Até 2004, Luiz Marsaioli e Cristiano Melles eram apenas amigos carnívoros que se reuniam semanalmente para comer uma bela picanha. Vinte anos depois, os fundadores do Pobre Juan seguem compartilhando o churrasco, mas o contexto agora é outro. “Antes era uma vez por semana, agora não tem dia: terça, quarta, sexta, domingo a gente se encontra em um Pobre Juan. Na segunda, até tentamos tomar uma sopa, mas acabamos visitando outros restaurantes para acompanhar tendências e o mercado gastronômico”, conta Marsaioli.
“No começo, a ideia era ter um lugar bonito. E o lugar foi um achado, um terreno repleto de árvores na Vila Olímpia. Mas também queríamos música boa, vinho e, acima de tudo, carnes de qualidade numa atmosfera diferente das churrascarias tradicionais”, relembra Cristiano Melles. Com os desejos realizados, a dupla passou a receber convites para abrir casas pelo Brasil: “Temos um cuidado gigante com a marca, só vamos quando podemos replicar exatamente a mesma experiência, porque assim as pessoas continuam indo”.
Nesse sentido, a primeira réplica veio em 2008, no bairro de Higienópolis. A experiência implicava – e continua implicando – 17 cortes. A carne é argentina, uruguaia ou brasileira, por vezes até australiana. “O que garante a qualidade é que trabalhamos apenas com raças britânicas e temos um protocolo rígido para homologação de fornecedores. O protocolo é um segredo, mas tem a ver com a alimentação e a idade do abate”, explica Marsaioli.
Entre chorizos, tomahawks e vacíos, o corte estrela é o bife Pobre Juan (R$ 172, com 250 gramas, ou R$ 304, com 500 gramas, em valores referentes a julho de 2024). Chamado de “ceja” pelos hermanos, é a ponta macia e marmorizada do bife ancho, que harmoniza perfeitamente com a maior invenção da casa, a farofa de pistache (R$ 75).
Talvez pela inspiração nas parrillas de Buenos Aires, duas décadas depois, os cortes argentinos, como ojo del bife, seguem como carros-chefes nas 16 casas. Os amigos, no entanto, entendem carne de uma maneira mais ampla: como arte, como festa. “Estamos celebrando nossos 20 anos com uma série de eventos. Começamos com jantares de chefs convidados. Trouxemos o Yoji Tokuyoshi, do Japão, Alberto Landgraf, do Rio, e Andé Saburó, do Recife, para mostrar técnica e rigor nesse ofício que é trabalhar a carne: no caso deles, mais de peixes”, comenta Marsaioli.
Até o fim do ano haverá mais comemorações. A primeira será o Tango de Los 20, em 17 de agosto, realizado simultaneamente em todas as unidades. Jantares especiais também estão previstos para Manaus, Brasília e Porto Alegre.
O encerramento, por sua vez, será com outro amigo, o italiano Dario Cecchini. A data não está definida, mas o açougueiro mais famoso do mundo fechará o ciclo no Pobre Juan do Shopping Cidade Jardim. Pobre Juan R. Comendador Miguel Calfat, 525, Vila Olímpia.
Com 16 endereços (em São Paulo, Rio de Janeiro, Belém, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Goiânia, Manaus, Recife e Porto Alegre) e o plano de abrir novos espaços, a carne não sai do cardápio dos dois amigos.
Um dos endereços do Pobre Juan na cidade de São Paulo fica na Rua Comendador Miguel Calfat, 525, Vila Olímpia.
(Fonte - Estadão - 26.07.2024)