Em 1905, a Cia Antarctica Paulista comprou sua maior concorrente em São Paulo, a Cervejaria Bavaria, de Henrique Stupakoff, por 3700 contos de réis, quando seu capital já era de 8500 contos. Nessa época a Antarctica Paulista estabeleceu um acordo com a maior cervejaria carioca, a Companhia Cervejaria Brahma, regulando os preços e os volumes de venda em todo território nacional. Foi o primeiro cartel da cerveja no país, e não seria o último.
Em 1920 a Antarctica mudou-se da Água Branca para a Mooca, na Avenida Presidente Wilson, para as antigas instalações da Cervejaria Bavaria, onde está até hoje. Uma das razões da mudança talvez tenha sido a proximidade das fábricas de sabão das Indústrias Matarazzo, que empestavam o ar de toda região (da Água Branca).
Ao apresentar a Ambev, em julho de 1999, a Antarctica, de 3,3 bilhões de reais de faturamento, e a Brahma, de 7 bilhões de reais, lançaram o Brasil de forma espetacular na era das megafusões. Com 16.500 funcionários, 50 fábricas e produzindo 8,9 bilhões de litros de bebida por ano, a AmBev passou a ser a quinta maior empresa de bebidas e a terceira maior cervejaria do mercado - no mundo. A marca Bavaria estava, naturalmente, acompanhando o vasto portfólio de marcas de cerveja da Antarctica para a nova empresa, a Ambev.
No dia 11 de novembro de 1999, a Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, finalmente divulgou o parecer sobre a fusão da AmBev. E o alvoroço foi enorme. A AmBev tinha discursos prontos para cinco decisões diferentes da secretaria, entre elas até um parecer totalmente contrário à fusão. Não passou pela cabeça de ninguém que a Seae pudesse falar na venda de uma marca inteira, com todos os seus ativos. Mas foi o que aconteceu. A sugestão recaiu sobre a Skol. A explicação é que a Skol só tem cervejas, enquanto a Brahma e Antarctica trabalham também com refrigerantes, águas e outras bebidas. Não teria lógica mandar a AmBev se desfazer da cerveja Antarctica e continuar com o guaraná Antarctica. Lógica é o que mais faltou à Seae na opinião da AmBev. "Se vendermos a Skol, será a primeira vez em que as companhias ficam menores depois de uma fusão", disse Marcel Herrmann Telles. A decisão do Cade ainda estava por vir.
Em 2000, por imposição do Cade, a Ambev teve que vender a marca Bavaria. Então com 4,5% do mercado, a Bavaria passou para as mãos da canadense Molson, por US$ 98 milhões.
Em março de 2002, a Molson desembolsa 800 milhões de dólares pela brasileira Kaiser (vide origem da marca Kaiser neste blog). De imediato, a compra da Kaiser livra a Molson de uma intimidade incômoda. A Bavaria, até então, dependia da distribuição da AmBev, uma obrigação imposta pelo Cade. Com os negócios, as marcas locais da Molson passaram a deter quase 18% do mercado brasileiro. A compra da Kaiser pela Molson foi o primeiro lance da disputa com a Ambev pelo mercado das Américas.
Antes da aquisição da Kaiser, a Molson estava praticamente limitada ao seu país de origem. No Canadá, detinha 45% do mercado, o que lhe dava uma liderança apertada sobre a Interbrew. Além disso, a Molson tinha uma participação quase insignificante nos Estados Unidos. Sem condições de enfrentar diretamente a Anheuser-Busch, gritantemente maior, sua opção mais lógica seria arriscar no mercado brasileiro.
Sob o guarda-chuva da Molson, porém, a Kaiser (que englobava a Bavaria) foi perdendo mercado consistentemente. Na gestão dos canadenses, a empresa perdeu quase 10 pontos percentuais em sua participação de mercado. Passou, segundo a ACNielsen, sua fatia a apenas 8,1% no início de 2006. Isso fez com que a Kaiser, comprada por 800 milhões de dólares em 2002, fosse vendida aos mexicanos da Femsa, por menos de 9% desse valor (68 milhões de dólares).
Para a Molson Coors, a passagem pela cervejaria brasileira deixou de ser a promessa de expansão num mercado em que a presença global faz cada vez mais diferença, para transformar-se numa tragédia financeira.
Assim que os mexicanos da Femsa, capitaneados pelo executivo José Antonio Fernández ("El Diablo"), assumiram a empresa, promoveram um forte programa de corte de custos, reposicionando as marcas (Kaiser, Bavaria e Xingu) e implementando um inédito conservadorismo na administração da companhia. Tudo isso tinha um só objetivo: levar a Kaiser de volta ao caminho do lucro.
Desde o início de 2010, quando a Heineken comprou os negócios de cerveja da Femsa, a Kaiser, incluindo a Bavaria e Xingu, mais a marca Sol, lançada no Brasil em outubro de 2006, passaram a pertencer 100% aos holandeses e fabricadas pela Heineken Brasil.
Em 1920 a Antarctica mudou-se da Água Branca para a Mooca, na Avenida Presidente Wilson, para as antigas instalações da Cervejaria Bavaria, onde está até hoje. Uma das razões da mudança talvez tenha sido a proximidade das fábricas de sabão das Indústrias Matarazzo, que empestavam o ar de toda região (da Água Branca).
Ao apresentar a Ambev, em julho de 1999, a Antarctica, de 3,3 bilhões de reais de faturamento, e a Brahma, de 7 bilhões de reais, lançaram o Brasil de forma espetacular na era das megafusões. Com 16.500 funcionários, 50 fábricas e produzindo 8,9 bilhões de litros de bebida por ano, a AmBev passou a ser a quinta maior empresa de bebidas e a terceira maior cervejaria do mercado - no mundo. A marca Bavaria estava, naturalmente, acompanhando o vasto portfólio de marcas de cerveja da Antarctica para a nova empresa, a Ambev.
No dia 11 de novembro de 1999, a Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, finalmente divulgou o parecer sobre a fusão da AmBev. E o alvoroço foi enorme. A AmBev tinha discursos prontos para cinco decisões diferentes da secretaria, entre elas até um parecer totalmente contrário à fusão. Não passou pela cabeça de ninguém que a Seae pudesse falar na venda de uma marca inteira, com todos os seus ativos. Mas foi o que aconteceu. A sugestão recaiu sobre a Skol. A explicação é que a Skol só tem cervejas, enquanto a Brahma e Antarctica trabalham também com refrigerantes, águas e outras bebidas. Não teria lógica mandar a AmBev se desfazer da cerveja Antarctica e continuar com o guaraná Antarctica. Lógica é o que mais faltou à Seae na opinião da AmBev. "Se vendermos a Skol, será a primeira vez em que as companhias ficam menores depois de uma fusão", disse Marcel Herrmann Telles. A decisão do Cade ainda estava por vir.
Em 2000, por imposição do Cade, a Ambev teve que vender a marca Bavaria. Então com 4,5% do mercado, a Bavaria passou para as mãos da canadense Molson, por US$ 98 milhões.
Em março de 2002, a Molson desembolsa 800 milhões de dólares pela brasileira Kaiser (vide origem da marca Kaiser neste blog). De imediato, a compra da Kaiser livra a Molson de uma intimidade incômoda. A Bavaria, até então, dependia da distribuição da AmBev, uma obrigação imposta pelo Cade. Com os negócios, as marcas locais da Molson passaram a deter quase 18% do mercado brasileiro. A compra da Kaiser pela Molson foi o primeiro lance da disputa com a Ambev pelo mercado das Américas.
Antes da aquisição da Kaiser, a Molson estava praticamente limitada ao seu país de origem. No Canadá, detinha 45% do mercado, o que lhe dava uma liderança apertada sobre a Interbrew. Além disso, a Molson tinha uma participação quase insignificante nos Estados Unidos. Sem condições de enfrentar diretamente a Anheuser-Busch, gritantemente maior, sua opção mais lógica seria arriscar no mercado brasileiro.
Sob o guarda-chuva da Molson, porém, a Kaiser (que englobava a Bavaria) foi perdendo mercado consistentemente. Na gestão dos canadenses, a empresa perdeu quase 10 pontos percentuais em sua participação de mercado. Passou, segundo a ACNielsen, sua fatia a apenas 8,1% no início de 2006. Isso fez com que a Kaiser, comprada por 800 milhões de dólares em 2002, fosse vendida aos mexicanos da Femsa, por menos de 9% desse valor (68 milhões de dólares).
Para a Molson Coors, a passagem pela cervejaria brasileira deixou de ser a promessa de expansão num mercado em que a presença global faz cada vez mais diferença, para transformar-se numa tragédia financeira.
Assim que os mexicanos da Femsa, capitaneados pelo executivo José Antonio Fernández ("El Diablo"), assumiram a empresa, promoveram um forte programa de corte de custos, reposicionando as marcas (Kaiser, Bavaria e Xingu) e implementando um inédito conservadorismo na administração da companhia. Tudo isso tinha um só objetivo: levar a Kaiser de volta ao caminho do lucro.
Desde o início de 2010, quando a Heineken comprou os negócios de cerveja da Femsa, a Kaiser, incluindo a Bavaria e Xingu, mais a marca Sol, lançada no Brasil em outubro de 2006, passaram a pertencer 100% aos holandeses e fabricadas pela Heineken Brasil.
A Bavaria é produzida pela CKBR S.A., onde o K significa Kaiser, em Jacareí, interior de São Paulo.
(Fonte: revista Exame - 31.03.1993 / 03.04.2002 / 26.04.2006 - partes)
(Fonte: revista Exame - 31.03.1993 / 03.04.2002 / 26.04.2006 - partes)
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