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29 de out. de 2011

Blackstone

          Em 1985, Stephen (Steve) Schwarzman juntou-se a seu chefe no Lehman Brothers, Peter Peterson, e fundaram o fundo de private equity Blackstone, para tentar aproveitar aquela que era a maior sensação de Wall Street nos anos 1980: a onda de compras de empresas por fundos. Reinava absoluto, na época, o KKR, que inventou a forma com que os grandes fundos ganhariam fortunas. Para comprar uma empresa, bastava entrar com um pouco de dinheiro, tomar o resto emprestado e, depois, usar o caixa da companhia comprada para pagar a dívida. Ao fim do processo - se tudo, claro, desse certo -, os fundos vendiam a empresa por um preço maior e sem dívida.
          Desde o nascedouro, os sócios do Blackstone demonstraram um dom sobrenatural para adivinhar para onde iria o mercado - para os concorrentes, foi pura sorte. O primeiro fundo levantado pelo Blackstone foi fechado numa quinta-feira, 15 de outubro de 1987. Na segunda-feira seguinte, o mercado acionário americano desabaria - o dia entrou para a história como a "Segunda-Feira Negra".
          Ao sobreviver às diversas bolhas que marcaram o mercado de private equity dos anos 1980 ao início da década de 2000, Schwarzman pôde aproveitar o melhor momento da história para fundos, a segunda metade dos anos 2000. Com crédito farto e bancos emprestando de forma ensandecida, ficou cada vez mais fácil comprar empresas, a preços cada vez maiores. Companhias como Hertz, Toys "R" Us e Dunkin Donuts acabaram nas mãos de fundos - que começaram a devolver a seus investidores bilhões de dólares por ano em lucros.
          Por volta de meados dos anos 2000, tudo o que se referia a Schwarzman, controlador do fundo, soava superlativo: no ano de 2006, seu bônus foi de 398 milhões de dólares, ou mais de 1 milhão de dólares por dia. Nas primeiras semanas de 2007, Schwarzman concluiu a compra da companhia imobiliária Equity Office Properties por 39 bilhões de dólares.
          E, foi em fevereiro de 2007, que o mercado financeiro americano teve o seu Baile da Ilha Fiscal. O motivo da festa era o aniversário de 60 anos de Stephen Schwarzman. Mais que o aniversário, celebravam-se, ali, os feitos do homem mais poderoso de Wall Street. Seu fundo controlava empresas que faturavam 171 bilhões de dólares e tinham mais de meio milhão de funcionários. Limusines engarrafavam a Park Avenue, em Nova York, para despejar os 500 luminares convidados. Entre eles, os presidentes dos maiores bancos de investimentos do mundo, todos também vivendo o auge de seu poder. Rod Stewart subiu ao palco (o cachê: 1 milhão de dólares).
          No mês seguinte (março de 2007), Schwarzman entrou com a papelada para a abertura de capital do Blackstone, que faria sua fortuna chegar a 10 bilhões de dólares. Foi o primeiro dos grandes fundos de private equity a abrir o capital na bolsa de Nova York. E lá estava a sorte outra vez do lado dele. O fundo vendeu ações em junho de 2007, e pouco depois a crise de crédito começou a abalar as estruturas do sistema financeiro mundial. Quem comprou ações do Blackstone, portanto, se deu mal, muito mal. Em fins de 2010, os papeis valiam 60% menos que no dia do IPO.
          Poucos meses depois da festa, o reinado de Schwarzman chegou ao fim. A farra do crédito fácil para comprar empresas durou até meados de 2007, quando as primeiras fissuras no mercado imobiliário americano apareceram. Com menos crédito disponível, Schwarzman e sua turma perderam poder de forma brutal: tornou-se praticamente impossível fazer grandes aquisições. No ano seguinte, 2008, Wall Street inteira iria para o buraco.
          O Blackstone manteve-se vivo e recuperou-se bem. Considerando dados de setembro de 2017, é um dos líderes globais de gerenciamento de ativos, com US$ 387 bilhões sob sua responsabilidade.
          A Blackstone tem presença forte no Brasil. Em junho de 2013, fez uma grande aposta no setor imobiliário brasileiro em sociedade com a gestora Pátria e anunciaram que pagariam R$ 1,4 bilhão à incorporadora Gafisa para ficar com 70% da empresa de loteamento de alto padrão Alphaville - cada uma assumiu metade da fatia. Na ocasião, a loteadora foi avaliada em R$ 2,01 bilhões. Seis anos depois, em abril de 2019, a gestora de recursos americana sai do capital da Alphaville. E sai sem levar nada em troca, pelo menos num primeiro momento. A participação acionária de 35% será assumida pela sócia brasileira Pátria Investimentos.
(Fonte: revista exame - 17.11.2010 / livro: King of Capital (David Carey e John Morris) / Wikipédia / jornal Valor - 30.04.2019 - partes)      

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