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30 de jul. de 2020

Chrysler

          A marca norte-americana Chrysler foi fundada em 6 de junho de 1925 por Walter Chrysler. O primeiro automóvel da marca foi apresentado em 5 de janeiro de 1924, com a designação de Six. Tratava-se de um automóvel de gama média que apresentava uma série de novidades pouco comuns nesse tipo de viaturas, como um motor de alta-compressão com pistões de alumínio. Walter Chrysler tinha adquirido experiência no ramo de automóveis ao trabalhar em cargos de chefia de empresas como a Buick e a General Motors.
          Em 1926, a Chrysler entrou no segmento dos carros de luxo com o modelo Imperial E-80, que alcançava as 80 milhas por hora. Em 1928, a Chrysler, que tinha Walter Chrysler como presidente, comprou a Dodge, uma importante empresa de fabrico de motores. Nesse ano começou a produzir os modelos DeSoto e Plymouth.
          Em 1935 Walter Chrysler demitiu-se da presidência da empresa, quando a essa altura a Chrysler já era uma das principais marcas de automóveis norte-americanas.
          Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a Chrysler forneceu às forças aliadas cerca de meio milhão de caminhões Dodge, assim como tanques M4 Sherman, os mais utilizados pelas tropas norte-americanas.
          Em 1951 a marca apresentou o motor Hemi V-8, o mais potente destinado a carros de passageiros. Quatro anos mais tarde, Chrysler 300, equipado com esse motor, era o carro de passageiros mais potente do mundo.
          Nos anos 1950, a fabricante de automóveis Chrysler Corporation, realizou algumas pesquisas diretas com consumidores e concluiu que as pessoas queriam um carro que estivesse em sintonia com os novos tempos, um carro sem frescuras que fosse resistente e fácil de estacionar. Com as ruas cada vez mais cheias de carros, os tempos pareciam obviamente exigir um carro mais compacto.
          Em 1953, a Revista Tide, um importante veículo especializado em marketing, publicou um artigo com a pergunta “Is this the end of the 'Big Fat Car’?”, em referência ao fim dos carros grandalhões da época, para comentar a decisão da Chrysler de revolucionar o estilo das suas marcas. No artigo, um diretor da montadora chegou afirmar que: "As pessoas não querem mais comprar um carro grandalhão. O público quer um carro menor". O que aconteceu? A participação da Chrysler no mercado de automóveis caiu de 26% em 1952 para cerca de 13% em 1954. A empresa entrou em desespero, parou para analisar mais profundamente o que realmente vende carros e descobriu que as pessoas queriam o oposto: carros longos. A venda de carros estava (e talvez ainda está) muito mais associada com o símbolo de status que o modelo e marca representam do que a funcionalidade dos veículos.
          Em 1957, depois de uma grande expansão interna no pós-guerra, a Chrysler formou uma equipe de operações internacionais sediada na Suíça para vender os seus modelos na Europa. O ano de 1958 ficou marcado por uma inovação mundial introduzida pela marca, ao disponibilizar nos seus modelos o controle automático de velocidade. No ano seguinte, lançou um dos primeiros carros compactos da história do automóvel, o Plymouth Valiant.
          Em novembro de 1978, entra na empresa o executivo Lee Iacocca, recém saído da Ford, enxotado da companhia onde trabalhou por quase três décadas. Se, ao ser demitido da presidência da Ford, Iacocca disse que "havia caído do Everest", se soubesse o que o aguardava na Chrysler, provavelmente não teria aceitado o convite. A Chrysler passava por gravíssimos problemas. Mas, Lee conseguiu reerguer a Chrysler. Em meados de 1983, a empresa estava sólida outra vez. Iacocca se vingou do antigo empregador ao tirar a concorrente do buraco. Sob seu domínio, a Chrysler tornou-se a montadora mais lucrativa do planeta.
          Em 1983 a empresa lançou-se na produção de mini-vans, a Dodge Caravan e a Plymouth Voyager, criando assim um novo segmento de mercado. No ano seguinte, adquiriu parte da Maserati e em 1987 comprou a Lamborghini. É ainda em 1987 que a marca norte-americana volta a entrar no mercado europeu.
          Quando se aposentou, em 1992, Iacocca havia se tornado um dos mais lendários nomes da indústria automotiva mundial.
          Em 1992, a empresa apresentou o Dodge Viper, um carro superesportivo de dois lugares que foi o primeiro da marca a ter origem numa plataforma comum a outros modelos Chrysler. Nesse mesmo ano, lançou uma linha de carros familiares constituída pelo trio Chrysler Concorde, Dodge Intrepid e Eagle Vision.
          Quatro anos depois, em 1996, a marca já era vendida em mais de cem países. O modelo mais vendido era o Jeep Cherokee.
          Desde que o célebre e controvertido executivo Lee Iacocca a deixou, aparentemente de má vontade com a aposentadoria, nas mãos de Robert Eaton, em 1995, a montadora deu um salto. Marcou mais pontos com o design inventivo de suas minivans e jipes, aprimorou a qualidade de seus produtos e acertou em cheio na hora de detectar novas tendências de mercado. Hoje (1996) nenhuma indústria de automóvel lucra mais por carro vendido do que a Chrysler. A empresa investiu bilhões de dólares para modernizar suas fábricas e reduziu as dívidas praticamente a zero. Pouco ou nada lembra, na Chrysler, a companhia que quase quebrou duas vezes no então passado recente e que Iacocca salvou da bancarrota.
          Nos tempos duros a imprensa fez marcação cerrada em torno da crise da Chrysler. Hoje (1996), as críticas se tornaram rarefeitas. A montadora ganha tanto dinheiro que chega a ser motivo de espanto, pelos padrões da indústria automobilística. "O retorno obtido pelos nossos acionistas é o mais alto do mercado de automóveis. Temos orgulho disso. Mas não chegamos lá através de nossa tabela de preços, mas por oferecer um valor superior aos consumidores, disse Lutz.
          Em 1995, o maior acionista individual da Chrysler, Kirk Kerkoriam, estimou que a empresa tivesse 7 bilhões de dólares em caixa. Achou que, por ter se tornado uma máquina de fazer dinheiro, seria alvo, mais cedo ou mais tarde, de uma tentativa de takeover. Decidiu então ele mesmo tentar se apoderar da companhia, auxiliado pelo velho amigo Lee Iacocca. A tentativa fracassou. Kerkoriam recompôs suas relações com os executivos da Chrysler, mas não Iacocca. Hoje (1996) seu cartaz na companhia onde era considerado herói está baixíssimo. Com Lutz, seu rival histórico, as relações simplesmente deixaram de existir. No passado, as divergências entre os dois, chegaram ao ápice quando Iacocca tentou fundir a Chrysler com a Fiat. Lutz boicotou a ideia, dizendo que a Chrysler parecia a noiva deitada em seu leito de morte. Depois recebeu o troco. Apontado como sucessor de Iacocca dentro da companhia, foi passado para trás. Iacocca escolheu Robert Eaton, um egresso da General Motors, para sucedê-lo. Lutz teve de se contentar com o segundo posto para sempre. Aos 64 anos, ele não pode esperar mais numa montadora que costuma aposentar seus executivos aos 65.
          No Brasil, no início de 1998 (?), a Chrysler inaugura uma fábrica no Paraná para produzir a picape Dodge Dakota, para consumo de brasileiros e argentinos. O investimento previsto era de 315 milhões de dólares. A decisão de construir essa fábrica foi tomada no fim de 1996, pelo executivo Robert Lutz, o homem número 2 da Chrysler no mundo, só abaixo de chairman Robert Eaton, marcando uma mudança do status do Brasil na escala de prioridades da Chrysler. A picape Dodge Dakota foi fabricada no Brasil entre 1998 e 2001. Teve sua versão esportiva R/T lançada em 2000, equipada com o motor V8 de 5,2 litros de 232 cv.
          Em 1998, a Chrysler e suas subsidiárias foram compradas pela alemã Daimler Benz e tornaram-se parte da DaimlerChrysler. Quando se aposentou, em 1992, Iacocca havia se tornado um dos mais lendários nomes da indústria automotiva mundial. Os tempos áureos, porém, tinham ficado definitivamente para trás. Em seu livro Cadê os Líderes, que chegou ao Brasil em junho de 2007, Iacocca mais fala (mal) dos governantes do que sobre automóveis. Mas, no capítulo em que relata sua saída da Chrysler, sem meias palavras, ele conta que, ao escolher Bob Eaton para sucedê-lo no comando da montadora, tomou uma decisão infeliz. Segundo ele, Eaton foi o grande responsável pela ideia de fazer a "fusão" da Chrysler com a alemã Daimler-Benz. "O negócio não fazia nenhum sentido", afirmou Iacocca. 
          Em 14 de maio de 2007 foi anunciada a venda da Chrysler para o Cerberus Capital Management, por mais de 7 bilhões de dólares, tendo em vista a não-realização das sinergias previstas na época da fusão. Colocou-se assim um ponto final numa das mais malsucedidas fusões da história do capitalismo. O nome Chrysler LLC foi adotado após a dissolução da DaimlerChrysler AG. A Chrysler LLC continua existindo sendo proprietária das marcas Dodge, Chrysler e Jeep.
(Fonte: Wikipédia / revista Exame - 06.11.1996 / 20.06.2007  / Eleven - 26.07.2020 - partes)

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