Total de visualizações de página

2 de out. de 2011

Teperman

          Fundada em 1912, a empresa de móveis para escritório Teperman, a mais prestigiada no país nessa área, mobiliou do Ministério da Fazenda nos anos 1930 à maior parte dos prédios públicos da Brasília de Oscar Niemeyer.
          A história de Teperman, esse homem tão discreto, começa na Bessarábia, um vasto território de ricas terras agrícolas da Europa Oriental, que séculos de conquista acabaram dividindo principalmente entre a Romênia e o que é hoje a República da Moldávia. Dessas plagas distantes partiram, em 1910, primeiro José Teperman, o irmão mais velho. Depois, Salomão e Francisco, a seu chamado. Imigrantes judeus em busca de uma sociedade mais acolhedora no Brasil, mais especificamente no bairro paulistano do Brás.
          Atiraram no que viram - em 1912 entraram no ramo do comércio de móveis, atividade característica de outros imigrantes da Bessarábia, um dos primeiros grupos formadores da comunidade judaica em São Paulo. E acertaram no que não viram - a continuidade do negócio por todo o século, na vanguarda de móveis de design para escritórios por várias décadas. Visite-se o museu de design do MoMa ou o Museu Noguchi, em Nova York, e se verá muitos modelos fabricados com exclusividade no Brasil pela Móveis Teperman.
          Em Nova York, esses móveis têm a assinatura Herman Miller, empresa criada em 1923 nos Estados Unidos, para a qual trabalharam nomes antológicos do design americano como Charles e Ray Eanes, George Nelson, o escultor Noguchi e Robert Propst. E que ainda reúne alguns dos melhores designers da atualidade, concebendo, fabricando, distribuindo móveis em 35 países. Obter a licença de fabricação dos móveis Herman Miller no Brasil em 1960 foi uma missão de Milly Teperman, sobrinho-neto do fundador. Ele havia começado a trabalhar na empresa cinco anos antes chamado por seu pai, Isaac, filho de Salomão, que se tornara sócio dos tios e dirigia a Móveis Teperman desde 1942.
          Sua chegada à companhia coincidiu com os anos de ouro da arquitetura brasileira. Aumentava a necessidade de atender à grande demanda de arquitetos por móveis modernos, que culminou, para a empresa, com a monumental tarefa assumida em Brasília. Milly dividia com o cunhado Marcus Ocugne, também engenheiro, a responsabilidade da produção, e na mesma época seu pai trouxe para a empresa também o arquiteto Jakob Ruchti, para desenvolver a área de design. Foi Ruchti quem recomendou a Milly procurar a Herman Miller nos Estados Unidos. A empresa já era então uma das duas firmas de móveis de design de maior prestígio no país. A outra era a Knoll, representada no Brasil pela Forma, mais direcionada para o mobiliário residencial.
          Milly também contava atrás de si com um nome muito respeitado do mobiliário de alta qualidade no Brasil. Trabalhar apenas com estoque de móveis finos, feitos pelos melhores artesãos, fora a opção do fundador José desde o início. Foi sua loja que introduziu no país a exposição de móveis em ambientes formados, quando o costume da época eram estoques simplesmente amontoados. Mais tarde, tornou-se a primeira a trazer o estilo art déco para o Brasil.
          Ainda em sua época, a empresa já havia mobiliado muitos casarões em Higienópolis e da Avenida Paulista, em São Paulo, o Ministério da Fazenda no Rio de Janeiro, o Hotel Excelcior de São Paulo, o Hotel Quitandinha, de Petrópolis (RJ), o Grande Hotel de Campos do Jordão (SP) e vários outros.
          Não foi difícil receber no ano seguinte a visita do pessoal da Henri Miller em São Paulo e conquistar a parceria que permitiu a Móveis Teperman, já então com sua fábrica em Santa Isabel (SP), na Via Dutra, prosseguir na tradição de pioneirismo.
          Por esses tempos, Brasília andava a meio caminho e Milly tem orgulho dos três anos que ali viveu, trabalhando com os maiores arquitetos do país na cidade em obras, encarando desafios hercúleos. Por exemplo, produzir em 12 dias 12 poltronas para a mesa do Congresso, a partir de um dos típicos esboços rápidos e geniais de Oscar Niemeyer. Hoje saem da fábrica da Teperman outros móveis de Niemeyer e de sua filha Ana Maria, John Graz, Jacqueline Terpins, Eduardo Lamassa, André Leirner e Délia Berú.
          Entre as raras peças que vêm prontas do exterior está a cadeira Aeron, obra do designer Don Chadwick e Bil Stump, concebida no início de 1996 para a Herman Miller. Antes de chegar ao mercado, a Aeron já estava incorporada ao acervo do MoMa.
         Em setembro de 1997, a Teperman inaugurou seu primeiro show-room em São Paulo, nas imediações do novo trecho da Avenida Faria Lima. Milly Teperman, presidente da empresa, terceira geração da família no comando e a modéstia em pessoa, mais provavelmente convidava o visitante para sentar, para sentir o conforto, em vez de contar que a cadeira vem a ser o primeiro design do mundo em alumínio moldado, criada em 1955 por um dos maiores designers de meados daquele século, Charles Eanes.
          Na Fiesp, Milly era tido como "unanimidade" na afeição e no respeito gerais, do funcionário mais humilde a símbolos como José Ermírio de Moraes, José Mindlin, Leon Feffer - este seu tio, casado com uma irmã de seu pai - ou Horácio Lafer Piva. Nenhum deles faltou à inauguração do show-room da Teperman, que atraiu em peso todos os mais conhecidos nomes do empresariado, da arquitetura, da decoração e do design nacionais. Milly sorria suavemente quando alguém admirava todo esse prestígio. "Tenho amigos generosos", dizia.
(Fonte: revista Carta Capital - 17.09.1997 - Silvana Assumpção)

4 comentários:

Unknown disse...

Esqueceram q na metade da decada de 70, precisamente 77/78/79 já tinha a parceira com Herman Miller, a fabrica q fabricava os móveis Herman Miller era na Mooca, precisamente na rua Marina Crespi, e a Matriz na avenida Rangel Pestana

Adalberto Bisi disse...

Isso mesmo. Meu pai trabalhou muitos anos na Teperman, na Rangel Pestana e o acompanhei até Brasília à época do mobiliário do prédio do Itamarati e da Câmera dos Deputados. Foi assim aos 13 anos que conheci Brasília.
Era uma boa empresa, nao6somente na linha de móveis mas também com os funcionário. A administração tinha muito apreço pelos colaboradores, como comprovei através de meu pai - Reynaldo Bisi.
Ode à Móveis Teperman, que foi a maior fábrica de móveis da América do Sul.
Achei esse blog pois estou em mãos com uma caderneta para anotações em alumínio, da Teperman, dos anos 60.
Retorno às memórias da infância

Pablo disse...

Tenho um conjunto de mesa de jantar com 8 cadeiras, buffet e mesinha de canto fabricado pela empresa de jose peterman para vender.

Mundo Gamer disse...

Vendeu se n vendeu me chama no wats app 11999323436