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6 de out. de 2011

KFC

          Não há quem não tenha visto a cara de Harland David Sanders estampada por aí (e nos baldes de frango): ele é o fundador – e icônico símbolo – da rede de fast food Kentucky Fried Chicken (KFC).
          Na verdade, o nome da marca é uma sigla para Frango Frito de Kentucky (Kentucky Fried Chicken) estado americano onde foi aberta a primeira loja da franquia. A rede começou com o nome "Sanders Court and Café".
          A história de Sanders é um exemplo para qualquer um que diz ser muito velho para começar a empreender: ele começou a franquear seu pequeno restaurante em 1956, aos 66 anos de idade, segundo um perfil da revista The New Yorker.
          A cozinha, porém, vem desde muito cedo. O pai de Sanders faleceu quando ele tinha seis anos e o futuro empreendedor teve de assumir as refeições, enquanto a mãe trabalhava para sustentar Sanders, seu irmão e sua irmã.
          Aos doze anos, o fundador do KFC conseguiu seu primeiro emprego, trabalhando em uma fazenda de madrugada. Ele conciliava os empregos com a escola, mas logo teve de abandonar os estudos. Nas décadas seguintes, teve uma carreira variada – de bombeiro a vendedor de pneus.
          Para complementar a renda, passou a servir pratos para viajantes. Seu nome ficou conhecido não só em Kentucky, mas em outros estados, e Sanders foi aprimorando sua receita de frango frito. Porém, recebeu um golpe: uma estrada próxima ao seu local de trabalho seria redirecionada, reduzindo o tráfego de automóveis em frente ao restaurante. Não só: uma nova estrada seria construída, justo em cima do negócio.
          Sanders passou a viver de suas economias e da aposentadoria pública. Pensando no que fazer, rodou restaurantes pelos Estados Unidos e fechou acordos com outros empreendedores: eles pagavam quatro centavos de dólar por frango vendido segundo o processo feito por Sanders.
          O sucesso desses negócios foi tanto que o restaurante virou uma rede de franquias, em 1956: o Kentucky Fried Chicken.
          O KFC foi vendido em 1964, por US$ 2 milhões, com cerca de 600 unidades franqueadas, pois Sanders já pensava em sua sucessão nos negócios (na época, ele tinha 74 anos de idade). Sanders faleceu apenas aos 90 anos, em 1980. O empreendedor continua como a cara da empresa – e é admirado pelos funcionários, até hoje, como um “gênio”.
          No Brasil, a KFC fez sua primeira incursão nos anos 1970. Não deu certo.
          A KFC foi adquirida pela PepsiCo em 1986. As frituras criadas pelo lendário coronel Sanders e servidas pela KFC provocam engulhos nos adeptos da alimentação saudável, um grupo que ganhou força nessa época. A PepsiCo bem que tentou contornar o problema. Logo após comprar a rede, adotou o logotibp KFC em lugar do original e politicamente incorreto Kentucky Fried Chicken.
          No final de 1992, o executivo porto-riquenho Osvaldo Setuain chegou ao Brasil com uma novidade e várias promessas. A novidade: a vinda da KFC, maior rede mundial de fast food especializada em frango, ligada ao grupo PepsiCo. Juntamente com Pizza Hut e Taco Bell, a KFC formava o braço de restaurantes do grupo, um negócio de 11,3 bilhões de dólares anuais. A principal promessa: fazer da KFC um páreo duro para o líder do mercado brasileiro de fast food, o McDonald's. Até o final da década, a rede fincaria sua bandeira em 300 pontos de venda espalhados por todo o país. O investimento superaria  150 milhões de dólares. A KFC estouraria no Brasil.
          Quase quatro anos depois, setembro de 1996, Setuain sequer estava no país para tocar seu projeto. A operação brasileira era, na verdade, mais uma pedra no sapato dos executivos da Pepsico. Em quatro anos, apenas 23 lojas foram abertas, todas em São Paulo.
          Por que, até então, a KFC não decolou por aqui? As respostas são muitas. Mas pode-se dizer que a rede, em vários momentos, repetiu a saga de sua irmã do setor de refrigerantes, a Pepsi-Cola. A KFC quis crescer rápido demais no Brasil. Fez estardalhaço. Desafiou a concorrência, Mas acabou perdendo o fôlego no meio do caminho.
          Essa auto-confiança fica clara quando se olha para boa parte das lojas construídas até então. Ao contrário do que acontece nos Estados Unidos, berço da KFC, no Brasil apostou-se em grandes unidades, com áreas de até 660 metros quadrados. Quase todas elas foram instaladas em pontos privilegiados de shopping centers e ruas movimentadas. Objetivo: atrair o maior número possível de consumidores.
          A operação da KFC, que já tinha problemas, inclusive de identidade, quase entrou em colapso. O que você acharia se entrasse num fast food especializado em frango e o vendedor lhe dissesse, com um sorriso nos lábios, que não há frango? Isso mesmo. Em muitas ocasiões, faltou frango em algumas unidades da KFC. Em 1998, a KFC deixou novamente o país.
          Em meados de 2003, estava sendo planejada a terceira entrada no país. O primeiro restaurante seria no Rio de Janeiro, onde a KFC nunca atuou. Na tentativa de cair no gosto do brasileiro, a rede modificaria o cardápio, incluindo arroz e salada de batata. A operadora seria a americana Yum! Brands, dona das marcas Pizza Hut e Taco Bell.
          Na primeira quinzena de janeiro de 2018, o empresário Carlos Wizard Martins anuncia a compra das marcas KFC e Pizza Hut no Brasil.
          Hoje, a KFC tem mais de 23.000 lojas em todo o mundo e está presente em mais e 130 países.
(Fonte: revista Exame - 25.09.1996 / 11.06.2003 / Exame.com (via MSN) - Mariana Fonseca - 24.01.2017 / revista Veja - 17.01.2018 - partes)

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