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6 de out. de 2011

GP Investiments / GP Investmentos

          A gestora de private equity GP Investimentos (ou GP Investments) foi fundada em 1993 pelo trio Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto (Beto) Sicupira e Marcel Herrmann Telles. A companhia tem sede em Hamilton, Bermudas, e escritórios em São Paulo, Nova York e Zürich. Tem atuação em gestão de recursos, principalmente em fundos de private equity. Sicupira assume o comando da GP após deixar a Lojas Americanas.
          Em 1993, a GP compra a Artex, uma das maiores empresas têxteis do país. Foi um investimento malsucedido, o problema foi uma briga feroz e jamais resolvida com o sócio, o mineiro Josué Christiano da Silva, presidente da Coteminas.
          Antonio Bonchristiano é membro do conselho da GP Investimentos. Ingressou na GP em 1993, tendo se tornado diretor em 1995. Antes de entrar na GP foi sócio da Johnston Associates, uma empresa de consultoria financeira com sede em Londres, e trabalhou para o Solomon Brothers em Londres e Nova York.
           Em 1994, a GP adquire a rede nordestina de supermercados Unimar, com sede na Bahia, com participação ativa de Jorge Paulo Lemann nas negociações. Em 1995, a GP compra 50% do Playcenter, que se mostrou investimento malsucedido. Além disso, nessa época (novembro de 1996) possuía participações expressivas na Multicanal (operadora de televisão a cabo, que mas tarde passou a denominar-se Globo Cabo e depois virou pó na Bolsa de Valores de São Paulo, na crise das .com) e na J. Macedo, fabricante de farinha de trigo
          Em 1996, os problemas do grupo começam a vir à tona e a estratégia de diversificação do Garantia passa a ser questionada. Lemann já não é mais visto como o empresário invencível.
          Em 1997, a GP comprou a malha sul da Rede Ferroviária Federal, que viria a dar origem à América Latina Logística - ALL. Adquire também no mesmo ano os supermercados Sé, de São Paulo. Meses depois, a rede seria vendida para o grupo português Jerônimo Martins.
          Fundado em 1999, em Vinhedo, interior de São Paulo, o parque temático Hopi Hari tinha como controlador o fundo GP Investments, além dos fundos de pensão Previ (do Banco do Brasil), Funcef  (da Caixa Econômica Federal), Petros (da Petrobras) e Sistel como acionistas. O investimento, na época estimado em US$ 200 milhões, foi idealizado para ser um complexo de diversão à altura dos parques temáticos americanos. A GP apostou no crescimento do país e na perspectiva de que os consumidores gastariam mais dinheiro com entretenimento. A previsão inicial era que o parque receberia 3 milhões de visitantes por ano, com gasto médio de 60 dólares, o que não se concretizou.
          Em outubro de 1999, o GP investimentos aumenta sua coleção digital ao adquirir um quarto do capital do Elefante, um site de agenda interativa online, com cerca de 200.000 usuários cadastrados. A empresa, que passaria a se chamar Elefante Internet S.A., passou a ser presidida pelo executivo Marcel Gewerc, que já pertencia a seus quadros.
          Na década de 2000, a gestora teve passagem pelo setor elétrico como sócia da Companhia Energética do Maranhão (Cemar).
          O mítico trio de fundadores Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles deixou a empresa em 2003. Os sócios-fundadores da GP passaram a se dedicar à administração da Ambev e Lojas Americanas. Em 2004, criaram o 3G Capital. A AmBev virou InBev, depois AB Inbev. E o 3G passou a comandar empresas como Kraft, Heinz e BK.
          Logo assumiu a segunda geração. Antonio Bonchristiano, nascido em 1967 (que participou do lançamento do site de compras Submarino, em 1999, do qual foi presidente até 2001), e Fersen Lambranho, nascido em 1962 (ex-presidente da Lojas Americanas), exerciam a co-presidência. Os dois detinham 60% da holding que controla a GP. A GP contava com outros seis sócios, que constituíam uma espécie de terceira geração e que dividiam os restantes 40% do capital da empresa: Octavio Pereira Lopes (sócio da GP desde 2000), Carlos Medeiros, Márcio Trigueiro, Eduardo Alcalay, Danilo Gamboa e Allan Hadid.
          Em 2004, a GP comprou a Cemar - Companhia Energética do Maranhão, que ficou sob a holding Equatorial. Praticamente falida, a Cemar foi comprada por apenas 1 real. Sob o comando de Octavio Pereira Lopes, a Equatorial se transformou em um grande negócio para a GP.
          Pouco antes de meados de 2006, pode-se dizer que o mercado brasileiro de recolocação estava em ebulição. A GP Investimentos negociava a compra da empresa de recrutamentos Catho, mas esta acabou sendo comprada pelo fundo de private equity americano Tiger Global, que pagou 50 milhões de dólares pela empresa.
          A abertura de capital da GP ocorreu em junho de 2006. Bonchristiano deu o primeiro passo no processo, quando até então, menos de uma dezena de gestores em todo o mundo havia feito seu IPO. Fundos antigos, que investiam em empresas como ALL e Telemar, por exemplo, ficaram de fora. Com a abertura de capital, a empresa ganhou uma injeção de 706 milhões de reais.
          Ao comprar negócios pequenos ou em dificuldades, inocultar neles sua cultura competitiva e colher os resultados disso, a GP tornou-se a maior empresa de seu mercado no país e em meados de 2007 administrava mais de 1,3 bilhão de dólares de recursos.
           Liderada por uma nova geração de banqueiros, a GP começa sua encarnação de fundo global. A estreia da GP no exterior ocorreu em 10 de agosto de 2007 com a aquisição da San Antonio (a antiga Pride, operação latino-americana do grupo Pride Internatinonal), prestadora de serviços a empresas de petróleo e gás, com atuação em oito países da América Latina e faturou 824 milhões de dólares em 2006. Foi o negócio mais vultoso até então de um fundo de private equity no Brasil, com valor de 2 bilhões de reais.
          A tacada marca a entrada da GP num território desconhecido - o dos negócios globais. O principal responsável por caçar oportunidades lá fora é Octavio Pereira Lopes, sócio da GP desde o ano 2000 e ex-presidente da Equatorial, uma das empresas nas quais os fundos administrados pela GP investem.
          Para colocar sua atuação no exterior à prova, na prática, isso significa que a GP teria de enfrentar fundos gigantescos, como os americanos Blackstone, comandado pelo polêmico Stephen Schwarzman, e Carlyle, que já teve em seu quadro de conselheiros nomes como o do ex-presidente dos Estados Unidos George Bush e o do ex-presidente mundial da IBM Louis Gerstner. O principal concorrente deveria ser, porém, o também americano Advent, o maior gestor de capital de risco da América Latina, em meados de 2007.
          Paralelamente à investida internacional, a GP tem o desafio de gerenciar outros negócios no Brasil. Dois dias depois de anunciar a aquisição da Pride (agosto de 2007), seus sócios compraram a mineradora fabricante de artigos refratários Magnesita por 1,24 bilhão de reais (entre os investidores que entraram no negócio junto com a GP está o Gávea Investimentos, do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga). "Com a compra da Pride e da Magnesita conseguimos entrar na cadeia dos setores petroquímicos e de mineração, que ainda têm muito potencial de crescimento", afirmou Bonchristiano.
          Com as então recentes aquisições, a GP somava, em meados de 2007, sete investimentos em seu portfólio. Nenhum deles tinha chamado tanto a atençao quanto a BR Malls, que atua no mercado de shopping centers e tinha uma espantosa trajetória de crescimento. Tudo começou em novembro de 2006, quando a GP adquiriu a Ecisa, administradora de shopping centers que contava com sete imóveis. Em oito meses, graças a um agressivo plano de consolidação, a GP comprou quase duas dezenas de shoppings e rebatizou a companhia. Em 2007 comprou o In Mont, englobando o Niterói Plaza Shopping, São Conrado Fashion Mall, Ilha Plaza Shopping e Rio Plaza. Em um ano, a BR Malls foi transformada no maior grupo de se setor no país.
          Em novembro do mesmo ano, 2007, a GP adquire 50% do laboratório paulista Farmasa, fundado em 1953, então o 25º no ranking nacional. A negociação levou apenas seis dias. O objetivo era simples e agressivo: ser a plataforma para a consolidação do setor farmacêutico no Brasil. André De Vivo, membro da família dos antigos controladores, manteve-se na presidência da Farmasa.
          No início de 2008, a GP apresentava números robustos. Era a maior gestora de fundos de private equity da América Latina, com 2,1 bilhões de dólares sob gestão; a gestora que comprou o maior número de empresas em 2007, num total de 29; seus fundos de private equity renderam significativamente mais que o Índice Bovespa e a média das empresas de private equity na América Latina no período entre junho de 2004 e junho de 2007.
          O negócio da GP, na definição de seus sócios, é vender companhias - na alta. Para isso, foi preciso montar uma máquina de comprar - na baixa. Entre 14 de abril e 11 de maio de 2008 - um intervalo de 28 dias -, a GP anunciou três aquisições: a Leitbom, uma das maiores empresas de laticínios do país, por 300 milhões de reais, a Sotep, uma prestadora de serviços à indústria de petróleo, e 20% do capital da Estácio de Sá, então a maior instituição privada de ensino superior do Brasil. Nos primeiros 15 anos de atuação, de 1993 a 2008, a GP comprou 47 empresas, vendeu 34 e ficou com o controle de 13.
          Em agosto de 2008, a GP Investments, liderada por Fersen Lambranho e Antonio Bonchristiano, compra 22% de uma das maiores companhias hoteleiras do México. Investiu cerca de 200 milhões de dólares em seu primeiro negócio no mercado mexicano, menos de um ano depois de ter aberto em escritório por lá. A empresa comprada tem hotéis e resorts em várias cidades mexicanas, como Cancún e Acapulco.
          Uma das características inerentes ao mercado de private equity é que mesmo os melhores gestores fazem apostas erradas - e a GP não escapou dessa regra. Entre seus piores investimentos está a Oi (antiga Telemar). Estima-se que a gestora tenha colocado 390 milhões de reais em 1998 na compra de empresas de telefonia que estavam sendo privatizadas. As aquisições foram feitas com outros sócios - entre eles os grupos Andrade Gutierrez, de Sérgio Andrade, e La Fonte, de Carlos Jereissati. A GP só conseguiu sair da Oi em abril de 2008 quando aproveitou a aquisição da BrT para desfazer-se de suas ações.
          Em 2009, a GP era controladora da paulista Tempo, dona de marcas de planos odontológicos como Associl e OralTech, com 849.000 clientes em meados de 2009.
          Já como um dos maiores fenômenos na história dos restaurantes brasileiros, a rede de churrascarias Fogo de Chão foi adquirida pela GP Investimentos em 2011, vendida pelos irmãos Jair e Arri Coser, os fundadores. A GP, que era sócia com 35% de participação, passou então a ter 100% do negócio. A Fogo de Chão foi vendida em 2013 para o fundo de private equity Thomas H. Lee Partners,  por 400 milhões de dólares, que passou a ter o controle total da rede. Sob a liderança de Larry Johnson, o negócio está pegando fogo. Quando Johnson assumiu, em 2007, havia apenas 11 restaurantes. Em 2015, já eram 35.
          A GP vendeu a Estácio (hoje YDUQ) e a Br Towers (torres de telefonia) com ganhos de mais de 2 vezes em 2013 e 2014.
          Em 2016, a GP compra o controle da BR Properties, na qual já tinha 12% de participação.
          Em maio de 2017, a GP volta ao mercado de alimentação ao adquirir a rede inglesa de fast food Leon.
          Na madrugada do dia 8 de março de 2018, a GP fechou a aquisição do grupo de restaurantes americano Bravo Brio. O grupo de comida italiana opera 112 lojas nos Estados Unidos, em três diferentes marcas - Bravo, Brio e Bon Vie. A GP vai pagar aproximadamente US$ 100 milhões pela totalidade das ações.
          Em maio de 2018, a GP Investments informou que sua subsidiária Spice Private Equity vai investir US$ 60 milhões na The Craftory, uma nova empresa de bens de consumo criada para apoiar marcas disruptivas. A Spice PE, em conjunto com outros investidores, garantirá à companhia aproximadamente US$ 300 milhões de capital permanente.
          Em julho de 2019, fundos geridos pela GP venderam participação na RHI Magnesita. Uma nova venda foi feita em novembro, zerando sua posição na companhia. No dois negócios, o valor total atingiu R$ 850 milhões.
          Em 10 de abril de 2023, a Slabs Investimentos, subsidiária da GP Investments, adquiriu em oferta pública 10,4 milhões de ações ordinárias da BR Properties, ou 89,74% do capital, por R$ 666,8 milhões, ou R$ 64 por ação. A liquidação financeira do leilão ocorreria em 13 de abril.
          Copresidida por Bonchristiano e Fersen Lambranho, a GP tem, considerando números de agosto de 2018, US$ 1,6 bilhão de negócios sob gestão. É nesse momento que a gestora vê na distribuidora de energia Light, da cidade do Rio de Janeiro, controlada pela mineira Cemig, uma oportunidade de voltar a investir no mercado nacional.
(Fonte: mzweb / revista Exame - 20.07.1994 / 06.11.1996 / 19.07.2006 / 08.11.2006 / 29.08.2007 / 09.04.2008 / 21.05.2008 / 27.08.2008 / 05.11.2008 / Veja SP -  13.08.2011 / jornal Valor - 08.03.2018 / 14.05.2018 / jornal OESP - 17.08.2018 / Valor - 20.11.2019 / 11.04.2023 - partes)

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