Com o início da Segunda Guerra Mundial, Jules Roger Sauer, de origem judia, fugiu de bicicleta da Bélgica, onde morava. Em seguida, pedalou, sozinho, 1500 quilômetros até a Espanha. De lá, seguiu para Portugal, onde tomou um navio em direção ao Rio. No Brasil, onde chegou em 1939, sobrevivia dando aulas de francês até fundar, em 1941, o seu negócio. Em seu primeiro contato com as pedras preciosas, tornou-se imediatamente fascinado por elas e decidiu estabelecer-se na cidade de Belo Horizonte. Sua empresa recebeu a denominação de Lapidação Amsterdam Limitada. Recebeu este nome porque a cidade de Amsterdam, na Holanda, era o berço de excelência na lapidação e comércio de diamantes.
Jules casou-se com Zilda, sua assistente, em 1950 e decidiu-se mudar para o Rio de Janeiro, então capital e centro financeiro do Brasil.
A Amsterdam Sauer nasceu à beira-mar, quando as pessoas ainda estavam descobrindo as delícias e o privilégio de uma vida na orla. Embora as famosas gemas da joalheria saiam basicamente do riquíssimo solo do interior do Brasil, foi de frente para o mar que a empresa construiu sua história. Quando a Amsterdam Sauer abriu sua primeira loja em 1956, colada ao icônico Hotel Copacabana Palace, a clientela se deparou com uma decoração inusitada para os padrões da época. Além dos mostruários de joias, havia uma preocupação em expor quadros, objetos de arte e mobiliário criado pela vanguarda da geração bossa nova. O design das peças também seguia uma tendência mais orgânica, destacando as brasileiríssimas gemas coloridas, em contrapartida ao padrão diamantário vigente. Essas inovações deixaram adivinhar que a nova marca seguiria uma relação quase simbiótica com as artes plásticas. E assim foi ao longo das seis décadas seguintes.
Certamente, um efeito da infância e da adolescência do fundador, o francês Jules Roger Sauer, que cresceu cercado de arte em sua Alsácia-Lorena natal até os 18 anos. Na epopeia da mudança para o Brasil, fugindo da Segunda Guerra, ele trouxe essas referências na bagagem. Segundo Daniel Sauer, da segunda geração da família e diretor da empresa, seu pai Jules sempre teve a preocupação de oferecer ao público mais do que simplesmente as joias. Ele embutia nas coleções uma cultura que decifrasse o momento social e intelectual que sua clientela vivia.
À medida que o negócio ia prosperando, o casal Jules e Zilda Sauer investia em arte, formando um respeitável acervo de pinturas e esculturas assinadas por artistas plásticos brasileiros modernistas e pós-modernistas.
O intenso trabalhos de pesquisa do design contemporâneo rendeu prêmios à joalheria. Em 1966, o anel Constellation ganhou o Diamond International Awards, honraria máxima da joalheria internacional, feito que se repetiria duas vezes, em 1992, com a pulseira Luna, e em 2000, com o colar Fireworks. Em 2004, a Amsterdam Sauer foi escolhida para criar a única réplica da coroa imperial de D. Pedro II, hoje exposta em seu museu, em Ipanema, no Rio de Janeiro.
O museu foi um divisor de águas na história da empresa. Fundado em 1989, guarda a mais completa coleção de pedras preciosas da América do Sul, com mais de 4 mil exemplares. Algumas peças, por suas dimensões gigantescas, figuram no Guinness Book - o livro dos Recordes. Nele se veem, por exemplo, um topázio de 68 kg, um dos maiores do mundo, e cristais de quartzo transparente de 64,5 kg. Uma clara tentativa de mapear a riqueza geológica do Brasil: os visitantes saem impressionados com a variedade de pedras.
Sauer morre em 1º de fevereiro de 2017, aos 95 anos, no Rio de Janeiro.
(Fonte: revista Amsterdam Sauer / varejista.com.br / revista Veja São Paulo - 08.02.2017 - partes)
Jules casou-se com Zilda, sua assistente, em 1950 e decidiu-se mudar para o Rio de Janeiro, então capital e centro financeiro do Brasil.
A Amsterdam Sauer nasceu à beira-mar, quando as pessoas ainda estavam descobrindo as delícias e o privilégio de uma vida na orla. Embora as famosas gemas da joalheria saiam basicamente do riquíssimo solo do interior do Brasil, foi de frente para o mar que a empresa construiu sua história. Quando a Amsterdam Sauer abriu sua primeira loja em 1956, colada ao icônico Hotel Copacabana Palace, a clientela se deparou com uma decoração inusitada para os padrões da época. Além dos mostruários de joias, havia uma preocupação em expor quadros, objetos de arte e mobiliário criado pela vanguarda da geração bossa nova. O design das peças também seguia uma tendência mais orgânica, destacando as brasileiríssimas gemas coloridas, em contrapartida ao padrão diamantário vigente. Essas inovações deixaram adivinhar que a nova marca seguiria uma relação quase simbiótica com as artes plásticas. E assim foi ao longo das seis décadas seguintes.
Certamente, um efeito da infância e da adolescência do fundador, o francês Jules Roger Sauer, que cresceu cercado de arte em sua Alsácia-Lorena natal até os 18 anos. Na epopeia da mudança para o Brasil, fugindo da Segunda Guerra, ele trouxe essas referências na bagagem. Segundo Daniel Sauer, da segunda geração da família e diretor da empresa, seu pai Jules sempre teve a preocupação de oferecer ao público mais do que simplesmente as joias. Ele embutia nas coleções uma cultura que decifrasse o momento social e intelectual que sua clientela vivia.
À medida que o negócio ia prosperando, o casal Jules e Zilda Sauer investia em arte, formando um respeitável acervo de pinturas e esculturas assinadas por artistas plásticos brasileiros modernistas e pós-modernistas.
O intenso trabalhos de pesquisa do design contemporâneo rendeu prêmios à joalheria. Em 1966, o anel Constellation ganhou o Diamond International Awards, honraria máxima da joalheria internacional, feito que se repetiria duas vezes, em 1992, com a pulseira Luna, e em 2000, com o colar Fireworks. Em 2004, a Amsterdam Sauer foi escolhida para criar a única réplica da coroa imperial de D. Pedro II, hoje exposta em seu museu, em Ipanema, no Rio de Janeiro.
O museu foi um divisor de águas na história da empresa. Fundado em 1989, guarda a mais completa coleção de pedras preciosas da América do Sul, com mais de 4 mil exemplares. Algumas peças, por suas dimensões gigantescas, figuram no Guinness Book - o livro dos Recordes. Nele se veem, por exemplo, um topázio de 68 kg, um dos maiores do mundo, e cristais de quartzo transparente de 64,5 kg. Uma clara tentativa de mapear a riqueza geológica do Brasil: os visitantes saem impressionados com a variedade de pedras.
Sauer morre em 1º de fevereiro de 2017, aos 95 anos, no Rio de Janeiro.
(Fonte: revista Amsterdam Sauer / varejista.com.br / revista Veja São Paulo - 08.02.2017 - partes)
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