, a cor branca, era usada a própria cor original da caixa, inteiramente branca. Com isso, a visualizada real das pequenas figuras se restringia aos
quadrados das cores verde e vermelha.
As solas de alguns modelos tinham formato bem peculiar, a ponto de haver relato de pelo menos um cliente, que foi abordado em pub londrino, em 1981, por interessados em saber onde havia comprado o sapato.
A Pisanina tinha uma pequena rede que abrangia a loja da rua Augusta, uma unidade na Galeria Nova Barão, no centro da cidade de São Paulo e uma loja no Shopping Ibirapuera. Na década de 2000, a empresa sentiu a necessidade de atingir clientes um pouco menos abastados e abriu uma loja no início da Avenida Brigadeiro Luiz Antônio, na região central da cidade, que tinha em suas gôndolas sapatos mais simples. Os modelos mais sofisticados não eram vendidos nessa loja. Uma loja na rua Líbero
Badaró também chegou a ser aberta.
Em determinado momento da vida da empresa os proprietários resolveram trabalhar também com calçados de outras marcas. Muito provavelmente foi uma alternativa para atrair mais clientes, com um ticket mais baixo. Mas, os problemas com a qualidade de alguns desses calçados era notório.
Um procedimento até certo ponto intrigante é o fato de que a Pisanina nunca aceitou cartão de crédito. Até aí nada demais, considerando que algumas outras lojas do comércio também não aceitavam. O pormenor, no entanto, é que o ticket era relativamente alto, o que podia afugentar muitos clientes. A explicação dos proprietários é que o custo da operação pelo cartão achatava demais as margens de lucro que já eram enxutas.
A empresa continua hoje apenas no endereço da rua Augusta 1.229, mas os modelos que clientes fieis usaram durante tanto tempo não mais são fabricados.
O blog "Origem das Marcas" visa identificar o exato momento em que nasce a marca, especialmente na definição do nome, seja do produto em si, da empresa, ou ambos. "Uma marca não é necessariamente a alma do negócio, mas é o seu nome e isso é importante", (Akio Morita). O blog também tenta apresentar as circunstâncias em que a empresa foi fundada ou a marca foi criada, e como o(a) fundador(a) conseguiu seu intento. Por certo, sua leitura será de grande valia e inspiração para empreendedores.
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16 de nov. de 2020
La Pisanina
Dynamo
Mas não é só pelos resultados espetaculares ou pela introdução do “value investing” ao brasileiro que a Dynamo desperta admiração e respeito no mercado: a obsessão em querer saber todos os detalhes das empresas que investe (ou pretende investir) e o “estímulo ao argumento”, forçando o debate de ideias entre os analistas da casa para que as teses de investimento convençam até mesmo quem não é especialista da empresa alvo de estudo, são alguns dos valores da Dynamo que foram disseminados para o mercado brasileiro de fundos de ações ao longo destes 24 anos.
Tal paixão pelo trabalho fica nítida ao ver que boa parte dos primeiros sócios ainda trabalham ativamente no dia-a-dia da gestora. Entre as grandes tacadas da gestora, estão lucros com ações do Itaú, Caemi, Natura, Lojas Renner, Cielo, Ambev e XP Investimentos.
14 de nov. de 2020
Tend Tudo
A rede de materiais de construção Tend Tudo, no mais absoluto recado aos consumidores que "tem de tudo", foi fundada em 1987 pela Alcoa.
Copiando a estratégia das lojas da rede Walmart, a maior dos Estados Unidos, que se fortaleceu primeiro no interior para só então entrar nos grandes centros, só depois de cinco anos, em 1992, com 11 lojas, a rede chega à capital paulista.
O então diretor-geral, Geraldo da Rocha Azevedo, chegou à Tend Tudo depois de trabalhar 21 anos na Casas Pernambucanas. Ele deu à rede a cara de um varejo de bens de consumo. A Tend Tudo oferecia crediário, cartão de crédito próprio, trabalhava com telemarketing, vendia utilidades domésticas e tinha
layout de supermercado.
(Fonte: revista Exame - 19.08.1992)
Peixe
A marca Peixe é de propriedade da Indústrias Alimentícias Carlos de Britto.
No início dos anos 1990, a empresa estava em baixa. Perdeu dinheiro e viu sua participação no mercado de derivados de tomate encolher de 15% em 1990 para 6,5% em meados de 1992.
Desde 1991, sabia-se que a família Mansur, que controlava a empresa, estava disposta a vendê-la. Vendeu. A Peixe, que faturou 90 milhões de dólares em 1991, foi comprada pela Kieppe
Investimentos, holding familiar dos Odebrecht, por 70 milhões de dólares.
A Kieppe não era do ramo, mas desenvolvia um projeto agroindustrial na Bahia dirigido pessoalmente por Norberto Odebrecht, fundador do grupo, e procurava uma marca forte para entrar no
mercado de conservas.
Embora tivesse perdido espaço para a concorrência em 1990/1991, a Peixe tinha boa aceitação no Norte e no Nordeste, mercados que estavam na mira da Kieppe. "A Peixe só precisa de investimentos para tornar-se uma forte concorrente", disse João Rozário da Silva, então diretor comercial da Cica.
Para o grupo Mansur a transação parecia vantajosa. Dono também da Vigor, da Leco e da Flor da Nata, podia então concentrar-se mais no setor de laticínios, do qual retirava 80% de seu faturamento, de
500 milhões de dólares anuais.
(Fonte: revista Exame - 19.08.1992)
13 de nov. de 2020
JJ Invest
O próximo registro profissional é de junho de 2012, quase um ano depois, como analista de planejamento estratégico da Rede D’Or de hospitais. Saiu em outubro de 2012.
O ano de 2013 começou com o aumento do preço do quilograma do tomate — que subiria mais de 100% entre janeiro e abril daquele ano —, mas, para Jaimovick ao menos, guardava boas perspectivas. Em janeiro ele entrou na LPA — Lar Protegido das Américas, uma residência terapêutica, mas para trabalhar no administrativo e financeiro. Segundo o que consta em seu LinkedIn, permaneceu na empresa até agosto de 2015.
De 2015 em diante, passou a valer-se de seus contatos no mercado financeiro — e dos contatos de seus contatos — para pedir dinheiro emprestado. As quantias variavam, mas, segundo uma fonte, ele chegou a pedir R$ 50. Dizia não ter dinheiro para comer. “As pessoas davam dinheiro, ele não pagava, depois pedia de novo."
Por volta do início de 2016, Jaimovick voltou à cena em grupos de WhatsApp. Todo dia, depois do fechamento do mercado, ele postava o gráfico de uma opção qualquer que tinha subido no dia e dizia: “Quem me ouviu teve esse lucro”. Pessoas que não o conheciam se perguntavam: “Quem é esse cara?”. Aos poucos, ganhava a confiança delas e passava a cuidar de seus investimentos. Ao mesmo tempo, ampliava o número de grupos de WhatsApp nos quais vendia seu suposto talento financeiro. Para poder justificar o que afirmava nos grupos — que conseguia atingir lucros altíssimos —, começou a mandar mensagens dizendo que o dinheiro havia rendido 10% ao mês. O burburinho sobre suas façanhas aumentava cada vez mais.
Jaimovick ainda responde a mais 30 inquéritos no Rio de Janeiro. Também há processos em São Paulo, Maranhão, Recife e Ceará, e ações na esfera cível pedindo ressarcimento ao próprio Jonas e à JJ Invest. Além do dono da empresa, outras sete pessoas foram indiciadas por suspeita de obtenção de lucro com a pirâmide financeira. As informações obtidas pela delegacia indicam que a operadora de investimentos oferecia às vítimas um lucro de 10% a 15% por mês com a intenção de aumentar o número de clientes e, em consequência, os lucros.
(Fonte: Revista Época (Danilo Thomaz)- 21.03.2019 / Money Times - 09.11.2020 / A Gazeta - 09.11.2020 / IstoÉdinheiro - 09.12.2020 - partes)
12 de nov. de 2020
Banco Crefisul
O Banco Crefisul foi adquirido em janeiro de 1978 por Henrique Sergio Gregori, quando foi convidado pelo Citibank para formar uma sociedade. O Citibank procurava um sócio brasileiro com
experiência internacional. Mais tarde, passaram a fazer parte da sociedade os herdeiros e sucessores de Gregori, através da empresa BCH Participações S/C Ltda.
A administração do Crefisul sempre contou com a experiência de profissionais do mercado e do Citibank. Inclusive a função de diretor superintendente, por decisão dos sócios Gregori e Citibank, era
ocupada por funcionários do Citibank.
Em 1989, Gregori iniciou conversações com o Citibank visando a reestruturação da organização, redefinição dos objetivos e do futuro do banco, possivelmente passando pela alienação das ações do
Banco Crefisul a terceiros.
Entre 1990 e 1992, Citibank e os herdeiros e sucessores de Henrique Sergio Gregori implementaram a reestruturação organizacional do Crefisul e, entre várias medidas, eliminaram o cargo de diretor superintendente, transferindo suas funções ao presidente. O cargo de presidente passou a ser preenchido por funcionário do Citibank, de forma a preparar o banco para o término da associação da família Gregori com o Citibank. Nessa época, passou pelo Crefisul o executivo Alvaro de Souza, que ocupara o cargo de superintendente da área de investimentos do Citi. Em maio de 1992, ele retorna ao Citibank no Brasil e assume a presidência.
Por volta de 1994, com a regulamentação dos bancos múltiplos, Citibank e Crefisul caminhavam para atuar nos mesmos segmentos do mercado financeiro, terminando a complementaridade entre as
instituições, fator essencial para parceria de sucesso almejada por Gregori.
Em comunicado de 9 de agosto de 1994, a BCH Participações informa a venda do banco Crefisul ao grupo Itamarati.
(Fonte: revista Exame - 23.12.1992 / 17.08.1994 - partes)
Banco / Corretora Fator
“Mas, meu amigo, é na baixa que se ganha dinheiro na Bolsa. Desista desse resgate, continue pagando suas prestações. Aos 18 anos seu filho terá uma pequena fortuna.” “Meu amigo é o cacete”, respondia o cliente. “Minha mulher e eu economizamos todo mês, já pusemos oitocentos cruzeiros em nome da Marilinha e agora a cota não vale nem duzentos. Passa isso logo para cá, antes que eu me aborreça.”
Foi assim que o Fundo Apollo foi morrendo aos poucos, até que acabou de vez. Muita gente nem foi pegar os trocados que sobraram.
Em 11 de maio de 1977, o Banco Central decretou intervenção no Banco Independência, intervindo no grupo Independência (o antigo Ducal), do qual a corretora Fator fazia parte.
Mas, Ivan Sant'Anna disse o seguinte: "Acontece que eu tinha um sério problema de consciência. Meus clientes haviam adquirido papéis Ivan Sant’Anna e não Independência. Eles confiavam em mim.
Naquela noite, ao chegar em casa, fiz algumas contas e concluí que meu dinheiro pessoal dava para reembolsar todo mundo. Só que ficaria sem nada, com exceção de nossa casa, por sinal financiada pelo Banco Nacional da Habitação – BNH. Minha mulher concordou que era melhor pagar todo mundo e ir à luta. Procurar um emprego, como as pessoas normais fazem nessas horas. Aliás, ela já tinha o dela, como professora universitária. Pois bem. Paguei".
Hoje, como Banco Fator, a empresa é sediada no bairro Itaim Bibi, em São Paulo.
(Fonte: revista Exame - 03.03.1993 / LinkedIn / ValorInveste - 23.06.2021 / 06.07.2021 / Mercadores da Noite/Inversa - 23.10.2021 / 15.11.2021 - partes)
9 de nov. de 2020
Isolux (Grupo Corsán)
5 de nov. de 2020
Celulose Irani
Para um estudo de viabilização, os diretores da vinícola, Galeazzo Paganelli e José Moraes Vellinho resolveram enviar um emissário em busca de pinheirais nos estados do Paraná e de Santa Catarina. Essa tarefa foi atribuída a Alfredo Fedrizzi, homem de confiança que durante onze anos provara sua dedicação e sua habilidade na sociedade Vinícola Rio Grandense.
Na madrugada de um dia de inverno em 1940, Alfredo Fedrizzi como líder da expedição, acompanhado de Paulo Pasquali e dos técnicos em araucária João Turra e Emílio Tedesco, partiu rumo ao Oeste de Santa Catarina e posteriormente ao Paraná. A missão do grupo era reconhecer duas fazendas oferecidas à Vinícola Rio Grandense para construir a fábrica de papel.
O local escolhido foi a Fazenda São João do Irani, no município de Cruzeiro do Sul, em Santa Catarina. Faltava implantar a fábrica. Tarefa difícil, pois na região não havia estradas. O último marco de civilização era Vargem Bonita a 25 quilômetros de distância.
No início de 1941, em Campina da Anta (local da Fazenda São João do Irani), Fedrizzi construiu o primeiro rancho de madeira lascada a machado à beira do Rio da Anta, pequeno afluente do Rio do Mato. Segundo relatos, Fedrizzi gostava muito de batizar os locais e os animais e por isso mudou o nome do local para Campina da Alegria, nome usado até hoje. Na mesma época, iniciou, à base de pás, picaretas e carrinho de mão a construção de uma estrada de 25 quilômetros, em plena mata fechada. Após 10 meses de trabalho a estrada estava pronta com dois metros de largura.
Em 6 de junho de 1941, depois de grande jornada, Fedrizzi fez surgir a fábrica de papel que recebeu o nome de Celulose Irani Ltda. A construção do primeiro prédio da Celulose Irani iniciou em 1942, ano em que a olaria já estava em funcionamento. Além dos tijolos, a olaria fornecia telhas e a serraria, as madeiras para a construção da fábrica. Em 1942 foram instalados os primeiros equipamentos industriais: um britador com acionamento hidráulico, as primeiras caldeiras “J. Martins” e a primeira máquina a vapor para geração de energia.
Após o atraso por causa da guerra, em 1943 foi instalado o primeiro desfibrador a vapor para a fabricação da primeira pasta mecânica. No final de 1943 e início de 1944, foi montada ao lado das caldeiras, outra máquina a vapor chamada Béllis. Era uma máquina usada em navio. Essa máquina, além de fornecer energia para a fábrica, tocava dois geradores que acionariam mais tarde, a primeira máquina de papel.
Como curiosidade, em 1943 a temperatura baixou para 12 graus negativos. Os tijolos então, muito úmidos com o frio, desmanchavam-se, esfarelavam-se, era preciso fabricá-los novamente. Na olaria, no inverno, o sol chegava à tarde. A sua volta havia apenas mata virgem. Em 1944 iniciou a produção de papel com a utilização da Máquina de Papel número I, inaugurada por Nereu Ramos, então governador do Estado de Santa Catarina. A fábrica começou o seu funcionamento sem produzir celulose, usando papéis velhos e pasta mecânica.
O primeiro papel, feito com celulose importada e pasta mecânica, foi vendido à Editora Globo, que imprimiu com ele o romance “Um olhar para a Vida”, de Maria Luiza Cordeiro.
Em 1945, depois de uma visita de “associados” da empresa, Alfredo Fedrizzi iniciou a construção de uma represa e de uma usina de geração de energia no Salto Flor do Mato, em Campina da Alegria.
Nessa época a energia elétrica era gerada por uma termoelétrica própria, acionada à lenha que produzia vapor para abastecer a indústria.
A maior parte do papel produzido na época era levada para a cortadeira. O restante, para a rebobinadeira Cavalari (máquina italiana para fazer bobinas). Na cortadeira, os papéis eram cortados em vários formatos, e, após esse processo passavam pela sala de escolha, onde eram contados em resmas. Depois de embalados, seguiam para as prensas e formavam fardos de aproximadamente 150 quilos cada.
Os papéis eram transportados até Cruzeiro do Sul (atual Joaçaba), onde a empresa mantinha um depósito às margens da ferrovia São Paulo – Rio Grande. O papel ficava no depósito e depois, de trem, era distribuído para os centros consumidores do país.
Em 1947, foi iniciada a construção do prédio onde seria montada a primeira autoclave de cavacos. O prédio foi construído totalmente de pedras por funcionários da Irani como Antonio Sella, Antonio Silvestrim, Ernesto Prigol, João Panizza, Silvalino e outros. Todos profissionais no manejo de pedras.
Em 1948, o Departamento de Águas do Ministério da Agricultura era encarregado de fiscalizar a obra. O engenheiro Waldemar de Carvalho deslocou-se do Rio de Janeiro para Campina da Alegria. Ao chegar ao salto, vendo a paisagem cheia de árvores e com muitas flores silvestres, logo percebeu a analogia com Flor de Maria (esposa de Alfredo Fedrizzi). Em sua homenagem registrou o salto (todas as quedas d’água que serviriam para a geração de energia deveriam ter um nome de registro) com o nome Flor do Mato, em homenagem à sua anfitriã. Também em 1948, a Celulose Irani encerrou a fabricação de papel com celulose importada.
Em 1949, a Usina Flor do Mato já gerava a capacidade necessária para a fábrica e para as casas dos operários em Campina da Alegria. Até então, a energia elétrica provinha de um locomóvel (máquina a vapor sobre rodas). Nessa época, foi contratado o primeiro técnico e especialista na fabricação de celulose e ácido, Max Erold. Segundo Erold, ele foi o primeiro fabricante de celulose no Brasil. Cada cozimento de celulose durava até 12 horas para 80 metros cúbicos de cavacos.
Em depoimento a Wálmaro Paz, Fedrizzi relata: “Construímos as autoclaves e a barragem no Salto Flor do Mato, onde instalamos dois grupos de geradores com capacidade de três mil quilowatts. Mais tarde, no Rio Irani, em São Luiz do Irani, construímos outra hidroelétrica com o dobro de capacidade. Então ficamos com uma boa potência hidroelétrica instalada”.
Em 1953 iniciou a construção da Máquina de Papel II. Toda a escavação do local foi feita manualmente com pás e picaretas. A montagem foi feita pelos funcionários da Irani, Artur Jonson e os mecânicos Protásio Dosciatti, Silvio Zanonatto, Vitório Zanonnatto, Nelson Varaschim, Alcides Maestri e outros auxiliares. Em 1954, foi montada a Máquina III, que produzia celulose para ser vendida para outras empresas.
Em 1957, no início da fabricação de celulose, não havia depósitos e por isso os picadores de madeira eram montados dentro dos barracões. Os cavacos eram transportados até os silos por meio de uma tubulação rústica com um ventilador. Quando os silos ficavam cheios, os picadores paravam.
Mais tarde, com novas técnicas, os picadores foram instalados no pátio de madeiras, e o depósito de lascas de madeira ficou ao ar livre.
Em 1958, o escritório da empresa foi instalado em Vargem Bonita. No início de 1960, a área florestal da Irani começou a ser estabelecida, com sementes de pinus provenientes da Georgia, nos Estados Unidos. As mudas foram produzidas, no viveiro da empresa desde essa época. Inicialmente o preparo do solo era manual e, a partir de 1972, passou a ser mecanizado.
A maior parte do papel produzido na época era levada para a cortadeira. O restante, para a rebobinadeira Cavalari (máquina italiana para fazer bobinas). Na cortadeira, os papéis eram cortados em vários formatos e, após esse processo passavam pela sala de escolha, onde eram contados em resmas. Depois de embalados, seguiam para as prensas e formavam fardos de aproximadamente 150 quilos cada.
Os papéis eram transportados até Cruzeiro do Sul (atual Joaçaba), onde a empresa mantinha um depósito às margens da ferrovia São Paulo – Rio Grande. O papel ficava no depósito e depois, de trem, era distribuído para os centros consumidores do país.
Os anos 1960 foram marcados pelo frio intenso. Em 1965, a neve que caiu chegou a formar 20 centímetros de gelo. A população da Vila Campina da Alegria nessa década era de 5 mil habitantes. Em
1967, caiu em Campina da Alegria a maior nevasca registrada na comunidade.
Em 1970 depois de mais de 30 anos dedicados à Celulose Irani S.A., Alfredo Fedrizzi decide passar o cargo de administrador da fábrica para Edgar Fedrizzi. Os filhos, estavam todos casados e moravam longe, quase todos no Rio Grande do Sul. Vieram os netos. Muito apegado à família, Alfredo e sua esposa Flor de Maria resolveu mudar-se para Caxias do Sul, após serem homenageados pelos moradores de Campina da Alegria.
A preocupação com o meio ambiente já existia desde os primeiros anos da Irani. No início do funcionamento da fábrica de celulose Alfredo não permitiu o desmatamento. Procurava comprar aparas de madeira das serrarias existentes na região e recolher pontas de pinheiros abandonadas no mato. Muito antes de existirem leis federais que impunham a plantação de novos pinheiros para cada abate, a Celulose Irani por iniciativa de Alfredo criou um viveiro de mudas de araucária e de espécies exóticas (Pinus Insignes – pinheiro do Chile). As mudas de Pinus Insignes vindas de São Paulo não conseguiram se adaptar ao clima local. Por isso, Alfredo apostou nas mudas de Pinus elliottii e taeda, que se aclimaram muito bem à região e que teriam sido as primeiras de Santa Catarina. Nessa época, reflorestamentos com Pinus elliottii e taeda começaram a ser implantados também na Serra Catarinense, pela Olinkraft.
Em 1975, a Irani inicia a montagem da quarta máquina de papel. Fabricada pela Voith para produzir papel FineKraft e FlashKraft, a MP IV ficou pronta em 1976, produzindo papel com uma velocidade de 80m/min. Também em 1975 é realizada a primeira colheita de madeira.
O governo do Estado de Santa Catarina construiu um colégio num terreno doado pela empresa. Uma nova igreja foi concluída ainda na gestão de Alfredo. O velho armazém de madeira foi substituído por um moderno prédio de alvenaria em frente à praça e por uma quadra de futebol de salão. Pouco
antes de a família Fedrizzi sair de Campina da Alegria, já havia terminado a construção de um pequeno, mas moderno hospital, ao lado da igreja, cujo nome era Hospital Flor de Maria. Hoje no local há um Posto de Saúde.
A partir de 1980, o desbaste sistemático de madeira passou a ser seletivo e terceirizado. Nessa mesma época, os caminhões utilizados no transporte da madeira começaram a ser traçados e o carregamento mecanizado, sendo terceirizado no final dessa década.
Em 1982 são concluídas a fábrica de pasta químico-mecânica e a instalação da segunda Pequena Central Hidroelétrica (PcH) – Cristo Rei, localizada no município de Ponte Serrada (SC).
Em 1994, o Grupo Habitasul de Participações S.A. assume o controle acionário da Celulose Irani S.A., dando início a um grande ciclo de crescimento.
Fundada por Péricles de Freitas Druck, a Habitasul apresenta como principais áreas de atuação desenvolvimentos imobiliários e hotelaria e turismo, e tem como holding a CHP - Companhia Habitasul de Participações -, com ações negociadas na bolsas de valores. De origem gaúcha, a Habitasul mantém seu escritório central em Porto Alegre.
Os móveis são fabricados sob encomenda para exportação. A divisão móveis tem capacidade instalada para produzir até 800 metros cúbicos mensais. Utiliza como matéria-prima básica madeira de reflorestamento, manejada de acordo com os padrões e as exigências internacionais de preservação ambiental. O perfil da produção é composto por linhas de dormitórios, salas e móveis auxiliares de madeira maciça, atendendo a exigentes mercados mundiais.
Em 2000, a Máquina de Papel número I passa por uma grande reforma. São instalados dois grupos de secagem e dupla filtragem na primeira prensa e um Klupack (equipamento que deixa o papel extensível, corrugado muito utilizado para sacarias pesadas como na indústria de cimento). Nesse
mesmo ano, são inauguradas a Máquina de Papel número V e a Unidade Fabril Embalagem SC, em Campina da Alegria.
Em setembro de 2002, é incorporada aos negócios da Irani, a Unidade Fabril – Madeiras no Rio Grande do Sul, em São José do Norte.
As unidades madeireiras da Irani (uma localizada em Vargem Bonita e outra em São José do Norte) produziam madeiras exclusivamente para atender demandas da fábrica de móveis em Rio Negrinho e para a exportação e mercado interno, respectivamente.
Em 2004 é criado o departamento de Gestão Ambiental, visando o plano de desenvolvimento de projetos de melhoria ambiental.
A Empresa conquista a aprovação do Instituto Adolfo Lutz para comercializar soluções de embalagens apropriadas para manter contato direto com alimento, o que assegura a presença de produtos com a marca Irani em grandes redes de fast food e padarias. Em 2004, a Irani já estava presente no mercado internacional, em países da Europa, Ásia, África e nos Estados Unidos
A Irani inaugura no dia 2 de junho de 2008, a nova unidade fabril de embalagem de papelão ondulado em Indaiatuba (SP).
Em 2010, a empresa decide encerrar as operações da unidade móveis, em Rio Negrinho e atuar somente na comercialização de móveis por meio da loja digital Meu Móvel de Madeira. Em 2012, após
seis anos da criação da marca Meu Móvel de Madeira e da loja digital, a Irani decide vender a subsidiária para Ronald Heinrichs, ex-diretor de negócio móveis que integrou a Celulose Irani de 2009 a 2012. A MMM, hoje é uma referência no e-commerce de móveis sustentáveis.
A Celulose Irani anunciou no dia 31 de janeiro de 2013, a celebração do Contrato de Arrendamento de Ativos e Outras Avenças e o Contrato de Reestruturação Operacional e Implantação de Novo Modelo de Gestão com a Indústria de Papel e Papelão São Roberto S.A., empresa com sede em São Paulo e unidades industriais instaladas em São Paulo (SP) e Santa Luzia (MG). A Indústria de
Papel e Papelão São Roberto S.A. foi adquirida pela CCI (Companhia Comercial de Imóveis), controladora indireta da Celulose Irani.
O contrato de arrendamento destina-se apenas à planta industrial de produção de papel localizada em Minas Gerais. A unidade será utilizada para o desenvolvimento das atividades da companhia, relacionadas ao setor de celulose, papel para embalagens e embalagem de papelão ondulado. O contrato de arrendamento tem prazo de 120 (cento e vinte) meses com início em 1º de março de 2013 e término em 28 de fevereiro de 2023.