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6 de out. de 2011

Intercorp / Finatec

          A Intercorp Consultoria Empresarial é de propriedade de Luís Antônio Lima, nascido em 1966. Gaúcho de Osório, ele foi consultor da administração do PT na Prefeitura de Porto Alegre. Como voluntário, participou da equipe que preparou a transição de governo de Fernando Henrique Cardoso para Lula. Com essas credenciais, Lima, um sujeito discreto que não gosta de aparições públicas, se aproximava de governos estaduais, prefeituras de capitais e de grandes cidades e firmava contratos milionários.
          Em abril de 2008 veio a lume suspeição de que Lima liderava um esquema para obter contratos sem licitação. O esquema envolvia a Finatec - Empreendimentos Científicos e Tecnológicos, ligada à Universidade de Brasília (UnB).
A Finatec, até onde se sabia, tinha objetivos nobres. Ela foi criada em 1992 por 12 professores da UnB para captar recursos para o desenvolvimento da pesquisa científica e tecnológica.
          Até meados de março de 2008, desconhecida fora dos meios universitários, a Finatec seguia uma rotina discreta. Ela saltou para as páginas dos jornais depois que uma investigação do Ministério Público do Distrito Federal concluiu que seu dinheiro estava sendo gasto em finalidades nada acadêmicas. Dos cofres da Finatec saíram R$ 389 mil para mobiliar – com artigos como um saca-rolhas de R$ 859 e lixeiras de R$ 1 mil – o apartamento do reitor da UnB, Timothy Mulholland.
          Segundo a planilha em poder do MP, dos R$ 50 milhões em contratos com órgãos públicos amealhados pela Finatec entre 2000 e 2005, R$ 22 milhões foram destinados a pagamentos à Intercorp e à Camarero & Camarero Consultoria Empresarial Ltda., pertencentes ao casal Luís Antônio Lima e Flávia Maria Camarero. Segundo testemunhas ouvidas pelo MP e ex-consultores da Finatec entrevistados pela revista Época sob a condição de não serem identificados, a ponte com as administrações petistas era feita por Luís Lima.
          A justificativa das prefeituras e dos governos estaduais para dispensar a concorrência pública era sempre a mesma: A Finatec é uma fundação voltada para o desenvolvimento da pesquisa científica e teria "notória especialização" em gestão pública. Na prática, tão logo um contrato com uma administração petista era assinado, a Finatec se apressava em subcontratar os serviços da empresa de Luís Lima.
          Outros documentos e registros sugerem que os negócios suspeitos de Luís Lima com administrações petistas foram muito maiores que os celebrados por meio da Finatec. Esses documentos apontam para a utilização de uma segunda entidade, o Instituto de Organização Racional do Trabalho (Idort), que, assim como a Finatec, pode ter servido para Luís Lima obter contratos sem licitação com administrações do PT. A parceria entre Idort e Intercorp teve como alvo, sobretudo, prefeituras do Rio Grande do Sul e em São Paulo controladas pelo PT.
(Fonte: revista Época - 14.04.2008 - parte)

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