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5 de out. de 2011

Obrigado

          A Obrigado produz água de coco em solo baiano, mas o projeto da Obrigado tem DNA europeu. O investimento veio de dois holandeses, Piet Henk Dörr, estabelecido no Brasil e Willem Kooyker, que mora nos Estados Unidos. Inicialmente, a ideia era comprar terras para desenvolver empreendimentos voltados ao turismo. Como a atividade não teve o crescimento que prometia pelos idos de 2009 e 2010, começou-se a pensar em uma alternativa.
          Para arranjar uma função para as propriedades, o grupo Aurantiaca resolveu apostar no coco, um produto natural da região. Dörr vive na Bahia desde os anos 1970, e sabia que as práticas usadas na produção de coco na região eram de 100, 200 anos atrás. Daí a intenção de criar um produto diferenciado, capaz de competir não apenas no mercado brasileiro, mas em todo o mundo.
          Antes que o projeto pudesse sair do papel, muito teve de ser feito. Parte das fazendas adquiridas abrigava uma antiga comunidade quilombola - o que exigiu o cadastramento das famílias e a construção de uma escola nas proximidades. Para garantir que o produto fosse próximo do natural, foi preciso também criar um sistema agrícola e industrial do zero. Os equipamentos foram desenvolvidos pelos próprios funcionários da Obrigado, num processo que durou dois anos.
          A matéria-prima que sai das fazendas do grupo chega à fábrica, que fica a 15 minutos dos coqueirais, na caçamba de caminhões. Lá, um equipamento ergue os veículos, e os cocos caem diretamente numa solução de água e desinfetante. Um elevador retira os frutos, que passam por um chuveiro de água pura. No maquinário, os cocos são automaticamente furados e a água (do coco) escorre diretamente por tubos, que levam a tanques e, posteriormente, ao envasamento.
          A casa-sede da Fazenda Bú, nos arredores de Conde, no litoral norte da Bahia, fez parte do ciclo da cana-de-açúcar, no inicio do século XX. Localizada às margens do rio Bú, a residência em estilo colonial teria recebido, por uma noite, nos anos 1930, o presidente Getúlio Vargas, antes de entrar em longo período de decadência. Hoje, completamente restaurada, abriga a sede do Grupo Aurantiaca, dono da marca Obrigado.
          No período de 2011 a 2016 o negócio recebeu investimentos de R$ 580 milhões e está dando seus primeiros passos em direção ao exterior, iniciando as exportações para a União Europeia. Cada coqueiro nas fazendas da Obrigado produz, em média, 30 frutos por ano; na natureza, árvores dão 50 frutos por ciclo. A produção de cocos da Obrigado se estende por 6 mil hectares. Todas as fazendas da empresa ficam ao redor da fábrica instalada na entrada do município de Conde, a 150 quilômetros de Salvador. A companhia, no entanto, só cobriu um terço da área com coqueirais. Para garantir o equilíbrio natural, o restante do terreno é ocupado por áreas de preservação da Mata Atlântica.
          O objetivo é garantir que a produção ocorra sem intervenções desnecessárias. Para isso, criou-se um sistema que mede, árvore por árvore, a presença de nutrientes e de água. Os coqueirais foram divididos em glebas - cada uma delas é cuidada por um profissional denominado arista. Esses funcionários passam o dia coletando informações sobre as plantas e fornecendo-as às centrais de produção. A partir das informações coletadas por amostragem pelos aristas, a empresa determina a necessidade de irrigação e de fertilizantes para as plantas.
          A Obrigado passou a produzir sucos com frutas bem tropicais como manga e maracujá, misturadas ao coco. O produto é produzido e envasilhado pela Frysk Industrial Ltda. na rodovia Conde-Esplanada, município de Conde (BA).
(Fonte: jornal O Estado de S.Paulo - 07.08.2016 /embalagem do produto - partes)

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